Palavras-chave: África XIX – XXI; Consolata; Eixo Verde e Azul – Ribeiras: Barcarena, Jardas, Cooperação, Moçambique, Lusofonias
Nos bens participam os
irmãos da Consolata e a população envolvente através da organização em hortas
comunitárias, com portas abertas, embora privadas, festas e
colocação de produtos de fabrico caseiro, como se de uma cooperativa informal
se tratasse;
Nos bens naturais e de valor acrescentado,
disponibilizam-se as nascentes, rede de água, reservatórios, margens da Ribeira,
terrenos, vegetação, criação de aves, animais …
Nos bens imateriais disponibiliza-se um clima
atrativo, relações entre irmãos e população livremente envolvida. Interessados da
população ou visitantes de outras paragens vêm sendo recebidos por guias vocacionados
com conhecimentos nas área das ciências sociais, história, museologia, biologia
e agricultura.
Através de uma visita à Consolata – podemos
expandir memórias, viajar, relacionar;
Apreciar os bens produzidos e
disponíveis (físicos ou imateriais), adquirir bens de consumo (mel, licores,
informação, artesanato, …),
Beneficiar de uma apresentação de temas
relacionados com:
Economia do local e organização social
dos irmãos e destes com a população;
Arte: embora com poucas peças, estas são
relevantes.
Conhecer a vida dos residentes e dos
proprietários de outrora e da atualidade.
(Cf. Quinta
do Castelo, Actividades Socioculturais
in https://www.facebook.com/groups/1765418447076872/ )
Do exemplo relacionado com a história do
local, podemos fazer uma viagem a Terras Africanas da Lusofonia porque a Musa, quiçá a Senhora do Consolo (ou da
Consolata), aqui na Quinta do Castelo e lá em Moçambique, nos inspiram.
Figura
histórica: Mouzinho de Albuquerque
Encontrámos a referência, de que estas
terras, hoje da Consolata: (cf. http://www.consolata.pt/onde-estamos/) foram pertença das famílias “Albuquerque”. (cf. http://www.consolata.pt/1183 ; http://www.consolata.pt/centros-missionarios/)
Referem algumas fontes (cf. https://rouxinoldepomares.blogs.sapo.pt/tag/agualva) que aqui permaneceu prisioneiro, ainda que
pontualmente, o célebre Gungunhana, ex Régulo ou Imperador da região de Gaza,
inserida no espaço do que viria a ser o Estado / Nação de Moçambique.
Sendo, ao que consta, a família de
Mouzinho proprietária nestas terras entre Massamá, Agualva, São Marcos, Barcarena,
e o próprio Mouzinho o principal responsável pelo acolhimento e transferência de
Gungunhana para Portugal ---
--- tornou-se possível e necessário o abrigo
seguro do chefe africano, o dito “Leão de Gaza” ou o “invencível”.
Será que Gungunhana foi mesmo vencido
quando se deixou capturar? Hoje temos as nossas dúvidas. Gungunhana e seus
próximos poderiam ter reagido ao serem abordados e “vencidos” e o que é que
ganhariam com isso? Arriscavam uma batalha extremamente sangrenta dos dois
lados e nos tempos seguintes viveriam em guerra ou entregar-se-iam ao outro
imperialismo que disputava a liderança e propriedade de terras, bens e
negócios.
Mouzinho teve um percurso de formação,
mormente militar: Administrador colonial e governador – o que lhe confere um
estatuto de relevância.
Podemos considerar Mouzinho um distinto africanista, se comparado com outros homólogos
de governos europeus que contestaram em finais do século XIX e inícios do XXº a
Administração Portuguesa ---
--- Não significa que as figuras
europeias do século XIX e boa parte do século XX fossem a favor das
independências; uma vez que se estabeleceram em África como colonizadores e
homens de negócios.
-o desenvolvimento de infraestruturas,
-o apaziguamento entre opositores
nativos e
-a criação de países, embora não totalmente
e geograficamente coincidentes com as culturas locais.
A questão do Mapa Cor-de-Rosa imposto
por países europeus e o “Ultimatum”
da Inglaterra a Portugal são dois episódios históricos e dois processos
documentais que ilustram o desiderato da Europa imperial. Mas se não fosse esta
Europa, herdeira da romanidade e dos valores humanos, beneditinos e cristãos,
África teria sido disputada, assim, como veio a acontecer por outras geografias
e outros estilos de vida.
Mormente em regiões costeiras, Portugal,
já se encontrava no ultramar com mais ou menos administração, desde finais do
século XV.
Mouzinho prestou serviço público pela
Nação Portuguesa, numa difícil altura. Releve-se que no continente africano
havia grandes extensões habitadas por povos ou tribos que, em muitos casos, se
opunham, entre si.
A indefinição de fronteiras, o
fratricídio das famílias dos líderes locais são fatores que facilitam o estabelecimento
de populações não nascidas em África.
Quanto ao conceito de colonialismo, esta
prática administrativa estendia-se ao interior dos próprios territórios na
Europa ---
Exemplo: Na primeira metade do século XX
e durante algumas décadas existiu o conceito de “colono” mesmo em relação a regiões
interiores de Portugal Continental Europeu. Daí que não devemos ter vergonha do
termo.
Estas duas imagens são gentileza in Wikipédia
O mapa da imagem
supra, mostra o desígnio do
controlo britânico «a rota do Cabo ao Cairo». Os ingleses conseguiram o controlo de uma boa parte do continente
africano.
O Mapa Cor-de-Rosa
mostra o desígnio da pretensão de Portugal com uma faixa de «Angola à
contracosta». Portugal conseguiu, depois de muita negociação com os países
europeus interessados, administrar Angola, Cabinda e Moçambique e não toda a
área constante no «mapa cor-de-rosa» datado de 1886.
Nos contextos de colonização,
Cecil John Rhodes (1853-1902) foi um inglês (“homem
de negócios, político e explorador” (cf.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cecil_Rhodes) que preconizou o imperialismo e o colonialismo. –
-- «Organizou a anexação pelos ingleses de um extenso
território. Iniciador da guerra anglo-bóer (1899-1902).”
Consta ainda que Rhodes doou cerca de mil
espingardas a Gungunhana para combater os Portugueses. Contudo Paiva Couceiro e Mouzinho de Albuquerque conseguiram vitórias,
mesmo com homens em muito menor quantidade.
Nestas disputas,
Gungunhana, o chefe que alguma historiografia classifica como imperador de Gaza
- refugia-se (ou abriga-se voluntária e teatralmente) na localidade de
Chaimite, deixando aos Portugueses a possibilidade de administrar o território,
o que veio a acontecer.
A questão da cobiça de extensas
reservas naturais estava em causa, até para ajudar a alimentar as guerras
mundiais que se seguiriam.
Longe já iam os tempos
da Renascença, da curiosidade em saber que mundos havia em Além-Mar, a procura
de glórias pessoais e a expansão do Cristianismo.
O poeta moçambicano Mia
Couto escreve e edita:
«As Areias do Imperador
- Mulheres de Cinza»,
faz
descrições com certo interesse, embora não desprovidas do sentimento laudatório
de nacionalismo e anti colonialismo.
Nesta
ótica o poeta desclassifica Albuquerque para dar relevância a Gungunhana e,
sobretudo, às resistências populares locais de Moçambique.
--a
forma como foi, ou se deixou capturar,
--as
lutas tribais, fratricidas e o jogo com as potências europeias,
--a
inexistência de um território de fronteiras definidas,
--a
inexistência, ou muito rudimentar, conceito de Estado e Nação soberana.
Tudo
isto permitiria a um Gungunhana "ressuscitado", quiçá, fazer ironia
em relação com o estatuto que lhe é atualmente conferido - o de resistente e herói
de um país Moçambique, agora revisitado e sem complexos.
Ainda o
poeta em entrevista a um canal de televisão portuguesa (novembro de 2019)
responde a uma pergunta da jornalista na conformidade de que o ex colonizado
precisa “matar” o pai (uma semelhança com o complexo de Édipo?) para prosseguir
o destino de independente. Qual figura de estilo merecerá:
O
seguinte pensamento,
Não se
vingue o nativo do colonizador,
Nem se
considere inferior.
Porque
outrora ou no momento
Não cura
este pensamento.
Como o
europeu não se vinga
De
colonizado ter sido
Por
gregos, romanos e árabes invadido.
Assim agraciados
Os
colonizados
Com
cultura e língua franca,
Técnicas
e desenvolvimento
Que
ainda servem no momento.
Infraestrutura,
pão
Compreensão,
comunicação
O
Império se faz
E desfaz
Para
todos se conhecerem,
Compreenderem,
colaborarem
Como
irmãos se abraçarem.
Porque
o mundo diverso
Sentido
faz com o universo.
Todos
seremos Um
Em paz
e harmonia.
O
passado compreendido
Será respeitado,
Não invejado
nem repisado.
Foram
estes pensamentos que me ocorreram ao estudar, visitar e apresentar a Quinta do
Castelo, ou da Consolata sobre a Ribeira de Barcarena em terras lusas,
precisamente na geografia onde a pólvora se fazia para naus fornecer e o
Imperio luso fortalecer. Esperando que o Império tradicional se desfaça para
dar lugar ao Império da fratrimoniologia, do respeito pelos recursos da Terra
(a Matriz comum que pode ser assemelhada a uma Mãe Consolo) e respeitos mútuos,
suscitados por uma Mãe protetora que gosta igualmente de todos os seus filhos.
Será
também por esta analogia que os irmãos da Consolata recebem na sua pequena
comunidade alguns refugiados do Sudão, não importando a religião.
Que
estes exemplos de humanismo e paz demonstrem a superioridade do bem-querer e
bem-fazer que por aqui passa.
Venha, também, e seja inspirado pela Musa do Consolo.
09.Leão no
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