Notas
sobre o processo de criação do Museu Nacional da Resistência e Liberdade.
O
edifício do Museu assenta na Praça-Forte de Peniche. Antes do século XVII já havia
estruturas destinadas à vigia da costa, à semelhança do forte da Berlenga
Grande.
No
Cabo Carvoeiro foi instalado o farol, sob a administração do Marquês de Pombal.
O alvará de autorização e funcionamento de faróis data de fevereiro de 1758,
sendo que o equipamento de alumiamento e sinalização só iniciou a atividade em
1790.
O
Farol da Berlenga situa-se a cerca de 10 quilómetros do Cabo Carvoeiro e a cerca
de 13 do Forte de Peniche. Iniciou o funcionamento em 1840 com a mesma missão e
função de outros faróis: Servir de segurança, referência e informação às
embarcações e populações locais. Contudo o farol da Berlenga é um dos mais
isolados no panorama nacional.
Os faroleiros necessitam de assistência:
alimentação, saúde e comunicação. Para obviar a estas necessidades foi
instalado, em Peniche e na Berlenga, um dos primeiros sistemas de telegrafia óptica
inventado em Portugal. O modelo escolhido foi o de Francisco
Siera, nascido em Lisboa e nomeado primeiro Diretor dos Telégrafos portugueses.
Para o efeito de troca de mensagens foi colocado este telégrafo para a
comunicação entre a ilha e a Península de Peniche.
Não temos documentação que ateste o
sítio exato da instalação; mas tudo leva a crer que estaria junto ao
farol do Cabo Carvoeiro ou, talvez, dentro da Praça-Forte de Peniche, quiçá
junto do núcleo edificado, chamado “Redondo”, por constituir um bom ponto estratégico
de visibilidade e onde se situava o comando da guarnição da Praça-Forte.
A
Berlenga Grande começou a ter ocupação com a instalação dos monges da Ordem de
São Jerónimo, em 1515, ao tempo do
reinado de D. Manuel I. O objetivo era auxiliar a navegação, sobretudo os
náufragos. O forte de São João Batista, também na Berlenga, já é do tempo de D.
João IV, depois da Restauração de 1640.
Fortes,
faróis e telégrafos são equipamentos indispensáveis para a defesa da costa, das
populações e ajuda à navegação marítima, quer pelas atividades de pesca, quer pelos
transportes e economias. Daí que estes equipamentos façam parte da evolução urbanística,
da toponímia e da história.
Os equipamentos também acompanham
as necessidades das populações e administração do território. É assim que vemos
a transferência de utilização da Praça-Forte: De baluarte da defesa, comunicações
e pontualmente presídio, passou à função de prisão política no tempo do Estado
Novo. A Revolução do 25 de Abril pôs subitamente fim a esta indesejada função, manifestada pelas
populações.
A 27 de Abril de 1974 a Praça-Forte tem o seu primeiro dia de
grande afluência e de festa, ao abrirem-se as portas. Finda a
função de prisão, o equipamento não podia ficar desaproveitado. Recebe gente
retornada das eis Províncias Ultramarinas. A função de memória vai tomando
corpo e consciência, entre os amantes da Liberdade.
Entretanto, no Forte vai sendo instalado o Museu Municipal.
Entretanto, no Forte vai sendo instalado o Museu Municipal.
A Fortaleza e edificações são enormes e necessitam
de assistência regular, enquanto os recursos da região e do país são escassos.
É, então, pensado como potencial equipamento hoteleiro. Não faltariam
interessados para o adquirir e ocupar. Acontece que as memórias e as
reivindicações de baluarte monumental despertaram mais atenções.
Os eis prisioneiros, as sua famílias e quem está sensível para as questões da Liberdade foram mais afirmativos e exigentes. Ganhou a reivindicação para ali ser instalado um «Museu da Resistência e da Liberdade” que obtém o estatuto inédito de classificação Nacional, mesmo antes de abrir.
Na realidade é a vitória do projeto que faz jus à Praça-Forte como Monumento Nacional, com o reconhecimento dos valores que Abril abriu.
Frontão sobre uma janela
no interior da capela da Praça-Forte, dedicada a Santa Bárbara. O estilo parece-nos
ser de Mateus Vicente de Oliveira.
Os eis prisioneiros, as sua famílias e quem está sensível para as questões da Liberdade foram mais afirmativos e exigentes. Ganhou a reivindicação para ali ser instalado um «Museu da Resistência e da Liberdade” que obtém o estatuto inédito de classificação Nacional, mesmo antes de abrir.
Na realidade é a vitória do projeto que faz jus à Praça-Forte como Monumento Nacional, com o reconhecimento dos valores que Abril abriu.
Aqui vai ser instalado o Museu em referência, já no próximo ano de 2020,
sendo a atual exposição o prelúdio de inolvidável e imperdível interesse.
O “Atelier AR4, Arquitectura Ldª.” é o vencedor do concurso.
Diga-se de passagem de que nós vemos como adequado o projeto que leva à função de Museu Nacional. Será mais rentável do que propiamente aproveitado como unidade hoteleira.
Se bem que a venda e exploração proporcionaria dividendos e até poderia incluir um pequeno núcleo memorial.
Nada compensará o atual projeto, quer em termos de consciência das liberdades, quer mesmo de interesse para preservação de memórias e a motivação das pessoas que também trazem vantagens na vertente do turismo. Saliente-se que uns atrativos chamam outros. A polivalência cultural é bem-vinda.
O “Atelier AR4, Arquitectura Ldª.” é o vencedor do concurso.
Diga-se de passagem de que nós vemos como adequado o projeto que leva à função de Museu Nacional. Será mais rentável do que propiamente aproveitado como unidade hoteleira.
Se bem que a venda e exploração proporcionaria dividendos e até poderia incluir um pequeno núcleo memorial.
Nada compensará o atual projeto, quer em termos de consciência das liberdades, quer mesmo de interesse para preservação de memórias e a motivação das pessoas que também trazem vantagens na vertente do turismo. Saliente-se que uns atrativos chamam outros. A polivalência cultural é bem-vinda.
Quanto a unidades hoteleiras elas já existem em Peniche e poderão ser
desenvolvidas nesta cidade e nas imediações.
Estão de parabéns os que lutaram e trabalharam para este Museu
Nacional que, ao mesmo tempo, também integra memórias e peças de interesse regional.
Por toda esta envolvência, a Praça-Forte de Peniche, as memórias locais e o Museu Nacional da Resistência e da Liberdade constituem um local e um bem cultural a não perder.
Por toda esta envolvência, a Praça-Forte de Peniche, as memórias locais e o Museu Nacional da Resistência e da Liberdade constituem um local e um bem cultural a não perder.
Créditos
imagens: 001 gentileza
sítio « historiadastransmissoes » , 002 gentileza sítio Wikipedia / WikiMedia Foundation
et al , 003 a 015 e 017 a 018 Arquivo pessoal AA; 016 Câmara Municipal de Peniche
Palavras-chave:
Berlenga Grande, Museu Nacional da Resistência
e Liberdade, Peniche, Praça-Forte, Telégrafo ótico
Fontes:
-ASSOCIAÇÃO de Turismo Militar
Português – “Farol do Cabo da Roca” https://www.turismomilitar.pt/index.php?lang=pt&s=pois&id=245&title=Farol_do_Cabo_Carvoeiro
-PORTUGAL – Direção de Faróis da
Marinha – “Farol da Berlenga” https://www.amn.pt/DF/Paginas/FaroldaBerlenga.aspx
-PORTUGAL –Direção-Geral de
Património Cultural et al “Praça-forte
de Peniche” - https://pt.wikipedia.org/wiki/Praça-forte_de_Peniche
-AFFONSO, Aniceto; LIMA, Pedroso de et al - “Telégrafo de Peniche” https://historiadastransmissoes.wordpress.com/2011/11/15/telegrafo-de-peniche/
-ENGENHEIRO,
Fernando - “Subsídio para a História do farol da Berlenga” http://cabo-carvoeiro-historico.blogspot.com/2009/11/subsidios-para-historia-do-farol-da.html
PORTUGAL,
Direcção-Geral do património Cultural et
al - “Praça Forte de Peniche” https://pt.wikipedia.org/wiki/Praça-forte_de_Peniche
-ROCHA.
Vitor – “História do Forte de Peniche” http://fortedepeniche.blogspot.com/2010/05/historia-do-forte-de-peniche.html
-SARAIVA,
José Hermano; RTP et al - “A Bruma da
Memória – Peniche” https://www.youtube.com/watch?v=mbONETgICxA
PORTUGAL, Património
Cultural Português et al “Depoimentos de antigos presos políticos da Fortaleza-prisão
de Peniche” - https://www.youtube.com/watch?v=u8jeqqkVm3E&feature=youtu.be
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