quarta-feira, 29 de maio de 2013

AQUILINO RIBEIRO E SUA OBRA





Breve resumo: Aquilino Gomes Ribeiro

            Nasceu em 1885, no Carregal, Sernancelhe, e faleceu na capital, em 1963, faz este mês de maio 50 anos. Em 1933, recebeu o Prémio Ricardo Malheiros da Academia das Ciências de Lisboa, pela publicação de “As Três Mulheres de Sansão” e, em 1935, foi eleito sócio correspondente da mesma Academia. Em 2007, a Assembleia da República aprovou uma homenagem, incluindo a transferência do corpo com honras de Estado para o Panteão Nacional de Santa Engrácia.

            Originário e profundamente beirão, aos 10 anos, fez exame da primária no Colégio da Sra. da Lapa, e aos 15, encontrava-se no Colégio Roseira”, de Lamego. Após um curto intervalo de tempo, quando estudou Filosofia em Viseu, transferiu-se para o “Seminário de Beja”. A falta de vocação levou-o a abandonar o Seminário e vir para Lisboa, aos 18. Um ano depois regressou a Soutosa (aparece em “Terras do Demo” pela grafia de Soitosa), concelho de Moimenta da Beira mas aos 21 anos já estava novamente em Lisboa, desenvolvendo uma ação de cariz ideológico republicano e colaborando com o jornal “A Vanguarda”.

            Em 1907, iniciou a publicação de livros, onde denota uma intervenção na esfera política, com o conto “A Filha do Jardineiro” em parceria com José F. Silva.  Esta obra de ficção tinha como objetivo a caricatura do regime monárquico vigente, através da análise de figuras públicas. Ainda em 1907, aderiu à Maçonaria. Pouco tempo após foi preso e acusado de anarquista. Conseguiu evadir-se da prisão e prosseguiu contactos com a Maçonaria, incluindo a vertente carbonária.           

            Em 1910, encontrava-se a estudar Letras na Sorbonne, vindo a Portugal após a Revolução do 5 de Outubro. O relacionamento com Grete Tiedemann levou-o à Alemanha, onde residiu durante alguns meses (1912/1913) e casou.

            Em 1914, nasceu o filho Aníbal Aquilino Fritz, que veio a ser presidente da Câmara Municipal de Lisboa. Entre 1915 e 1918, exerceu funções de professor no Liceu Camões. Seguiu-se outro período intenso, na Biblioteca Nacional, como na produção literária de “Terras do Demo”, direção da revista “Seara Nova”, publicação de “O Malhadinhas”; "Andam Faunos pelos Bosques" e “Estrada de Santiago”, até que entrou na revolta de 1927, em Lisboa. Participou no movimento militar republicano contra a Ditadura Militar e na revolta de Pinhel em 1928.

            Consequentemente, procurou Paris para se exilar. Em 1929, casou em segundas núpcias, com a filha do Presidente da República, Bernardino Machado. Continuou a atividade de escrita regular de livros, destacando-se, nos anos 30, "O Homem que Matou o Diabo" e "Batalha Sem Fim”. Nos anos cinquenta, foi fundador e presidente da Sociedade Portuguesa de Escritores. Continuou a produção de várias obras, entre as quais “A Casa Grande de Romarigães” (1957) e “Quando os Lobos Uivam” (1958). Neste ano de 1958 foi nomeado sócio efetivo da mesma Academia e tornou-se militante da candidatura do General Humberto Delgado à Presidência da República.

Em 1960, foi proposto para Prémio Nobel da Literatura

Entre um leque extenso de proponentes encontravam-se nomes tais como: José Cardoso Pires; David Mourão-Ferreira, Urbano Tavares Rodrigues, Mário Soares, Vitorino Nemésio, Alves Redol e Virgílio Ferreira. Com uma obra literária composta, grosso-modo, por contos, romances, novelas e artigos em periódicos, desenvolveu uma linguagem vernácula e difundiu termos regionalistas ou pouco conhecidos, enriquecendo sobremaneira o vocabulário e a literatura de expressão portuguesa. Concluindo, na sua obra literária perpassam contextos e costumes, com relevância para modos de fazer tradicionais.

            A propósito do Nobel da Literatura em 1998, José Saramago disse “Se Aquilino Ribeiro fosse vivo quem o recebia era ele (Aquilino)”. Porém, entre 1960 e 1998 vão 38 anos de distância, de conquistas democráticas e de educação para a cidadania de que Aquilino foi um dos grandes arautos, precursor e motivador. (cf. Texto e galeria de imagens de Alfredo Anciães, revisão de Ana Luísa Janeira Online. (Ref.:F.331) Online Igreja de Santa Engrácia; Panteão Nacional; Rua Aquilino Ribeiro, in  http://marcasdasciencias.fc.ul.pt/imagem/original/2733.jpg)