sexta-feira, 30 de junho de 2017

166. A ÍNFIMA PARTÍCULA


 

001 "Partícula de Deus", também chamada "bosão de Higgs", nome do seu descobridor

       À Terra e ao Universo não virão quaisquer males por agora a partícula se chamar "de Deus". Os melhores cientistas foram/são quase todos religiosos. Ao que tudo parece indicar, os cientistas menos bons, são predominantemente ateus ou de "livre" consciência.
       Religião é aquilo que nos liga a algo. Acreditamos em algo mais ou menos presente, mais ou menos transcendente.

       A descoberta desta partícula não irá ser a última descoberta, já que é comum dizer-se (em especial, os cientistas dizem) "por detrás de cada porta que se abre na ciência haverá várias outras que imediatamente se apresentam para abrir".

       Ninguém pode dizer que não há Deus, pois nunca ninguém provou que não há Deus.

       Os crentes deverão ter a liberdade de acreditar que há algo para lá da matéria e deverão ter a liberdade de se associarem em torno da ideia de um Criador e/ou Organizador, isto é, deverão ter a liberdade de seguirem uma religião que dê coerência às suas vidas.

       Deixem os cientistas (crentes ou não; parece que a maioria são crentes) fazer o seu trabalho e dar o nome que entenderem às suas descobertas.

       Não virá mal algum ao mundo pelo facto de a mais minúscula partícula, descoberta no início do mês de julho 2012, se chamar: "Partícula de Deus".

       Fontes, acedidas em 01.07.2017

CERN et al. - «Descoberta nova partícula com semelhança à “partícula de Deus”»


-------------- - «Cientistas anunciam que podem ter descoberto a "partícula de Deus"»


quinta-feira, 29 de junho de 2017

165 A “PROVIDENCIAL BARATA” E OS PEDRÓGÃOS


001

«Costa admite indemnizar vítimas» se tiver provas de que o Estado foi culpado pelas tragédias dos incendidos de junho 2017.

É este o título e a ideia, expressos no C.M. pág. 1 que nos remete para as páginas 24, 25 e 48 (a) do dia 29.06.2017 e para a imprensa que tem tratado o tema.

002

(a)”Sebastião sabe pouco” (titulo). […] “Depois, Abrantes conhecia bem a política portuguesa. Já Pereira, não percebe nada disto. Achar que Costa tem a carreira em perigo só porque morreram 64 pessoas, é não conhecer a sua tenacidade. Houvesse um holocausto nuclear e sobreviviam a proverbial barata e o nosso PM. Que imediatamente, trataria de culpar a barata pela destruição.” (José Diogo Quintela in C. M. 29.06.2017, p. 48)  

003

Seria interessante contar com a verdade e a possibilidade deste raciocínio. Contudo o Senhor Primeiro-ministro conhece bem o sistema em que “ora e labora”.

O Primeiro-ministro sabe que no estado em que nos encontramos não lhe é fácil cumprir as promessas de indemnizar, e rapidamente, como refere, as vítimas dos incêndios de 2017.

004

Como bem diz o José Diogo Quintela in C.M., p 48, 29.06.2017 «a proverbial barata” tornar-se-á a única culpada das negligências, do deixa andar.

Se Sua Exª o Primeiro-ministro de Portugal deseja ter provas. Não é preciso vasculhar muito nos arquivos e nas “comissões de inquérito”, arrastando Pessoas e Tribunais.

005

Apenas terão de investigar os discursos dos presidentes de Câmara dos concelhos do Interior e verificar que os anseios, as políticas ambientais, as promessas e os planos não foram cumpridos neste Governo, nem nos antecessores, resultando em prejuízo para a Nação e para o Estado.

Verifiquem que as populações do interior e das regiões periféricas aos regimes não tiveram alternativas viáveis senão sair para o litoral e para os países que lhes deram garantias de prosseguir as suas vidas e as dos que deixaram nas suas terras natais. Neste aparte o Senhor Primeiro-ministro sabe que “o Estado a que chegámos” é produto do abandono do interior e das zonas periféricas.

006

Já está demonstrado:

-que o Estado não cumpriu bem o seu papel de administrador e regulador;

-que os culpados não limparam as matas;

-que se contam pelos dedos das mãos as multas aos que não limparam a sua parte;

-que os responsáveis gerais pela ordenação do território, floresta e pasta da agricultura são os Governos.



007

O senhor Primeiro-ministro sabe e, se calhar, desde há décadas, que o Estado deveria se substituir aos proprietários que não têm condições ou não querem limpar ou ordenar propriedades. Logo, o Estado e os Governos são os principais e primeiros culpados.

Deste modo não precisa de mais provas que se substituam às “proverbiais baratas” expiatórias. O caminho está facilitado para agir. Querendo, poderá ser uma pedra basilar para mudar o status caótico e homicida para um status mais justo, mais amigo do ambiente, do território e das pessoas.

008

Caríssimo Sr. Primeiro-ministro,

-primamos para que a verdade o proteja, agora e sempre,

-para que os Portugueses dignos do nome sejam os beneficiários das políticas;

-para que os egoísmos sejam os perdedores;

-para que a verdade, os lusófonos, os portugueses, os amigos do território e do ambiente sejam os vencedores.

Senhor Primeiro-ministro, querendo poderá ajudar a mudar o ambiente de Portugal, de “pedrogãos pequenos” para Pedrógãos Grandes, Fratrimoniais e Luminosos.

Com um Abraço.
Palavras-chave: 2017, Ambiente, Incêndios, Pedrógão Grande, Ordenamento do Território
Iconografia de Pedrógão Grande. Arq. pessoal AA, junho 2017

domingo, 25 de junho de 2017

164 A QUINTA / PALÁCIO DA MARQUESA DE RAVARA E O CULTO AO DIVINO ESPÍRITO SANTO EM CARNIDE


001
Palavras-chave: Associação Socorro e Amparo, Carnide, Colégio do Menino Jesus, Culto do Divino Espírito Santo, Marquesa de Ravara, Ordem de S. Miguel de Ala
       Antigo palácio, situado na Rua do Norte (ex-Rua do Correio-Mor), na imediação do Largo do Coreto, antes designado Alto do Poço. Continua a fazer jus à antiga proprietária D. Anna Maria Guido - Marquesa de Ravara ou Marquesa de Fora; assim conhecida, talvez pela procedência italiana do título nobiliárquico.

002

Prima pela simplicidade na arquitetura e na decoração, como singela e popular era a religiosidade que liga este palácio à proprietária e ao culto, com a filosofia milenarista e práticas relacionadas com o Divino Espírito Santo, a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade. As atuais funções parecem ainda fazer jus à origem.

003

Aqui tem sede a Associação Socorro e Amparo: Colégio do Menino Jesus, bem como a sede sul da Ordem de S. Miguel de Ala, cuja tradição diz ter sido fundada por D. Afonso Henriques há 870 anos (2017-1147=870).

Segundo Vitor Bom Norte, o lugar de “Grão-Mestre da Ordem de São Miguel da Ala "é [ou pertence ao] Rei de Portugal” que não estando em funções, é representado pelo(s) pretendente(s) ao trono.

O facto de haver dois ramos aspirantes à coroa portuguesa tem gerado desinteligências inclusivamente em processos nos tribunais. Nada que não possa ser resolvido na Justiça e na Sociedade portuguesa (a). Contudo, o lugar de Grão-Mestrado está atribuído ao Arcanjo São Miguel, patrono da Ordem e também protetor associado ao culto do Divino Espírito Santo.

(a)A História de Portugal regista várias mudanças de dinastia. Até será salutar que se mantenham dois ou mais ramos; permitirá quando um falha, ser investido outro.

004

O logótipo que acima vemos com uma asa e um sol traduz uma “aparição” a D. Afonso Henriques e seus próximos que terão visto este signo na mui difícil batalha da reconquista da cidade Escalabitana, escassos meses, antes da chegarem a Lisboa.

005

A decoração dos tetos conta com anjos e crianças tocando flauta, a descansar ou sonhar, distribuindo flores, ou apanhando borboletas. 

006

D. Anna Maria Guido - Marquesa de Ravara uma das últimas apoiantes (no Continente europeu português) do interessante culto ao Divino Espírito foi, em meu entender, mestra exemplar de fratrimónios(a) na versão setecentista, baseada na ancestralidade e na pureza do bodo e do ágape, tantas vezes representados por figuras angélicas e crianças do povo.


007

Daí que peça permissão para divulgar as imagens decorativas dos anjos que povoam esta quinta / palácio e associação de socorro e amparo; imagens estas, publicadas em primeira mão pelo amigo Vitor Bom Norte.


008

(a)O termo fratrimónio, traduzido em práticas museológicas, segundo tudo parece indicar, começou com o amigo, ex-Professor de Museologia Mário de Sousa Chagas. Este conceito tem sido por nós ampliado, inclusivamente nas aulas de Nova Museologia da USMMA - Universidade Sénior de Massamá e Monte Abraão e na USIA - Universidade Sénior Intergeracional da Amadora


009

Fontes:
-Imagens - 001 a 004 Arq. pessoal AA; 005 a 009 Sítio - gentileza de Vitor Bom Norte / Associação Socorro e Amparo - Colégio Menino Jesus 
-Bibliografia -
ANCIÃES, Alfredo Ramos – Alma e Luz de Carnide. Lisboa: Apenas Livros, Ld.ª, 2013

-Em Linha, acedidas em 19.06.2017

quinta-feira, 15 de junho de 2017

163 CARNIDE – LISBOA: OS SANTOS E AS FESTAS POPULARES


001 Cartaz de Carnide. in sítio da Junta de Freguesia, 2017
Palavras-chave: Carnide, Lisboa, marchódromo, Santo António, santos populares
       Hoje, dia 16 de Junho de 2017, teremos novamente as marchas no Largo da Luz. Tudo parece indicar que na origem destas festas há um fundo pagão. O processo de cristianização foi-se mesclando com novos hábitos e novas manifestações. Contudo há uma essência que se mantém.

O primeiro dos santos populares a ser festejado é Santo António, devido à data da sua morte ter ocorrido a 13 de junho. Venerado em quase todo o mundo cristão com especial destaque para a cidade natal de Lisboa.

002 Decoração de rua, festas populares na Voz do Operário, 2016
Com fama de santo milagreiro, foi canonizado em 1232 no ano seguinte ao da sua morte. O processo foi dos mais rápidos da História eclesiástica, tal era a consideração e a fama de que gozava entre a hierarquia da Igreja e a população.

Para lá de santo foi proclamado Doutor da Igreja em 1946 pelo Papa Pio XII (1). Na Arte tem representação na escultura, pintura, numismática, filatelia e museografia, com destaque para o Museu da Cidade, Museu Antoniano de Lisboa e Igreja de Santo António.
(1)Pio XII considera Santo António um «exímio teólogo e insigne mestre em matérias de ascética e mística».

003 Arte parietal na Voz do Operário, 2016
Fernando de Bulhões, nome de batismo de Santo Antoninho, como é carinhosamente chamado por muita gente. Nasce a dois passos da Sé Catedral, tendo crescido junto à Matriz e estudado na vizinhança, em São Vicente de Fora. Não admira a densidade de representação artística na cidade. Ademais, o Papa Leão XIII intitulou-o de “Santo de todo o mundo”.

São dignas de nota as manifestações populares, o enfeite das ruas, escadinhas, largos e demais espaços públicos com destaque para os bairros e sítios com antiguidade.

004 Marcha Infantil de Carnide, 2016

Exemplos marcantes de novos envolvimentos, público e do poder local nas marchas, verificam-se em Carnide. Esta freguesia de Lisboa criou o seu próprio marchódromo no Jardim da Luz, junto à igreja e convento dos franciscanos.

Carnide apresenta várias Marchas. Algumas são de população infantil, co-organizadas com as escolas locais. A “Marcha dos Avós” e a “Grande Marcha Popular do Teatro de Carnide” também têm animado Carnide. Além dos recursos locais, Carnide também tem apresentado em desfile uma Marcha convidada.
Fontes imagens. 001 Gentileza à Junta de Freguesia de Carnide; 002 a 004 Arquivo pessoal AA.

Fontes em linha, acedidas em 15.06.2017:

-ANCIÃES, Alfredo Ramos - Festas Juninas – Do Paganismo ao Popular - 


sexta-feira, 2 de junho de 2017

066 162 CARNIDE VISTO PELO PÓRTICO ORIENTAL

037

Palavas-chave: Bandarra, Carnide, Igreja, José de Guimarães, São Lourenço, Templários

Por volta de 2010 encontrei nas festas da minha aldeia uma conterrânea. Queria agradecer a Nossa Senhora mas não sabia como. Pergunta-me se, em Lisboa, sabia onde era a Senhora da Luz.

-Tenho uma oferta para Ela e não encontro gente que conheça o sítio onde se encontra a imagem.

-Caríssima, o que é que deseja em relação à Senhora da Luz?

-Queria muito lá ir mas não posso. Se fizer o favor de me levar a promessa que tenho para a Santa, fico-lhe muito agradecida.

-Eu é que agradeço em confiar-me o cumprimento desse tão nobre desejo. Respondi à Srª Maria, esposa do amigo e saudoso Manuel Eiras, das Terras de Magriço.

038

Chegado a Lisboa fui entregar a oferta ao funcionário do santuário. Pedi um recibo para levar de recordação. Nesta altura começava o estudo na zona mas não sabia que, em termos paroquiais, o sítio da Luz e Carnide se chamava (e chama) paróquia de São Lourenço e não paróquia de Nossa Senhora da Luz como pensa a quase generalidade dos visitantes e mesmo muitos residentes locais.

039

Quando o colaborador da Igreja me entrega o recibo, fico a olhar para o mesmo, ao ver a referência à paróquia de São Lourenço e não de Nossa Senhora da Luz. Depois de uma breve conversa com o Sacristão, comecei a investigar o porquê de se chamar paróquia de São Lourenço. Fui às netes e bibliotecas. Entrei no recinto e no templo / Igreja de São Lourenço para perceber a grande influência deste santo mártir (Huesca, Hispânia, 225 -- +258, Roma), então pertencente ao império romano. Tudo parece indicar que a divulgação e frequência desta Igreja de São Lourenço terá sofrido “concorrência” do santuário da Luz, após a construção da Igreja e Conventos no Largo da Luz.

040

Antes de entrar no atrium da igreja de São Lourenço, analiso o recinto muralhado. Olhando atentamente vejo vários painéis coloridos. Um deles contém a legenda supra: “AS TENTAÇÕES / JOSÉ DE GUIMARÃES”.

041

Entro e deparo-me com um espaço que me dá uma sensação de templo cristão mas não me pareceu tão católico e trentista como o templo da Senhora da Luz e tantas outras igrejas portuguesas. No interior existe o mínimo de imagens. As paredes predominantemente brancas. No altar-mor vejo uma imagem, algo inigmática, que não tem semelhança com as tradicionais imagens de arte religiosa.

042
Interroguei um responsável pela igreja e não soube, ou não quis, responder à interpretação da imagem no plano central do altar mor. Trata-se de uma pintura moderna ou pós moderna que me pareceu, antecedida por uma silhueta de figura antropomórfica na retaguarda, segurando uma espada.
Já na fachada, junto à porta principal deparo-me com a imagem seguinte.

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E continuei a investigar, até que um dia encontrei um residente – expert em brasões. Trocámos impressões.

Ele pergunta-me:

-O amigo das Terras do Demo e de Magriço sabe da existência de um Sapateiro, o Bandarra?

044

-Sim, vivi em Trancoso. Teremos que continuar a investigar a influência do “bandarrismo”, especialmente nesta zona de Carnide, certamente.



«Foi o fogo do teu amor, Senhor, que permitiu ao diácono São Lourenço permanecer fiel» (cf. Santo Agostinho (354-430) Bispo de Hipona, Norte de África, Doutor da Igreja).

«O exemplo de São Lourenço encoraja-nos a dar a vida […]. Não são as chamas da fogueira, mas as chamas de uma fé viva que nos consomem […]. Pois não foi o próprio Salvador que disse, acerca deste fogo sagrado: «Vim lançar fogo sobre a terra […]» (Lc 12,49).

«Foi também graças a este incêndio interior que São Lourenço permaneceu insensível às chamas do martírio: ardendo em desejos de estar com Jesus, ele não sentia a tortura. Quanto mais crescia nele o ardor da fé, menos sofria […]. A força do braseiro divino que tinha encendiado no coração acalmava as chamas do braseiro ateado pelo carrasco. (cf. E. Q. do dia 10.08.2015 e Arautos do Evangelho)

045

E cogitámos sobre o significado de vários símbolos em Carnide, alguns que parecem inéditos na Igreja de São Lourenço e envolvência. Há, em nosso entender, razões para a existência destes signos nesta zona, outrora “termo de Lisboa”, que também foi um dos termos do concelho de Belém.

P. S. A visita guiada com o grupo de Nova Museologia da Universidade Sénior de Massamá e Monte Abraão trará outras explicações.

Fontes:

-ANCIÃES, Alfredo Ramos – Alma e Luz de Carnide. Lisboa: Apenas Livros, Ldª, 2013

Em linha, acedidos em 01.06.2017 -

-ANCIÃES, Alfredo Ramos – “067 161 Carnide e a sua Infanta: A obra e a relação platónica com o Poeta” http://cumpriraterra.blogspot.pt/2017/05/067-161-carnide-e-sua-infanta-obra-e.html

------------- - “068 160 Alô Carnide alô Lisboa: Aproveitando a o fim de ano letivo & preparação para as festas e feira tradicional de Nossa Senhora da Luz” http://cumpriraterra.blogspot.pt/2017/05/068-alo-carnide-alo-lisboa-aproveitando.html