quarta-feira, 5 de abril de 2017

142.REGENERAÇÃO: O AMBIENTE QUE ACOLHE A TELEGRAFIA ELÉCTRICA


001 Rainha D. Maria II
Palavras-chave: 1855, D. Fernando II, D. Maria II, D. Pedro V, Fontes Pereira de Melo, inauguração, Ministério das Obras Públicas Comércio e Indústria, Telegrafia Elétrica

Com o advento do movimento Regenerador em 1851, e o Acto Adicional à Carta Constitucional de 1852, é implementada uma série de reformas que a instabilidade política, económica, financeira e social protelara. A criação do Ministerio das Obras Publicas Commercio e Industria é, porventura, a reforma mais destacável do processo de regeneração económica do país. Fontes Pereira de Melo - titular da nova pasta – teve uma ação de tal forma marcante que, o seu nome deu origem a um novo conceito de fomento. O fontismo caracteriza este período da História de Portugal.

Em 1852, o Ministro lança as bases do ensino técnico e, quase em simultâneo, cria o Instituto Industrial em Lisboa que funcionou no mesmo solo onde hoje se encontra o Museu e Fundação Portuguesa das Comunicações. A construção dos caminhos-de-ferro e a circulação dos comboios, o lançamento de pontes e estradas, o correio e a mala-posta, a introdução e o desenvolvimento do telégrafo elétrico são contemporâneos e resultam da mesma política regeneradora.

Com a morte da rainha D. Maria II (1) em 1853, D. Fernando (2) assume a regência durante a menoridade de D. Pedro. No primeiro ano da regência são iniciados os trabalhos de construção da via-férrea e a telegrafia elétrica segue de imediato.

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(1) D. Maria II (1819-1853). Reina num período especialmente conturbado de lutas civis, em que se transita do Antigo Regime para o Liberalismo Constitucional. Com a evolução da situação política, a rainha passa a exercer um poder moderno e diferente – o Poder Moderador que a Carta Constitucional lhe confere. A rainha foi perspicaz na gestão política dos homens fortes e carismáticos da época, tais como: Passos Manuel, Costa Cabral e Saldanha. Consegue ultrapassar os períodos de instabilidade da Revolução de Setembro, a Revolta dos Marechais, a Maria da Fonte e a Belenzada. Após um certo cansaço da instabilidade que vem desde a primeira década do Século XIX e com o Acto Adicional à Carta Constitucional, o país entra numa fase de prosperidade, em especial no sector dos transportes e comunicações com o conhecido Período Regenerador.

 (2) D. Fernando II (1816-1885) príncipe de Saxe Coburgo-Gotha, por ter nascido em Coburgo – Alemanha. Casa em 1836 com a rainha D. Maria II. Não é ambicioso pelo poder, nem pela política, mas tem um papel relevante. Desenha, grava, pinta e canta. É ele quem concebe e manda construir o belíssimo Palácio-Castelo da Pena em Sintra ao estilo romântico da época. Assume a regência durante dois anos, após a morte da rainha e enquanto o seu primogénito Pedro não atinge a maioridade. Tem um papel moderador no Governo do Reino e educador na corte, nomeadamente nos futuros reis D. Pedro V e D. Luís I, que imprimem uma marca indelével na época da regeneração económica e política da Nação, incluindo a introdução e desenvolvimento das telecomunicações elétricas.
002 D. Fernando II

 O primeiro contrato para a introdução da telegrafia elétrica é celebrado. «A 26 de Abril de 1855 o Ministro Antonio Maria Fontes Pereira de Mello e Alfredo Bréguet […], contrataram a construção das linhas telegraphicas aereas do Terreiro do Paço, Côrtes, palacio das Necessidades, Cintra, Mafra, Carregado, Caldas da Rainha, Alcobaça, Leiria, Coimbra, Aveiro, Porto, Aldeia Gallega, Barreiro, Setubal, Montemor o Novo, Évora, Extremoz e Elvas […]». (BARROS: 1891, p. 27)

Este contrato é confirmado e sustentado por Lei que o rei faz publicar. «DOM FERNANDO, Rei Regente dos Reinos de Portugal, Algarves, etc., em Nome d`El-Rei, Fazemos saber a todos os subditos de Sua Majestade, que as Cortes Geraes decretaram, e Nos Queremos a Lei seguinte:

Artigo 1º - É aprovado e convertido em lei o Contrato celebrado no Ministério das Obras Publicas, Comercio e Industria, em 26 de Abril de 1855, entre o Governo e Alfredo Breguet, como representante de Breguet & Companhia, de Paris, para o estabelecimento de linhas telegraphicas electricas, designadas nas condições que acompanharam a presente Lei, e dela fazem parte […] O Ministro e Secretario d`Estado dos Negócios da Fazenda, interinamente encarregado do Ministério das Obras Publicas, Comercio e Industria, a faça imprimir, publicar e correr. Dada no Paço das Necessidades, aos 13 de Julho de 1855. = Rei, Regente, com Rubrica e Guarda. = António Maria Fontes Pereira de Mello.»

 

003 D. Pedro V. Inaugura a telegrafia elétrica em Portugal no dia em que faz 18 anos e é aclamado rei

A 16 de Setembro de 1855, o jovem rei D. Pedro V, acabado de ser investido no mais alto cargo da Nação, inaugura a primeira rede de telegrafia elétrica em Portugal. As primeiras Estações situam-se: no Terreiro do Paço (Estação Principal), Cortes (atual Assembleia da República), Necessidades (atual Palácio dos Negócios Estrangeiros) e Sintra (Palácio da Vila). No fim do ano o número de empregados do Telégrafo é de 370.

«Achavam-se ao correr do anno de 1855 e principios de 1856, estabelecida a telegraphia electrica entre nós, aproveitando-se, para esse fim, os empregados dos telegraphos visuaes» (BARROS: 1891, p. 29).

No ano seguinte as comunicações chegam ao Porto e a Elvas. Pouco mais de um ano após a entrada em funcionamento da primeira rede de telegrafia elétrica, é possível ao Estado português inaugurar a telegrafia internacional. Este ensejo vem a acontecer, logo que as linhas em Espanha são concluídas. Neste âmbito, a telegrafia elétrica começa a ser regulada por convenções internacionais.

A primeira convenção telegráfica de Portugal é realizada com Espanha e é objecto de aprovação em Lei de 12 de Julho de 1857. O modelo de acordos foi baseado nas resoluções da Convenção Telegráfica de Paris de 1855.

O ano de 1856 é muito produtivo para a telegrafia. Os campos e as povoações começam, pela primeira vez, a ser atravessados com postes e ligações de fios. As duas principais cidades do País – Capital e Invicta podem comunicar, entre si, no decurso deste ano e os nossos Técnicos portugueses, cedo começam a inteirar-se da gestão e da construção das infra-estruturas de transmissão. A primeira linha de Lisboa ao Porto é concluída com a direção de Joaquim José de Almeida que substitui com competência o Técnico francês Mr. Debain.

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Fontes:

Imagens - 001; 003 gentileza do Museu / CDI / Fundação Portuguesa das Comunicações; 002 gentileza "litografia francesa.png|thumb|180px", disponibilizada  pela Wiki ... conteúdo livre" in
 https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:D._Fernando_II,_litografia_francesa.png

Monografias -

-ANCIÃES, Alfredo. Organização da Telegrafia Eléctrica no Museu dos CTT. Lisboa: Museu dos CTT; UAL, 1989

-BARROS, Guilhermino Augusto. Relatório do Director Geral dos Correios, Telegraphos, Pharoes e Semaphoros Relativo ao Anno de 1889 Precedido pela Continuação da Historia dos Correios Até ao Fim de 1888 e de Uma Memoria Histórica Acerca da Telegraphia Visual, Electrica, Terrestre, Maritima, Telephonica e Semaphorica, Desde o Seu Estabelecimento em Portugal. Lisboa: Imprensa Nacional, 1891

-BARROS, Guilhermino Augusto; FERREIRA Godofredo. Memória Histórica Àcerca da Telegrafia Eléctrica em Portugal. 2ª ed. Ampliada com Notas Gravuras e Retratos Coligidos por Godofredo Ferreira. Lisboa: Separata do Guia Oficial dos CTT, 1943

-FERREIRA, Godofredo. Coisas e Loisas do Correio. Ligeiros Apontamentos Coligidos por Godofredo Ferreira. Lisboa: CTT, 1955

Artigo -

-SERRÃO, Joel (direcção) - “Regeneração e Regenerador” in Dicionário de História de Portugal. Porto: Livraria Figueirinhas, 1981

Artigo em linha acedido em 04.04.2017 -

-ANCIÃES, Alfredo Ramos – “Telegrafia Eléctrica” http://www.fpc.pt/Portals/0/Flipbook/Codice%202005/files/assets/basic-html/page82.html

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