Partiu para uma nova viagem um
Homem realmente Bom, como se pode ler na nota do cartão póstumo aqui anexo. Retirou-se
por altura do ex-Presidente Mário Soares. O seu corpo esteve na Igreja de Nossa
Senhora de Fátima, na Avenida de Berna, Lisboa, onde foi realizada vigília e
missa de corpo presente. Foi a incinerar em Barcarena no dia 9.1.2017.
Meu colaborador superior, no
sentido em que o conheci como gestor de Serviços. Primeiro na DMCCA - Direcção de Marketing e do Património Cultural
do Conselho de Administração e no GIACICA (Gabinete de Imagem e Acção Cultural
Institucional do Conselho de Administração) dos CTT, em finais dos anos 80`s. Mais
tarde em 2005/2006 na Fundação Portuguesa das Comunicações. Nesta última
Organização colaborámos diariamente, durante vários meses.
O Dr. Carlos Bernardo era um
Homem de baixa estatura física, media cerca de 1,60m, se tanto, no entanto e
como diz o jargão popular, os homens não se medem aos palmos. Como pessoa boa, íntegra
e culta era gigante.
Vivia mal com a iniquidade e a
corrupção que conhecera no país e nas empresas. Vária do conhecimento público,
até pela imprensa; outra referida em meios mais pequenos. Por não se prestar a
iniquidades e corrupções foi, algumas vezes, transferido de serviços.
Quando no final do ano transato
telefonei para marcarmos o almoço habitual de Natal do nosso grupo, atende-me a
esposa informando-me que o marido estava com problemas de saúde.
Amigo do seu amigo e com grande
consideração por e em quem confiava. No último período de trabalho em que
colaborámos assiduamente, o Dr. Carlos Bernardo estava destacado com a função
de controlar o meu trabalho e equipa.
Deu-se a incidência de, por caso
inédito na História das telecomunicações, as tecnologias serem completamente
alteradas em poucos anos, produto da reconversão do analógico em digital, numa
época de explosão da utilização destas tecnologias.
Por esta razão e ainda:
pela privatização das
empresas; pela separação das áreas de correios e telecomunicações; pelas
políticas culturais adotadas com a criação de uma FPC (Fundação Portuguesa das
Comunicações); pelo desenvolvimento da ANACOM (Autoridade Nacional de
Comunicações); pela criação de uma Fundação Portugal Telecom e por via da minha
própria passagem à aposentação, foi imprescindível tratar da conferência,
catalogação e entrega do património de Comunicações aos CTT, à PT, à ANACOM e à
FPC.
Uma quantidade inédita de mais
de dezassete mil registos informativos, só de telecomunicações, correspondentes
a cerca de cinquenta mil peças, tudo a realizar em tempo record, relativamente
ao megaprojeto. Como a função de controlo se revelava desnecessária, o Dr.
Carlos Bernardo não perdia oportunidade de ajudar na desinstalação,
reinstalação e transporte de peças das áreas de reserva e acomodação para as
mesas de catalogação e vice-versa, sem quaisquer preconceitos de sujar mãos e
roupa.
Se já eramos respeitadores e de
confiança mútua, com o projeto de patrimonialização e entrega às entidades, ficámos
mais amigos e nunca deixámos de festejar a amizade sobretudo nos finais de
ano.
Foi, pois, com muita dor que me
despedi fisicamente do Homem Bom.
“Boa viagem” caro Amigo e boa estada perante
o Altíssimo.
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Tags: ANACOM, CTT, FPC, Fundação PT, memória, património de comunicações, saudade
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