terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

129.SABE O QUE É A UPU QUE PRECEDE A ONU E PARA QUE SERVE?


“Nem a aridez da Ciência Antropológica, nem as flores da Literatura. O […] objectivo é diferente: É de uma natureza mais positiva; tende a facilitar a comunicação entre os povos e a transportar o pensamento escrito de um canto do Mundo a outro” […] (D. Luís I no Congresso da União Postal Universal, reunido em Lisboa no dia 11.02.1885)

Tal como o nome indica a:

A Organização das Nações Unidas (ONU) substituiu a Liga das Nações em 24.10.1945. António Guterres é o nono Secretário-geral, desde a origem e o primeiro originário do espaço da lusofonia. A ONU concentra / acolhe em si diversas organizações relacionadas com a promoção da paz, a comunicação, a regulamentação, o desenvolvimento e a cooperação.

Neste post apenas desenvolvemos a divulgação da UPU, Organização participante da ONU, que precede, e muito, a própria ONU. Diríamos mesmo que, conjuntamente, com a UIT – União Internacional das Telecomunicações, estas duas Organizações, respetivamente a 2ª e a 1ª de âmbito mundial, enformaram a ideia e a prática de uma associação abrangente. A ONU conta com 193 Estados membros. Todos quantos desejam estar integrados e são internacionalmente reconhecidos como Estados Independentes.

 O QUE É ENTÃO A UPU


A UPU é uma Agencia especializada da ONU

Nasce em virtude de uma necessidade imperiosa. A partir do século XVI, a importância e complexidade do serviço postal internacional tornam indispensável a elaboração de regulamentos supranacionais. Daí que tenham sido concluídas diversas convenções entre países europeus. No entanto trata-se de acordos bilaterais que rapidamente evidenciam as suas limitações. O sistema torna-se muito complicado. Cada país, cada província inclusivamente com as suas unidades de peso e medida, a sua moeda própria.

Nas vésperas da fundação da União, existem mais de 1200 tarifas diferentes. As taxas são calculadas tendo em conta não só as tarifas internas dos países de origem do correio como as dos países de destino e, quando era o caso, as dos países pelos quais o correio transitava. No decurso da segunda metade do século XIX, com o desenvolvimento dos meios de transporte e do correio, torna-se urgente ultrapassar a fase dos acordos bilaterais. Urge encarar a unificação das taxas e simplificar todas as formalidades.

Administração dos EUA levanta a questão da organização do tráfego postal em bases eficazes. Numa nota datada de 4.08.1862, o diretor geral dos Correios norte americanos, Montgomery Blair, lança a ideia de uma Conferência na qual as administrações postais seriam representadas por delegados que pudessem discutir as melhorais e simplificações que fosse útil introduzir nas relações postais internacionais.

O governo dos EUA submete a proposta de M. Blair aos governos dos outros países. E de tal maneira ela responde de modo tão evidente a uma necessidade geral que recebe imediatamente a adesão de 15 Estados, entre os quais Portugal, através do Conselho e Secretário da missão diplomática de S. M. o rei de Portugal (recém chegado ao poder, D. Luís I).

A conferência proposta realiza-se, em Paris, de 11 de Maio a 8 de Junho de 1863, com a presença dos seguintes Estados: Áustria, Bélgica, Costa Rica, Dinamarca, Espanha, EUA, França, Grã-Bretanha, Itália, Holanda, Portugal, Prússia, Ilhas Sandwich (Hawai), Suíça e Cidades Hanseáticas.

São analisadas 36 questões, aqui agrupadas em quatro temas:
-uniformidade de pesos;
-uniformidade de taxas;
-simplificação das contas e
-melhoria do sistema de trânsito do correio entre vários países.

As deliberações resultam da adoção de 31 artigos ou princípios gerais de natureza a facilitar as relações entre os povos por intermédio do correio e que podem servir de base às convenções internacionais destinadas a regulamentar estas questões.

Em síntese, os resultados da Conferência de Paris são resumidos nos quatro pontos seguintes:

«1º Determinar os obstáculos que importava remover para conferir as relações entre os povos;

2º Alertar e sensibilizar as Administrações para as deficiências do serviço postal;

3º Sublinhar os princípios das convenções internacionais;

4º Simplicidade e uniformidade nas relações internacionais».

 HEINRICH VON STEPHAN UM ROMÂNTICO “REALISTA”

01 Retrato de Henrich von Stephan, fundador da UPU com um documento numa mão e um globo terrestre ao lado

Em 1868, o jornal oficial da Administração dos Correios da Alemanha do Norte publica uma nota na qual Heinrich von Stephan, (a) Director dos Correios, versa sobre um projeto de união postal entre todos os Estados e propõe que este projeto seja submetido às deliberações de um Congresso Universal.
(a)Fundador do primeiro museu postal e telegráfico do mundo, em 1872. É de realçar que após seis anos é criado o “Museu Postal” e telegráfico português. cf. https://translate.google.pt/translate?hl=pt-PT&sl=de&u=https://de.wikipedia.org/wiki/Heinrich_von_Stephan&prev=search


02.Retrato de Guilhermino Augusto de Barros 1º Director-geral dos Correios Telegraphos Pharoes e Semaphoros. Foi exímio colaborador da UPU e criou o museu da temática postal e telegráfica, bem como uma biblioteca, em 1878.

 


03.Esta imagem representa um emblema dos “CORREIOS E TELEGRAPHOS” do último quartel do século XIX. Faz parte da capa do livrinho de 24 páginas “O Museu dos CTT Português”. Contudo vejo neste emblema elementos que me parecem extemporâneos, tal como o da legenda “MUSEU DOS C.T.T.” Não me parece que este conjunto de desenho e legendas tivessem alguma vez funcionado como logótipo, pelo que será, provavelmente, uma recriação artística e livre.
Em relação ao 1º Director-geral dos Correios, Telegraphos, Pharoes e Semaphoros escreve o investigador, arquivista e historiador Godofredo Ferreira in O Museu dos CTT, ob cit., p. 16 :

«L`oeuvre qu`il a produit au cours de 16 ans (1877 à 1893) dans l`administration des services des postes, peut être consideré admirable … (sic)

Il representa le Portugal dans les Congrès Postaux de Paris de 1878, de Vienne de 1891 et dans les conférences de Paris de 1880 et de Bruxelles de 1890.»
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A partir de 1869, o Governo da Confederação da Alemanha do Norte procede a consultas diplomáticas, interrompidas com a guerra franco-alemã. O Governo da Confederação Suíça aceita a incumbência de convidar os governos dos países europeus bem como os Estados Unidos e o Egipto a fazerem representar-se num Congresso que deveria ter lugar em Berna, em 1 de Setembro de 1873, para examinar o projeto da Alemanha, nomeadamente proposto por Henrich von Stephan. Em 15.09.1874, o governo suíço convoca, para a sua capital, uma conferência que reúne os representantes dos seguintes 22 Estados (que vieram a tornar-se os membros fundadores da “União Geral dos Correios”): Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Egipto, Espanha, Estados Unidos da América, França, Grã-Bretanha, Grécia, Holanda, Hungria, Itália, Luxemburgo, Noruega, Portugal, Roménia, Rússia, Sérvia, Suécia, Suíça e Turquia.
    A 9 de Outubro seguinte, na sala do Império da Câmara Municipal, é assinado um “Tratado relativo à criação da União Geral de Correios”, correntemente designado por “Tratado de Berna” – antepassado da Convenção multilateral que regula o serviço postal internacional. O Tratado de Berna entra em vigor em 1 de Julho de 1875.

Apenas três anos após, em 1878, a União muda de designação passando a chamar-se “UNIÃO POSTAL UNIVERSAL”, nome que mantém até à atualidade.
   Embora de inspiração alemã, o primeiro Congresso internacional postal tem lugar na Suíça, portanto em território neutro. Nesse Congresso a administração dos Correios Helvéticos é encarregada de organizar a Secretaria Internacional. Hoje, Berna continua a ser a sede da União.
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   Vinculada, desde 1.07.1948, ao sistema da Organização das Nações Unidas, a UPU torna-se então “Instituição especializada da ONU”.

Consequência: qualquer Estado que pertença à ONU pode aderir à UPU.
   A UPU trabalha igualmente em sintonia com outras organizações internacionais. É o caso de “Comissões de Contacto”- órgãos mistos paritário-instituídos com o CCD (Conselho de Cooperação Aduaneira), a IATA (Associação Internacional dos Transportes Aéreos) e a ISO (Organização Internacional de Normalização). Por outro lado, sempre que necessário, a UPU pede a colaboração de outras instituições como a Organização da Aviação Civil/Internacional ou a Organização Mundial de Saúde, para assuntos relacionados, por exemplo, com o transporte de materiais perigosos. Atualmente, a UPU estuda, em ligação com a UIT (União Internacional das Telecomunicações, que foi a primeira Organização de âmbito Mundial), as implicações do desenvolvimento do correio eletrónico.
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   O princípio básico do Tratado de Berna é o de que os países da União formam um “único território postal para a permuta recíproca dos objectivos de correspondência”. Em definitivo, para o Correio, as fronteiras deixam de existir. Para lá do que isto simboliza, uma considerável consequência prática: a liberdade de trânsito em todo o território da União. Cada país compromete-se a encaminhar e tratar o correio de todos os demais membros como se fosse seu. Além de livre, o trânsito também é gratuito.

Com efeito o Tratado de Berna suprime a partilha das taxas de franquia, ficando estas na posse da administração que inicialmente as cobra. Parte-se do princípio de que o envio de uma carta implica uma resposta e que, deste modo, as permutas se equilibram de acordo com uma lei natural. Por outro lado, os escalões de peso e as taxas são uniformes.
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   A UPU tem como missão zelar pela organização e aperfeiçoamento dos serviços postais. Os esforços empreendidos desde a sua fundação contribuem de modo decisivo para o acentuado crescimento do intercâmbio internacional.

04.Logótipo da UPU baseado no monumento existente em Berna. Monumento este, da autoria do parisiense René de Saint-Mauceaux, inaugurado em 1909. Cinco mulheres de cinco continentes passam mensagens umas às outras.  
   Desde 1966, a UPU participa no programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). A UPU dá o seu contributo em situação de calamidade. Mas as ações empreendidas não são compatíveis com as necessidades. Os pedidos excedem consideravelmente os recursos disponíveis. A UPU continua a exercer a missão a que se vem dedicando desde a sua fundação: aproximar os povos e homens.

 ALGUNS ÓRGÃOS DA UPU
   A vida da UPU gira em torno das seguintes instâncias:
-uma autoridade suprema – O Congresso
-três órgãos permanentes – O Conselho Executivo (CE), o Conselho Consultivo de Estudos Postais (CCEP) e
-a Secretaria Internacional (SI).
   O Conselho Executivo e o CCEP reúnem-se anualmente em Berna, na sede da UPU. Ao Conselho Executivo cabe-lhe nomear os altos funcionários e controlar as atividades da Secretaria Internacional. Procede a estudos de ordem administrativa, legislativa e jurídica. Tem a incumbência de incentivar, supervisionar e coordenar todas as modalidades de assistência técnica postal.
   O CCEP estuda as questões operacionais, económicas e de cooperação. Os problemas de ensino e de formação profissional que interessam aos países novos e em vias de desenvolvimento também são da sua alçada. A partir do Congresso de Washington o CE passa a ter competência para produzir regulamentação postal.
   Todos os países podem fazer ouvir a sua voz, porquanto cada um dispõe do direito de voto. Seja qual for a sua importância. Contudo, procura-se sempre chegar a consenso.

CONGRESSOS REALIZADOS:
01 Berna: 1874
02 Paris: 1878
03 Lisboa: 1885
04 Viena: 1891
05 Washington: 1897
06 Roma: 1906
07 Madrid: 1920
08 Estocolmo:1924
09 Londres: 1929
10 Cairo: 1934
11 Buenos Aires: 1939
12 Paris: 1947
13 Bruxelas: 1952
14 Otava: 1957
15 Viena: 1964
16 Tóquio: 1969
17 Lausana: 1974
18 Rio de Janeiro: 1979
19 Hamburgo: 1984
20 Hashington: 1989
21 Seul:1994
22 Beijing (Pequim): 1999
23 Roménia, 2003
24 Genebra: 2008
25 Doha: 2012
26. Istambul: 2016.
PORTUGAL E A UPU
Além de membro fundador, Portugal tem desempenhado um papel ativo nas múltiplas atividades que caracterizam a vida da União Postal Universal. Vejamos, em breve síntese, em que se traduz a participação de Portugal:

Representação em mais de 20 Congressos;
   “No Congresso do Rio de janeiro – 1979, Portugal teve um papel predominante na proposta, que veio a ser aprovada, sobre a adoção do Português como uma das línguas de trabalho (a par do Francês – língua oficial, do Espanhol, do Inglês, do Alemão, do Chinês, do Russo e do Árabe.).
   No Congresso de Hamburgo, Portugal apresenta várias propostas sobre a execução do serviço internacional e colabora na formação de maiorias visando a defesa de interesses comuns.

No Congresso de Washington (1989), Portugal tem, também, uma forte participação nos múltiplos trabalhos.

Participação no Conselho Executivo – Portugal, membro eleito do Conselho Executivo (CE) da UPU, desde 1984 a 1989.

Participa no Conselho Consultivo de Estudos Postais, sendo relator de vários estudos e sub-estudos.

Grupo Linguístico de Português – Criado por decisão do Congresso do Rio de Janeiro, por iniciativa de Portugal e do Brasil mantém um núcleo a funcionar em Berna.

Coopera – com os países de expressão de língua oficial portuguesa e recebe bolseiros para estagiar.
A UPU mantem a edição de uma revista “Union Postal” desde 1875 e é apresentada em “inglês, francês, árabe, chinês, alemão, russo e espanhol”

 »Pergunta-se, se o português é a:

»6ª língua mais falada no mundo; a

»5ª mais usada na internet; a

»3ª europeia mais falada no mundo, bem como; a

»3ª mais usada nas redes sociais do facebbok e twitter; e a

»1ª mais usada no hemisfério sul;

»Qual o impedimento para que a revista “Union Postal” seja editada também em língua portuguesa?

 Não me parece que durante o mandato do Eng.º António Guterres como Secretário-geral da ONU venha, como pessoa isenta exercer pressões nesta matéria, em relação à língua portuguesa; contudo é preciso pensar nos números de falantes, na justiça relacionada com as populações e com as perspetivas de futuro da lusofonia.

 Fontes:
-BARROS, Guilhermino Augusto de "Relatório do Director Geral dos Correios, Telegraphos, Pharoes e Semaphoros relativo ao anno de 1889, precedido pela ccntinuação da História acerca da Telegraphia Visual, Electrica, Terrestre, Maritima, Telephonica e Semaphorica, desde o seu estabelecimento em Portugal. Lisboa: Imprensa Nacional, 1891
-COUTO, Jorge  -“A CPLP e as Estratégias de Expansão da Língua Portuguesa no Mundo” https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/artigos/rubricas/lusofonias/a-cplp-e-as-estrategias-de-expansao-da-lingua-portuguesa-no-mundo/2949

-CTT – Correios de Portugal, et. al; s.d., cª 2000. Digitalizado, resumido e adaptado por Alfredo Anciães em fev.mar. 2017
-CTT – Correios de Portugal, et. al. - O Museu dos CTT Português. Lisboa: Edição dos Serviços Culturais dos CTT, 1973
-FPC - Fundação Portuguesa das Comunicações; CDI; Museu et al. - "Destaque o que é a UPU". Lisboa: FPC  http://www.fpc.pt/Portals/0/PDF%20Exposicoes/2014/Folha%20sala%20Em%20Destaque%20PT.pdf   
-WIKIMEDIA, Wikipedia et al. – “Língua Portuguesa” https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_portuguesa
----------------- - “Heinrich von Stephan“ https://de.wikipedia.org/wiki/Heinrich_von_Stephan
----------------- - “Heinrich von Stephan“ - https://en.wikipedia.org/wiki/Heinrich_von_Stephan
--------------------.-“ONU – Organização das Nações Unidas” https://translate.googleusercontent.com/translate_c?depth=1&hl=pt-PT&prev=search&rurl=translate.google.pt&sl=en&sp=nmt4&u=http://news.upu.int/magazine/&usg=ALkJrhhQy_61DTSWOljQHTZRod3pphFa4w

-MADEIRA, Miguel; Público – “244 Milhões de Falantes de Português em Todo o Mundo” https://www.publico.pt/2013/10/28/culturaipsilon/noticia/ha-244-milhoes-de-falantes-de-portugues-em-todo-o-mundo-1610559

-OBSERVATÓRIO da Língua Portuguesa, et al. - ”A Língua Portuguesa no Mundo” https://observalinguaportuguesa.org/a-lingua-portuguesa-no-mundo/


domingo, 26 de fevereiro de 2017

128. SEMIOLOGIA E COMUNICAÇÃO DA II VISITA A CARNIDE: TERRA DA TENTAÇÃO, DA LUZ E DA REMISSÃO






Obs.: Haverá nova projeção e reposição em tempo que será presente;

 

Visita iniciada pelo "Pórtico" Ocidental.

 

Bem-vindos à Capital da Luz(itânia), também da carne, tentação, gula e remissão.

 

Projecto/programa:

 

-»14h30 Encontro à saída da Estação do Metropolitano de Carnide (junto ao passeio da Av. Cidade de Praga, isto é, no lado sul do Teatro Armando Cortez).

 

-»14h35 Início da visita: Sobre o distintivo de Carnide; toponímia; transportes/comunicações; marcas no Metropolitano e murais da envolvência.

 

-»14h50 Fontanário do Largo do Malvar e lavadouro público ainda ou novamente funcional.

 

-»14h55 Marcas templárias e bandárricas: Relação com o culto a São Lourenço.

 

»15h05 Largo do Coreto: Rua Neves Costa; Largo da Praça: Ex-Central Telefónica e de Correios CTT/TLP.

 

-»15h20 Casa / Escola da Mestra e Colégio do Menino Jesus.

 

-»15h25 Convento de Santa Teresa das Carmelitas Descalças e de Santo Alberto em Carnide, anterior Quinta do Correio-Mor (benemérito do convento) atual Confraria de São Vicente de Paulo.

Obs. Quem desejar poderá comprar um sobrescrito e selo no Posto de Correios do Largo da Praça e pedir para lhe colocarem a marca de dia de Carnide, recordando, assim o local / freguesia de Carnide e da Luz.

 

A distância a percorrer andará à volta dos 1500 a 2000 m.

 

Procura-se, além da fruição de patrimónios, interrelacionar as vias de comunicação tradicionais, arte e religiosidade, seu desenvolvimento; chamada de atenção para um certo e bom condicionamento das entidades públicas na preservação da urbe histórica e das azinhagas como travão de segurança contra as vontades de uma urbanização sem alma e sem raiz.

 

Brasão de Carnide - Termo/Freguesia de Lisboa e Simbologia Religiosa




O escudo do brasão de armas espelha o essencial do espírito de Carnide.

 

A barretina ao centro representa o Colégio Militar: ordem, disciplina e saber;

 

Os dois pimenteiros, ladeando a barretina, representam a terra de hortas;

 

O cântaro vermelho lembra a fonte local adjacente à antiga Ermida de Nossa Senhora da Luz; esta arrasada em finais do século XVI para dar lugar à nova Igreja da Luz, mantendo-se no entanto o seu antigo portal e fonte sob a dita nova Igreja da Luz. Há ainda quem seja de opinião de que o cântaro evoca a própria feira da Luz onde é frequente a venda de objetos de cerâmica (vermelha/tijolo);

 

A flor-de-lis associada à simbologia religiosa, à Trindade e ao Espirito Santo que teve em Carnide o seu local de culto é também um dos símbolos de Lisboa. Não é minha intenção contestar/negar as teorias precedentes em relação à etimologia de Lisboa, algumas com decénios ou mesmo séculos de existência sobre esta matéria. Contudo, tenho a minha opinião sobre a origem do nome e a sua relação com a flor-de-lis;

 

O nome da Capital é frequentemente referido como proveniente de: -

 

Alis-ubbo. Atente-se no prefixo “Alis proveniente do pré-celta ou do fenício que segundo os entendidos significa “ensedada amena”. Em seguida encontramos o termo: -

 

Olissippo que se supõe em memória de Ulisses (em latim: Ulysses ou Ulixes) personagem e/ou figura real da Ilíada e da Odisseia de Homero da antiga Grécia), sendo o próprio termo Olissippo uma evolução gráfica já do tempo romano. Em seguida evoluiu para: -

 

Al-Ushbuna e Lixbûnâ (quase Lisboa) no tempo da ocupação árabe.

 

O prefixo lis pré-celta e/ou fenício é uma recorrência na denominação que leva finalmente ao termo Lisboa. E daí o interesse pelo brasão de Carnide com a flor-de-lis nesta freguesia da capital.

 

Se acompanharmos a historiografia irlandesa (pré-celta/celta) que hoje se sabe teve uma forte ligação ao território peninsular, especialmente ao território que é hoje Portugal e Galiza e às faixas atlânticas das culturas megalíticas, talvez não seja de excluir que Lisboa derive mesmo de Alis-ubbo de origem pré-celta ou fenícia, cuja raiz (prefixo) se manteve durante milénios.

 

Se relacionarmos ainda as lendas e História de Carnide, Lumiar e Odivelas com as lendas e História Celta e Irlandesa (cf. MORAIS, Gabriela, ob. cit.), teremos ainda mais pontos de referência para podermos questionar/relacionar a origem do nome Lisboa em correspondência com a flor-de-lis; quiçá com ligação ao conceito da Trindade, embora não desde a origem pré-celta, fenícia ou grega mas sim numa fase posterior, por associação de ideias dos três lóbulos perfeitos e unidos em jeito de laço; associação não só à divindade (Trindade), como a monarquias de países da cristandade/catolicidade, tal como o demonstram os vários símbolos ligados a França, a Joana d`Arc, aos vitrais de igrejas, catedrais europeias e demais iconografias religiosas.

 

São de relacionar os vitrais com a flor-de-lis da Catedral de Santa Maria d`Auch; a flor-de-lis do tape de bouche de Joana d`Arc; a flor-de-lis dos Corpos Nacionais de Escutas e, especialmente, a flor-de-lis esculpida junto à porta da Sé Catedral de Lisboa.

 

Em teoria podemos associar à cidade de Lisboa /Carnide (com a flor-de-lis no próprio brasão) ao sinal/significado da flor-de-lis; as conotações religiosas; nomeadamente Espírito Santo que teve a sua Ermida e culto em Carnide. Esta Ermida terá acabado por ser demolida por razões da Reforma ou Contra Reforma (depende dos pontos de vista) e do Concílio de Trento, contudo a flor-de-lis continuou a fazer parte do imaginário de Carnide, denotando a sua especial pertença a Lisboa e ao culto (especialmente o tradicinal) da Terceira Pessoa da Trindade.

 

As três torres sobrepostas ao escudo do brasão de Carnide recordam a antiguidade desta Terra, começando como simples Termo de Lisboa, passando a fazer parte do Concelho de Belém durante a existência deste e novamente regressando a Lisboa com passagem a sede de freguesia.

 

Fontes:

-ANCIÃES, Alfredo Ramos - Alma e Luz de Carnide. Lisboa: Apenas Livros, 2013

 

-MORAIS, Gabriela – Lisboa Guarda Segredos Milenares: Santa Brígida, Uma Deusa Céltica no Lumiar- Lisboa: Apenas Livros, 2011

 

Fontes em linha acedidas em 20.10.2014 e 23.2.2015 -

 

Sobre a Flor-de-Lis:

 http://pt.wikipedia.org/wiki/Flor-de-lis#mediaviewer/File:H%C3%A9raldique_meuble_Fleur_de_lys_liss%C3%A9e.svghttps://www.google.pt/search?q=vitrais+com+a+flor-de-lis+em+portugal&biw=1024&bih=682&tbm=isch&imgil=ik-akUTFC2tecM%253A%253BnVq2m2WHQcYOgM%253Bhttp%25253A%25252F%25252Fblogdasflores.com%25252Fcategory%25252Fflores-famosas%25252F&source=iu&pf=m&fir=ik-akUTFC2tecM%253A%252CnVq2m2WHQcYOgM%252C_&usg=__5WjHv_vEDl-hUYCkg08dQHMlF-0%3D&ved=0CDUQyjc&ei=6-FGVInHLtLKaMrTgNgB#facrc=_&imgdii=_&imgrc=HtXjPckfcWJElM%253A%3BXQmo4FhIAX6t3M%3Bhttp%253A%252F%252Flusophia.files.wordpress.com%252F2009%252F09%252Fdscf11221.jpg%3Bhttp%253A%252F%252Flusophia.wordpress.com%252F2009%252F09%252F09%252Fa-catedral-do-graal-olisiponense-paulo-andrade%252F%3B360%3B493 ; http://lusophia.wordpress.com/2009/09/09/a-catedral-do-graal-olisip...; http://www.significados.com.br/flor-de-lis/

 

Sobre a origem do topónimo Lisboa: http://www.ciberduvidas.com/pergunta.php?id=%2019409

 

Exibições: 177 (RT 35. COMUNICAÇÃO DA II VISITA A CARNIDE: TERRA DA TENTAÇÃO, DA LUZ E DA REMISSÃO)


Publicada por Alfredo Anciaes

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

127. MUSEUS E MUSEOLOGIAS: CONCEITOS E MODALIDADES

Museus tradicionais -  trabalham com: 1) coleções, 2) públicos, 3) e edifícios.

Novos museus sociais - trabalham com: 1) patrimónios, 2) comunidades, 3) e territórios.
  




Fotos: Georges Henri Rivière (em cima, foto da esq. e figura do lado direito); Hugues de Varine (em cima, lado direito); Sede da Fundação Portuguesa das Comunicações, Patrimónios e Museu (em baixo).



Os novos museus sociais adotam uma visão democrática de funcionamento. Podem assumir a modalidade de ecomuseus de aldeias, de bairros e todos os que envolvam as comunidades como fazendo parte dos projetos, ações, gestão e fruição dos resultados.
Há museus de particulares, de fundações e outras entidades que, sendo tradicionais, adotam algumas formas da museologia social: são os museus que se relacionam com as vivências das populações (a) .


Hugues de Varine foi um dos primeiros teóricos da nova museologia social. Propôs a nova instituição social (ecomuseu) na primeira metade da década de 70 (séc.xx). A ideia já vinha de alguns anos, quando o próprio Hugues de Varine se reuniu com Georges Henri Rivière, seu amigo e colega (b).
Na modalidade de novo museu/social os membros de uma comunidade tornam-se parceiros/colaboradores, podendo ser, contudo, assistidos por um museólogo e outros técnicos, caso seja necessário.

Palavras-chave: museologia social, museologia tradicional, museu social

………………………..

(a)Um exemplo destes museus intermediadores, que leva o museu aos bairros e traz os bairros: moradores e frequentadores, com seus patrimónios e fratrimónio (cf. Anciães; Chagas) e saberes aos museus é o Museu das Comunicações com sede na Rua do Instituto Industrial, Lisboa, na envolvência dos bairros: Bica/São Paulo/Ribeira, Santos/Madragoa.

(b)Estes dois técnicos foram membros gestores no ICOM International Council of Museums (Conselho Consultivo dos Museus) uma organização inserida na UNESCO/ONU).

Fontes:

-ANCIÃES, Alfredo Ramos – “126. Gestão das Memórias – Recursos Sociais e Patrimoniais” http://cumpriraterra.blogspot.pt/2017/02/125-gestao-das-memorias-recursos.html

-WIKIMEDIA, Foundation et al. – “Georges Henri Rivière” https://fr.wikipedia.org/wiki/Georges_Henri_Rivi%C3%A8re_(mus%C3%A9ologue ; ------------ “Hugues de Varine” https://fr.wikipedia.org/wiki/Hugues_de_Varine

Fotos - ANCIÃES, A (edifício sede da Fundação Portuguesa das Comunicações e Museu); RIVIÈRE, G. H (foto de grupo); VARINE, H. (retrato) in https://fr.wikipedia.org/wiki/Georges_Henri_Rivi%C3%A8re_(mus%C3%A9ologue ; https://fr.wikipedia.org/wiki/Hugues_de_Varine ..

sábado, 4 de fevereiro de 2017

126. PARA UMA INTERPRETAÇÃO DA IMAGEM SEMIÓTICA DA FUNDAÇÃO PORTUGUESA DAS COMUNICAÇÕES / MUSEU DAS COMUNICAÇÕES



A imagem duma Empresa, Museu, Fundação, Arquivo, Biblioteca, Jornal, Igreja, Universidade, Escola, Autarquia, ou qualquer outra entidade coletiva,  assenta nas noções/ideias que fazemos das mesmas. Nessas noções/ideias entram qualidades positivas, menos positivas ou negativas. Daí resultará o conceito de imagem que remonta ao tempo clássico da Grécia. No caso de Platão, a imagem corresponde ao domínio das ideias. Uma imagem ou uma ideia é para este Filósofo uma «projeção da mente». Contudo, para Aristóteles, uma imagem é uma «representação mental de um objeto real». Doravante os dois conceitos de idealismo e de realismo, de Platão e de Aristóteles, não mais deixaram de estar presentes no pensamento de tipo ocidental, até aos dias de hoje. Para uns, a ideia ou o imaterial prevalece e é essencial, enquanto para outros, a materialidade é a geradora e enformadora dos próprios conceitos e imagens. Assim, também, a imagem que fazemos das Organizações deriva do que é ideal / mental / imaterial (platonismo) ou das propriedades físicas / materiais (aristotelismo). Este pensamento, não é de todo, despiciendo, dado que é importante para o estudo, desenvolvimento e projeção de uma boa imagem das empresas, instituições e demais Organizações.
As cores do logótipo/imagem da Fundação Portuguesa das Comunicações revelam-nos os seguintes significados:
O Fundo Preto:
Clássico, imanente
Constante, permanente,
Solidez, duradouro,
Enseada, ancoradouro.

O Encarnado:
Saúde, vida,
Força; alegria,
Império, energia.

 

O Amarelo:
Esfera armilar,
Bandeira Nacional,
Portugal,
Luz, amor, ouro, valor,
Permanência, calor,
Brilho, sol, preservação,
Espírito, contemplação,
Seara luzente,
Colheita, nascente,
Alvorada, Oriente,
Espírito, amizade,
Longevidade, Positividade.

O Fogo:
Força, função,
Expansão, ação,
Transformação.

 O Branco:
Todas as cores,
Lírios, amores,
Luz, difusão,
Junção, reunião,
Estabilidade, liga, irmandade,
Branca pomba
Paz em ronda
Nova tecnologia,
Semiótica, semiologia,
Fibra ótica; união,
Tudo é comunicação.

Nota: Desconheço o(s) autor(es) da imagem do logótipo em referência. Ele será, porém, resultado da negociação e colaboração entre o designer e o(s) responsável(eis) pela imagem da FPC/Museu. Às partes envolvidas, deixo o meu reconhecimento e parabéns pelo resultado.

Permitam-me, porém, uma ligeira crítica, a par do elogio pelo bom trabalho em relação à FPC: O letering “Museu das Comunicações” passa praticamente despercebido na imagem do documento desdobrável, por quase não se ver/não se notar, devido à pequeníssima dimensão das letras, face ao restante conteúdo da FPC FUNDAÇÃO PORTUGUESA DAS COMUNICAÇÕES.
Acontece que a FPC só existe porque já subsistia e persiste um museu e patrimónios de comunicações desde o século XIX. Foi o Museu dos CTT e vários outros núcleos: da PT, da ex Marconi, da ex. Teledifusora de Portugal, dos ex Telefones de Lisboa e Porto e da ANACOM Autoridade Nacional de Comunicações que enformaram e permitiram a instituição da FPC.
A FPC permanecerá enquanto houver património museológico de comunicações e museu. Logo, acho algo injusta a quase irrelevância da dimensão dada à designação “Museu das Comunicações”.
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Quanto à Missão:

Compreendo a missão como a transmissão dos valores informais e formais atinentes à função social, cooperativa, cultural, técnica, científica, comercial e económica.
 Quanto às Finalidades:

Compreendo as finalidades como desideratos que se pretendem obter, consubstanciados em resultados, tais como:

i)                  a mudança de mentalidades,

ii)               a aceitação dos serviços promovidos,

iii)            a divulgação, aquisição, venda, fruição de produtos e serviços.

Em 1993 por altura dum estudo para a constituição da Fundação das Comunicações (então ainda sem o adjetivo de Portuguesa) definimos as finalidades, apontando para a razão fundamental da existência da Fundação / Museu conforme expresso no excerto infra:

«Pretende-se que a Fundação [em que se insere o Museu] constitua uma tribuna de reflexão sobre o papel e o impacto das Comunicações Portuguesas.

A Fundação deverá, ainda, contribuir para a construção de uma Imagem Global das Comunicações. Promovendo a sua identificação como componente fundamental do tecido económico-social e cultural nacional e internacional»

(In  DE000293CI, Nº 293, de 25.05.1993 e entrada em vigor 01.06.93, documentação da Fundação das Comunicações, com a colaboração da Drª Maria da Graça Ennes e Drª Maria João Vasconcelos. Cf. ainda ANCIÃES, 1992-1993, ob. cit., p.16 e Anexo I, p.2-7).

 Quanto à Visão:

Compreendo a visão como uma intenção em perspetiva (no breve e médio prazo) e uma reafirmação dos valores presentes, capacidades e ações em prossecução.

A visão poderá confundir-se com a missão. Contudo, vejo a missão como: valores projetados para o longo prazo, que não se alteram com facilidade; todavia, acho que a missão também deve ser objeto de análise e avaliação periódica pelas Administrações.

Palavras-chave: Fundação Portuguesa das Comunicações, imagem, museologia, Museu das Comunicações, semiótica.
Fontes:
-ANCIÃES, Alfredo Ramos – Fundação das Comunicações/Museu: Subsídios para uma Abordagem Sistémica e Definição de Projectos. Lisboa: ISMAG Instituto Superior de Matemáticas e Gestão – ULHT, 1992-1993;
Em linha, acedidos em 08.02.2017 –
-ANCIÃES, Alfredo Ramos - 125. GESTÃO DAS MEMÓRIAS - RECURSOS SOCIAIS E PATRIMONIAIS. CASO DE ESTUDO http://cumpriraterra.blogspot.pt/2017/02/125-gestao-das-memorias-recursos.html
-WIKIMEDIA, Foundation et al. – “Imagem” https://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem
-WORDPRESS, et al. - “Conceito de Imagem” http://conceito.de/imagem