001 Chegada da família real portuguesa à Estação de Carcavelos a fim de inaugurar a ligação cabográfica com os Açores, em 1893
As telecomunicações a
grandes distâncias só se desenvolveram com as novas tecnologias. Cerca de 1845
uma goma chamada “guta-percha”, extraída de árvores da Malásia veio permitir o
isolamento da rede de cabos. Doravante foi possível transportar os sinais de
telecomunicações, por terra ou por mar.
002 Caricatura do rei D. Carlos
jogando ténis com os técnicos da Companhia de Cabos da Quinta Nova de Carcavelos
O fabricante de cabos era Werner von Siemens que viria a criar em
associação com Halske a empresa Siemens & Halske uma das mais
emblemáticas companhias nas tecnologias de telecomunicações.
Por volta de 1930 já havia
no mundo cerca de um milhão de quilómetros de cabos, constituindo uma rede
global, permitindo às telecomunicações chegar a quase todos os confins do
planeta.
003 Portinho da Costa - Almada, lugar de amarração do cabo do Tejo - visto de Belém - Bom Sucesso
Um dos primeiros vestígios
históricos de cabos de telecomunicações, em Portugal, encontra-se in loco no
Portinho da Costa – Almada, tendo o Património Museológico da Fundação
Portuguesa das Comunicações à guarda uma coleção de amostras de cabos, bem
como uma série de imagens alusivas e uma lápide comemorativa.
004 Bloco epigráfico da casa de amarração de cabos
Legenda esta, retirada de
um dos primeiros edifícios de amarração junto ao Forte do Bom Sucesso. Esta
estrutura esteve em funcionamento durante as últimas décadas da Monarquia. A
sua utilidade foi prolongada durante o tempo da I e II República. O cabo
subfluvial só foi desativado após a construção da ponte sobre o Tejo, que
passou a suportar novas estruturas de cabos, unindo o Sul com o Norte e vice-versa.
005 Entrada para o bairro
da DAT Deutsche Atlantische Telegraphen... na Horta - Faial
Outras marcas históricas,
quer na paisagem, quer na cultura portuguesa, foram legadas por via das
instalações de amarração e reforço de sinais dos cabos telegráficos na Quinta
Nova de Santo António, Carcavelos.
Em consequência da comunidade britânica, ali
residente durante várias décadas, esta propriedade passou a ser conhecida por Quinta dos Ingleses.
AS IMAGENS SEGUINTES SÃO REFERENTES A DIVERSAS COMUNIDADES CABOGRÁFICAS RESIDENTES NA HORTA-FAIL
O próprio rei D. Carlos
vinha fazer desporto à Quinta Nova com os técnicos da Companhia dos cabos.
Crê-se que a introdução dos jogos de origem inglesa, ou divulgados pelos
colaboradores da companhia Eastern
Telegraph Co, entraram em Portugal a partir da Quinta Nova. Entre os
desportos ali praticados e divulgados para a sociedade portuguesa refere-se: O
ténis, o ciclismo, o bridge, o cricket e
o footeball.
Nesta Quinta do Ingleses
amarravam sete cabos que ligavam à Inglaterra, Brasil, Açores e Gibraltar. O
trânsito da informação destes cabos com outras estruturas de telecomunicações
permitiu a ligação de Portugal, via telegráfica, a quase todo o mundo, desde
1870.
As radiocomunicações seriam
corresponsáveis pela desativação de muitas estruturas destes cabos. No caso da
Quinta Nova ou dos Ingleses, esta deu lugar, já nos anos 40 do século XX, à St. Julian`s School onde professores e
alunos preservam como património as marcas edificadas e as memórias orais e
escritas em relação às comunidades inglesas.
Outras curiosidades. Sabia:
-Que o campo de football da Quinta Nova de Carcavelos
foi o primeiro desta modalidade em Portugal?
-Que o Rei D. Carlos vinha
frequentemente a esta Quinta jogar tennis?
-Que aqui foi introduzido o
jogo do criket ?
-Que em 1918 foi criada a Lisbon Golf Cup; por via da Companhia dos cabos?
-Que em Carcavelos também se
realizavam jogos de Rugbby e Hockey
na comunidade; e entre ingleses e portugueses?
-Que havia, nesta Estação,
uma média de 110 funcionários ingleses e 40 portugueses?
-Que a lavandaria dos
funcionários dava emprego a cerca de 12 mulheres portuguesas?
-Que tinham uma ampla
biblioteca; -Que desenvolveram uma Sociedade
Dramática e realizavam bailes com frequência?
-Que criaram uma escola com
o logótipo do vizinho Farol de São Julião da Barra, a que juntaram o nome do santo
em inglês, ou seja St. Julian`s School
?
-Que em 1938 festejaram o
centenário da Rainha Victória com grande elevação e que o Presidente da República António Óscar Fragoso Carmona foi convidado e esteve presente, juntamente com o
Embaixador de Sua Majestade do Reino da Grã Bretanha?
-Que por via da II Guerra
Mundial a St. Julian`s School dos
Cabos Submarinos tinha uma comunidade com 17 nacionalidades e que nos anos 80 a
comunidade de alunos tinha 30 nacionalidades?
-Que em 1962 por via do
encerramento da Companhia foi salvaguardada a St. Julian`s School com o auxílio do British Council e da Fundação
Calouste Gulbenkian?
-Que a memória desta Companhia
de transmissão telegráfica e desta Escola tem cativado o prestígio entre
Ingleses e Portugueses.
-Que, deste modo, tem
recebido várias visitas da família real inglesa, tais como: Duques e Duquesas
de Kent, Princesas e Príncipes de Gales, incluindo a Rainha Isabel II.
-Que este estabelecimento
St.
Julian`s School ainda existe na atualidade, como escola bilingue, entre as
melhores do país e estrangeiro?
Palavras-chave: Açores, cabo, Carcavelos, globalização, Horta - Faial, telegrafia, sociedade, sociomuseologia
Palavras-chave: Açores, cabo, Carcavelos, globalização, Horta - Faial, telegrafia, sociedade, sociomuseologia
Fontes:
-ANCIÃES. Alfredo
Ramos - “Património museológico de telecomunicações: Criação e gestão em
contexto”. Lisboa: FPC Códice Ano XI Série II, 2008, págs 52-67
--------------- -“Telegrafia
eléctrica”. Lisboa: FPC Códice Ano VII Série II, 2005, págs. 80-95
--------------- -“Um
padrão arqueológico na história das telecomunicações: Estudo para-projecto de
valorização do património”. Almada. Câmara Municipal: 3º Encontro Arqueologia
Urbana, 1997, policopiado, 32 págs.
-BARROS, Guilhermino
Augusto; FERREIRA Godofredo - Memória
histórica acerca da telegrafia eléctrica em Portugal. 2ª ed. Ampliada
com Notas Gravuras e Retratos Coligidos por Godofredo Ferreira. Lisboa:
Separata do Guia Oficial dos CTT, 1943
-CARDOSO, Guilherme;
MIRANDA, Jorge; TEIXEIRA, Carlos A. - Registo fotográfico de Carcavelos e
alguns apontamentos histórico-administrativos. Cascais: Câmara Municipal de
Cascais, 1988
-FPC Fundação Portuguesa das Comunicações; MOURA, Fernando;
ANCIÃES, Alfredo; FRAGA, Alexandra, et al
- Vencer a distância: Cinco séculos de comunicações em Portugal. Lisboa: FPC;
Norprint, SA, 2005
-St. Julian`s School et al – “dossier de Turma da
Secção Portuguesa, anos 90`.
Em linha, acedidos em 18.04.2017 –
-ANCIÃES, Alfredo Ramos - “Do mar que separa ao mar que une” http://cumpriraterra.blogspot.pt/2014/03/para-um-museu-regional-e-nacional-das.html
-----------------"Faial das comunicações e do Santo Espírito" http://cumpriraterra.blogspot.pt/2014/10/16-faial-das-comunicacoes-e-do-santo.html
-----------------“Transmissões
telegráficas submarinas e a relação com o desporto cultura e recreio em
Carcavelos e Horta-Faial” http://cumpriraterra.blogspot.pt/2016/07/07transmissoes-telegraficas-submarinas.html
---------------- -
“Um mar de comunicações” http://cumpriraterra.blogspot.pt/2014/10/05-museu-nacional-de-comunicacoes-para.html
Imagens: 001
– Revista O Ocidente, 1893; 002 - St. Julian`s School et al – “dossier de Turma da
Secção Portuguesa, anos 90`; 003 e 005 Arq. pessoal ; 004 gentileza da FPC Fundação Portuguesa das Comunicações; 006 e seguintes, gentileza
da Associação dos Antigos Alunos do Liceu da Horta.
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