sexta-feira, 29 de novembro de 2019

DA FUNÇÃO SOCIAL E POÉTICO-MUSEAL: NO PRESENTE E NA HISTÓRIA

Entrada para o complexo museológico, restauração e parque lúdico-cultural de Barcarena

Palavras-chave: Barcarena, bem cultural e social, colonialismo, Consolata, museu holístico, São Marcos - Cacém
Minha 4ª definição de museu
Museu é o nosso presente.
Museu é a História Geral e de Portugal; visão e interpretação da Expansão; saber inspirado e museal.
Museu é a ambiência social e redistributiva: de bens materiais e imateriais, formação, entendimento, partilha.
Museu é tradicional; é novo e pós novo.
Museu é integral.
(AA redefinição de museu nº 4, em 28.11.2019)
Painel na Fábrica de Tercena / Barcarena
&
O poeta Mia Couto em entrevista a um canal de televisão, em novembro de 2019 responde a uma pergunta da jornalista sobre o ex colonizado que precisa “matar” o pai (quiçá uma semelhança com o complexo de Édipo) para prosseguir o destino de independente. Qual figura de estilo merece-nos o seguinte pensamento:
&
Não se vingue o nativo do colonizador,
Nem se considere inferior.
Porque outrora ou no momento
Não cura tal pensamento.
Como o bárbaro e europeu não se vinga
De colonizado ter sido
Por gregos, romanos e árabes, invadido.
Assim agraciados
Os colonizados
Com cultura e língua franca,
Técnicas e desenvolvimento
Que ainda servem no momento.
Com infraestruturas, pão
Compreensão, comunicação
O Império se fez
E desfez
Para todos se conhecerem,
Compreenderem, colaborarem
Como irmãos se abraçarem.
Porque o mundo diverso
Faz sentido com o Universo.
Todos seremos Um,
Em paz e harmonia.
O passado compreendido
Melhor será respeitado,
Não invejado
Nem repisado.
&
Foram estes pensamentos que nos ocorreram ao visitar e apresentar a Quinta do Castelo, ou da Consolata sobre a Ribeira de Barcarena em Terras Lusas de São Marcos - Cacém …
Duplo painel. De 1540 a 1940, ou do 4º Centenário
 
Um grupo de ex Trabalhadores sobreviventes
Anos 60`s Trabalhadores da mui antiga fábrica
Logótipo – Escudo de Portugal na Fábrica

Ponte da Ribeira na Fabrica
 
Torre sineira da capela da Fábrica



Santa Bárbara Protetora na Fábrica

Decreto – Lei Zona de Respeito. Ainda existem várias destas placas na envolvência de Tercena / Barcarena

Ribeira de Barcarena que deverá ser incluída no programa EVA – RB (Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena)
A pólvora como produto, utilizado em armas que tanto servem para fazer a guerra, como proporcionar a paz e a segurança; também utilizada na indústria de extração de pedra e minerais.

 
 
 
 
 
 
 
Atual atrium 

 
No entorno da geografia
Onde a pólvora se fazia
Para naus fornecer
E o Império luso fortalecer.
Que o Império tradicional se desfaça
Dando lugar à fratrimoniologia.
Também com esta analogia
Recebem os Irmãos da Consolata
Refugiados do Sudão,
Não lhes importando a origem
Nem religião.
&
Que estes exemplos de humanismo demonstrem a superioridade do bem-querer e do bem-fazer.
Porque a história e filosofia museológica; a poesia e a fratrimoniologia são inspiradoras;
Visite os nossos locais com História.

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

ENTRE FRATRIMÓNIOS - DA CONSOLATA A MOÇAMBIQUE - PLURAL E LUSÓFONO

      

Palavras-chave: África XIX – XXI; Consolata; Eixo Verde e Azul – Ribeiras: Barcarena, Jardas, Cooperação, Moçambique, Lusofonias

Nos bens participam os irmãos da Consolata e a população envolvente através da organização em hortas comunitárias, com portas abertas, embora privadas, festas e colocação de produtos de fabrico caseiro, como se de uma cooperativa informal se tratasse;

Nos bens naturais e de valor acrescentado, disponibilizam-se as nascentes, rede de água, reservatórios, margens da Ribeira, terrenos, vegetação, criação de aves, animais …
Nos bens imateriais disponibiliza-se um clima atrativo, relações entre irmãos e população livremente envolvida. Interessados da população ou visitantes de outras paragens vêm sendo recebidos por guias vocacionados com conhecimentos nas área das ciências sociais, história, museologia, biologia e agricultura.
Através de uma visita à Consolata – podemos expandir memórias, viajar, relacionar;
Apreciar os bens produzidos e disponíveis (físicos ou imateriais), adquirir bens de consumo (mel, licores, informação, artesanato, …),  
Beneficiar de uma apresentação de temas relacionados com: 
Economia do local e organização social dos irmãos e destes com a população; 
Arte: embora com poucas peças, estas são relevantes. 
Conhecer a vida dos residentes e dos proprietários de outrora e da atualidade. (Cf. Quinta do Castelo, Actividades Socioculturais in https://www.facebook.com/groups/1765418447076872/ )
Do exemplo relacionado com a história do local, podemos fazer uma viagem a Terras Africanas da Lusofonia porque a Musa, quiçá a Senhora do Consolo (ou da Consolata), aqui na Quinta do Castelo e lá em Moçambique, nos inspiram. 

Figura histórica: Mouzinho de Albuquerque
 
Encontrámos a referência, de que estas terras, hoje da Consolata: (cf. http://www.consolata.pt/onde-estamos/) foram pertença das famílias “Albuquerque”. (cf. http://www.consolata.pt/1183 ; http://www.consolata.pt/centros-missionarios/)
Referem algumas fontes (cf. https://rouxinoldepomares.blogs.sapo.pt/tag/agualva) que aqui permaneceu prisioneiro, ainda que pontualmente, o célebre Gungunhana, ex Régulo ou Imperador da região de Gaza, inserida no espaço do que viria a ser o Estado / Nação de Moçambique.
Sendo, ao que consta, a família de Mouzinho proprietária nestas terras entre Massamá, Agualva, São Marcos, Barcarena, e o próprio Mouzinho o principal responsável pelo acolhimento e transferência de Gungunhana para Portugal ---
--- tornou-se possível e necessário o abrigo seguro do chefe africano, o dito “Leão de Gaza” ou o “invencível”.  
Será que Gungunhana foi mesmo vencido quando se deixou capturar? Hoje temos as nossas dúvidas. Gungunhana e seus próximos poderiam ter reagido ao serem abordados e “vencidos” e o que é que ganhariam com isso? Arriscavam uma batalha extremamente sangrenta dos dois lados e nos tempos seguintes viveriam em guerra ou entregar-se-iam ao outro imperialismo que disputava a liderança e propriedade de terras, bens e negócios.
 
Mouzinho teve um percurso de formação, mormente militar: Administrador colonial e governador – o que lhe confere um estatuto de relevância.
Podemos considerar Mouzinho um distinto africanista, se comparado com outros homólogos de governos europeus que contestaram em finais do século XIX e inícios do XXº a Administração Portuguesa ---
--- Não significa que as figuras europeias do século XIX e boa parte do século XX fossem a favor das independências; uma vez que se estabeleceram em África como colonizadores e homens de negócios. 
Diga-se, outrossim, que os colonos também contribuíram para: 
 
-o desenvolvimento de infraestruturas,
-o apaziguamento entre opositores nativos e
-a criação de países, embora não totalmente e geograficamente coincidentes com as culturas locais.
A questão do Mapa Cor-de-Rosa imposto por países europeus e o “Ultimatum” da Inglaterra a Portugal são dois episódios históricos e dois processos documentais que ilustram o desiderato da Europa imperial. Mas se não fosse esta Europa, herdeira da romanidade e dos valores humanos, beneditinos e cristãos, África teria sido disputada, assim, como veio a acontecer por outras geografias e outros estilos de vida.
 
Mormente em regiões costeiras, Portugal, já se encontrava no ultramar com mais ou menos administração, desde finais do século XV. 
Mouzinho prestou serviço público pela Nação Portuguesa, numa difícil altura. Releve-se que no continente africano havia grandes extensões habitadas por povos ou tribos que, em muitos casos, se opunham, entre si.
A indefinição de fronteiras, o fratricídio das famílias dos líderes locais são fatores que facilitam o estabelecimento de populações não nascidas em África.
Quanto ao conceito de colonialismo, esta prática administrativa estendia-se ao interior dos próprios territórios na Europa --- 
Exemplo: Na primeira metade do século XX e durante algumas décadas existiu o conceito de “colono” mesmo em relação a regiões interiores de Portugal Continental Europeu. Daí que não devemos ter vergonha do termo.
Nesta ótica foram chamadas, ainda no século XX, famílias das Beiras, colonizando o sul do País.

Estas duas imagens são gentileza in Wikipédia
 
O mapa da imagem supra, mostra o desígnio do controlo britânico «a rota do Cabo ao Cairo». Os ingleses conseguiram o controlo de uma boa parte do continente africano.
 
O Mapa Cor-de-Rosa mostra o desígnio da pretensão de Portugal com uma faixa de «Angola à contracosta». Portugal conseguiu, depois de muita negociação com os países europeus interessados, administrar Angola, Cabinda e Moçambique e não toda a área constante no «mapa cor-de-rosa» datado de 1886.
 
Nos contextos de colonização, Cecil John Rhodes (1853-1902) foi um inglês (“homem de negócios, político e explorador” (cf. https://pt.wikipedia.org/wiki/Cecil_Rhodes) que preconizou o imperialismo e o colonialismo. –
 
 
-- «Organizou a anexação pelos ingleses de um extenso território. Iniciador da guerra anglo-bóer (1899-1902).”
Consta ainda que Rhodes doou cerca de mil espingardas a Gungunhana para combater os Portugueses. Contudo Paiva Couceiro e Mouzinho de Albuquerque conseguiram vitórias, mesmo com homens em muito menor quantidade.
Nestas disputas, Gungunhana, o chefe que alguma historiografia classifica como imperador de Gaza - refugia-se (ou abriga-se voluntária e teatralmente) na localidade de Chaimite, deixando aos Portugueses a possibilidade de administrar o território, o que veio a acontecer. 
A questão da cobiça de extensas reservas naturais estava em causa, até para ajudar a alimentar as guerras mundiais que se seguiriam. 

 
Longe já iam os tempos da Renascença, da curiosidade em saber que mundos havia em Além-Mar, a procura de glórias pessoais e a expansão do Cristianismo.
O poeta moçambicano Mia Couto escreve e edita:
«As Areias do Imperador - Mulheres de Cinza»,
faz descrições com certo interesse, embora não desprovidas do sentimento laudatório de nacionalismo e anti colonialismo.
Nesta ótica o poeta desclassifica Albuquerque para dar relevância a Gungunhana e, sobretudo, às resistências populares locais de Moçambique.
Se Gungunhana voltasse a esta vida, talvez fizesse humor com o seu próprio destino, incluindo:
 
--a forma como foi, ou se deixou capturar,
--as lutas tribais, fratricidas e o jogo com as potências europeias,
--a inexistência de um território de fronteiras definidas,
--a inexistência, ou muito rudimentar, conceito de Estado e Nação soberana. 
Tudo isto permitiria a um Gungunhana "ressuscitado", quiçá, fazer ironia em relação com o estatuto que lhe é atualmente conferido - o de resistente e herói de um país Moçambique, agora revisitado e sem complexos.
 

Ainda o poeta em entrevista a um canal de televisão portuguesa (novembro de 2019) responde a uma pergunta da jornalista na conformidade de que o ex colonizado precisa “matar” o pai (uma semelhança com o complexo de Édipo?) para prosseguir o destino de independente. Qual figura de estilo merecerá: 
O seguinte pensamento,

Não se vingue o nativo do colonizador,

Nem se considere inferior.

Porque outrora ou no momento

Não cura este pensamento.

Como o europeu não se vinga

De colonizado ter sido

Por gregos, romanos e árabes invadido.
 

Assim agraciados

Os colonizados

Com cultura e língua franca,

Técnicas e desenvolvimento

Que ainda servem no momento.

Infraestrutura, pão

Compreensão, comunicação

O Império se faz
 

E desfaz

Para todos se conhecerem,

Compreenderem, colaborarem

Como irmãos se abraçarem.

Porque o mundo diverso

Sentido faz com o universo.

Todos seremos Um

Em paz e harmonia.

O passado compreendido

Será respeitado,

Não invejado nem repisado.
 
Foram estes pensamentos que me ocorreram ao estudar, visitar e apresentar a Quinta do Castelo, ou da Consolata sobre a Ribeira de Barcarena em terras lusas, precisamente na geografia onde a pólvora se fazia para naus fornecer e o Imperio luso fortalecer. Esperando que o Império tradicional se desfaça para dar lugar ao Império da fratrimoniologia, do respeito pelos recursos da Terra (a Matriz comum que pode ser assemelhada a uma Mãe Consolo) e respeitos mútuos, suscitados por uma Mãe protetora que gosta igualmente de todos os seus filhos.
Será também por esta analogia que os irmãos da Consolata recebem na sua pequena comunidade alguns refugiados do Sudão, não importando a religião.
Que estes exemplos de humanismo e paz demonstrem a superioridade do bem-querer e bem-fazer que por aqui passa.  Venha, também, e seja inspirado pela Musa do Consolo.

 


09.Leão no








sábado, 16 de novembro de 2019

IV - NOTAS PARA UM PERCURSO SOCIO-MUSEOLÓGICO


IV - Notas para um percurso socio-museológico da Quinta do Castelo e Consolata: Centro Missionário Padre Paulino.
Palavras-chave: África, bem cultural, Consolata, Centro Missionário Padre Paulino, fratrimónio, Historia, matrizmónio, Portugal, Ribeira de Barcarena, Ribeira das Jardas
Entre os bens culturais fratrimoniais em que participam os irmãos da Consolata e a população da envolvência, através da organização em hortas comunitárias, como se de uma cooperativa informal se tratasse ; e os bens da natureza que podemos classificar como matrizmónios, tais como: a Ribeira das Jardas / São Marcos / Barcarena, os terrenos, vegetação, aves, animais e o próprio clima do local. No conjunto apresentam-se os bens físicos e imateriais (incluem-se nestes bens imateriais, o clima e as relações de associação e amizade).
Os visitantes merecem uma visita, de preferência orientada por um(a) guia especializado(a) e orientado(a) por uma educação fratrimonial, conhecimentos básicos de biologia, agricultura, história e/ou museologia social. Através desta Quinta e da Irmandade da Consolata podemos fruir dos bens locais e até sermos contemplados com a descrição de viagens históricas ou da atualidade relacionadas com o espaço da Quinta, a arte plástica e o percurso de vida dos seus ex e atuais proprietários ou usufrutuários.
Na Quinta da irmandade da Consolata podemos apreciar os bens aqui produzidos e disponíveis (físicos ou imateriais), adquirir bens de consumo (mel, licores, informação, artesanato, …) e até fazer uma viagem virtual ao Próximo Oriente, África e Ásia. Parece muito o que se propõe com uma visita à Quinta do Castelo / Consolata: Centro Missionário Padre Paulino. No mínimo podemos beneficiar de uma apresentação dos temas relacionados com estes espaços: Economia e organização. Arte, embora com poucas peças, estas são, em meu entender, muito relevantes. Também podemos saber mais sobre a vida dos residentes e dos proprietários de hoje e de outrora. (Cf. Quinta do Castelo, Actividades Socioculturais in https://www.facebook.com/groups/1765418447076872/ )
 
Quanto a Mouzinho de Albuquerque

Encontrámos a referência, de que estas terras, hoje da Consolata: Centro Missionário Padre Paulino (t.r. http://www.consolata.pt/onde-estamos/) foram pertença das famílias “Albuquerque”. (cf. http://www.consolata.pt/1183 ; http://www.consolata.pt/centros-missionarios/)
Nesta condição, referem algumas fontes (cf. https://rouxinoldepomares.blogs.sapo.pt/tag/agualva) que aqui permaneceu prisioneiro, ainda que pontualmente, o célebre Gungunhana, ex Régulo ou Imperador da região de Gaza - Moçambique. Sendo, ao que consta, a família de Mouzinho proprietária nestas terras e ainda Mouzinho o principal responsável pela “tomada” deste irmão africano na vila de Chaimite. Torna-se, assim, possível e verossímil, o acolhimento deste chefe Moçambicano na Quinta do Castelo, antes de ser transferido para os Açores.
Mouzinho teve um percurso de formação: militar, administrador colonial e governador do distrito de Lourenço Marques (atual Maputo) – Moçambique, o que lhe confere um estatuto de relevância pessoal e social.
Em África podemos considerá-lo um distinto africanista, se comparado com outras figuras de governos europeus que contestaram em finais do século XIX e inícios do XXº a administração portuguesa. Não que essas figuras europeias fossem a favor das independências mas porque reivindicaram e, em boa parte conseguiram, eles próprios, estabelecer-se em África na condição de colonizadores e homens de negócios.
A questão do “Mapa-cor-de-Rosa” imposto por países europeus e o “Ultimatum” da Inglaterra a Portugal são dois episódios e dois processos documentais que ilustram o desiderato do imperialismo. Só que Portugal, mormente em regiões costeiras, já se encontrava em África, com mais ou menos administração, desde finais do século XV.
Mouzinho foi uma figura que prestou serviço público pela nação portuguesa, numa altura muito difícil e em contexto das políticas europeias - não de uma Europa unida, que ainda não se vislumbrava mas sim de uma Europa de nações, competitivas e, grosso modo, imperialistas.
Releve-se que no continente africano havia grandes extensões habitadas por povos ou tribos, que em muitos casos se opunham, entre si. A indefinição de fronteiras, um certo fratricídio das famílias de líderes locais; em contraposição a certa cobiça por nações europeias, são fatores que levam à transferência de comunidades da Europa que ali se estabelecem e instalam com administrações e equipamentos de defesa ou bélicos. Os europeus rasgam vias de comunicação e exploram recursos. Só que, a estes benefícios, bem ou mal, a historiografia veio classificá-los de obras do colonialismo e imperialismo.
Não estamos aqui a tecer críticas negativas ao conceito de colonialismo, até porque esta filosofia administrativa se estendia ao interior dos próprios territórios europeus. Exemplo: Na primeira metade do século XX e durante algumas décadas, ainda existia o conceito de “colono” mesmo em relação a regiões interiores de Portugal Continental Europeu. Nesta ótica foram chamadas, ainda no século XX, famílias das Beiras para colonizar o sul de Portugal.
O mapa da imagem supra mostra o desígnio do controlo britânico «a rota do Cabo ao Cairo». Data de 1913. Os ingleses conseguiram o controle de uma boa parte do continente africano. O «Mapa cor-de-rosa» na imagem infra mostra o desígnio da pretensão de Portugal com uma faixa de «Angola à contracosta». Portugal conseguiu, depois de muita negociação com os países europeus interessados, administrar Angola, Cabinda e Moçambique e não todo a área constante neste «mapa cor-de-rosa» datado de 1886.
Nos contextos de colonização, Cecil John Rhodes (1853-1902) foi um inglês (“homem de negócios, político e explorador” (cf. https://pt.wikipedia.org/wiki/Cecil_Rhodes) que preconizou o imperialismo e o colonialismo. «Organizou a anexação pelos ingleses de um extenso território. Iniciador da guerra anglo-bóer (1899-1902).”
Consta ainda que Rhodes doou mil espingardas a Gungunhana para combater os Portugueses. Contudo Paiva Couceiro e Mouzinho de Albuquerque conseguiram vitórias, mesmo com homens em muito menor quantidade. Nestas disputas, Gungunhana, um chefe que alguma historiografia o classifica como imperador de Gaza - refugia-se (ou abriga-se voluntária e teatralmente) na localidade de Chaimite, deixando aos Portugueses a possibilidade de administrar o território, o que veio a acontecer, não obstante a disputa entre Europeus.
A questão da cobiça das extensas reservas naturais estava em causa, até para ajudar a alimentar as guerras mundiais que se seguiriam. Longe já iam os tempos da Renascença, da curiosidade em saber que mundos havia em Além-Mar, da procura de glórias pessoais e da expansão dos valores do Cristianismo.
O poeta moçambicano Mia Couto escreve e edita: «As Areias do Imperador - Mulheres de Cinza», faz descrições com certo interesse, embora não desprovido do sentimento laudatório de nacionalismo e de anti colonialismo. Nesta ótica desclassifica Mouzinho de Albuquerque para dar relevância a Gungunhana e, sobretudo, às resistências populares locais de Moçambique.
Se Gungunhana voltasse a esta vida, talvez fizesse humor do seu próprio destino. A forma como foi, ou se deixou capturar, as lutas fratricidas e tribais ; a não existência de um território de fronteiras definidas ; a não existência do conceito de Nação e Estado soberano, em África, no século XIX. Tudo isto permitiria a um Gungunhana "ressuscitado" alguma ironia em relação com o estatuto de atual de herói, embora que a título póstumo.