A CONFHIC é a
Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição. É uma Obra
Social e Fratrimonial com a Sede Mãe em Linda-a-Pastora (ou
Lindas-as-Pastoras), perto de Lisboa. Ficam situadas nas faldas do Rio Jamor,
cujo “Eixo Azul e Verde” está a ser valorizado. Este “Eixo” vem desde a Serra
da Carregueira, Sintra e passa por três concelhos: Sintra, Amadora e Oeiras.
A casa destas
Irmãs Hospitaleiras situa-se precisamente numa ex Quinta, dita de São Domingos
ou Quinta dos Verdes porque pertenceu a um ascendente do poeta, escritor Cesário
Verde. É mais um dos interessantes atrativos deste Território que está e
precisa ser valorizado com investimentos, com o interesse e o reconhecimento
pelas populações e por todos os que procuram estes recantos.
É, também, por
aqui que nasce a lenda da “Linda Pastorinha” e daí, quiçá o nome da localidade
“Linda-a-Pastora”.
Conta-se que
nestas Terras, outrora navegáveis por pequenas embarcações, do Tejo, até à
Nossa Senhora da Rocha. Poderá voltar a ser navegável, é uma questão de
investimento.
Consta que uma
linda pastora apascentava o seu rebanho e foi interpelada por um Senhor que
ficou encantado pela beleza da Pastorinha e por estas Terras.
Conta-nos, ainda,
o escritor Almeida Garrett uma versão da lenda da Pastorinha, que aqui
adaptamos e salpicamos:
Senhor
- “Linda pastorinha, que fazeis aqui?
Pastorinha
– Procuro o meu gado que por aqui perdi.
Senhor
– Tão gentil senhora a guardar gado!
Pastorinha – Senhor, já nascemos para este fado.
Senhor
– Por estas montanhas em tão grande
perigo! Diga-me, menina, quer vir comigo?
[… / …] Não tenha medo que o gado se perca, por aqui passarmos uma
hora de sesta.
Pastorinha
– Senhor, vá-se embora, não me dê
tormento […] / Ai como vai grave de meias de seda! Olhe não as rompa por
essa esteva.
Senhor – Pois adeus, ingrata Linda Pastora!
Fica-te, eu me vou embora, pela serra fora.
Pastorinha – Venha cá, senhor, torne atrás correndo […] amor é cego, já está rendendo.
Cronista
– Sentaram-se à sombra … tudo estava
ardendo … Quando dizem que não querem, então, é que estão querendo!»
Foi nestas
Terras que Almeida Garrett, o Homem das viagens e do turismo romântico, mas com
certo sabor de naturalismo (passe a aparente contradição) visitou e nos diz:
«Namorei-me do sítio,
por modo que ali passei o Verão todo: e dali fiz deliciosas excursões pelas
vizinhanças […]»
Foi aqui,
segundo conta Garrett, que recolheu uma versão da lenda da Pastorinha,
nomeadamente através da lavadeira Francisca.
A
interpretação desta lenda levar-nos-ia longe.
O que fazia por
ali um senhor no meio das serras? Talvez proveniente de Lisboa. Um proto
turista, ou um foragido? Um cristão, um moçárabe, ou um árabe?
Ao certo nunca
chegaremos à verdade pura que dá fundo à lenda, mas talvez a vários fundos de
verdades e inverdades cruzadas. A lenda tem este dom de se adaptar às
realidades ou aos desejos de verdades. O Senhor poderia bem ser um foragido dos
fluxos e refluxos das conquistas e reconquistas, entre mouros, cristãos e
moçárabes. E daqui poderíamos partir para um dos contos da Cruz Quebrada, aqui
perto de Linda-a-Pastora.
Cruz Quebrada,
propositada, por alguém que não viu o símbolo da Cruz como bom presságio para a
sua comunidade. E a Cruz Quebrada continuou a ser reflexo da História. A Cruz
poderá ter sido quebrada nestas vindictas das pessoas que, de um momento para o
outro, ficaram despojados dos seus bens, das suas referências e da sua cultura.
Que as cruzes,
quebradas ou inteiras, sirvam como passadiços, de pontes e não de querelas. É o
que fazem, desde o século XIX as novas pastorinhas de Linda-a-Pastora, servido
com hospitalidade, o próximo, através do símbolo que nem precisam de ostentar,
perante as obras que estes religiosos representam. Que os sinais, +++
ou
, não importa de que credo,
se unam, acolhendo e servindo o próximo, como fazem as Irmãs de Linda-a-Pastora
ou os Irmãos de quaisquer Terras e Lugares.
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