sexta-feira, 29 de julho de 2016

087.CIÊNCIA EM CAPICUA 222: OS EXEMPLOS DOS TELÉGRAFOS DE CLAUDE CHAPPE E DO PORTUGUÊS FRANCISCO CIERA

       TELEGRAFIA ÓTICA - O QUE É? 
       No século VIII a.C. já se fazia uso de cristais naturais que permitiam ampliar a visão.
       Nos inícios do século XI, há cerca de mil anos, o Árabe Ibn al-Haytham escreve um tratado em sete volumes sobre a ótica e a luz. Estamos, pois, nos alvores da ciência que levará até ás telegrafias e telecomunicações modernas. 
       Por volta do século XIII começa a utilização de cristais moldados / lapidados permitindo aumentar a visão e a nitidez dos objetos usados como sinais. Daí aos telescópios (do grego "tele" = longe + scopio = observar) por vezes também designados teodolitos, monóculos, óculos, foi um crescendo na evolução do aperfeiçoamento e do conhecimentos das tecnologias óticas.

Em 1608, aparece o nome do neerlandês Hans Lippershey que se torna não num simples artesão de peças únicas, mas sim num "fabricante" de lentes de peças em série; na altura concebidas para fins bélicos, antes mesmo da adoção à astronomia e às telecomunicações.
Logo no ano seguinte (1609) aparece o nome de Galileu Galilei utilizando estes instrumentos visuais adotados na astronomia. Daí em diante o uso das lentes de aumento é uma realidade. No século XVIII esta tecnologia usada para ver/espreitar/espiar ao longe, desperta curiosidades.
Porém, até aqui, estamos no domínio praticamente exclusivo da receção.  Ora receber, não é o mesmo que telegrafar/comunicar. Recebendo, estamos apenas a captar sinais e informação. Não há ainda "feedback", isto é, uma "reação" / resposta e contra-resposta imediata. Não há, pois, telecomunicação propriamente dita, embora haja ciência e pronúncios de comunicação.
No século XVII em que a ciência desperta com mais intensidade, eis que surge um dos precursores do telégrafo. Foi, seguramente, o físico e astrónomo inglês – Sir Robert Hooke, que no século XVII terá sido “le premier à faire un exposé clair et cohérent de la télégraphie visuele (dans un discours prononcé en 1684 à la Royal Sociéty […]” (1). Robert Hooke chega a apresentar vários detalhes das suas experiências.
Contudo, era ainda cedo para pôr em funcionamento um telégrafo. Ninguém fazia ideia da aplicação que viria a ter a telegrafia, e a sociedade também não estava preparada para inventos que, na altura, mais pareciam mais curiosidade particular do que hipotéticos recursos com aplicação prática na Sociedade.
Em França surgem os telégrafos visuais (não-elétricos) dos irmãos Chappe auxiliados pela óptica.
Em Portugal são os telégrafos visuais inovados por Francisco António Ciera, natural de Lisboa, com imagens ampliadas por telescópios, também chamados óculos de marinha por serem utilizados por esta Arma Militar.

 Quando a França, pós 1789, necessita de comunicações rápidas e seguras, estando cercada das forças que se opunham à Revolução, tais como: a Inglaterra, Países Baixos, Prússia, Áustria e Espanha, essa situação incentiva o abade Claude Chappe com o auxílio de seus irmãos, a dedicar-se, a partir de 1790, à tarefa de conceber e experimentar o telégrafo que fica conhecido pelo nome desta família.

 Em 1794 Claude Chappe obtem autorização para instalar uma rede de equipamentos relativos ao seu invento. A primeira notícia que se lhe refere designa-o por “télégraphie aerien” (telegrafia aérea) (2). Essa notícia é publicada na Gazeta Nacional de Paris (24.3.1792).
Um sobrinho de Claude Chappe apresenta o invento à Assembleia Legislativa, evidenciando as vantagens do sistema. A Assembleia examina este novo serviço de telecomunicação e concluu na sessão legislativa de 1.4.1793, do seguinte modo:

“Dans tous les temps, on na senti la necessité d`um moyen rapide et sûr de correspondre à de grandes distances. C`est surtout dans les guerres de terre e de mer qu`il importe de faire connaître rapidement les événements [et…] de transmettre des ordes […]» (3).





(imagem e legenda in expo e ciclo de colóquis do 250º aniversário do nascimento de Francisco António Ciera, em Torres Vedras, 2013)

 As circunstâncias, em França, urge para uma tomada de posições de defesa e ao recurso de novas tácticas e técnicas aplicadas na guerra. No contexto de pressão das potências europeias à França revolucionária que ameaçava as legitimidades monárquicas, aprova-se a entrada em serviço de uma rede de telecomunicação com telégrafos visuais (também conhecidos por telégrafos aéreos, como vimos acima) e ainda designados por telégrafos semafóricos e telégrafos ópticos em outras descrições.

 Quando Robespierre e outros dirigentes visualizam a demonstração do telégrafo, em 1793, reconhecem, nesta tecnologia, o valor potencial deste aparelho na guerra contra a Grã-Bretanha, a Holanda e a Prússia – e logo no ano seguinte passam a utilizar este equipamento (4).

 Os irmãos Chappe trabalham com devoção no projecto, mas ao cabo de dois anos, estando já instalado um engenho na praça de L´Etoile, em Paris, este mesmo engenho foi destruído por uma turba, persuadidos de que o sistema se tratava de um meio de telecomunicação com o rei que, ao momento, se encontrava detido, dada a situação revolucionária. Os trabalhos não terão parado por muito tempo, uma vez que temos a indicação de, ainda em 1793 ter sido Claude Chappe nomeado engenheiro e encarregado de instalar uma cadeia de estações telegráficas que iriam de Paris até Lille, distando várias centenas de quilómetros, linha esta inaugurada em 1894, daí a capicua do 222º anos, em 2006/2017, que aqui se evoca.

 De aí em diante constroem-se torres e aproveitaram-se edifícios altos pré-existentes, tais como: atalaias, torres de castelos, torres de igrejas, entre outros equipamentos.
No alto dessas construções (penso que foi daí que derivou o conceito/designação de telegrafia aérea) instala-se um poste vertical com uma barra horizontal, à maneira de cruz, mas movendo-se os braços sobre eixos, sendo os braços accionados por cordas.

 Os postos da cadeia destes telégrafos, situados numa média de 10 a 12 km, entre si, possibilitam a recepção dos sinais visuais com o auxílio de um monóculo ou binóculo de aumento, como acima vimos. Penso derivar daí o conceito/designação de telegrafia óptica.

 O telégrafo visual de Chappe era considerado na época muito rápido.

«[…] Un signal a été transmis à Plymouth puis renvoyé (à Londres) em trois minutes, ce qui pour le traject télégraphic utilisé represente un parcours d`au moins 500 milles. […] La vitesse de transmission a été de 170 milles à la minute […] c`est-à-dire […] une rapidité absolument extraordinaire! (5).

 Em Portugal o telégrafo visual de Claude Chappe não nos parece ter sido adoptado. A França napoleónica invade Portugal por três vezes, sendo que na primeira (1808) chegam mesmo a estabelecer um Governo em Lisboa e publicam leis, durante os meses que estiveram entre nós. Poderiam os invasores ter pensado em introduzir o sistema telegráfico. Não parece que o tenham feito. Uma das causas deve ter sido a dificuldade de trazerem ou construírem pesadas estruturas durante as campanhas.
Esta distração dos franceses, em relação a Portugal foi um erro dos invasores, do nosso ponte de vista. Com mais visão técnica, ingleses e portugueses adotaram, por altura da terceira invasão, mais que um sistema telegráfico. Dois sistemas portugueses são introduzidos como alternativos ao sistema introduzido pelos ingleses. Os telégrafos portugueses de Francisco António Ciera, por serem mais leves e de transmissão e recepção dos sinais mais fácil e mais rápida são os preferidos.   





(imagem e legenda in expo e ciclo de colóquis do 250º aniversário do nascimento de Francisco António Ciera, em Torres Vedras, 2013)


Em nota de conclusão. As guerras da França com outros países aguçaram o engenho das tecnologias de comunicação. As forças francesas, por serem constituídas essencialmente de unidades móveis, contra posições essencialmente fixas e recentemente apetrechadas com sistemas de comunicação à distância, mais ligeiros do que o sistema de Chappe, vieram dar mais possibilidades de coordenação e informação entre as tropas locais, como aconteceu nas linhas de Torres Vedras. As tecnologias de telecomunicação são doravante uma arma indispensável.
As lutas de confronto físico directo começam a ser alongadas, tal como as comunicações face-a-face dão lugar a comunicações à distância.

Não deixa de ser irónico. A França que mais se destacara, construindo as primeiras redes de telecomunicações, dignas desse nome, e a primeira linha de grande extensão de Paris a Lille (inaugurada em 1894), começa a ser derrotada em Portugal com o auxílio também das telecomunicações, entretanto desenvolvidas pelos opositores, nomeadamente os telégrafos portugueses, os mais leves e, em nossa opinião, mais fáceis de operar.

 Notas:

1-O sublinhado é nosso; Sobre Robert Hook: Du Sémaphore au Satellite. Ed. L` Union International des Télécommunications. Genève, 1965, p 11. V. ainda https://en.wikipedia.org/wiki/Robert_Hooke : “He [Robert Hook] built some of the earliest Gregorian telescopes and observed the rotations of Mars and Jupiter [...] He investigated the phenomenon of refraction, deducing the wave theory of light, [...]”.

 (2)Telegrafia visual no sentido da transmissão e recepção de sinais vistos à distância, entre postos transmissores e retransmissores. 

 (3)ETENAUD, Alfred – La Télégraphie Électric. Montpelier: Centrale du Midi, Ricateau, Hamelin et Cie., 1872, p. VII

(4)Cf. READERS`s Digest de Portugal. Lisboa, 1983, p. 312

 (5)UIT – União Internacional de Telecomunicações et al. - Du Sémaphore au Satellite, ob. cit., p. 16

 Fontes:

-ANCIÃES, Alfredo Ramos – Investigação e Organização da Telegrafia do Museu dos CTT. Seminário de Biblioteconomia e Arquivologia. Lisboa: Universidade Autónoma de Lisboa – Luís de Camões, 1987/1988, 85 pp. ------- -Patrimónios & Comunicações. Colóquio temático promovido pela C.M.Lisboa, et al.: Utopias na Viragem do Milénio, 1999

-ETENAUD, Alfred – La Télégraphie Électric en France et en Algerie, Depuis son Origine Jusqu`au 1er. Janvier 1872 Précedée d`une Notice Sur la Télégraphie Aérienne. Montpelier: Centrale du Midi, Ricateau, Hamelin et Cie., 1872. Disponível no CDI da Fundação Portuguesa das Comunicações, Lisboa e também  em linha. V. entrada infra 

-VARÃO, Isabel – Telegrafia Visual: Uma Tecnologia do Séc. XIX? Códice, nº 12. Lisboa: Fundação Portuguesa das Comunicações, 2003, p. 55. ------- – Os Telégrafos Antes do Telégrafo: ApontamentosCódice, nº 10. Lisboa: Fundação Portuguesa das Comunicações, 2002, p. 55-62

Em linha -

-ADDPCTV, et al Uma Figura a Lembrar: Francisco António Ciera  http://linhasdetorres.blogspot.pt/2014/11/uma-figura-lembrar-francisco-antonio.html

 -AFONSO, Aniceto (Cor); ALVES, C (MGen); CANAVILHAS, J. Manuel (Cor); DIAS, J. Martins (Cor); ALVES, J. Martins (Cor); CASTRO, Pinto de (Cor); FERNANDES, M. Cruz (Cor); SILVA (Sarg) -


 -ANCIÃES, Alfredo Ramos – Telegrafia Tradicional Não-Eléctrica e o Luso Contrubuto de Francisco António Ciera http://cumpriraterra.blogspot.pt/2015/01/30-telegrafia-nao-eletrica-e-o-luso.html

-ARCA, AgustinClaude Chappe (1763-1805) http://histel.com/z_histel/biografias.php?id_nombre=34 

 -CANAVILHAS, J. Manuel (Cor); O Posto de Sinais do Monte Brasil, Angra do Heroísmo, Ilha Terceira - https://historiadastransmissoes.wordpress.com/2012/01/31/o-posto-de-sinais-do-monte-brasil-angra-do-heroismo-ilha-terceira/

 -CRIATIVE Commons, et al - Telégrafo Óptico de Claude Chappe https://pt.wikipedia.org/wiki/Claude_Chappe ------- Robert Hooke  https://en.wikipedia.org/wiki/Robert_Hooke

 -ETENAUD, Alfred – La Télégraphie Électric en France et en Algerie, Depuis son Origine Jusqu`au 1er. Janvier 1872 Précedée d`une Notice Sur la Télégraphie Aérienne. Montpelier: Centrale du Midi, Ricateau, Hamelin et Cie., 1872  https://books.google.pt/books?id=mtYOAwAAQBAJ&pg=PA3&lpg=PA3&dq=Alfred+Etenaud+La+T%C3%A9l%C3%A9graphie&source=bl&ots=og30HCvs8D&sig=SgURRbA4F5kpRIM4VUNKsjFzSWw&hl=pt-PT&sa=X&ved=0ahUKEwjE7uWfxZjOAhXMWxQKHbBdDGUQ6AEIIzAB#v=onepage&q=Alfred%20Etenaud%20La%20T%C3%A9l%C3%A9graphie&f=false

 -LIMA, Pedroso (MGen) - A Comemoração dos 250 Anos do Nascimento de Francisco António Ciera em 2014  https://historiadastransmissoes.wordpress.com/2015/10/28/a-evolucao-do-conhecimento-da-telegrafia-otica-na-ultima-decada/ 

-METRONEWS, et al -  250.º Aniversário do Nascimento de Francisco Ciera Está a Ser Comemorado em Torres Vedras, promovido pela C.M.Torres Vedras et al. http://www.metronews.com.pt/2013/10/01/250-o-aniversario-do-nascimento-de-francisco-ciera-esta-a-ser-comemorado-em-torres-vedras/

-UIT União Internacional de Telecomunicações; MICHAELIS, R. Anthony; GROSS, Gerard C. et al Du Sémaphore au Satellite. Genève, 1965; disponível também em linha - http://www.itu.int/dms_pub/itu-s/oth/02/0B/S020B0000094E24PDFF.PDF

 -UNICAMP.Br et al – Semáforo Óptico de Claude Chappe http://www.dsif.fee.unicamp.br/~moschim/cursos/history/chappe.htm ------- - Gregorian Telescope https://en.wikipedia.org/wiki/Gregorian_telescope


domingo, 24 de julho de 2016

86. UMA IMAGEM E UM OLHAR


Uma imagem e um olhar em comum pode marcar vontades de mudança. Nesta altura, já todos devemos ter reparado na imagem aqui reeditada. Tive a curiosidade de compreender o que vi replicado em várias terras e em alguns meios de comunicação.

Um jubileu é uma comemoração simbólica, de um acontecimento que marcou a sociedade e que se renova ciclicamente ao fim de meio século, por exemplo.

A imagem em referência está relacionada com a mis(eri)(cór)dia, um conceito / acção que move, toca o sentimento, o (cor)(ação), entrando em comunicação com o próximo, sendo este próximo, nem sempre, aquele que está fisicamente mais perto, mas aquele que nos tira da indiferença e faz próximos. Nesta perspectiva foi declarado o “Jubileu” e “Ano da Misericórdia”. Comemoração iniciada em 2015, estende-se até novembro de 2016.
Repare-se no logótipo seguinte -





em relação aos 50 anos do término do Concílio Vaticano II, coincidindo com a capicua 55, em relação à data da convocação do mesmo evento.

Nesta imagem reforça-se uma ideia chave que, não sendo inédita, amplia um significado: «[…] agora, porém [a Igreja] prefere usar mais o remédio da misericórdia […]» do que o de condenação. (cf. JOÃO XXII, et al, ob. cit.).

Desde o fundo da imagem em forma de amêndoa, até a figura identificada pelas chagas com uma coroa lembrando uma boia de salvação; até às cores: o azul lembrando a água, fonte de vida; o vermelho, sangue, e a própria divindade; o amarelo ou dourado, o sol nascente e a vida; o branco, a pureza e o espírito.

Existem três olhos na figura, em vez de quatro, sendo o olho do centro, comum entre Adão (com significado de Humanidade) e a Divindade. Trata-se de uma comunhão perfeita, sendo que Adão/Humanidade têm o privilégio de poder olhar por um terceiro olho comum. De igual modo: A divindade: Cristo (e/ou o Deus único) olha pela vista comum com Adão. Sugere que Homens e Deus se podem entender e entre-ajudar.

A mensagem do jubileu é uma renovação do sopro do Concílio. Dirige-se até às franjas da Humanidade: a concordante, a indiferente e até à franja opositora; porque a paz e o perdão são sempre possíveis quando nos esforçamos por um olhar e um cuidar em comum.

Fontes:

LOPES, Pe Francisco Manuel – “O Espírito do Jubileu”. Lisboa: Legião de Maria, 2016, p1 

PENHA, Francisco – “Ano da Misericórdia”. Lisboa: Associação Portuguesa de Solidariedade Mãos Unidas Pe. Damião - Portugal, mai-Jun, 2016, p. 12

Em linha –

-ISCTE, et al – Algumas figuras de estilo. Metáfora e outras https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/algumas-figuras-de-estilo/14744


JOÃO XXIII, et al – Concílio vaticano II https://pt.wikipedia.org/wiki/Conc%C3%ADlio_Vaticano_II

NOÉ, Virgilio; Wikipédia et al. Jubileu: conceito e exemplos https://pt.wikipedia.org/wiki/Jubileu_(catolicismo)

pt.aleteia.org et al - O brasão do Ano Jubilar da Misericórdia http://pt.aleteia.org/2016/02/16/explicacao-do-brasao-do-ano-jubilar-da-misericordia/

-SAKAIZEN, Sakurai et al -  O que é Metáfora para que serve?  http://www.portalcmc.com.br/o-que-e-metafora/

segunda-feira, 18 de julho de 2016

85. AMBIENTE DE REGENERAÇÃO

(minhas memórias do Museu CTT / Fundação das Comunicações: estágio em arquivo / estudo de caso)

 1855. Em 16 de setembro o jovem rei D. Pedro V assume o trono e inaugura a telegrafia eléctrica.

 1857. O avanço rápido na instalação de linhas telegráficas e o aumento do tráfego impulsionado pelo novo ambiente político e histórico levam à criação duma Direcção-Geral dos Telégrafos, também dependente, tal como o Correio, do Ministério das Obras Públicas Comércio e Indústria. Publica-se a primeira organização dos serviços telegráficos. Dá-se corpo à primeira convenção telegráfica com outro país (Espanha).

É de notar que esta mudança corresponde à nova situação económica que o país vive. A tónica da alteração está no desenvolvimento económico conhecido por Regeneração. Os correios, telégrafos e obras públicas acompanham este movimento.

 1864. É estabelecida a Mala-Posta entre Lisboa e Porto que: Faz o transporte de correspondência oficial e particular; de periódicos, encomendas e passageiros. Em 30 de novembro, a Subinspecção-Geral dos Correios e Postas do Reino é elevada a Direcção-Geral. O sector de comunicações é considerado, cada vez mais, como estrutura fundamental do progresso social e económico.

 1866/1867. Introdução e inauguração do transporte de correio em ambulâncias postais ferroviárias.

1870. Inaugura-se o primeiro cabo submarino, entre Portugal e Inglaterra.

1874. É criada a União Postal Universal.



(Imagem in UPU, Wikipédia et al)

Bandeira da UPU - União Postal Universal. Um planeta azul, rodeado de representantes de todas as etnias, trocando/reencaminhando mensagens.

1876. O Tenente Coronel La Vilete no seu livro “Pigeons Voyageurs” refere este ano como o início da introdução dos pombais e pombos-correios em Portugal.

 1877. Edita-se e põe-se em circulação o primeiro bilhete-postal.

 1878. É publicado o primeiro anuário postal.

 1880. Em 7 de julho dá-se a fusão da Administração Geral dos Correios com a Direcção-Geral dos Telégrafos e Faróis, constituindo o primeiro ou um dos primeiros exemplos de fusões de serviços técnicos na área das comunicações.

1881. Em setembro fixam-se as condições do concurso público para o estabelecimento e exploração de redes telefónicas em Lisboa e no Porto.

 1882. Em janeiro assina-se o contrato de concessão de estabelecimento e exploração das redes telefónicas e telegráficas de Lisboa e do Porto à empresa The-Edison Gower Bell Telephone Company, em regime exclusivo. E em abril deste mesmo ano inauguram-se as referidas redes.

 1883. Publica-se o “Tratado de Sinais” na Imprensa Nacional Casa da Moeda; e dá-se incremento à telegrafia por sinais de bandeiras (a) segundo “As Comunicações Militares de relação em Portugal”, ob. cit.

 1885. Reúne-se, em Lisboa, o 3º Congresso da União Postal Universal.

 1889. A publicação “As Comunicações Militares de Relação em Portugal, apresenta-nos, neste mesmo ano, a existência de uma extensa rede de “pombais militares”, sobretudo para comunicações alternativas e pontualmente regulares.

……………………

a) O Museu CTT das Comunicações conta com uma colecção destes espécimes de sinais.

Fontes:

-ALEXANDER, Edward p. – Museus in Motions: An Introdution to the History and Fonction of Museums. Nashville. American Association for State and Local History

-ANCIÃES, Alfredo Ramos – Ensaio de Investigação e Organização da Telegrafia do Museu dos CTT. Lisboa: Policopiado Seminário de Biblioteconomia e Arquivologia da UAL LC – Universidade Autónoma de Lisboa Luís de Camões, 81 p; ---- O Museu dos CTT. Lisboa: Policopiado Dep. Etnologia da UNL – Universidade Nova de Lisboa, 1988/1989, 174 p.; ---- Museu CTT das Comunicações: Estudo de dois sub-núcleos e reflexões para uma futura gestão documental (estágio em arquivo). Lisboa: Policopiado UAL – Universidade Autónoma de Lisboa, Luís de Camões. Curso de especialização em arquivo, pós graduação, 1991/1992, 145 p.

-BARROS, Guilhermino Augusto de. Memoria Histórica Acerca da Telegrafia Eléctrica em Portugal. Lisboa: Ed. Dos CTT ampliada com notas, gravuras e retratos coligidos por Godofredo Ferreira. Lisboa, 1944; ---- Relatório Postal do Ano Económico de 1877-1878: Precedido de uma Memória Histórica Relativa aos Correios Portugueses Desde o Tempo de D. Manuel até aos Nossos Dias. Lisboa: Ed. Dos CTT, 19--?

-BRASIL - MINISTÉRIO DA JUSTIÇA: Arquivo Nacional – Manual de Levantamento da Produção Documental. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1985 (Publicações Técnicas, 44); ---- – Orientações para Avaliação e Arquivamento Intermédio em Arquivos Públicos. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1985 (Publicações Técnicas, 41)

-CTT: CDI – Análise das publicações Periódicas Arrumadas no CDI-CTT. Lisboa: Ed. do A., 1987 ; ---- Relatório da Participação dos CTT-CDI no 5º Encontro dos Bibliotecários Arquivistas e Documentalistas Portugueses em Braga. Lisboa: Ed. do A., 1976

-CTT: SEP – O Museu dos CTT. Pequena História desde a sua Fundação até à Actualidade. Lisboa: Ed. Do A., 1975

-FERREIRA, Godofredo – A Mala-Posta em Portugal. Lisboa: CTT, 1959, 230 p. ; ---- - Algumas Achegas para a História do Correio em Portugal. Lisboa: CTT, 1964, 135 p. ; ---- - Dos Correios-Mores do Reino aos Administradores Gerais dos Correios e Telégrafos. Lisboa: CTT, 1941, 357 p. ; ---- Velhos Papeis do Correio. Lisboa: CTT, 1949, 115 p.

-MIRANDA, Janete Lopes et al. – Gerenciamento de Arquivos Através da Aplicação de Recursos de Informática: Definição de um Sistema para Controle da Documentação e recuperação da Informação. Porto: in Congresso Nacional de Bibliotecários Arquivistas e Documentalistas, junho 1985

-MUSEU CTT DAS COMUNICAÇÕES – Património Museológico. Outras referências documentais consultadas: Ficheiros e dossiers

-VIANA, Mário Gonçalves – Arte de Organizar Colecções Exposições e Museus. Porto: Ed. Domingos Barreira, 1972, 284 p. ; ----  - Um Museu dos CTT: Objectivos Organização realização Funcionamento. Lisboa: CTT, 1949, 76 p.

-VIEIRA, João – Orientações Gerais Sobre Gestão de Documentos de Arquivo. Lisboa: IPA, 1991

…………………….

Em linha - fontes de consolidadação pós estágio:

-PASCAL, Cousin – Histoire du Pigeon Domestique Depuis L`Antiquité; Colombes et les Pigeons l`histoire - http://cousin.pascal1.free.fr/histoire_pigeonnier.html

-TAQUET, José et al –  Historique de la Colombophilie http://www.colombophiliefr.com/pages/historique.htm

sábado, 16 de julho de 2016

84. MASSAMÁ / MACTAMÃ / TERRA DA BOA ÁGUA E DE TEMPERATURAS AMENAS


Passei (de manhã 16.7.2106) pelo Parque Urbano Quinta das Flores onde pude ver a preparação da inauguração do “Percurso Pedonal Circuito Massamá” onde o Presidente da Junta e Colaboradores faziam os preparativos. 


Segui parte do referido percurso. Pelo que vi e já conhecia, posso testemunhar a óptima ideia. Distância que baste (cerca de três km.), óptimos equipamentos, manchas verdes e águas q.b., embora ainda pudesse haver mais condições.


O percurso proposto é de marcha e/ou corrida. Os equipamentos dos dois parques: Quinta das Flores e Salgueiro Maia são suficientes, em meu entender, para uma boa preparação e manutenção física; e é tudo gratuito.


Não se queixem que não há equipamentos, quando os que existem, e bons, não são, a meu ver, aproveitados por mais pessoas.


Também poderiam ser feitos alguns percursos artísticos e culturais (acham que não os há? Desafio a encontrá-los, melhorá-los e replicá-los) conjugá-los com os percursos de manutenção física para quase todas as idades, como os que sugeri no âmbito da Universidade Sénior de Massamá e Monte Abraão. Em meu entender esta Universidade deveria chamar-se Intergeracional de Massamá e Monte Abraão. A motivação para este nome não é da minha única lembrança, pois é um nome que já existe na Amadora (Universidade Intergeracional da Amadora) e que funciona muito bem. Em Massamá / Monte Abraão, funciona bem; poderia ainda ser mais abrangente, até porque tem o apoio de uma boa equipa da Autarquia.


Massamá não é uma urbe informe desinteressante; não é uma “massa má”, como uma pessoa pública que já esteve nas elites da comunicação social e universitárias tentou sugerir, a partir do nome. Massamá é terra de boas habitações, boas águas, ribeiros, manchas verdes e bons equipamentos públicos.


Podia ainda ser melhor? Podia. Basta colaborarmos mais, tentar uma boa relação com alguns habitantes menos motivados para a preservação das árvores, espaços verdes, animais e aves. Com boa vontade e colaboração há soluções para viver em harmonia.
O género humano não é dono e senhor da natureza, apenas a recebe de empréstimo e tem a obrigação moral de a devolver melhor do que a recebeu.