QUEM DIRIA AQUI TÃO PERTO
ENTRE MATRIZMÓNIOS E FRATRISMÓNIOS
Palavras-chave: Afonso de Albuquerque, Consolata –
Centro Missionário Padre Paulino, Expansão, Portugal, Quinta do Castelo – São Marcos
I DE III
OBRA PORTUGUESA DA CONSULATA MORMENTE EM SÃO MARCOS
/ SINTRA
Uma certa
tradição diz que estas terras da Quinta do Castelo foram propriedade dos
Albuquerques
De nome próprio Afonso - de ALBUQUERQUE (sobrenome)
Cognominado “O
Grande”, “O César do Oriente” ou o “Leão dos Mares”; teve a visão e a
capacidade de construir uma rede de fortes e de relações humanas, tornando a
bacia do Oceano Índico num “mare clausum”
português. Com isso concede a Portugal um poderio que os otomanos e os árabes
não tinham.
Goa apresenta-se
como uma espécie de capital do Império Luso. A sua influência estende-se desde
Moçambique, Etiópia, Golfo Pérsico, até ao Reino do Sião (Tailândia), Índia,
China e Malaca, cidade esta, que Albuquerque e os Portugueses conquistaram.
Ali, em Malaca,
ainda hoje existe um bairro com cultura associada à portuguesa, inclusivamente
na língua de Camões. Portugal cunhou moeda em Goa e estabelecera contactos com
a Etiópia, reino onde constava que vivia o preste João, um cristão que Pêro da
Covilhã e Afonso de Paiva procuraram.
Consta que
Albuquerque teve como intenção “desviar as águas do Nilo”, a fim de combater o
poder egípcio, bem como lhe é atribuída a ideia de “roubar o corpo de Maomé”,
como forma de obrigar os muçulmanos a retirar da Terra Santa.
Proibiu a
tradição da imolação das viúvas indianas e incentivou os casamentos de
portugueses com mulheres asiáticas. Em 1515, enquanto viajava nos mares do
Oriente, recebe a informação de que um dos seus inimigos, Lopo Soares de
Albergaria (ou de Alvarenga) se preparava para o substituir como Governador. Mais
uma vez o rei D. Manuel terá sido mal aconselhado ao assinar tal transferência
de governação. A notícia deixa Albuquerque muito debilitado. Morre,
possivelmente de indignação e tristeza, enquanto viajava nas águas do Índico.
O Hotel Victor em
Sintra, preferido por Eça de Queiroz, teve até há pouco tempo o nome «Clube de
Chá D. Lopo» por ter sido gerido por uma familiar descendente de D. Lopo Soares
de Albergaria. Mas a História tem o condão de poder ser reapreciada e Afonso de
Albuquerque foi recuperado.
Em 1902 é-lhe dedicado um dos mais eminentes monumentos num dos mais referenciais sítios de
Lisboa, mesmo em frente da Presidência da República, junto ao maior Museu dos
Coches, a nível mundial, visitado diariamente por centenas, senão milhares de
pessoas. A Praça também leva o seu nome - Praça Afonso de Albuquerque. Faz-se, assim, jus ao eminente português que sonhou
com uma miscigenação e globalização, começando com os povos - português e
asiático.
«Esta luz é do fogo e das
luzentes
Armas, com que Albuquerque irá amansando
De Ormuz os Párseos, por seu mal
valentes,
Que refusam o jugo honroso e
brando.
Ali verão as setas estridentes
Reciprocar-se, a ponta no ar
virando,
Contra quem as tirou, que Deus
peleja
…
Que gloriosas palmas tecer vejo
Com que Vitória a fronte lhe coroa,
Quando, sem sombra vã de medo ou pejo,
Toma a ilha ilustríssima de Goa!
Depois, obedecendo ao duro ensejo,
A deixa, e ocasião espera boa
Com que a torne a tomar, que esforço e arte
…
Nem tu menos fugir poderás deste,
Posto que rica e posto que assentada
Lá no Grémio da Aurora, onde nasceste,
Opulenta Malaca nomeada.
As setas venenosas que fizeste,
As crises com que já te vejo armada,
Malaios namorados, Jaus valentes,
Mais estanças cantara esta Sirena
Em louvor do ilustríssimo Albuquerque,
Mas alembrou-lhe uma ira que o condena,
Posto que a fama sua o mundo cerque.
O grande capitão, que o fado ordena
Que, com trabalhos, glória eterna merque,
Mais há-de ser um brando companheiro
… / … /…
Até qui Portugueses concedido
Vos é saberdes os futuros feitos
Que, pelo mar, que já deixais sabido,
Virão fazer barões de fortes peitos.
Agora, pois que tendes aprendido
Trabalhos que vos façam ser aceitos
Às eternas esposas fermosas,
…
Podeis-vos embarcar, que tendes vento
E mar tranquilo para a pátria amada.»
Assim lhe disse; e logo movimento
Fazem da Ilha alegre e namorada.
Levam refresco e nobre mantimento;
Levam a companhia desejada
Das Ninfas, que hão-de ter eternamente,
Por mais tempo que o Sol o mundo aquente.»
(cf. https://pt.wikipedia.org/wiki/Preste_João ; Os Lusíadas, Canto X, estrofe 143, cf. Os Lusíadas / Luís Vaz de Camões, Canto X. Lisboa: Expresso, 2013, edição com apoio do Expresso e Grupo Totta.- Notas de José Hermano Saraiva, extensivas a todo o Canto X)
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