001 Rainha
D. Maria II
Palavras-chave: 1855, D. Fernando II, D. Maria II, D. Pedro V, Fontes Pereira de Melo, inauguração, Ministério das Obras Públicas Comércio e Indústria, Telegrafia Elétrica
Com o
advento do movimento Regenerador em 1851, e o Acto Adicional à Carta
Constitucional de 1852, é implementada uma série de reformas que a
instabilidade política, económica, financeira e social protelara. A criação do Ministerio
das Obras Publicas Commercio e Industria é, porventura, a reforma mais
destacável do processo de regeneração económica do país. Fontes Pereira de Melo
- titular da nova pasta – teve uma ação de tal forma marcante que, o seu nome
deu origem a um novo conceito de fomento. O fontismo caracteriza este
período da História de Portugal.
Em 1852, o
Ministro lança as bases do ensino técnico e, quase em simultâneo, cria o Instituto
Industrial em Lisboa que funcionou no mesmo solo onde hoje se encontra o Museu
e Fundação Portuguesa das Comunicações. A construção dos caminhos-de-ferro e a
circulação dos comboios, o lançamento de pontes e estradas, o correio e a
mala-posta, a introdução e o desenvolvimento do telégrafo elétrico são
contemporâneos e resultam da mesma política regeneradora.
Com a morte
da rainha D. Maria II (1)
em 1853, D. Fernando (2)
assume a regência durante a menoridade de D. Pedro. No primeiro ano da
regência são iniciados os trabalhos de construção da via-férrea e a telegrafia
elétrica segue de imediato.
……………………………….
(1) D. Maria II (1819-1853). Reina num período
especialmente conturbado de lutas civis, em que se transita do Antigo Regime
para o Liberalismo Constitucional. Com a evolução da situação política, a
rainha passa a exercer um poder moderno e diferente – o Poder Moderador que a
Carta Constitucional lhe confere. A rainha foi perspicaz na gestão política dos
homens fortes e carismáticos da época, tais como: Passos Manuel, Costa Cabral e
Saldanha. Consegue ultrapassar os períodos de instabilidade da Revolução de
Setembro, a Revolta dos Marechais, a Maria da Fonte e a Belenzada. Após um
certo cansaço da instabilidade que vem desde a primeira década do Século XIX e
com o Acto Adicional à Carta Constitucional, o país entra numa fase de
prosperidade, em especial no sector dos transportes e comunicações com o
conhecido Período Regenerador.
(2) D. Fernando II (1816-1885) príncipe de Saxe
Coburgo-Gotha, por ter nascido em Coburgo – Alemanha. Casa em 1836 com a rainha
D. Maria II. Não é ambicioso pelo poder, nem pela política, mas tem um papel
relevante. Desenha, grava, pinta e canta. É ele quem concebe e manda construir
o belíssimo Palácio-Castelo da Pena em Sintra ao estilo romântico da época.
Assume a regência durante dois anos, após a morte da rainha e enquanto o seu
primogénito Pedro não atinge a maioridade. Tem um papel moderador no Governo do
Reino e educador na corte, nomeadamente nos futuros reis D. Pedro V e D. Luís
I, que imprimem uma marca indelével na época da regeneração económica e
política da Nação, incluindo a introdução e desenvolvimento das
telecomunicações elétricas.
002 D. Fernando II
O primeiro
contrato para a introdução da telegrafia elétrica é celebrado. «A 26 de Abril de 1855 o Ministro Antonio
Maria Fontes Pereira de Mello e Alfredo Bréguet […], contrataram a construção
das linhas telegraphicas aereas do Terreiro do Paço, Côrtes, palacio das
Necessidades, Cintra, Mafra, Carregado, Caldas da Rainha, Alcobaça, Leiria,
Coimbra, Aveiro, Porto, Aldeia Gallega, Barreiro, Setubal, Montemor o Novo,
Évora, Extremoz e Elvas […]». (BARROS: 1891, p. 27)
Este
contrato é confirmado e sustentado por Lei que o rei faz publicar. «DOM FERNANDO, Rei Regente dos Reinos de
Portugal, Algarves, etc., em Nome d`El-Rei, Fazemos saber a todos os subditos
de Sua Majestade, que as Cortes Geraes decretaram, e Nos Queremos a Lei
seguinte:
Artigo 1º - É aprovado e convertido em lei o Contrato celebrado no
Ministério das Obras Publicas, Comercio e Industria, em 26 de Abril de 1855,
entre o Governo e Alfredo Breguet, como representante de Breguet &
Companhia, de Paris, para o estabelecimento de linhas telegraphicas electricas,
designadas nas condições que acompanharam a presente Lei, e dela fazem parte […]
O Ministro e Secretario d`Estado dos Negócios da Fazenda, interinamente
encarregado do Ministério das Obras Publicas, Comercio e Industria, a faça
imprimir, publicar e correr. Dada no Paço das Necessidades, aos 13 de Julho de
1855. = Rei, Regente, com Rubrica e Guarda. = António Maria Fontes Pereira de
Mello.»
003 D. Pedro V. Inaugura a telegrafia elétrica em
Portugal no dia em que faz 18 anos e é aclamado rei
A 16 de
Setembro de 1855, o jovem rei D. Pedro V, acabado de ser investido no mais alto cargo da Nação, inaugura a primeira rede de telegrafia
elétrica em Portugal. As primeiras Estações situam-se: no Terreiro do Paço
(Estação Principal), Cortes (atual Assembleia da República), Necessidades (atual
Palácio dos Negócios Estrangeiros) e Sintra (Palácio da Vila). No fim do ano o
número de empregados do Telégrafo é de 370.
«Achavam-se ao correr do anno de 1855 e principios de 1856,
estabelecida a telegraphia electrica entre nós, aproveitando-se, para esse fim,
os empregados dos telegraphos visuaes» (BARROS: 1891, p. 29).
No ano
seguinte as comunicações chegam ao Porto e a Elvas. Pouco mais de um ano após a
entrada em funcionamento da primeira rede de telegrafia elétrica, é possível ao
Estado português inaugurar a telegrafia internacional. Este ensejo vem a
acontecer, logo que as linhas em Espanha são concluídas. Neste âmbito, a
telegrafia elétrica começa a ser regulada por convenções internacionais.
A primeira
convenção telegráfica de Portugal é realizada com Espanha e é objecto de
aprovação em Lei de 12 de Julho de 1857.
O modelo de acordos foi baseado nas resoluções da Convenção Telegráfica de
Paris de 1855.
O ano de
1856 é muito produtivo para a telegrafia. Os campos e as povoações começam,
pela primeira vez, a ser atravessados com postes e ligações de fios. As duas
principais cidades do País – Capital e Invicta podem comunicar, entre si, no
decurso deste ano e os nossos Técnicos portugueses, cedo começam a inteirar-se
da gestão e da construção das infra-estruturas de transmissão. A primeira linha
de Lisboa ao Porto é concluída com a direção de Joaquim José de Almeida
que substitui com competência o Técnico francês Mr. Debain.
……………………
Fontes:
Imagens - 001; 003 gentileza do Museu / CDI /
Fundação Portuguesa das Comunicações; 002 gentileza "litografia francesa.png|thumb|180px", disponibilizada pela Wiki ... conteúdo livre" in
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:D._Fernando_II,_litografia_francesa.png
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:D._Fernando_II,_litografia_francesa.png
Monografias -
-ANCIÃES, Alfredo. Organização
da Telegrafia Eléctrica no Museu dos CTT. Lisboa: Museu dos CTT; UAL, 1989
-BARROS, Guilhermino
Augusto. Relatório do Director Geral dos Correios, Telegraphos, Pharoes e
Semaphoros Relativo ao Anno de 1889 Precedido pela Continuação da Historia dos
Correios Até ao Fim de 1888 e de Uma Memoria Histórica Acerca da Telegraphia
Visual, Electrica, Terrestre, Maritima, Telephonica e Semaphorica, Desde o Seu
Estabelecimento em Portugal. Lisboa: Imprensa Nacional, 1891
-BARROS, Guilhermino
Augusto; FERREIRA Godofredo. Memória Histórica Àcerca da Telegrafia
Eléctrica em Portugal. 2ª ed. Ampliada com Notas Gravuras e Retratos
Coligidos por Godofredo Ferreira. Lisboa: Separata do Guia Oficial dos CTT,
1943
-FERREIRA, Godofredo. Coisas e Loisas do Correio. Ligeiros Apontamentos
Coligidos por Godofredo Ferreira. Lisboa: CTT, 1955
Artigo -
-SERRÃO, Joel (direcção) - “Regeneração
e Regenerador” in Dicionário de História de Portugal. Porto: Livraria
Figueirinhas, 1981
Artigo em linha
acedido em 04.04.2017 -
-ANCIÃES, Alfredo Ramos – “Telegrafia
Eléctrica” http://www.fpc.pt/Portals/0/Flipbook/Codice%202005/files/assets/basic-html/page82.html
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