sábado, 9 de novembro de 2019

QUEM DIRIA AQUI TÃO PERTO


QUEM DIRIA AQUI TÃO PERTO
ENTRE MATRIZMÓNIOS E FRATRISMÓNIOS

Palavras-chave: Afonso de Albuquerque, Consolata – Centro Missionário Padre Paulino, Expansão, Portugal, Quinta do Castelo – São Marcos

I DE III

OBRA PORTUGUESA DA CONSULATA MORMENTE EM SÃO MARCOS / SINTRA


Uma certa tradição diz que estas terras da Quinta do Castelo foram propriedade dos Albuquerques

 
De nome próprio Afonso - de ALBUQUERQUE (sobrenome)

 O Português de Quinhentos dispensa grande apresentação. Recordam-se aqui apenas alguns atributos. Foi um dos maiores, se não o melhor Governador que Portugal teve na Índia. Natural de Alhandra, 1452, tendo falecido nas proximidades de Goa, em 1515. Trasladado cerca de quatro décadas após para Portugal, cujas cinzas repousam na Igreja do ex Convento da Graça.

Cognominado “O Grande”, “O César do Oriente” ou o “Leão dos Mares”; teve a visão e a capacidade de construir uma rede de fortes e de relações humanas, tornando a bacia do Oceano Índico num “mare clausum” português. Com isso concede a Portugal um poderio que os otomanos e os árabes não tinham.

Goa apresenta-se como uma espécie de capital do Império Luso. A sua influência estende-se desde Moçambique, Etiópia, Golfo Pérsico, até ao Reino do Sião (Tailândia), Índia, China e Malaca, cidade esta, que Albuquerque e os Portugueses conquistaram.

Ali, em Malaca, ainda hoje existe um bairro com cultura associada à portuguesa, inclusivamente na língua de Camões. Portugal cunhou moeda em Goa e estabelecera contactos com a Etiópia, reino onde constava que vivia o preste João, um cristão que Pêro da Covilhã e Afonso de Paiva procuraram.

Consta que Albuquerque teve como intenção “desviar as águas do Nilo”, a fim de combater o poder egípcio, bem como lhe é atribuída a ideia de “roubar o corpo de Maomé”, como forma de obrigar os muçulmanos a retirar da Terra Santa.

Proibiu a tradição da imolação das viúvas indianas e incentivou os casamentos de portugueses com mulheres asiáticas. Em 1515, enquanto viajava nos mares do Oriente, recebe a informação de que um dos seus inimigos, Lopo Soares de Albergaria (ou de Alvarenga) se preparava para o substituir como Governador. Mais uma vez o rei D. Manuel terá sido mal aconselhado ao assinar tal transferência de governação. A notícia deixa Albuquerque muito debilitado. Morre, possivelmente de indignação e tristeza, enquanto viajava nas águas do Índico.

O Hotel Victor em Sintra, preferido por Eça de Queiroz, teve até há pouco tempo o nome «Clube de Chá D. Lopo» por ter sido gerido por uma familiar descendente de D. Lopo Soares de Albergaria. Mas a História tem o condão de poder ser reapreciada e Afonso de Albuquerque foi recuperado.

Em 1902 é-lhe dedicado um dos mais eminentes monumentos num dos mais referenciais sítios de Lisboa, mesmo em frente da Presidência da República, junto ao maior Museu dos Coches, a nível mundial, visitado diariamente por centenas, senão milhares de pessoas. A Praça também leva o seu nome - Praça Afonso de Albuquerque. Faz-se, assim, jus ao eminente português que sonhou com uma miscigenação e globalização, começando com os povos - português e asiático.

«Esta luz é do fogo e das luzentes

Armas, com que Albuquerque irá amansando

De Ormuz os Párseos, por seu mal valentes,

Que refusam o jugo honroso e brando.

Ali verão as setas estridentes

Reciprocar-se, a ponta no ar virando,

Contra quem as tirou, que Deus peleja

Por quem estende a fé da Madre Igreja. ("Os Lusíadas", Canto X, estrofe 40)


Que gloriosas palmas tecer vejo

Com que Vitória a fronte lhe coroa,

Quando, sem sombra vã de medo ou pejo,

Toma a ilha ilustríssima de Goa!

Depois, obedecendo ao duro ensejo,

A deixa, e ocasião espera boa

Com que a torne a tomar, que esforço e arte

Vencerão a Fortuna e o próprio Marte. (Os Lusíadas, Canto X, estrofe 42)


Nem tu menos fugir poderás deste,

Posto que rica e posto que assentada

Lá no Grémio da Aurora, onde nasceste,

Opulenta Malaca nomeada.

As setas venenosas que fizeste,

As crises com que já te vejo armada,

Malaios namorados, Jaus valentes,

Todos farás ao Luso obedientes. (Os Lusíadas, Canto X, estrofe 44)

 

Mais estanças cantara esta Sirena

Em louvor do ilustríssimo Albuquerque,

Mas alembrou-lhe uma ira que o condena,

Posto que a fama sua o mundo cerque.

O grande capitão, que o fado ordena

Que, com trabalhos, glória eterna merque,

Mais há-de ser um brando companheiro

Para os seus, que juiz cruel inteiro. (Os Lusíadas, Canto X, estrofe 45)

… / … /…

Até qui Portugueses concedido

Vos é saberdes os futuros feitos

Que, pelo mar, que já deixais sabido,

Virão fazer barões de fortes peitos.

Agora, pois que tendes aprendido

Trabalhos que vos façam ser aceitos

Às eternas esposas fermosas,

Que coroas vos tecem gloriosas, (Os Lusíadas, Canto X, estrofe 142)


Podeis-vos embarcar, que tendes vento

E mar tranquilo para a pátria amada.»

Assim lhe disse; e logo movimento

Fazem da Ilha alegre e namorada.

Levam refresco e nobre mantimento;

Levam a companhia desejada

Das Ninfas, que hão-de ter eternamente,

Por mais tempo que o Sol o mundo aquente.»

(cf. https://pt.wikipedia.org/wiki/Preste_João ; Os Lusíadas, Canto X, estrofe 143, cf. Os Lusíadas / Luís Vaz de Camões, Canto X. Lisboa: Expresso, 2013, edição com apoio do Expresso e Grupo Totta.- Notas de José Hermano Saraiva, extensivas a todo o Canto X)

==============continua==============

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