segunda-feira, 20 de maio de 2019

UM BEM INSUBSTITUÍVEL: ENTRE LINDAS PASTORAS FRATRIMONIALIZAR

      

      Comunidade representante de fratrimónios por excelência, não só imateriais, do bem-fazer, mas também do convencionado património: artístico, memorial, literário, gastronómico ….
 
Mais de mil e duzentas as novas “lindas-pastoras” espalhadas por Portugal: Braga, Caminha, Fátima, Lamego, Lisboa, Ferreira do Alentejo, Leiria, Oleiros Paredes-Lousada, Vila Nova de Gaia, Porto, Vila Real, e outros países, tais como: Angola, Brasil, Espanha, Estados Unidos, Filipinas, Guiné, Índia, Itália, México, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor.
Todas estas “novas pastoras” têm a origem em Portugal, muito particularmente na Amadora, Lisboa e Linda-a-Pastora.
(Rua adjacente à CONFHIC. Recorda-se que é nestas terras que foram da Família do poeta que as Irmãs se estabeleceram)
Nestes percursos do “EVA – Eixo Verde e Azul” acrescenta-se a ligação aos bens culturais lendários. É possível incluir estes testemunhos na visita a Linda-a-Pastora: Encastoada num sítio outrora considerado dos mais belos de Portugal e que preserva ainda algumas formosuras d`outrora, tal como no-lo descreve Almeida Garrett no seu “Romanceiro”:

«Quem desce Tejo abaixo, por esta margem do Norte onde está Lisboa, e tendo saudado o precioso monumento de Belém, a sua torre não menos bela […], tem dado o mais bonito passeio que se pode dar nas vizinhanças da capital, e visitado os sítios que, depois de Cintra, mais frequenta a sociedade elegante da nossa terra. […] Quem tiver porém o bom gosto de resistir ao despotismo tarifeiro da moda, e se abalançar em Maio ou Junho a este largo passeio […], creia que há-de ser pago de sua nobre ousadia. Não há palavras que digam todas as belezas daquela terra, daquele céu […]» (cf. GARRET, op. cit, “Linda-a-Pastora”, cap. XXXII).

É um destes locais, de fratrimónios e bens culturais, incluindo os gastronómicos, que teremos oportunidade de visitar, fruir e degustar, valorizando a terra e as gentes.
Destaque-se ainda que o EVA - Eixo Azul e Verde está a contribuir para que o sítio se torne ainda mais aprazível, fazendo jus a certas belezas perdidas no tempo, que serão repostas e/ou substituídas por outras.
O processo que está em curso é imperdível, porque ver as benfeitorias a nascer e evoluir é um bem insubstituível.  

Palavras-Chave: CONFHIC, EVA – Eixo Verde e Azul, Linda-a-Pastora, turismo

Fontes: ANCIÃES, Alfredo Ramos – «Da lenda ao conto e à estória com lindas pastoras» - https://cumpriraterra.blogspot.com/2018/04/para-uma-reinterpretacao-do-territorio.html
Imagens: 001, 002, 004 Arq. pessoal AA ; 003 gentileza CONFHIC
 

domingo, 19 de maio de 2019

CASA DE CESÁRIO VERDE - MAIS UM ATRATIVO NO “EIXO AZUL E VERDE



 
       Neste percurso de Maio 2018, organizado a partir da USMMA – Universidade Sénior de Massamá e Monte Abraão acrescentaremos um olhar e observação particular para a Casa da Família Verde.
       Destaca-se o escritor pré modernista Cesário Verde, mui elogiado por Fernando Pessoa, como um dos importantes precursores da nova estética literária.
       Nesta Casa, onde viveu, descansou e inspirou Cesário, poderão imaginar, ou ver mesmo, importantes marcas da arquitetura e estatuária, pertencentes à ex Casa do poeta. Ali se podem imaginar e, quiçá, encontrar sinais do ex campanário e das argolas onde se prendiam os transportadores de quatro patas da altura.
       As Irmãs Hospitaleiras, proprietárias destes espaços e bens culturais, conseguiram preservar algumas marcas d`outrora; têm vindo a acrescentar outras que particularmente testemunham o importante valor social do trabalho da Irmandade, enriquecendo o “Eixo Azul e Verde”.
       Palavras-chave: Cesário Verde, CONFHIC, Eixo Azul e Verde, Linda-a-Pastora

sexta-feira, 17 de maio de 2019

OS SÍMBOLOS E AS PASTORINHAS NO “EIXO AZUL E VERDE”


 

A CONFHIC é a Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição. É uma Obra Social e Fratrimonial com a Sede Mãe em Linda-a-Pastora (ou Lindas-as-Pastoras), perto de Lisboa. Ficam situadas nas faldas do Rio Jamor, cujo “Eixo Azul e Verde” está a ser valorizado. Este “Eixo” vem desde a Serra da Carregueira, Sintra e passa por três concelhos: Sintra, Amadora e Oeiras.
A casa destas Irmãs Hospitaleiras situa-se precisamente numa ex Quinta, dita de São Domingos ou Quinta dos Verdes porque pertenceu a um ascendente do poeta, escritor Cesário Verde. É mais um dos interessantes atrativos deste Território que está e precisa ser valorizado com investimentos, com o interesse e o reconhecimento pelas populações e por todos os que procuram estes recantos.
 
É, também, por aqui que nasce a lenda da “Linda Pastorinha” e daí, quiçá o nome da localidade “Linda-a-Pastora”.
Conta-se que nestas Terras, outrora navegáveis por pequenas embarcações, do Tejo, até à Nossa Senhora da Rocha. Poderá voltar a ser navegável, é uma questão de investimento.
Consta que uma linda pastora apascentava o seu rebanho e foi interpelada por um Senhor que ficou encantado pela beleza da Pastorinha e por estas Terras.
Conta-nos, ainda, o escritor Almeida Garrett uma versão da lenda da Pastorinha, que aqui adaptamos e salpicamos:
 
Senhor - “Linda pastorinha, que fazeis aqui?
Pastorinha – Procuro o meu gado que por aqui perdi.
Senhor – Tão gentil senhora a guardar gado!
Pastorinha – Senhor, já nascemos para este fado.
Senhor – Por estas montanhas em tão grande perigo! Diga-me, menina, quer vir comigo?  [… / …] Não tenha medo que o gado se perca, por aqui passarmos uma hora de sesta.
Pastorinha – Senhor, vá-se embora, não me dê tormento […] / Ai como vai grave de meias de seda! Olhe não as rompa por essa esteva.
Senhor – Pois adeus, ingrata Linda Pastora! Fica-te, eu me vou embora, pela serra fora.
Pastorinha – Venha cá, senhor, torne atrás correndo […] amor é cego, já está rendendo.
Cronista – Sentaram-se à sombra … tudo estava ardendo … Quando dizem que não querem, então, é que estão querendo!»
 
Foi nestas Terras que Almeida Garrett, o Homem das viagens e do turismo romântico, mas com certo sabor de naturalismo (passe a aparente contradição) visitou e nos diz:
«Namorei-me do sítio, por modo que ali passei o Verão todo: e dali fiz deliciosas excursões pelas vizinhanças […]»
Foi aqui, segundo conta Garrett, que recolheu uma versão da lenda da Pastorinha, nomeadamente através da lavadeira Francisca.
A interpretação desta lenda levar-nos-ia longe.
O que fazia por ali um senhor no meio das serras? Talvez proveniente de Lisboa. Um proto turista, ou um foragido? Um cristão, um moçárabe, ou um árabe?
Ao certo nunca chegaremos à verdade pura que dá fundo à lenda, mas talvez a vários fundos de verdades e inverdades cruzadas. A lenda tem este dom de se adaptar às realidades ou aos desejos de verdades. O Senhor poderia bem ser um foragido dos fluxos e refluxos das conquistas e reconquistas, entre mouros, cristãos e moçárabes. E daqui poderíamos partir para um dos contos da Cruz Quebrada, aqui perto de Linda-a-Pastora.
Cruz Quebrada, propositada, por alguém que não viu o símbolo da Cruz como bom presságio para a sua comunidade. E a Cruz Quebrada continuou a ser reflexo da História. A Cruz poderá ter sido quebrada nestas vindictas das pessoas que, de um momento para o outro, ficaram despojados dos seus bens, das suas referências e da sua cultura.

Que as cruzes, quebradas ou inteiras, sirvam como passadiços, de pontes e não de querelas. É o que fazem, desde o século XIX as novas pastorinhas de Linda-a-Pastora, servido com hospitalidade, o próximo, através do símbolo que nem precisam de ostentar, perante as obras que estes religiosos representam. Que os sinais, +++ ou
  , não importa de que credo, se unam, acolhendo e servindo o próximo, como fazem as Irmãs de Linda-a-Pastora ou os Irmãos de quaisquer Terras e Lugares.

sábado, 4 de maio de 2019

CRIAÇÃO DO MUSEU NACIONAL DA RESISTÊNCIA E DA LIBERDADE

Notas sobre o processo de criação do Museu Nacional da Resistência e Liberdade.

O edifício do Museu assenta na Praça-Forte de Peniche. Antes do século XVII já havia estruturas destinadas à vigia da costa, à semelhança do forte da Berlenga Grande.
 
       No Cabo Carvoeiro foi instalado o farol, sob a administração do Marquês de Pombal. O alvará de autorização e funcionamento de faróis data de fevereiro de 1758, sendo que o equipamento de alumiamento e sinalização só iniciou a atividade em 1790.
       O Farol da Berlenga situa-se a cerca de 10 quilómetros do Cabo Carvoeiro e a cerca de 13 do Forte de Peniche. Iniciou o funcionamento em 1840 com a mesma missão e função de outros faróis: Servir de segurança, referência e informação às embarcações e populações locais. Contudo o farol da Berlenga é um dos mais isolados no panorama nacional.
 
       
 
Os faroleiros necessitam de assistência: alimentação, saúde e comunicação. Para obviar a estas necessidades foi instalado, em Peniche e na Berlenga, um dos primeiros sistemas de telegrafia óptica inventado em Portugal. O modelo escolhido foi o de Francisco Siera, nascido em Lisboa e nomeado primeiro Diretor dos Telégrafos portugueses. Para o efeito de troca de mensagens foi colocado este telégrafo para a comunicação entre a ilha e a Península de Peniche. 
Não temos documentação que ateste o sítio exato da instalação; mas tudo leva a crer que estaria junto ao farol do Cabo Carvoeiro ou, talvez, dentro da Praça-Forte de Peniche, quiçá junto do núcleo edificado, chamado “Redondo”, por constituir um bom ponto estratégico de visibilidade e onde se situava o comando da guarnição da Praça-Forte.

 
A Berlenga Grande começou a ter ocupação com a instalação dos monges da Ordem de São Jerónimo, em 1515, ao tempo do reinado de D. Manuel I. O objetivo era auxiliar a navegação, sobretudo os náufragos. O forte de São João Batista, também na Berlenga, já é do tempo de D. João IV, depois da Restauração de 1640.
 
Fortes, faróis e telégrafos são equipamentos indispensáveis para a defesa da costa, das populações e ajuda à navegação marítima, quer pelas atividades de pesca, quer pelos transportes e economias. Daí que estes equipamentos façam parte da evolução urbanística, da toponímia e da história.
 
Os equipamentos também acompanham as necessidades das populações e administração do território. É assim que vemos a transferência de utilização da Praça-Forte: De baluarte da defesa, comunicações e pontualmente presídio, passou à função de prisão política no tempo do Estado Novo. A Revolução do 25 de Abril pôs subitamente fim a esta indesejada função, manifestada pelas populações.
 
A 27 de Abril de 1974 a Praça-Forte tem o seu primeiro dia de grande afluência e de festa, ao abrirem-se as portas. Finda a função de prisão, o equipamento não podia ficar desaproveitado. Recebe gente retornada das eis Províncias Ultramarinas. A função de memória vai tomando corpo e consciência, entre os amantes da Liberdade.
Entretanto, no Forte vai sendo instalado o Museu Municipal.
 
A Fortaleza e edificações são enormes e necessitam de assistência regular, enquanto os recursos da região e do país são escassos. É, então, pensado como potencial equipamento hoteleiro. Não faltariam interessados para o adquirir e ocupar. Acontece que as memórias e as reivindicações de baluarte monumental despertaram mais atenções. 


Frontão sobre uma janela no interior da capela da Praça-Forte, dedicada a Santa Bárbara. O estilo parece-nos ser de Mateus Vicente de Oliveira.

Os eis prisioneiros, as sua famílias e quem está sensível para as questões da Liberdade foram mais afirmativos e exigentes. Ganhou a reivindicação para ali ser instalado um «Museu da Resistência e da Liberdade” que obtém o estatuto inédito de classificação Nacional, mesmo antes de abrir.
Na realidade é a vitória do projeto que faz jus à Praça-Forte como Monumento Nacional, com o reconhecimento dos valores que Abril abriu. 
 
 
Aqui vai ser instalado o Museu em referência, já no próximo ano de 2020, sendo a atual exposição o prelúdio de inolvidável e imperdível interesse.
O “Atelier AR4, Arquitectura Ldª.” é o vencedor do concurso.
Diga-se de passagem de que nós vemos como adequado o projeto que leva à função de Museu Nacional. Será mais rentável do que propiamente aproveitado como unidade hoteleira.

Se bem que a venda e exploração proporcionaria dividendos e até poderia incluir um pequeno núcleo memorial.
Nada compensará o atual projeto, quer em termos de consciência das liberdades, quer mesmo de interesse para preservação de memórias e a motivação das pessoas que também trazem vantagens na vertente do turismo. Saliente-se que uns atrativos chamam outros. A polivalência cultural é bem-vinda.
 
Quanto a unidades hoteleiras elas já existem em Peniche e poderão ser desenvolvidas nesta cidade e nas imediações.
 
Estão de parabéns os que lutaram e trabalharam para este Museu Nacional que, ao mesmo tempo, também integra memórias e peças de interesse regional.
Por toda esta envolvência, a Praça-Forte de Peniche, as memórias locais e o Museu Nacional da Resistência e da Liberdade constituem um local e um bem cultural a não perder.

Créditos imagens: 001 gentileza sítio « historiadastransmissoes » , 002 gentileza sítio Wikipedia / WikiMedia Foundation et al , 003 a 015 e 017 a 018 Arquivo pessoal AA; 016 Câmara Municipal de Peniche

Palavras-chave:

Berlenga Grande, Museu Nacional da Resistência e Liberdade, Peniche, Praça-Forte, Telégrafo ótico

Fontes:

-MediaWiki et al - “Farol do Cabo Carvoeiro” https://pt.wikipedia.org/wiki/Farol_do_Cabo_Carvoeiro

-ASSOCIAÇÃO de Turismo Militar Português – “Farol do Cabo da Roca” https://www.turismomilitar.pt/index.php?lang=pt&s=pois&id=245&title=Farol_do_Cabo_Carvoeiro  

-PORTUGAL – Direção de Faróis da Marinha – “Farol da Berlenga” https://www.amn.pt/DF/Paginas/FaroldaBerlenga.aspx

-PORTUGAL –Direção-Geral de Património Cultural et alPraça-forte de Peniche” - https://pt.wikipedia.org/wiki/Praça-forte_de_Peniche 

-AFFONSO, Aniceto; LIMA, Pedroso de et al - “Telégrafo de Peniche”  https://historiadastransmissoes.wordpress.com/2011/11/15/telegrafo-de-peniche/ 

-ENGENHEIRO, Fernando - “Subsídio para a História do farol da Berlenga”  http://cabo-carvoeiro-historico.blogspot.com/2009/11/subsidios-para-historia-do-farol-da.html

PORTUGAL, Direcção-Geral do património Cultural et al - “Praça Forte de Peniche” https://pt.wikipedia.org/wiki/Praça-forte_de_Peniche

-ROCHA. Vitor – “História do Forte de Peniche” http://fortedepeniche.blogspot.com/2010/05/historia-do-forte-de-peniche.html

-SARAIVA, José Hermano; RTP et al - “A Bruma da Memória – Peniche” https://www.youtube.com/watch?v=mbONETgICxA

PORTUGAL, Património Cultural Português et al “Depoimentos de antigos presos políticos da Fortaleza-prisão de Peniche - https://www.youtube.com/watch?v=u8jeqqkVm3E&feature=youtu.be