quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

123 TURISMO E MUSEOLOGIA EM LISBOA: ENTRE A HISTÓRIA E AS LENDAS

A visita de Grupo ao Príncipe Real / São Pedro de Alcântara teve lugar no dia 9.01.2017 em colaboração com a Universidade Sénior e União das Freguesias de Massamá e Monte Abraão.



Imagem do palácio romântico neo-árabe ou dos três torreões

Analisámos sinais físicos e imateriais representativos dos valores históricos, culturais e museais (a) da portugalidade e do território em que nos revemos no terreno, entre as populações, nos hábitos e nas expressões; nas peças artísticas, na geografia e na toponímia.
....
(a)
Seria pertinente e salutar que a ação museológica fosse implementada nestas áreas. Levar o Museu Aberto e Social ao Bairro. Teria todo o sentido que os Museus da zona descessem à rua implementando/comutando (permutando, comunicando) conhecimentos que a museologia tradicional e social confere; em conjugação com os poderes autárquicos e Organizações patrimoniais. Os museus da zona trabalhando com e para as populações poderiam sugerir a musealização dos patrimónios extra muros com mais e melhor informação in loco, com a reconstituição de peças de arte mutiladas ou desaparecidas, como é o caso de vários bustos no patamar inferior do Jardim de São Pedro de Alcântara.
Na visita apresentámos o que foi possível, atendendo ao tempo e ao espaço, às perguntas e às respostas.

Entre as marcas da herança cultural abordadas, várias mereciam uma apresentação mais detalhada, outras marcas e equipamentos passaram ao lado sem serem contempladas com uma leve descrição.

Contudo, parte da informação que preparámos, e não conseguimos expor, pode ser consultada nos endereços e links incluídos neste artigo.

A referência ao povo indígena (extrímnico ou pré celta) que, em nossa opinião, contribuiu para a distinção do povo que hoje somos, tem primado pela ausência no sistema clássico de ensino formal.

Daí, quando nos referimos às origens de Lisboa e do território litoral atlântico, coincidente com o atual Portugal, Galiza, Bretanha Francesa, Ilhas Britânicas e Irlanda; duas atitudes se perfilam:

1)ou se fica mais interessado e atento ao discurso inusitado no sistema de ensino formal;

2)ou, pelo inverso, quando nos referimos ao tempo pré-clássico, o interesse diminui, quiçá, por não haver suficiente investimento arqueológico, museológico e arquivístico e algum desinteresse pela parte do referido ensino formal.
Ulisses em São Pedro de Alcântara, contorcido a olhar idealmente para o Sul e o Ocidente (sudoeste). Porque será que o seu rosto se contorce para estes horizontes? A resposta "estará nas Estrelas" e na HISTÓRIA dos Extrímnico/Lusófonos, reconhecidos e enformados pelas raízes gregas. A obra de Homero (onde Ulisses é personagem primeiríssima) é especialmente adotada por Camões, Fernando Pessoa e pelo atual Frederico Lourenço.

Na visita a São Pedro de Alcântara, entre a toponímia, a arqueologia da paisagem e a série de bustos da idade pré-clássica, clássica e renascença, não podíamos deixar de apresentar referências aos povos precedentes: antes das invasões bárbaras seguidas por fenícios, gregos, romanos; novamente bárbaros, mouros/árabes, europeus medievais, portugueses da Renascença e dos Descobrimentos, representados, alguns, em peças artísticas na Colina de São Roque.

Começámos no Príncipe Real com a referência ao povo pré celta (ou Extrímnio). Pressentíamos que não iríamos ter tempo nem condições em S. Pedro de Alcântara, perante a empolgante paisagem da colina miradouro.

No final da visita uma parte do grupo opta por prosseguir o percurso, por sua livre iniciativa, a fim de fruir a cidade, ora valorizada com a informação apresentada no programa de museologia tradicional nova e social, ora pelos artigos entretanto publicados nesta plataforma. (V. entradas bibliográficas e seus links).


QUEM ERA ULISSES REPRESENTADO NO MIRADOURO / COLINA DE SÃO PEDRO DE ALCÂNTARA?
Recordamos o busto do célebre Ulisses, uma das marcas artísticas que terá deixado curiosidade, entre o grupo, e cuja influência, presencial ou simplesmente lendária, terá contribuído para o nome de Lisboa.
 
A lenda refere ainda que Ulisses teria a intenção de fundar por estas geografias do Arco Atlântico (b) um território/nação chamado Ulisseia. A História (com “H” grande) não registou tal nome mas as influências gregas, prosseguidas pela romanidade prolongam-se e entranham-se na Civilização Ocidental ao ponto de em 2016 termos assistido à atribuição do "Prémio Pessoa", referente à tradução e reedição de duas obras de Homero, pelo labor, dedicação e saber do português Frederico Lourenço.
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b)Sobretudo na parte de influência marítima de Portugal, mas possivelmente alargado à Galiza, Bretanha Francesa, Ilhas Britânicas e Irlanda
D. João de Castro, Vice-Rei da Índia, o mesmo que deu e empenhou tudo em favor das suas tropas, de Portugal e da cidade-fortaleza de Diu, Património Mundial da Humanidade

A vida de Ulisses entrelaça-se com a História da Grécia Antiga, nomeadamente na Odisseia, obra que reflete o nome de Odisseu (em grego); ou Ulisses (em latim) e exalta a civilização helénica.

Ulisses é o herói principal do cerco a Troia. Homero seu criador esmera-se na estratégia, nos seus dotes oratórios, quiçá inspirado pelo museion e pelas suas deusas/musas inspiradoras. Ulisses consegue persuadir os seus correligionários e enganar os opositores troianos.

Ulisses imagina o célebre assalto a Troia que vale o desenlace com a vitória na conquista da cidade.

Ulisses é o principal guerreiro camuflado no cavalo artificial, construído como oferta ardilosa aos troianos. Depois da conquista e libertação de Helena resolve regressar à sua terra e enfrenta perigos mil.

Numa versão lendária (quiçá, representativa de uma realidade possível), Homero deambula e chega ao extremo do continente euroasiático (o tal Arco Atlântico extrímnico, pré-céltico ou celtóide). Encontra aqui um povo singular na descrição de Festus Rufus Avienus que se serve de fontes, nomeadamente de Ptolomeu e de Estrabão, entre outras mais antigas.

Ainda segundo a lenda, Ulisses é tentado pela sedução da rainha do povo indígena nestes promontórios e estuário do Tejo. A custo liberta-se da rainha Ofiúsa (c) que o tenta raptar. Na perseguição pela costa e mar adentro, Ofiúsa e o seu povo provocam abalos terrestres e marítimos, tendo-se assim originado mais uma das versões da formação das 7 colinas de Lisboa.
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(c)Mistura de serpente e mulher, ou simplesmente tatuada com os totens serpentiformes alusivos à cultura do povo celta ou pré celta.

No regresso atribulado à sua ilha de Ítaca, envelhecido, cansado e desfigurado; em primeira instância só Argus, o seu cão fiel, o reconhece.

E PARA FERNANDO PESSOA, QUEM ERA ULISSES?

«[…] ULISSES

Este, que aqui aportou,

Foi por não ser existindo.

Sem existir nos bastou.

Por não ter vindo foi vindo

E nos creou.

 
Assim a lenda se escorre

A entrar na realidade,

E a fecundal-a decorre. / […]» 

Extrato do poema a Ulisses in Mensagem, grafia/texto original, p. 19 (d)
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(d)Para uma outra interpretação deste poema simbólico de Portugal histórico, presente e futuro. Veja ainda SOUSA, Rejane (ob.cit.)

 E assim concluo com:

 Musas e inspiração

Território, Povo, Geo Língua,

Mar, História, descrição,

Pátria, Presente, vastidão
Princípio, Futuro, Nação.
Fontes bibliográficas:

-MORAIS, Gabriela –Lenda da Fundação de Portugal, Irlanda e Escócia, 3ª ed. Lisboa: Apenas Livros, 2011;

-Id. Lisboa Guarda Segredos Milenares: Santa Brígida Uma deusa Céltica no Lumiar. Lisboa: Apenas Livros, 2011

-PESSOA, Fernando – Mensagem. Lisboa: Livraria do Dr. Pedro de Moura e Sá, 1934

 Fontes em linha, acedidas em 17.01.2017:

-ANCIÃES, Alfredo Ramos – “090. Museus Museion Musas e epopeias em Contexto” http://cumpriraterra.blogspot.pt/2016/08/90museus-museion-musas-e-epopeias-em-um.html ;

-Id. “104. Uma Visita a Lisboa em tempo de Santos” http://cumpriraterra.blogspot.pt/2016/10/104-uma-visita-lisboa-em-tempo-de-santos.html ;

-Id. “105. Uma Visita à Sétima Colina de Lisboa”: Quando as Perguntas são tão Interessantes quanto as Respostashttp://cumpriraterra.blogspot.pt/2016/10/105-uma-visita-setima-colina-de-lisboa.html ;

-Id. “106. Visita à Sétima Colina de Lisboa Inclui Entre outros e Importantes Atrativos, a Comemoração de um Tricentenário” http://cumpriraterra.blogspot.pt/2016/11/106-visita-setima-colina-de-lisboa.html ;

-Id. “107. Localidades e Patrimónios Tangíveis e Virtuais” http://cumpriraterra.blogspot.pt/2016/11/107-localidades-patrimonios-tangentes-e.html ;

-Id. “109. Jardim e Miradouro de São Pedro de Alcântara” http://cumpriraterra.blogspot.pt/2016/11/109-jardim-e-miradouro-de-sao-pedro-de.html ;

-Id. “110. A Centralidade e o Nome de Lisboa – Portugal para lá do Mito Conto e Lenda” http://cumpriraterra.blogspot.pt/2016/11/110-geografia-centralidade-de-portugal.html ;

-Id. “112. Sétima Colina de Lisboa foi Precursora” http://cumpriraterra.blogspot.pt/2016/11/112-setima-colina-de-lisboa-foi.html ;

-ID. “115 Bairro Alto / Sétima Colina Curiosidades” http://cumpriraterra.blogspot.pt/2016/12/115-bairro-alto-setima-colina.html ;

-Id. 117. Portugalidade: Relação com Patrimónios Culturais e Assistenciais” http://cumpriraterra.blogspot.pt/2016/12/117-portugalidade-relacao-com.html ;

-Id. 118. Patrimónios e Fratrimónios na Colina de São Roque” http://cumpriraterra.blogspot.pt/2016/12/118.html ;

-Id. “121.Trindade: A Mais Antiga Fábrica de Cerveja” http://cumpriraterra.blogspot.pt/2016/12/121trindade-mais-antiga-fabrica-de.html .



-MORENO, Roberto - “Fundação Geolingua na Televisão RTP de Portugal, em 2004.mp4” https://www.youtube.com/watch?v=OhW0YSmLXt8

-QUEIRÓS, Luís Miguel - “Frederico Lourenço: Prémio Pessoa para o Tradutor de Homero e da Bíbliahttps://www.publico.pt/2016/12/09/culturaipsilon/noticia/-e-o-premio-pessoa-2016-1754215

-SENA-LINO, Pedro - “Ofiusa [Lenda da Fundação de Lisboa]”  http://cronicasdebizancio.blogspot.pt/2015/05/ofiusa.html

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