domingo, 26 de março de 2017

137.OS PRECURSORES DA MÁQUINA FALANTE PORTUGUESA


   Sou um telefone precursor. O primeiro de Alexander Graham Bell, de 1875. Tive existência experimental, antes do meu congénere patenteado alguns meses após, em 1876
01.Telefone experimental de Graham Bell de 1875 com alcance de algumas dezenas ou escassas centenas de metros




02. Imagem do mesmo telefone em posição de funcionamento

   Quando o telefone meu sucessor viu o registo patenteado, em 1876, foi imediatamente contestado por Elisha Gray (EUA) que dera entrada a um requerimento de patente no mesmo dia do meu inventor. Aliás Bell - meu criador e Gray esgrimiram-se longo tempo em Tribunal. Já eramos pelo menos três telefones, de três inventores diferentes.

   O meu criador Alexander Graham Bell ficou reconhecido como o inventor. Mas em Junho de 2002 (126 anos após) o Congresso norte-americano aprova uma resolução relativa à primeira paternidade do telefone. Desta vez a prioridade vai para Antonio Meucci que também se esforçara para que os aparelhos falantes fossem uma útil realidade

   Antonio Meucci (Florença, 1808 +Nova Iorque,1889) construíra o seu modelo, quase 20 anos antes do meu inventor Alexander Bell me ter apresentado como peça de interesse para comunicar com as pessoas e não só como um objeto bibelot e /ou de gabinete de curiosidades.

   As surpresas não ficam por ali. Documentos recentemente publicados vêm reivindicar outro invento e inventor: Phillip Reis (Alemanha) terá construído alguns modelos 13 anos antes de Bell e de Gray . E dizem que os seus protótipos já estavam mais evoluídos.

03. Primeiro telefone patenteado por Graham Bell em 1876

   Polémicas à parte. Estou aqui para me apresentar, enquanto primeira peça de Graham Bell. Fiz História enquanto modelo de experiências em gabinete. Como o meu design é apenas de peça experimental (veja peça supra imagens 01 e 02), não me deram as feições como objeto funcional. Talvez por isso o meu inventor não tenha pensado em pedir o registo de patente para mim, logo em 1875. Se o fizesse, teria evitado o longo processo judicial com Elisha Gray. Na parte que me toca, estou feliz. Fui o primeiro modelo com que Bell realizou as suas experiências de tele-transmissão da voz por meios elétricos. Fui o telefone eureka – o primeiro mecanismo elétrico falante a ser divulgado. Na altura que o termo telefone, nem sequer ainda existia nos dicionários.

   Fico ao dispor para me visitarem, como réplica fidedigna, executada no Museu de Ciência de Londres. Estou na Fundação Portuguesa das Comunicações / Museu, em Lisboa, Rua do Instituto Industrial, nº 16.

   Aproveite para me comparar com alguns dos meus sucessores e telefones mais funcionais, inovados pelos portugueses Cristiano Augusto Bramão (Elvas, 1840 +Lisboa, 1881) e por Maximiliano Augusto Herrmann (Lisboa, 1838 +1913).
04. Telefone dito de Bell, modelo de 1877. Foi melhorado, em Lisboa, por Cristiano Augusto Bramão e pelo industrial Maximiliano Augusto Herrmann, tendo a melhoria sido registada em patente com o número 633 do Instituto Nacional de Propriedade Industrial;
05. Um dos telefones mais inovadores até finais do seculo xx é português, de Cristiano Augusto Bramão, 1879, com a colaboração de Maximiliano Augusto Herrmann.
      Nota final: Portugal vai-nos surpreendendo, desde a formação da nacionalidade, o alargamento de espaços geográficos e a expansão da lusofonia; as navegações arrojadas com caravelas e naus mais capacitadas se sempre: A ciência náutica; a primeira passarola voadora de Bartolomeu Lourenço de Gusmão. As primeiras travessias aéreas, do velho continente para a América do Sul, por Gago Coutinho e Sacadura Cabral; os telégrafos e os telefones mais fáceis de utilizar e com melhores funcionalidades de  Cristiano Augusto Bramão e de Maximiliano Augusto Herrmann.
   Palavras-chave: Alemanha, Antonio Meucci, Canadá, ciência, Cristiano Augusto Bramão, Estados Unidos da América, Escócia, Itália, Maximiliano Augusto Herrmann, Portugal, técnica, telefone.

Fontes imagens:

   Gentileza CDI / Património e Museu. Lisboa: FPC - Fundação Portuguesa das Comunicações e coleção de calendários de bolso, editados em 1986, da iniciativa da célula PCP dos CTT – Organização Regional de Lisboa.

Fontes bibliografia:

 -ANCIÃES, Alfredo Ramos. – “Telefone Precursor de Bell”. Lisboa: Revista Clube PT2, II série, maio 2004.

 -ANCIÃES, Alfredo Ramos, JANEIRA, Ana Luísa, et al “Quando os Objectos de Colecção Falam das Telecomunicações” - O Mundo das Colecções dos Nossos Encantos. Lisboa: Centro Interdisciplinar de Ciência, Tecnologia e Sociedade (CICTSUL) da Fac. Ciências, Univ. Clássica de Lisboa.

 -ANCIÃES, Alfredo Ramos; MOURA, Fernando, et al – 100 Anos de Telefone (1876-1976). Lisboa: Fundação Portuguesa das Comunicações; Estar Editora, Ldª, s.d.

 -CARVALHO, Rómulo de - História do Telefone. Coimbra: Atlântida, 1952 (Ciência para Gente Nova; Nº 1.

 -EINAUDI, et al - ”Colecção” / Krzysztof  POMIAN. Lisboa: INCM ©.- EINAUDI, Vol. 1 História, 1984, pp. 51-86.

 -NASCIMENTO, Rosana - O Objecto Museal, Sua Historicidade: Implicações na Acção Documental e na Dimensão Pedagógica do Museu. Lisboa: Cadernos de Sociomuseologia, 1999. (Centro Estudos Sociomuseologia) ULHT, Nº 13.

 -PÚBLICO, Jornal, et al - “Descobertos no Museu das Ciências de Londres. Novos Documentos Relançam Debate Sobre a Paternidade do Telefone”. Jornal - Público, Quinta-feira, 4 de Dezembro de 2003.

 -WIKI et al “Alexander Graham Bell”  https://pt.wikipedia.org/wiki/Alexander_Graham_Bell

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