segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

"CLASSIFICAÇÃO DECIMAL UNIVERSAL" UM MUNDO DE CONHECIMENTOS

(Uma Biblioteca da área de Oeiras / Lisboa que utiliza a CDU)
 
 
 
Uma “Classificação Decimal Universal – CDU”, sigla em português, filia-se no pensamento da época do enciclopedismo de Diderot e D`Alembert (França) na segunda metade do século XVIII.

Este será um primeiro momento inspirador.

Em segundo momento este trabalho de classificação é influenciando por intelectuais, filantropos e amigos do saber da Europa e América. Melvil Dewey (EUA) foi, aliás, o autor do primeiro esboço de um sistema decimal de documentação e informação, designado por “Dewey Decimal Classification”.

Um terceiro, e não menos importante, momento é produto do ambiente e mentalidades da Belle Époque com Paul Otlet e Henri La Fontaine.

Nesta altura já a documentação enciclopédica, jornalística e de revistas carecia de um sistema eficaz, mormente se pensado para servir um público alargado.

Este acúmulo de saber incluía a área dos museus que, com a Revolução Francesa, passam para o domínio dos bens culturais de interesse público. Por isso Paul Otlet e Henri La Fontaine sonham e dão curso aos seus projetos de realização de um “Palais Mondial (World Palace)”, renomeados numa segunda fase com a designação de “Mundaneum”, Organização esta, instalada em Bruxelas.

Diga-se de passagem que os seus hercúleos trabalhos vêm a ser incorporados, através da Liga das Nações, no Instituto Internacional de Cooperação Intelectual, um Órgão precursor da UNESCO, sedeado na ONU.

Segue-se um extrato da tabela de autoridade da CDU em português, editado pela Biblioteca Nacional, Lisboa, 1990, baseado por sua vez na Fédération International d`Information et de Documentation (FID).

O extrato apenas contempla uma seleção do que consideramos mais relevante, em termos didáticos e apenas dos índices 0 (zero) e 1 (um).

A edição completa em português encontrar-se disponível na Biblioteca Nacional de Portugal.  

“CDU – CLASSIFICAÇÃO DECIMAL UNIVERSAL”

Recolha de informação & apresentação por A. Anciães, Jan. 2020  

O / F. 1, 2ª ED. 90/Abr

«0                  GENERALIDADESD. CIÊNCIA E CONHECIMENTO. ORGANIZAÇÃO. INFORMAÇÃO. DOCUMENTAÇÃO. BIBLIOTECONOMIA. INSTITUIÇÕES. PUBLICAÇÕES
 
00                    PROLEGÓMENOS, FUNDAMENTOS DA CIÊNCIA E DA CULTURA
 
001                  CIÊNCIA E CONHECIMENTO EM GERAL. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO INTELECTUAL
 
002                  DOCUMENTAÇÃO. DOCUMENTOS EM GERAL
 
003                  SISTEMAS DE ESCRITA E ESCRITAS. SIGNOS E SÍMBOLOS. CÓDIGOS. REPRESENTAÇÕES GRÁFICAS.
CDU / O / F. 2, 2ª ED. 90/Abr
01                           CIÊNCIA E TÉCNICA BIBLIOGRÁFICA
011                  BIBLIOGRAFIAS UNIVERSAIS E GERAIS
 
CDU / O / F. 3, 2ª ED. 90/Abr
015                  BIBLIOGRAFIAS SEGUNDO O LUGAR DE PUBLICAÇÃO DAS OBRAS. BIBLIOGRAFIAS NACIONAIS
017/019          CATÁLOGOS. INVENTÁRIOS DE COLECÇÕES
 
CDU / O / F. 4, 2ª ED. 90/Abr
022                  LOCAIS EINSTALAÇÃÕES MATERIAIS DA BIBLIOTECA
024                  RELAÇÕES DA BIBLIOTECA COM O PÚBLICO. REGULAMENTOS
CDU / O / F. 5, 2ª ED. 90/Abr
025                  ADMINISTRAÇÃO DE BIBLIOTECAS. DEPARTAMENTOS DIVERSOS DA ADMINISTRAÇÃO DA BIBLIOTECA, SERVIÇOS TÉCNICOS, MÉTODOS E ROTINAS
CDU / O / F. 10, 2ª ED. 90/Abr
069                  MUSEUS. COLECÇÕES. GALERIAS. EXPOSIÇÕES PERMANENTES. MUSEOGRAFIA. MUSEOLOGIA
069.538           Catálogos de museus
070                  JORNAIS. JORNALISMO. IMPRENSA
CDU / O / F. 11, 2ª ED. 90/Abr
070.09             MANUSCRITOS. OBRAS NOT´+AVEIS. OBRAS RARAS …
 
CDU / O / F. 12, 2ª ED. 90/Abr
093                  INCUNÁBULOS - OBRAS IMPRESSAS ANTES DE 1500, SUAS REPRODUÇÕES OU FAC-SIMILES
094                  OBRAS NOTÁVEIS PELA IMPRESSÃO
095                  OBRAS NOTÁVEIS PELA ENCADERNAÇÃO
096                  OBRAS NOTÁVEIS PELAS ILUSTRAÇÕES OU PELOS MATERIAIS EMPREGADOS
097                  EX-LIBRIS. MARCAS DE PROPRIEDADE OU DE ORIGEM
098                  OBRAS NOTÁVEIS PELA NATUREZA DO SEU CONTEÚDO

… / … /… /…

CDU / 1 / F. 1, 2ª ED. 90/Abr

1                      FILOSOFIA

1                      A/Z FILÓSOFOS
11                    METAFÍSICA. ONTOLOGIA. ESTÉTICA
133                  OCULTISMO
14                    SISTEMAS FILOSÓFICOS
16                    LÓGICA
162                  RACIOCÍNIO
164                  LÓGICA SIMBÓLICA. LÓGICA MATEMÁTICA
165                  TEORIA DO CONHECIMENTO. EPISTOMOLOGIA
165.9               História do conhecimento. Da mitologia ao conhecimento científico
167/168          METODOLOGIA
17                    ÉTICA. FILOSOFIA MORAL
171                  ÉTICA INDIVIDUAL
172                  ÉTICA SOCIAL
 
CDU / 1 / F. 2, 2ª ED. 90/Abr
173                  ÉTICA FAMILIAR
174                  ÉTICA PROFISSIONAL
176                  ÉTICA SEXUAL
177                  MORAL E RELAÇÕES SOCIAIS
178                  MORAL E TEMPERANÇA
179                  QUESTÕES DIVERSAS DE MORAL»

… / … /… /… / … /
 

OUTRAS REFERÊNCIAS DOCUMENTAIS:
--«The Universe of Information_livro rayward.pdf»
--https://drive.google.com/file/d/0Bzo6lpGYBx2TbkdkRlhPYlR1SmM/view
--http://www.aib.ulb.ac.be/otlet/icono.html
http://www.estadao.com.br/vidae/not_vid191257,0.htm
--Ducheyne, Steffen. Paul Otlet's Theory of Knowledge and Linguistic Objectivism, Knowledge Organization 32, 2005, pp. 110–116.
--Judge, Anthony Union of International Associations - Virtual Organization. Paul Otlet's 100-year Hypertext Conundrum?
--Lelis García, Hilda; Mireles Cárdenas, Celia. Aportaciones de Paul Otlet a la bibliotecología actual
--Rayward, W. Boyd. The Case of Paul Otlet, Pioneer of Information Science, Internationalist, Visionary.
--Rayward, W. Boyd. Otlet, Paul. International Organization and Dissemination of Knowledge: Selected Essays. (FID 684). Amsterdam: Elsevier, 1990.
--Wright, Alex. Forgotten Forefather, Boxes & Arrows, Nov. 10, 2003.
--Zurita Sánchez, Juan Manuel. El paradigma otletiano como base de un modelo para la organización y difusión del conocimiento científico. México, El Autor, 2001. Tesina, Colegio de Bibliotecología, Facultad de Filosofía y Letras, UNAM.
E ainda:
--https://pt.wikipedia.org/wiki/Paul_Otlet; https://pt.wikipedia.org/wiki/Henri_La_Fontaine
-- https://pt.wikipedia.org/wiki/Positivismo
--http://blog.crb6.org.br/artigos-materias-e-entrevistas/voce-conhece-a-historia-de-melvil-dewey/
--https://www.loc.gov/aba/dewey/about-dewey.html
--https://cumpriraterra.blogspot.com/2020/01/gigantes-da-documentacao-e-informacao.html
--http://www.udcc.org/
--https://pt.wikipedia.org/wiki/Enciclopedistas

sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

GIGANTES DA DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO DE ONTEM DEIXAM ORGANIZAÇÃO E ESPÓLIO INDISPENSÁVEL PARA HOJE

Duas Bibliotecas que utilizam a CDU - Classificação Decimal Universal:
1-Biblioteca Nacional de Portugal
2-Biblioteca da Universidade Atlântica / Complexo da Fábrica da Pólvora / Museu

 
 
Paul Otlet (Bruxelas, 1868 – Bruxelas, 1944) não é só o Homem que «queria classificar o Mundo». Foi um dos poucos Homens que conseguiu esse sonho e realidade de classificar todo o género de saber na CDU – Classificação Decimal Universal, hoje patente na organização da documentação de cerca de 70% das grandes e médias bibliotecas públicas e universitárias de todo o mundo.

Para lá deste sistema de organização e classificação, o que existe hoje de Internet e redes sociais deve-se, em grande parte, à inspiração e saber deste Senhor; bem como ao seu consócio Henri La Fontaine (1854, Bruxelas – 1943 Bruxelas; prémio Nobel da Paz, em 1913) e a Melvil Dewey Dewey (Adams Center, 1851 – Lake Placid, Nova Iorque – 1931), que aliás deu início ao sistema de Classificação Decimal de Dewey (seu nome).

Ainda hoje se utiliza o sistema de Dewey, mas sem a grande projeção internacional da CDU. Portanto, uma obra gigantesca se herdou destes Homens. É preciso reconhecê-lo.

O que se perdeu (com a incúria das guerras, 1ª e 2ª mundiais e com outras irresponsabilidades e devaneios de lideres, sobretudo de quem não valoriza ou não quer a paz), foi a maioria do espólio documental, museológico e arquivístico, bem como a cidade da informação e cultura projetadas e levadas relativamente a efeito, na Europa (Bélgica).

O legado destes Homens é gigantesco mas nunca devemos desprezar a segurança, a cultura da paz e o desenvolvimento para todos, sem o qual os perigos podem retornar a qualquer hora.
 
Palavras-chave: biblioteconomia, documentação, informação, museologia

Cf. Ainda:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Paul_Otlet; https://pt.wikipedia.org/wiki/Henri_La_Fontaine ; http://blog.crb6.org.br/artigos-materias-e-entrevistas/voce-conhece-a-historia-de-melvil-dewey/ ; https://www.loc.gov/aba/dewey/about-dewey.html

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

MEDICINA PSI & NARRATIVA


-Assinatura de S. João de Deus): Há pelo menos duas versões do significado.
«EU FREI (OU IRMÃO) ZERO» e «JESUS» (em Grego Antigo)


-Capela-mor - hoje integrada no Museu do Instituto de S. João de Deus
no Telhal - Sintra).
 

Fotos recolhidas no Telhal em 2018; na sua maioria pelos 125 anos da recriação da Ordem de S. João de Deus na Península Ibérica
 

 
 

Verifica-se no século XIX / XX e na atualidade um novo enroupamento dos métodos curativos de João Cidade (S. João de Deus).

Esta figura ibérica nasce nos finais do século XV em Montemor-o-Novo – Alentejo - Portugal, tendo como segunda Pátria o país vizinho - Espanha.

Há uma certa analogia entre João Cidade (S. João de Deus) com Fernão de Magalhães, que estudámos no âmbito dos 500 Anos da viagem de circum-navegação.
Afinal:
Ambos são Portugueses que se destacaram em Espanha;
Ambos são do tempo do Renascimento;
Ambos são praticamente contemporâneos e
Ambos, cada um à sua maneira, tiveram um papel importante a nível global ou quase global.

Contudo, verifica-se que os métodos de S. João de Deus, mormente nos processos curativos das pessoas com disfunções da área “Psi” foram, praticamente, esquecidos entre a sociedade civil. O mesmo, não dizemos na esfera da instituição religiosa (assistencial e hospitalar) onde continua a ser prosseguido um trabalho importante.  

Outros avanços nesta área datam do século XIX e até à atualidade 

Sigmund Freud (Áustria, 1856 – Londres, 1939):

Em “Além da Alma Humana”, constatamos na figura de Freud o estudo das relações afetivas e do ciúme. Freud analisa sentimentos recalcados, entre pessoas.

O conceito de sublimação seria para Freud algo relacionado com a pulsão dos desejos e a sua transferência para uma atividade criadora, socialmente aceite e não reprimida, mesmo falando a nível pessoal ou psicológico.

Enquanto Freud se situa na análise da pulsão de teor sexual; outros especialistas da área das relações humanas propõem mudanças educacionais para ultrapassarem problemas. Assim e após a satisfação das necessidades básicas alimentares, S. João de Deus muda o paradigma (ainda que intuitivamente e também a partir de experiência própria quando esteve forçadamente internado) da relação entre doente e assistente. Trata-se de enorme feito para a época, pois no século XVI o doente mental (hoje diríamos da área da “Psi”) era tratado com métodos brutais, até por via das mentalidades que viam nestes doentes a “ação do maligno”. Para ser mais prosaico, viam nestes doentes a ação do diabo. Deste modo, pensava-se que quanto mais batessem no doente mental, quando entrava em crise, mais necessidade havia de espancar o maligno, atingindo assim o infeliz e geralmente inofensivo doente.

Consideramos que uma filosofia e/ou uma religião, associadas a práticas na saúde - podem ser a base necessária para a diminuição dos sintomas das doenças e da redução de carências entre os pacientes, quer sejam carências alimentares, de afeto, amor, ou comunicação. Aliás, S. João de Deus pensava isto mesmo (ainda que intuitivamente) entre a relação doente/doença e religião. Foi esta base de fé e religião que fez da ação de João Cidade um dos maiores sucessos de sempre na área da Medicina. A dar credibilidade a este pensamento, basta avaliar a História dos progressos e das ações deste cidadão e seus sucessores. 

Já na área civil e no século XX:

Carl Rogers (EUA, 1902-1987) e seus seguidores tratam da “teoria da personalidade centrada na pessoa”, abordando a Terapia de validação afetiva(cf. https://amenteemaravilhosa.com.br/psicologia-humanista-carl-rogers/ )  

Rita Charon (EUA, 1949--…) alarga o leque e vai buscar saberes de outras disciplinas (exemplo: à literatura).

Charon é recebida em Portugal, em 2019, por Maria de Jesus Cabral e pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. É ainda em Lisboa que recebe a distinção de doutoramento. Porém, em dezenas de entradas documentais que já investigámos, referentes a esta investigadora, ainda não vimos, em relação à autora e sua formação, quaisquer citações das fontes da Obra de S. João de Deus. Idem em relação a Freud ou Carl Rogers. No entanto todos eles contribuíram para o desenvolvimento da “empatia”, das “relações cooperantes”, e da “comunicação” - temas que a “medicina narrativa” da autoria de Rita Charon terá de explorar para ter sucesso. A ser assim, Rita Charon deverá citar as fontes em que se baseia.
Humanismo

Hoje há milhares, senão dezenas de milhares, de pessoas no mundo que prosseguem a Obra - Hospitaleir@s da Ordem de S. João de Deus. Os seus métodos são, de certo modo, prosseguidos por outrem, com novos chavões analíticos.

Agora, tal como outrora, o carinho e o respeito pelos doentes são indicadores do sucesso nas áreas da Psicologia, Psiquiatria, Psicanálise e Gerontologia. Mais uma vez, há que olhar para a História da Medicina e respeitar os saberes transmitidos, entre gerações e instituições.

&&&

Em relação à visita à Casa de Saúde do Telhal constatámos alguns dos processos históricos e com a visita à Casa de Saúde da Idanha teremos a oportunidade de conhecer outras valências e, pelo menos, uma unidade em funcionamento. Assim compreenderemos melhor a Obra iniciada no século XVI, que tem todo o sentido e funcionalidade no presente.  

Concluímos que a designada e recente medicina narrativa é, em nosso entender, um longo processo, mais que uma simples narrativa do século XXI.  

Feliz Ano 2020 com a cidadania de João Cidade. 

Nomes e palavras-chave: Carl Rogers, Elizabeth Cochrane, História da Medicina, João Cidade / S. João de Deus, Medicina narrativa, Psicanálise, Psicologia, Psiquiatria, Sigmund Freud, Rita Charon 

Uma seleção de referências documentais: 

--S. João de Deus Um Herói Português do Séc. XVI / Raquel Jardim de Castro
--S. João de Deus. Um Homem Que Soube Amar / Nuno Ferreira Filipe 

Em linha:

--Cumprir a Terra https://cumpriraterra.blogspot.com/2020/01/um-precursor-portugues-na-medicina-area.html

-- Elizabeth Cochrane: https://www.womenshistory.org/education-resources/biographies/elizabeth-cochrane
-- cf. https://amenteemaravilhosa.com.br/psicologia-humanista-carl-rogers/

Massamá / Sintra, Janeiro de 2020

Alfredo Anciães

sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

DOS CONCEITOS ÀS PRÁTICAS: SOCIAIS E MUSEOLÓGICAS


 

Gentileza da imagem de Natália no Parlamento português in https://www.delas.pt/natalia-correia-uma-voz-livre/pessoas/401376/

Tudo parece indicar que a poetisa, escritora e deputada Natália Correia foi a iniciadora do conceito de mátria. Conceito este, em oposição ao termo pátria, considerado gasto, bafiento, de potentado e altivez masculina, baseado na sociedade em que a mulher é dominada, ao serviço e bel-prazer do elemento masculino. 


Mátria terá inspirado o conceito de frátria, ou vice versa.
Na realidade precisa-se toda uma cultura e economia, associadas ao fratrimónio, onde pessoas irmanadas por semelhantes causas, exercem funções de bem comum.
Natália rompe conceitos, sobretudo a partir de 1986. A poetisa entra numa série televisiva a que dá o nome:  “mátria e este lugar”.
No Parlamento é contundente perante as atitudes de puro machismo e conservadorismo.
“Não me interessa o feminismo como caricatura das qualidades femininas. Então que os homens assumam a responsabilidade até ao fim. Eu defendo um regime feminista de cultura.” (in Jornal Expresso, 8 de maio de 1982); (cf. Alfredo Anciães in facebook in Ano lectivo 2016-2017 e em Lusofonia: actualidades & história, 16.03.2018). 
 
Antes de falecer Natália deixa-nos avisos, tais como
 
As primeiras décadas do próximo milénio serão terríveis…miséria, fome, corrupção, desemprego, violência, abater-se-ão aqui por muito tempo.
A comunidade Europeia vai ser um logro.
O Serviço Nacional de Saúde, a maior conquista do 25 de Abril, o Estado Social e a independência nacional sofrerão gravíssimas rupturas. Abandonados, os idosos vão definhar, morrer, por falta de assistência e comida.A esperança média de vida cairá. Espoliada a classe média declinará, só haverá muito ricos e muito pobres.” – Natália Correia, 1993”.
(extrato in página de facebook Carlos Carranca, 16.03.2018, procedente de @VivaLaAnarquiaPortugal).
Ainda que não se verifiquem todos estes presságios, seria despiciendo desconsiderar os seus avisos. Os sinais que apontam para o futuro, mais ou menos evidente, poderão até ser relativamente alterados quando se levam a sério e se trabalha para o bem comum.
Por outras palavras, Natália é defensora das posições “matristas". (cf. ainda http://www.uefs.br/nep/labirintos/edicoes/02_2009/07_artigo_monica_santaanna.pdf (consultado em 31/jan/2013)

Face aos preconceitos, também o lusófono Caetano Veloso nos dá o seu contributo: 
«[…]  eu não tenho pátria, tenho mátria / E quero frátria […]».
(Caetano Veloso“Língua”. cf. http://www.debatesculturais.com.br/a-lingua-e-minha-patria/ ).

Em síntese, estamos a documentar uma tomada de consciência social, também assumida pelos conhecimentos de museologia, fratrimónios e  matrizmónios, consoante se trate de:
1-ações intangíveis,
2-ou de peças e territórios materiais - organizadas no seio das novas museologias e museus de interesse social comunitário.
Preferimos os conceitos de matrizmónio e fratrimónio porque o património é algo confuso, pois ele reporta-se a esferas, tais como:
cultural, económica e financeira -- pública, privada ou cooperativa.
O conceito patriarcal, derivado de pai e pátria, de cunho masculino/machista tem-se manifestado como forma de menorização da mulher. 
Os museus terão o bom senso para não organizarem e exporem conteúdos de acordo com os preconceitos que lesam direitos e são ofensivos das pessoas ou de minorias.
 
 Palavras-chave: frátria, fratrimónio, mátria, matrizmónio, nova museologia, Natália Correia, patriarca, património