sexta-feira, 2 de junho de 2017

066 162 CARNIDE VISTO PELO PÓRTICO ORIENTAL

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Palavas-chave: Bandarra, Carnide, Igreja, José de Guimarães, São Lourenço, Templários

Por volta de 2010 encontrei nas festas da minha aldeia uma conterrânea. Queria agradecer a Nossa Senhora mas não sabia como. Pergunta-me se, em Lisboa, sabia onde era a Senhora da Luz.

-Tenho uma oferta para Ela e não encontro gente que conheça o sítio onde se encontra a imagem.

-Caríssima, o que é que deseja em relação à Senhora da Luz?

-Queria muito lá ir mas não posso. Se fizer o favor de me levar a promessa que tenho para a Santa, fico-lhe muito agradecida.

-Eu é que agradeço em confiar-me o cumprimento desse tão nobre desejo. Respondi à Srª Maria, esposa do amigo e saudoso Manuel Eiras, das Terras de Magriço.

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Chegado a Lisboa fui entregar a oferta ao funcionário do santuário. Pedi um recibo para levar de recordação. Nesta altura começava o estudo na zona mas não sabia que, em termos paroquiais, o sítio da Luz e Carnide se chamava (e chama) paróquia de São Lourenço e não paróquia de Nossa Senhora da Luz como pensa a quase generalidade dos visitantes e mesmo muitos residentes locais.

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Quando o colaborador da Igreja me entrega o recibo, fico a olhar para o mesmo, ao ver a referência à paróquia de São Lourenço e não de Nossa Senhora da Luz. Depois de uma breve conversa com o Sacristão, comecei a investigar o porquê de se chamar paróquia de São Lourenço. Fui às netes e bibliotecas. Entrei no recinto e no templo / Igreja de São Lourenço para perceber a grande influência deste santo mártir (Huesca, Hispânia, 225 -- +258, Roma), então pertencente ao império romano. Tudo parece indicar que a divulgação e frequência desta Igreja de São Lourenço terá sofrido “concorrência” do santuário da Luz, após a construção da Igreja e Conventos no Largo da Luz.

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Antes de entrar no atrium da igreja de São Lourenço, analiso o recinto muralhado. Olhando atentamente vejo vários painéis coloridos. Um deles contém a legenda supra: “AS TENTAÇÕES / JOSÉ DE GUIMARÃES”.

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Entro e deparo-me com um espaço que me dá uma sensação de templo cristão mas não me pareceu tão católico e trentista como o templo da Senhora da Luz e tantas outras igrejas portuguesas. No interior existe o mínimo de imagens. As paredes predominantemente brancas. No altar-mor vejo uma imagem, algo inigmática, que não tem semelhança com as tradicionais imagens de arte religiosa.

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Interroguei um responsável pela igreja e não soube, ou não quis, responder à interpretação da imagem no plano central do altar mor. Trata-se de uma pintura moderna ou pós moderna que me pareceu, antecedida por uma silhueta de figura antropomórfica na retaguarda, segurando uma espada.
Já na fachada, junto à porta principal deparo-me com a imagem seguinte.

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E continuei a investigar, até que um dia encontrei um residente – expert em brasões. Trocámos impressões.

Ele pergunta-me:

-O amigo das Terras do Demo e de Magriço sabe da existência de um Sapateiro, o Bandarra?

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-Sim, vivi em Trancoso. Teremos que continuar a investigar a influência do “bandarrismo”, especialmente nesta zona de Carnide, certamente.



«Foi o fogo do teu amor, Senhor, que permitiu ao diácono São Lourenço permanecer fiel» (cf. Santo Agostinho (354-430) Bispo de Hipona, Norte de África, Doutor da Igreja).

«O exemplo de São Lourenço encoraja-nos a dar a vida […]. Não são as chamas da fogueira, mas as chamas de uma fé viva que nos consomem […]. Pois não foi o próprio Salvador que disse, acerca deste fogo sagrado: «Vim lançar fogo sobre a terra […]» (Lc 12,49).

«Foi também graças a este incêndio interior que São Lourenço permaneceu insensível às chamas do martírio: ardendo em desejos de estar com Jesus, ele não sentia a tortura. Quanto mais crescia nele o ardor da fé, menos sofria […]. A força do braseiro divino que tinha encendiado no coração acalmava as chamas do braseiro ateado pelo carrasco. (cf. E. Q. do dia 10.08.2015 e Arautos do Evangelho)

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E cogitámos sobre o significado de vários símbolos em Carnide, alguns que parecem inéditos na Igreja de São Lourenço e envolvência. Há, em nosso entender, razões para a existência destes signos nesta zona, outrora “termo de Lisboa”, que também foi um dos termos do concelho de Belém.

P. S. A visita guiada com o grupo de Nova Museologia da Universidade Sénior de Massamá e Monte Abraão trará outras explicações.

Fontes:

-ANCIÃES, Alfredo Ramos – Alma e Luz de Carnide. Lisboa: Apenas Livros, Ldª, 2013

Em linha, acedidos em 01.06.2017 -

-ANCIÃES, Alfredo Ramos – “067 161 Carnide e a sua Infanta: A obra e a relação platónica com o Poeta” http://cumpriraterra.blogspot.pt/2017/05/067-161-carnide-e-sua-infanta-obra-e.html

------------- - “068 160 Alô Carnide alô Lisboa: Aproveitando a o fim de ano letivo & preparação para as festas e feira tradicional de Nossa Senhora da Luz” http://cumpriraterra.blogspot.pt/2017/05/068-alo-carnide-alo-lisboa-aproveitando.html

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