-Assinatura de S. João de Deus): Há pelo menos duas versões do
significado.
«EU FREI (OU IRMÃO) ZERO» e «JESUS» (em Grego Antigo)
-Capela-mor - hoje integrada no Museu do Instituto
de S. João de Deus
no Telhal - Sintra).
Fotos recolhidas no Telhal em 2018; na sua maioria pelos 125 anos
da recriação da Ordem de S. João de Deus na Península Ibérica
Verifica-se no século XIX / XX e na atualidade um novo
enroupamento dos métodos curativos de João Cidade (S. João de Deus).
Esta figura ibérica nasce nos finais do século XV em
Montemor-o-Novo – Alentejo - Portugal, tendo como segunda Pátria o país vizinho
- Espanha.
Há uma certa analogia entre João Cidade (S. João de Deus) com
Fernão de Magalhães, que estudámos no âmbito dos 500 Anos da viagem de circum-navegação.
Afinal:
Ambos são Portugueses que se destacaram em Espanha;
Ambos são do tempo do Renascimento;
Ambos são praticamente contemporâneos e
Ambos, cada um à sua maneira, tiveram um papel importante a
nível global ou quase global.
Contudo, verifica-se que os métodos de S. João de Deus, mormente nos processos curativos das
pessoas com disfunções da área “Psi” foram, praticamente, esquecidos
entre a sociedade civil. O mesmo, não dizemos na esfera
da instituição religiosa (assistencial e hospitalar) onde continua a ser
prosseguido um trabalho importante.
Outros avanços nesta área datam do século XIX e até à atualidade
Sigmund Freud (Áustria, 1856 – Londres, 1939):
Em “Além da Alma Humana”, constatamos na figura de Freud o
estudo das relações afetivas e do ciúme. Freud analisa
sentimentos recalcados, entre pessoas.
(cf. https://pedagogiaaopedaletra.com/analise-do-filme-freud-alem-da-alma/; https://www.youtube.com/watch?v=OqpQXKPyTvA; https://www.youtube.com/watch?v=Zh5QFwdNZ8o )
O conceito de sublimação seria para Freud algo relacionado com a pulsão dos desejos e a sua
transferência para uma atividade criadora, socialmente aceite e não reprimida,
mesmo falando a nível pessoal ou psicológico.
Enquanto Freud se situa na análise da pulsão de teor sexual; outros
especialistas da área das relações humanas propõem mudanças educacionais para
ultrapassarem problemas. Assim e após a satisfação das necessidades básicas alimentares,
S. João de Deus muda o paradigma (ainda que intuitivamente e também a partir de
experiência própria quando esteve forçadamente internado) da relação entre doente
e assistente. Trata-se de enorme feito para a época, pois no século XVI o
doente mental (hoje diríamos da área da “Psi”) era tratado com métodos brutais,
até por via das mentalidades que viam nestes doentes a “ação do maligno”. Para
ser mais prosaico, viam nestes doentes a ação do diabo. Deste modo, pensava-se
que quanto mais batessem no doente mental, quando entrava em crise, mais
necessidade havia de espancar o maligno, atingindo assim o infeliz e geralmente
inofensivo doente.
Consideramos que uma filosofia e/ou uma religião, associadas a
práticas na saúde - podem ser a base necessária para a diminuição dos sintomas das
doenças e da redução de carências entre os pacientes, quer sejam carências alimentares,
de afeto, amor, ou comunicação. Aliás, S. João de Deus pensava isto mesmo
(ainda que intuitivamente) entre a relação doente/doença e religião. Foi esta
base de fé e religião que fez da ação de João Cidade um dos maiores sucessos de
sempre na área da Medicina. A dar credibilidade a este pensamento, basta avaliar
a História dos progressos e das ações deste cidadão e seus sucessores.
Já na área civil e no século XX:
Carl Rogers (EUA, 1902-1987) e seus seguidores tratam da “teoria da personalidade centrada na pessoa”,
abordando a “Terapia de
validação afetiva” (cf.
https://amenteemaravilhosa.com.br/psicologia-humanista-carl-rogers/ )
Rita Charon (EUA, 1949--…) alarga o leque e vai buscar saberes de outras disciplinas
(exemplo: à literatura).
Charon é recebida em Portugal, em 2019, por Maria
de Jesus Cabral e pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. É ainda
em Lisboa que recebe a distinção de
doutoramento. Porém, em
dezenas de entradas documentais que já investigámos, referentes a esta
investigadora, ainda não vimos, em relação à autora e sua formação, quaisquer citações
das fontes da Obra de S. João de Deus. Idem em relação a Freud ou Carl Rogers.
No entanto todos eles contribuíram para o desenvolvimento da “empatia”, das “relações cooperantes”, e da
“comunicação” - temas que a “medicina
narrativa” da autoria de Rita Charon terá de explorar
para ter sucesso. A ser assim, Rita Charon deverá citar as fontes em que se
baseia.
Humanismo
Hoje há milhares, senão dezenas de
milhares, de pessoas no mundo que prosseguem a Obra - Hospitaleir@s da Ordem de S.
João de Deus. Os seus métodos
são, de certo modo, prosseguidos por outrem, com novos chavões analíticos.
Agora, tal como outrora, o carinho
e o respeito pelos doentes são indicadores do sucesso nas áreas da Psicologia, Psiquiatria,
Psicanálise e Gerontologia. Mais uma vez, há que olhar para a História da
Medicina e respeitar os saberes transmitidos, entre gerações e instituições.
&&&
Em relação à visita à Casa de Saúde do Telhal constatámos alguns dos processos históricos e
com a visita à Casa de Saúde da Idanha teremos a oportunidade de conhecer outras
valências e, pelo menos, uma unidade em funcionamento. Assim compreenderemos melhor
a Obra iniciada no século XVI, que tem todo o
sentido e funcionalidade no presente.
Concluímos que a designada e recente medicina
narrativa é, em nosso entender, um longo
processo, mais que uma simples narrativa do século XXI.
Feliz Ano 2020 com a cidadania de João Cidade.
Nomes e palavras-chave: Carl Rogers, Elizabeth Cochrane, História da Medicina, João Cidade / S. João de Deus, Medicina narrativa, Psicanálise, Psicologia,
Psiquiatria, Sigmund Freud, Rita Charon
Uma seleção de referências documentais:
--S. João de Deus Um Herói Português do Séc.
XVI / Raquel Jardim de Castro
--S. João de Deus. Um Homem Que Soube Amar /
Nuno Ferreira Filipe
Em linha:
--Cumprir a Terra https://cumpriraterra.blogspot.com/2020/01/um-precursor-portugues-na-medicina-area.html
-- https://www.facebook.com/alfredo.anciaes?__tn__=%2CdlC-R-R&eid=ARBQOvZRykwlZmp_mPdE567G9jn16wppnt3iHW4v62BKSvkMBxpcYtoDj1EmfXsfe2S3kuaHr3p-0Mlg&hc_ref=ARSCxst1eVoJR84xQIWkVUz9Ex8z0VQOxKM3FbEW9C4VvC-7nzNeLznUdQ7-tBe78gI (post
editado em 23.12.2019)
-- Elizabeth Cochrane: https://www.womenshistory.org/education-resources/biographies/elizabeth-cochrane
--
cf. https://amenteemaravilhosa.com.br/psicologia-humanista-carl-rogers/
Massamá / Sintra,
Janeiro de 2020
Alfredo Anciães
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