No Convento da Santíssima
Trindade dos Frades Trinos da Redenção dos Cativos na Rua Nova da Trindade -
Lisboa.
(reconstrução
de púlpito no antigo e novo local de refeições)
A construção data do século
XIII, mais propriamente de 1294. Do tempo do “rei poeta e lavrador” de nome
Dinis e Santa Rainha. Nesta altura já D. Dinis havia estabelecido “as pazes com
os bispos portugueses, sendo a concórdia sancionada pelo papa em 1289”. Também
foi este rei poeta quem instituiu o ensino da formação em Teologia na cidade
olisiponense.
Daí estarem criadas as
condições propícias à criação de conventos Contudo, D. Dinis estabelece regras: “As
ordens religiosas são proibidas de herdar dos seus professos”; possivelmente
para evitar que se concentrem riquezas, influências e poderes excessivos em
instituições religiosas. Além disso D. Dinis estabelece que tabeliães fiquem
“proibidos de lavrar escrituras de venda de propriedade a religiosos.” E determina
ainda as Inquirições para averiguar quais as terras indevidamente apropriadas,
quer pela nobreza, quer pelo clero.
(sala
no antigo refeitório dos monges. Imagem gentileza Cervejaria Trindade,
desdobrável)
Estabelecidas as principais regras,
mudam-se as circunstâncias. O rei e a rainha vão, eles próprios, apoiar a Ordem
de Cristo, os franciscanos e várias instituições de assistência social e
religiosa, incluindo a criação de um Hospital em Santarém.
É neste contexto de apoio a
obras assistenciais que o Convento da Santíssima Trindade dos Frades Trinos da
Redenção dos Cativos inicia a sua existência. A função desta Ordem Trinitária,
onde se inclui o Convento da Trindade (designação abreviada) não se esgota na
redenção dos cativos como consta na
sua denominação. A Ordem, originária da localidade de Cerfroid, cerca de Paris, criada por São João da Mata e por São Félix de Valois, atua também na hospitalidade, educação, cuidados nas
igrejas e evangelização.
O Convento da Trindade passa
por várias provações e é, algumas vezes, destruído: Em 1704 por um incêndio; em 1755,
pelo grande terramoto, seguido logo no ano imediato por novo incêndio. Finalmente,
em 1834 é extinto, como muitos outros.
Parte do património posto a
venda, é comprado por Manuel Garcia, industrial galego. Este empreendedor teve
visão de negócio, investindo na primeira fábrica de cerveja de Portugal, no local onde já
havia boémia vária, reuniões de grupos e um crescendo número de trabalhadores
tipográficos, do correio geral, transportes e comércio e muitos residentes no
novo Bairro Alto e Baixa - Chiado.
E a Casa – ex-Convento adquirido
pelo industrial galego nunca mais fechou, até à atualidade, tornando-se social
e típica. Os espaços do refeitório monacal e alguns outros adjacentes foram decorados
por Francisco Ferreira (o “Ferreira das Tabuletas”) apresentando simbologia
maçónica, os Quatro Elementos” terrestres, as Quatro Estações (tendo uma sido
destruída).Também as imagens representantes da Indústria e do Comércio.
Maria Keil, residente por
longos anos na proximidade, também foi chamada a intervir na decoração.
003
Imagem AA. decoração signo maçónico
Falta falar da cerveja e das
iguarias apresentadas para este local que serve bem, sem se arvorar em
formalidades, apresenta salas entre o típico popular, outras mais chiques e intimistas.
As iguarias estão de acordo para uma cervejaria e a uma dieta pró
mediterrânica.
E bons apetites em espaços de
cultura, memória-oração e retiro.Tags: Convento da Santíssima Trindade dos Frades Trinos da Redenção dos Cativos, Cervejaria Trindade, património decorativo, património edificado
Fontes:
TRINDADE, Cervejaria, et al. – “A História”, desdobrável s.l; s.d.
Em linha -
-BRANQUINHO Isabel – Aproximação ao Convento do Mosteiro da Santa Trindade de Santarém (1208-1500) - http://repositorio.ucp.pt/bitstream/10400.14/4423/3/LS_S2_13-14_IsabelBranquinho.pdf
-INÁCIO, Carlos Revez; CABRITA, Fernanda;
PEREIRA, Guilherme; SILVA, José
António, et al. – “Na Trindade, Nem Sempre Bom Vento, Nem Sempre
Convento” in “Congresso Internacional os
Trinitários e os Mercedários no Mundo Luso-Hispânico”. Lisboa, 20 a 23 de Julho, 2016 (resumos) - http://antt.dglab.gov.pt/wp-content/uploads/sites/17/2016/07/2016-07-Resumos-Cong-Trinitario.pdf
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