terça-feira, 26 de março de 2019

ORGANIZAÇÕES SOCIAIS DA MEMÓRIA: UM MODO EFICIENTE DE FUNCIONAMENTO

Aveiro – Bens Memoriais
Palavras-chave: bem cultural, comunicação, divulgação, memória, organização, produção, tratamento

Não deveriam fazer parte das organizações sociais da memória os arquivos, bibliotecas, museus, casas-museu e outras instituições afins:

-que não estão vocacionadas para a fruição no presente e a salvaguarda para o futuro,

-que não respeitam a valorização dos bens,

-que não incluem a inspiração, os talentos criativos e a sociabilização,

-que não informam, não comunicam, nem redistribuem o redistribuível, como exemplo: peças e bens em excesso.
Aldeia das Terras de Magriço e do Demo – Casa Memorial

De modo geral são organizações da memória certificadas ou de confiança, as entidades e instituições que obedecem a regras, parâmetros e funções em torno dos seguintes itens:
 
1-      Edição/criação/produção de bens culturais e serviços,

2-      elaboração de regras de funcionamento e participação na legislação, quando possível e necessário.

3-      salvaguarda dos bens em estado crítico,

4-      incorporação, preservação, conservação e restauro

5-      projetos e estudos,

6-      informação e divulgação dos bens e serviços,

7-      exposição permanente e/ou temporária mas regular dos bens culturais,

8-       comunicação permanente ou, pelo menos, frequente dos bens culturais,

9-      distribuição graciosa, ou venda de bens culturais e económicos relacionados com as memórias (tangíveis ou intangíveis).
 

Portaria para o complexo da Biblioteca Nacional de Portugal


Nesta ótica, os conceitos de cidadania estão associados às organizações sociais da memória. A melhor forma para estas organizações realizarem missões e objetivos de qualidade será através do estudo e do trabalho permanente ou, pelo menos, frequente e dedicado. Não acreditamos nos arquivos, bibliotecas, museus, casas-museu, casas da memória, associações e mesmo nos Estados que funcionam de forma autocrática em relação aos bens culturais e serviços. As formas meramente pontuais, e intermitentes de funcionamento, de algumas organizações da memória, não oferecem um serviço público de qualidade.

O futuro e suas esperadas gerações, bem como as gerações do presente, devem ser objeto de igual atenção.

As organizações sociais da memória podem e devem cooperar com as instituições afins. 
Terão em especial atenção o serviço e o respeito pelos participantes e utilizadores, mormente pelas populações locais, ou oriundas, que se reveem nos bens - móveis ou imóveis, no território e nos bens imateriais: língua, pronúncia, contos, festas, hábitos/costumes, processos de trabalho e trajes.

Cada um dos 9 pontos indicados carece de desenvolvimento;
Tal desdobramento, não cabe no presente artigo. Trata-se de uma mera base de reflexão e trabalho.

terça-feira, 12 de março de 2019

BIBLIOTECA NACIONAL DE PORTUGAL (BNP) (II)

BIBLIOTECA NACIONAL DE PORTUGAL (BNP)
EX REAL BIBLIOTECA PÚBLICA
 
 Donzela junto à portaria do grande auditório. Destaca-se o ideal de novo, tal como pretensamente “novo” era o Estado da altura. É a juventude promissora de vida, ao serviço da Nação. António Duarte traça com virtude a nudez elegante e natural. Estética modernista, da segunda geração de autores, exposta no espaço público. É uma arte ao Serviço, através da imagem que mostra os seus dotes mas com uma expressão de quem tem noção da missão. O olhar um nada cabisbaixo transmite essa responsabilidade, um certo contraste, entre um corpo altivo e bem exibido.
Palavras-chave: arquivologia, Biblioteca Nacional de Portugal, biblioteconomia, História, arte nova, Estado Novo
       Em 1796 é criada a Real Biblioteca Pública. Faz presentemente 223 anos de existência. Tal como o nome indica, a biblioteca instalada no Terreiro do Paço permitia o acesso ao público. Presume-se que a todo o público interessado. Note-se que era caso raro, a nível mundial, as bibliotecas disponíveis para todo o público interessado. Exceção feita às Bibliotecas: Mazarino, em França; Trinity College, em Dublin / Irlanda e poucos mais casos haverá.
       Com a Reforma protestante e a contra Reforma católica, seguidas pelas Revoluções liberais, as escolas e a cultura começam a estar disponíveis aos interessados. Releve-se que esse embrião de cultura também havia sido tomado pelas escolas jesuíticas.
«Os padres jesuítas tinham sólida formação cultural e estavam dispostos a todo e qualquer sacrifício para defender os princípios cristãos […]».
Note-se que esse impulso resultara da resposta católica às reformas protestantes e não são alheias as «orientações filosóficas das teorias de Aristóteles e São Tomás de Aquino, principalmente no que se refere à ideia de universalização do ensino […].
Contudo, “[…] a educação jesuítica não satisfazia o Marquês de Pombal, primeiro-ministro de Portugal de 1750 a 1777, porque as escolas da Companhia de Jesus atendiam aos interesses da fé, enquanto Pombal se preocupava em atender os interesses do Estado […]. Dessa forma, retirou a Igreja Católica do domínio da educação em Portugal e mandou fechar todas as escolas que estavam sob domínio dos padres jesuítas, e as bibliotecas dos conventos foram abandonadas ou destruídas. […]. A educação passou a ser administrada pelo Estado […]. (Cf BERNARDES, Luana, ob. cit.)
Para colmatar a perda do ensino jesuítico, Pombal faz a sua própria reforma do ensino, sobretudo em Coimbra e cria, em Lisboa, o Colégio dos Nobres. Diga-se, aliás, com escassos resultados práticos, até que as instalações na Cotovia, (atual Rua da Escola Politécnica), acabam por transformar-se em ensino para a ciência; primeiro como Escola Politécnica virada para a sociedade burguesa e depois como Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Com o tempo e o evoluir da República, a Escola vai-se democratizando. 
«Os Colégios de Jesuítas no mundo […] a decisão de alargar o ensino aos estudantes não religiosos contribuiu de maneira decisiva para o crescimento extraordinário dos Colégios da Companhia de Jesus pela Europa fora […] mas nenhum lugar é tão receptivo como Portugal […]. O antigo mosteiro de Santo Antão, na Mouraria, é a primeira Casa que os Jesuítas possuem no mundo inteiro (em Janeiro de 1542); em Coimbra, fundam um Colégio junto da universidade […]. No princípio os estudantes recorrem à Universidade de Coimbra para obter o diploma, mas a pouco e pouco, passa o próprio Colégio a conceder os graus universitários e a criar as suas próprias escolas públicas […].
Em 1551, Inácio de Loyola escreve a Simão Rodrigues pedindo-lhe para criar o ensino público em varias cidades de Portugal […] A primeira escola pública dos Jesuítas é aberta na já citada Casa de Santo Antão, em 1553, com grande sucesso. É a primeira vez que se propõe ensinar a título gratuito; por outro lado, a pedagogia utilizada é considerada inovadora para a época». (cf. SOUSA, Jesus Maria, Ob. cit.).
Remarque-se que este ensino assenta, grosso modo, em memórias documentais e bibliotecas. Muito deste acervo encontra-se ainda na BNP.  
No “reinado” do Marquês de Pombal (1750 – 1777) é desmembrado este impressionante contributo cultural. É certo que o próprio Marquês está ligado à sua própria reforma do ensino, após a queda da instrução jesuítica. Porém, a experiência mostra que a cultura escolar e pedagógica é algo de estrutural; está sujeita a retrocessos e os novos paradigmas demoram a ser implementados.
D. Maria I funda a Real Biblioteca Pública, em 1796. A rainha vinha denotando uma preocupação com a cultura. Em 1779 patrocinara a Academia Real das Ciências. Nela são investidos o Duque de Lafões (presidente) e o Abade Correia da Serra (secretário). D. Maria I e D. Pedro III fazem questão em se declarar «protetores» da Real Academia. Em seu torno são criadas classes de «Ciências e de Belas Letras». Mas a Academia não se limita ao espaço fundacional de Lisboa. Apoia a «plantação de oliveiras por todo o país e a criação de uma aula de Zoologia, orientada pelo Padre Joseph Mayne». (Cf. Academia das Ciências de Lisboa, et al. Ob. cit.).
O padre José Mayne e as suas “aulas maynenses” vão dar origem a um importante museu, hoje ainda existente na Academia de Ciências. Foi considerado, em tempos, como de interesse nacional. Ainda na Academia é instalada uma outra biblioteca, para lá da Real Biblioteca Pública. Esta biblioteca da Academia ainda revela imponência e beleza nos nossos dias.
       Entretanto as condições da Real Biblioteca na Praça do Comércio tornam-se pouco adequadas. A zona do Chiado, ao mesmo tempo: popular, burguesa e aristocrática, é preferida para instalação da Biblioteca. Aproveita-se o legado do ex Convento de São Francisco, vago aquando da extinção das Ordens religiosas. É aqui reinstalada e reanimada a Real Biblioteca Pública. Com o esmorecer do primeiro liberalismo, as crises de finais de regime monárquico e da I República, a biblioteca vai-se degradando, precisando urgentemente de obras e novos espaços. As carências e os graves problemas de conservação acabam por cair sobre o Estado Novo que manda estudar a viabilidade da reorganização e reinstalação. Os estudos técnicos mais credíveis apontam para uma obra de raiz, em vez das onerárias obras que seriam necessárias no Chiado. Opta-se por uma solução totalmente nova.
Ganha o projeto de Entre Campos/Campo Grande associado ao Campus da Universidade Clássica. Decisão tomada e projeto realizado entre 1950 e 1955. O Arquiteto Porfírio Pardal Monteiro é o escolhido. Desloca-se a alguns países da Europa, a fim de optar por uma boa construção e solução biblioteconómica eficiente. O seu sobrinho António Pardal Monteiro acaba por lhe suceder, quando Porfírio falece. As obras estão praticamente finalizadas em 1968 e em 1969 a nova biblioteca é reinstalada e posta em funcionamento. O projeto resulta arrojado para a época.  
Secção de baixo-relevo do pórtico principal, onde é possível observar figuras destacadas da História de Portugal. A autoria é do escultor Leopoldo de Almeida.
O depósito central tem 13 pisos e é algo inovador na arquitetura Lisboeta do tempo, sobretudo a nível de edifícios públicos. Somente o edifício do atual Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (ex Palácio das Corporações na Praça de Londres) se apresentava com mais altura do que a torre adjacente da Biblioteca Nacional.
A BNP incorpora obras da Real Mesa Censória e diversos conventos extintos em 1834. Cito aqui, em especial, um dos maiores bibliófilos de sempre e a nível mundial - frei Manuel do Cenáculo que está na origem da prospeção interna e internacional de tudo o que era editado e na aquisição de variadíssimas obras do seu tempo. A BNP ainda preserva cerca de 1600 títulos anteriores ao ano de 1500, sendo estes designados com o nome de incunábulos, isto é, algumas edições são anteriores e outras, imediatamente, posteriores à revolução da imprensa de Gutenberg.
Mais de 15.000 códices (manuscritos em pergaminho ou madeira) compõem as edições raras, preservadas na BNP. 
 
Em termos de supra coleções ou fundos documentais definimos cinco:
       1-Bens culturais organizados em fundos e coleções de “documentos dos séculos XI a XX”. Arquivos da administração central e local, judiciais, notariais, de família e eclesiásticos, sobretudo das Ordens Religiosas.
2-“Arquivo de Cultura Portuguesa Contemporânea (ACPC)”. São cerca de 200 espólios de escritores e outras personalidades, dos séculos XIX XX.
3-“Cartografia e Iconografia”: Cerca de 124.000 títulos.
4-“Música”: Coleção com mais de 50.000 peças dos “séculos XII a XX”, entre partituras, impressas ou manuscritas, libretos, programas e cartazes.
5-“Leitura para Deficientes Visuais”: O serviço de Leitura para Deficientes Visuais possui e produz, desde 1969, obras em Braille e livros sonoros. Cerca de 13.000 peças são destinadas ao serviço público para Deficientes Visuais.  
 
O projeto do Museu do Livro foi transformado em espaços temáticos de exposições temporárias. 
A descrição e a gestão documental assenta na base de dados informatizados - PORBASE, versão 5. Outrora uma plataforma difícil de operar, mesmo para os técnicos. Atualmente, a versão 5 em ambiente Windows é uma plataforma de dados “amigável” que contém o catálogo em linha e muito mais. A BNP Colabora e coopera com as Bibliotecas Nacionais das antigas províncias ultramarinas.

Quanto a autores ligados à construção e decoração da BNP referimos onze nomes, entre outros:

1- Porfírio Pardal Monteiro – realiza o projeto de arquitetura.
2- António Pardal Monteiro – substitui o seu tio, por morte, na condução dos trabalhos.
3- Leopoldo de Almeida – escultor dos baixos-relevos da fachada principal.
4- Lino António – executa os frescos do átrio principal.
5- Guilherme Camarinha – é o responsável pela tapeçaria da sala de leitura geral, em colaboração com a Manufactura de Tapeçarias de Portalegre.
6- Raúl Lino – na supervisão das obras de arte. 
 
Das seguintes obras, todas ao ar livre, no recinto fronteiro da BNP
7- Álvaro de Brée – escultor português, especialmente ligado a Barcarena / Oeiras e Lisboa, executa a figura de Eça de Queirós.
8- Joaquim Martins Correia – executa a escultura de Fernão Lopes. (Não confundir este escultor com o professor escultor Joaquim Emídio de Oliveira Correia, mais conhecido por Joaquim Correia).
    Idem – escultura de Gil Vicente.
9- Euclides Vaz – escultura de Luís Vaz de Camões.
10-António Duarte – esculturas exteriores em bronze (donzela e rapaz), uma das quais aqui se reproduz no início deste artigo.
 
11-Raúl Lino – na supervisão das obras de arte. 

Referências acedidas em 11.03.2019:
--ACADEMIA das Ciências de Lisboa, et al. – “Academia das Ciências de Lisboa https://pt.wikipedia.org/wiki/Academia_das_Ciências_de_Lisboa )
--ANCIÃES, Alfredo Ramos – “Em visita de estudo à Biblioteca Nacional de Portugal (BNP)
--BERNARDES, Luana “Escolas Jesuítas”  https://www.todoestudo.com.br/historia/escolas-jesuitas
--FRANÇA, José Augusto, et al. – “A arte em Portugal no século XX” ; “António Duarte” https://pt.wikipedia.org/wiki/António_Duarte
--MANUFACTURA de Tapeçarias de Portalegre, et al. – [Guilherme Camarinha desenha e coordena a tapeçaria da sala de leitura geral] http://www.mtportalegre.pt/pt/artists/view/10/2  
--PASCOAL, Ana Mehnert et al.  Baixo-relevo de Álvaro de Brée ‘Três Musas’-  http://memoria.ul.pt/index.php/Baixo-relevo_de_%C3%81lvaro_de_Br%C3%A9e_%E2%80%98Tr%C3%AAs_Musas%E2%80%99 
--SOUSA, Jesus Maria – “Os Jesuítas e a RATIO STUDIORUM.- Funchal: Universidade da Madeira”, 2003. Também disponível em http://www3.uma.pt/jesussousa/Publicacoes/31OsJesuitaseaRatioStudiorum.PDF 
--WIKIMEDIA et al. – “Lino António” https://pt.wikipedia.org/wiki/Lino_António

sexta-feira, 8 de março de 2019

EM VISITA DE ESTUDO À BIBLIOTECA NACIONAL DE PORTUGAL (BNP)


Img01 - D. Maria I criadora da BNP em 1796
Baixo relevo da autoria de Leopoldo de Almeida, junto ao pórtico da fachada principal

A Biblioteca Nacional de Portugal não é uma biblioteca normal, nem é apenas nacional de Portugal. Não é um arquivo, não é um museu e, no entanto, é um bem cultural classificado; abrangente, funcional e atrativo que serve, com o esmero que lhe é possível, as seguintes funções:

1-Biblioteca -
Enquanto conceito e prática, a biblioteca é um lugar onde se guardam, organizam, preservam, divulgam e se dá acesso, mormente à consulta de livros.
As coleções da BNP estão, grosso modo, organizadas em:
1- “fundo geral de livros”, 2-livros e documentos “reservados”; 3-“cartografia”; 4-“iconografia”; 5-“música”; 6-documentação para “deficientes visuais”.
A BNP tem feito um destacado esforço no sentido da digitalização e disponibilização das referências bibliográficas à distância, através de meios informáticos. Há uma parte significativa de documentos que já pode ser lida, de forma integral, em casa das pessoas.
Tudo parece indicar que o termo Biblioteca nos remete, grosso modo, para os documentos em formato de livro. Acontece que a BNP não se ocupa apenas destes suportes documentais.
Img13 – Escultura da portaria principal por Leopoldo Almeida

1.1… Nacional de Portugal:
A temática e o interesse da BNP não se restringem ao território geográfico de cerca de 90.000 km2. Mesmo sem termos em conta a extensão marítima. o conceito nacional ligado à BNP vai para lá do âmbito geográfico. No qualificativo de nacional cabe a informação relacionada com o espaço afetivo/sentimental de Portugal, mas também ligado a um espaço mais vasto, o da lusofonia. Assim, a documentação e informação tratada na BNP transcendem muito o quadro estrito do país. Nestes pontos de vista a BNP guarda, preserva, conserva, organiza, gere, divulga, difunde e comunica conteúdos biblioteconómicos e arquivísticos, físicos e imateriais, sobre Portugal e/ou com Portugal e a lusofonia relacionados.
1.2-Função de hemeroteca. A BNP adquire, preserva, restaura e disponibiliza milhares de publicações periódicas com informação histórica e recente.
1.3-Função de mapoteca. A BNP é também uma organização que guarda e gere mapas, cartas e plantas. Só a coleção de «mapas avulsos é constituída por cerca de 5.500 espécies […]»
IMG14 – Pintura no átrio principal, da autoria de Lino António. Reprodução de mapa, exercendo a função decorativa

1.4-Função de pinacoteca. A BNP preserva e gere coleções de quadros organizados em «[…] duas galerias, a Galeria dos Padres Oratorianos, proveniente de um dos conventos extintos em 1834 e a Galeria dos Directores, representando antigos directores da Biblioteca Nacional».
2.Função arquivística:
A BNP também preserva e gere fundos e peças que seriam mais pertinentes numa Organização arquivística, nomeadamente correspondências e séries documentais de personalidades relevantes da vida portuguesa. Por exemplo, manuscritos e desenhos do ilustre naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira também se encontram à responsabilidade da BNP. Devo ainda referir que a BNP preserva e gere cerca de 200 bens culturais de escritores e de outras atividades dos séculos XIX XX.
Inclui vários fundos e coleções de arquivos pessoais e de famílias, bem como alguns fundos arquivísticos relativos ao domínio público: central e local. Também do poder judicial, de notários; alguns bens documentais eclesiásticos, mormente das Ordens e outras instituições religiosas e económicas. Na totalidade a BNP preserva e gera cerca de 200 acervos arquivísticos. Aqui, apenas referimos uma minoria da nossa seleção, tais como, os acervos de: -
Fernando Pessoa, Eça de Queirós, Camilo Castelo Branco, Antero de Quental, Jaime Cortesão, Vitorino Nemésio,  Rómulo de Carvalho, Fernando Namora, Sofia de Melo Breyner Andersen, José Saramago,Augusto Abelaira.

Img30 - Função de formação educativa em Braille – Dois funcionários da BNP sendo um cego e um visual apresentam o Serviço a um grupo da Universidade Sénior de Massamá e Monte Abraão

3-Função museológica:
A BNP também funciona na área de museologia no duplo sentido em que gere espaços de exposição, incluindo um que já foi designado “museu” associado à documentação, ora destinado a exposições temporárias; bem como administra bens culturais numa certa ótica de museologia, a começar pelo edificado artístico, a estatuária, pintura, gravura, tapeçaria e baixos relevos esculturais.

Regularmente a BNP realiza exposições. Só para exemplo, na atualidade tem em exibição na sala de exposições, piso 3, de entrada livre (segunda a sexta 09h30 – 19h30 e sábados das 09h30 às 17h30) a exposição intitulada: «Em demanda da biblioteca de Fernão de Magalhães» e no Rés-do-chão encontra-se a expo`«D. Maria II e a Música no Seu Tempo».  A este propósito, diga-se de passagem, que a BNP faz visitas ao evento, relativo ao navegador Magalhães, sendo que a próxima ação guiada está marcada para o dia 21 de março, quinta-feira, 16h30, orientada pelo técnico Rui Loureiro. Carece de marcação que pode ser via telefónica.
Img25 - Função expo` temporária de temática cultural e educativa

Nota final:
Verificámos que as funções da BNP vão muito para lá do que a designação sucinta sugere. Temos, assim, que as Organizações da memória, da formação e do entretenimento ocupam-se de uma área central de atividade, no caso - biblioteca associada a livros. As razões de maior ou menor abrangência documental, como no caso da BNP, devem-se à sua história e às consequentes políticas culturais. Isto é, há decisões de incorporação e inventariação de obras documentais e artísticas que resultam da política dos ministérios e também dos responsáveis in loco. Vária documentação na BNP tanto poderia ser gerida por esta biblioteca, como por outras Organizações da memória e divulgação cultural. Por exemplo - arquivos públicos. O que importa é o produto e a finalidade: Boa gestão documental e bom serviço público.
Palavras-chave: arquivística, Biblioteca Nacional de Portugal, biblioteconomia, expografia

Txt e imagens - Alfredo R. Anciães
Referências documentais em linha acedidas em 08 março 2019:
-BNP et al. – “Em demanda da biblioteca de Fernão de Magalhães” http://www.bnportugal.gov.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=97&Itemid=2&lang=pt

-BNP Tesouros et al. – “Cartografia” - http://purl.pt/369/1/cartografia.html

-BNP ; MEDIAWIKI et al “Lista de pinturas da Biblioteca Nacional” https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_pinturas_da_Biblioteca_Nacional_de_Portugal


-CONCEITO .de et al – “Conceito de hemeroteca” https://conceito.de/hemeroteca

-OLIVEIRA, João Bosco Rodrigues “Hemeroteca” - https://pt.wikipedia.org/wiki/Hemeroteca

-REIS, Andreza – “E afinal de contas o que é a biblioteconomia?”- http://biblioo.info/o-que-e-biblioteconomia-2/


-SOARES, Clara Moura Soares; RODRIGUES, Rute Massano - "Resgatar a memória: A biblioteca Nacional na gestão e salvaguarda do património artístico dos conventos” - https://www.academia.edu/37438775/Clara_Moura_Soares_Rute_Massano_Rodrigues_2016_Resgatar_a_Memória_a_Biblioteca_Nacional_na_gestão_e_salvaguarda_do_Património_Artístico_dos_Conventos._Roteiro_da_Exposição_in_ARTisOn_3_Edição_Especial_pp._297-315