037
Palavas-chave: Bandarra, Carnide, Igreja, José
de Guimarães, São Lourenço, Templários
Por volta de 2010 encontrei nas festas da minha
aldeia uma conterrânea. Queria agradecer a Nossa Senhora mas não sabia
como. Pergunta-me se, em Lisboa, sabia onde era a Senhora da Luz.
-Tenho uma oferta para Ela e não encontro gente
que conheça o sítio onde se encontra a imagem.
-Caríssima, o que é que deseja em relação à
Senhora da Luz?
-Queria muito lá ir mas não posso. Se fizer
o favor de me levar a promessa que tenho para a Santa, fico-lhe muito agradecida.
-Eu é que agradeço em confiar-me o cumprimento
desse tão nobre desejo. Respondi à Srª Maria, esposa do amigo e saudoso Manuel Eiras, das Terras de Magriço.
038
Chegado a Lisboa fui entregar a oferta
ao funcionário do santuário. Pedi um recibo para levar de recordação. Nesta
altura começava o estudo na zona mas não sabia que, em termos paroquiais, o
sítio da Luz e Carnide se chamava (e chama) paróquia de São Lourenço e não paróquia
de Nossa Senhora da Luz como pensa a quase generalidade dos visitantes e mesmo muitos
residentes locais.
039
Quando o colaborador da Igreja me entrega o
recibo, fico a olhar para o mesmo, ao ver a referência à paróquia de São Lourenço
e não de Nossa Senhora da Luz. Depois de uma breve conversa com o Sacristão, comecei
a investigar o porquê de se chamar paróquia de São Lourenço. Fui às netes e bibliotecas. Entrei no recinto
e no templo / Igreja de São Lourenço para perceber a grande influência deste santo mártir
(Huesca, Hispânia, 225 -- +258, Roma), então
pertencente ao império romano. Tudo parece indicar que a divulgação e
frequência desta Igreja de São Lourenço terá sofrido “concorrência” do santuário
da Luz, após a construção da Igreja e Conventos no Largo da Luz.
040
Antes de entrar no atrium da igreja de São Lourenço, analiso o
recinto muralhado. Olhando atentamente vejo vários painéis coloridos. Um deles
contém a legenda supra: “AS TENTAÇÕES / JOSÉ DE GUIMARÃES”.
041
Entro e deparo-me com um espaço que me dá uma
sensação de templo cristão mas não me pareceu tão católico e trentista como o
templo da Senhora da Luz e tantas outras igrejas portuguesas. No interior
existe o mínimo de imagens. As paredes predominantemente brancas. No altar-mor vejo
uma imagem, algo inigmática, que não tem semelhança com as tradicionais imagens
de arte religiosa.
042
Interroguei um responsável pela igreja e não
soube, ou não quis, responder à interpretação da imagem no plano central do
altar mor. Trata-se de uma pintura moderna ou pós moderna que me pareceu, antecedida por uma
silhueta de figura antropomórfica na retaguarda, segurando uma espada.
Já na fachada, junto à porta principal deparo-me com a imagem seguinte.
Já na fachada, junto à porta principal deparo-me com a imagem seguinte.
043
E continuei a investigar, até que um dia
encontrei um residente – expert em
brasões. Trocámos impressões.
Ele pergunta-me:
-O amigo das Terras do Demo e de Magriço sabe
da existência de um Sapateiro, o Bandarra?
044
-Sim, vivi em Trancoso. Teremos que continuar a investigar a influência
do “bandarrismo”, especialmente nesta zona de Carnide, certamente.
«Foi
o fogo do teu amor, Senhor, que permitiu ao diácono São Lourenço permanecer
fiel» (cf. Santo Agostinho
(354-430) Bispo de Hipona, Norte de África, Doutor da Igreja).
«O
exemplo de São Lourenço encoraja-nos a dar a vida […]. Não são as chamas da
fogueira, mas as chamas de uma fé viva que nos consomem […]. Pois não foi o
próprio Salvador que disse, acerca deste fogo sagrado: «Vim lançar fogo sobre a
terra […]» (Lc 12,49).
«Foi
também graças a este incêndio interior que São Lourenço permaneceu insensível
às chamas do martírio: ardendo em desejos de estar com Jesus, ele não sentia a
tortura. Quanto mais crescia nele o ardor da fé, menos sofria […]. A força do
braseiro divino que tinha encendiado no coração acalmava as chamas do braseiro
ateado pelo carrasco. (cf. E. Q. do dia 10.08.2015 e Arautos do Evangelho)
045
E cogitámos sobre o significado de vários
símbolos em Carnide, alguns que parecem inéditos na Igreja de São Lourenço e envolvência.
Há, em nosso entender, razões para a existência destes signos nesta zona, outrora
“termo de Lisboa”, que também foi um dos termos do concelho de Belém.
P. S. A visita guiada com o grupo de Nova Museologia da
Universidade Sénior de Massamá e Monte Abraão trará outras explicações.
Fontes:
-ANCIÃES, Alfredo Ramos –
Alma e Luz de Carnide. Lisboa: Apenas Livros, Ldª, 2013
Em linha, acedidos em
01.06.2017 -
-ANCIÃES, Alfredo Ramos – “067 161 Carnide e a sua
Infanta: A obra e a relação platónica com o Poeta” http://cumpriraterra.blogspot.pt/2017/05/067-161-carnide-e-sua-infanta-obra-e.html
------------- - “068 160 Alô
Carnide alô Lisboa: Aproveitando a o fim de ano letivo & preparação para as
festas e feira tradicional de Nossa Senhora da Luz” http://cumpriraterra.blogspot.pt/2017/05/068-alo-carnide-alo-lisboa-aproveitando.html
Sem comentários:
Enviar um comentário