A
visita de Grupo ao Príncipe Real / São Pedro de Alcântara teve lugar no dia
9.01.2017 em colaboração com a Universidade Sénior e União das Freguesias de Massamá
e Monte Abraão.
Imagem do palácio romântico neo-árabe ou dos três torreões
Analisámos
sinais físicos e imateriais representativos dos valores históricos,
culturais e museais (a) da portugalidade e do território em que nos revemos no terreno, entre
as populações, nos hábitos e nas expressões; nas peças artísticas, na geografia
e na toponímia.
.... (a)
Seria pertinente e salutar que
a ação museológica fosse implementada nestas áreas. Levar o Museu
Aberto e Social ao Bairro. Teria todo o sentido que os
Museus da zona descessem à rua implementando/comutando (permutando, comunicando)
conhecimentos que a
museologia tradicional e social confere; em conjugação com os poderes
autárquicos e Organizações patrimoniais. Os museus da zona trabalhando com e para as populações poderiam sugerir a musealização dos
patrimónios extra muros com mais e melhor informação in loco, com a reconstituição de peças de arte mutiladas ou
desaparecidas, como é o caso de vários bustos no patamar inferior do Jardim de
São Pedro de Alcântara.
Na visita apresentámos o que foi possível, atendendo ao tempo e ao espaço, às perguntas e às respostas.
Entre as marcas da herança cultural abordadas, várias mereciam uma apresentação mais detalhada, outras marcas e equipamentos passaram ao lado sem serem contempladas com uma leve descrição.
Entre as marcas da herança cultural abordadas, várias mereciam uma apresentação mais detalhada, outras marcas e equipamentos passaram ao lado sem serem contempladas com uma leve descrição.
Contudo,
parte da informação que preparámos, e não conseguimos expor, pode ser
consultada nos endereços e links incluídos neste artigo.
A
referência ao povo indígena (extrímnico ou pré celta) que, em nossa opinião, contribuiu
para a distinção do povo que hoje somos, tem primado pela ausência no sistema clássico
de ensino formal.
Daí,
quando nos referimos às origens de Lisboa e do território litoral atlântico, coincidente
com o atual Portugal, Galiza, Bretanha Francesa, Ilhas Britânicas e Irlanda; duas
atitudes se perfilam:
1)ou se
fica mais interessado e atento ao discurso inusitado no sistema de ensino formal;
2)ou,
pelo inverso, quando nos referimos ao tempo pré-clássico, o interesse diminui,
quiçá, por não haver suficiente investimento arqueológico, museológico e
arquivístico e algum desinteresse pela parte do referido ensino formal.
Na
visita a São Pedro de Alcântara, entre a toponímia, a arqueologia da paisagem e
a série de bustos da idade pré-clássica, clássica e renascença, não podíamos
deixar de apresentar referências aos povos precedentes: antes das invasões bárbaras
seguidas por fenícios, gregos, romanos; novamente bárbaros, mouros/árabes,
europeus medievais, portugueses da Renascença e dos Descobrimentos, representados,
alguns, em peças artísticas na Colina de São Roque.
Começámos
no Príncipe Real com a referência ao povo pré celta (ou Extrímnio). Pressentíamos que não iríamos ter tempo nem condições em
S. Pedro de Alcântara, perante a empolgante paisagem da colina miradouro.
No
final da visita uma parte do grupo opta por prosseguir o percurso, por sua livre iniciativa,
a fim de fruir a cidade, ora valorizada com a informação apresentada no
programa de museologia tradicional nova e
social, ora pelos artigos entretanto publicados nesta plataforma. (V. entradas
bibliográficas e seus links).
QUEM ERA ULISSES REPRESENTADO NO MIRADOURO / COLINA DE SÃO PEDRO DE ALCÂNTARA?
Recordamos
o busto do célebre Ulisses, uma das marcas artísticas que terá deixado
curiosidade, entre o grupo, e cuja influência, presencial ou simplesmente
lendária, terá contribuído para o nome de Lisboa.
A lenda
refere ainda que Ulisses teria a intenção de fundar por estas geografias do Arco Atlântico (b) um território/nação chamado
Ulisseia. A História (com “H” grande) não registou tal nome mas as influências
gregas, prosseguidas pela romanidade prolongam-se e entranham-se na
Civilização Ocidental ao ponto de em 2016 termos assistido à atribuição do
"Prémio Pessoa", referente à tradução e reedição de duas obras de Homero, pelo
labor, dedicação e saber do português Frederico Lourenço.
...
b)Sobretudo na parte de influência marítima de Portugal, mas possivelmente alargado à Galiza, Bretanha Francesa, Ilhas Britânicas e Irlanda
...
b)Sobretudo na parte de influência marítima de Portugal, mas possivelmente alargado à Galiza, Bretanha Francesa, Ilhas Britânicas e Irlanda
A vida de Ulisses entrelaça-se com a História da Grécia Antiga, nomeadamente na Odisseia, obra que reflete o nome de Odisseu (em grego); ou Ulisses (em latim) e exalta a civilização helénica.
Ulisses
é o herói principal do cerco a Troia. Homero seu criador esmera-se na
estratégia, nos seus dotes oratórios, quiçá inspirado pelo museion e pelas suas deusas/musas
inspiradoras. Ulisses consegue persuadir os seus correligionários e enganar os
opositores troianos.
Ulisses
imagina o célebre assalto a Troia que vale o desenlace com a vitória na
conquista da cidade.
Ulisses
é o principal guerreiro camuflado no cavalo artificial, construído como oferta
ardilosa aos troianos. Depois da conquista e libertação de Helena resolve
regressar à sua terra e enfrenta perigos mil.
Numa
versão lendária (quiçá, representativa de uma realidade possível), Homero deambula
e chega ao extremo do continente euroasiático (o tal Arco Atlântico extrímnico,
pré-céltico ou celtóide). Encontra aqui um povo singular na descrição de Festus Rufus Avienus que se serve de
fontes, nomeadamente de Ptolomeu e de
Estrabão, entre outras mais antigas.
Ainda
segundo a lenda, Ulisses é tentado pela sedução da rainha do povo indígena nestes
promontórios e estuário do Tejo. A custo liberta-se da rainha Ofiúsa (c) que o tenta raptar. Na perseguição pela costa e mar adentro, Ofiúsa e o seu povo provocam
abalos terrestres e marítimos, tendo-se assim originado mais uma das versões da formação
das 7 colinas de Lisboa.
...
(c)Mistura de serpente e mulher,
ou simplesmente tatuada com os totens serpentiformes alusivos à cultura do povo
celta ou pré celta.
No
regresso atribulado à sua ilha de Ítaca, envelhecido, cansado e desfigurado; em
primeira instância só Argus, o seu cão fiel, o reconhece.
E PARA
FERNANDO PESSOA, QUEM ERA ULISSES?
«[…] ULISSES
Este, que aqui aportou,
Este, que aqui aportou,
Foi por não ser existindo.
Sem existir nos bastou.
Por não ter vindo foi vindo
E nos creou.
Assim a lenda se escorre
A entrar na realidade,
E a fecundal-a decorre. / […]»
Extrato do poema
a Ulisses in Mensagem, grafia/texto original, p. 19 (d)
....
(d)Para uma outra interpretação deste poema simbólico de Portugal
histórico, presente e futuro. Veja ainda SOUSA, Rejane (ob.cit.)
Território, Povo, Geo Língua,
Mar, História, descrição,
Pátria, Presente,
vastidão
Princípio, Futuro,
Nação.
Fontes
bibliográficas:
-MORAIS,
Gabriela –Lenda da Fundação de Portugal,
Irlanda e Escócia, 3ª ed. Lisboa: Apenas Livros, 2011;
-Id. Lisboa Guarda Segredos Milenares: Santa
Brígida Uma deusa Céltica no Lumiar. Lisboa: Apenas Livros, 2011
-PESSOA,
Fernando – Mensagem. Lisboa: Livraria
do Dr. Pedro de Moura e Sá, 1934
-ANCIÃES,
Alfredo Ramos – “090.
Museus Museion Musas e epopeias em Contexto”
http://cumpriraterra.blogspot.pt/2016/08/90museus-museion-musas-e-epopeias-em-um.html
;
-Id. “104. Uma Visita a
Lisboa em tempo de Santos” http://cumpriraterra.blogspot.pt/2016/10/104-uma-visita-lisboa-em-tempo-de-santos.html ;
-Id. “105. Uma Visita à
Sétima Colina de Lisboa”: Quando as Perguntas são tão Interessantes quanto as
Respostas” http://cumpriraterra.blogspot.pt/2016/10/105-uma-visita-setima-colina-de-lisboa.html ;
-Id. “106. Visita à Sétima
Colina de Lisboa Inclui Entre outros e Importantes Atrativos, a Comemoração de
um Tricentenário” http://cumpriraterra.blogspot.pt/2016/11/106-visita-setima-colina-de-lisboa.html ;
-Id. “107. Localidades e
Patrimónios Tangíveis e Virtuais” http://cumpriraterra.blogspot.pt/2016/11/107-localidades-patrimonios-tangentes-e.html ;
-Id. “109. Jardim e
Miradouro de São Pedro de Alcântara” http://cumpriraterra.blogspot.pt/2016/11/109-jardim-e-miradouro-de-sao-pedro-de.html ;
-Id. “110. A Centralidade
e o Nome de Lisboa – Portugal para lá do Mito Conto e Lenda” http://cumpriraterra.blogspot.pt/2016/11/110-geografia-centralidade-de-portugal.html ;
-Id. “112. Sétima Colina
de Lisboa foi Precursora” http://cumpriraterra.blogspot.pt/2016/11/112-setima-colina-de-lisboa-foi.html ;
-ID. “115 Bairro Alto / Sétima
Colina Curiosidades” http://cumpriraterra.blogspot.pt/2016/12/115-bairro-alto-setima-colina.html ;
-Id. “117. Portugalidade:
Relação com Patrimónios Culturais e Assistenciais” http://cumpriraterra.blogspot.pt/2016/12/117-portugalidade-relacao-com.html ;
-Id. “118. Patrimónios e Fratrimónios na Colina
de São Roque” http://cumpriraterra.blogspot.pt/2016/12/118.html ;
-Id. “121.Trindade: A
Mais Antiga Fábrica de Cerveja” http://cumpriraterra.blogspot.pt/2016/12/121trindade-mais-antiga-fabrica-de.html .
-FLÁVIO
- “Lenda das Sete Colinas de Lisboa” http://lendasdeterrorecontadas.blogspot.pt/2012/10/lenda-das-sete-colinas-de-lisboa.html
-MORENO,
Roberto - “Fundação
Geolingua na Televisão RTP de Portugal, em 2004.mp4” https://www.youtube.com/watch?v=OhW0YSmLXt8
-QUEIRÓS,
Luís Miguel - “Frederico Lourenço: Prémio Pessoa para o Tradutor de Homero e da
Bíblia” https://www.publico.pt/2016/12/09/culturaipsilon/noticia/-e-o-premio-pessoa-2016-1754215
-SENA-LINO,
Pedro - “Ofiusa [Lenda da Fundação de
Lisboa]” http://cronicasdebizancio.blogspot.pt/2015/05/ofiusa.html
-SOUSA, Rejane – “Uma leitura metafórica de «Mensagem»” http://travessiaderejanesouza.blogspot.pt/2010/03/ensaio-sobre-mensagem-de-fernando.html#!/2010/03/ensaio-sobre-mensagem-de-fernando.html )
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