quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

122. SALVAGUARDA PATRIMONIAL: DESTAQUE PARA AS TERMAS ROMANAS DE CHAVES


 Análise Estratégica do Museu ou Organizações afins:
7. A SALVAGUARDA

Materializa-se em ações antecipadas de proteção jurídica/legislativa e diretamente sobre as peças físicas, ou não tangíveis (imateriais) para que um determinado património não corra perigos de furto, roubo, vandalismo, dispersão, abandono e degradação.
A salvaguarda implica estudo e, se possível, a classificação dos bens nas instituições de proteção do património. Deve agir-se, tão breve quanto possível, sobre os bens que estão em perigo real, ou previsível. Deve ter-se em conta os fatores de segurança, o tempo meteorológico, os trabalhos/obras e até os modelos económicos e políticos desfavoráveis; exemplo: o excesso de liberalização económica que leva ao desleixo e à privatização dos bens de interesse público.

A salvaguarda revela-se frequentemente em S.O.S. na medida em que se apresenta como ação urgente.
A salvaguarda é a ação ou ações de salvar em primeiro lugar, acrescida das ações de guardar / vigiar e proteger.
Vídeo gentileza  chavestv1; You Tube et al – "Museu das Termas Romanas-Chaves"


O caso da salvaguarda do “Balneário Romano em Chaves” constitui um conjunto de ações típicas e plenas, na medida em que permite salvar todas as peças patrimoniais reveladas.

Casos houve, como o do achado do Palácio do 1º Marquês de Marialva e 3º Conde de Cantanhede (a) sob o Largo de Camões em Lisboa que constituiu, em minha opinião, uma salvaguarda minguada na medida em que foram recolhidas algumas peças nas escavações mas relativizou-se o conjunto do edificado arqueológico.  
Idem para o “Fundeadouro Romano de Olisipo” sob a Praça de D. Luís I e também em relação ao Largo do Coreto de Carnide (oficialmente chamado Rua Neves Costa)  entre outros casos, onde a pressão económica e/ou a urgência em prosseguir as obras projetadas terão acabado por atenuar o valor patrimonial e consequentemente os trabalhos arqueológicos.

A proposta de musealização, também entra no âmbito da salvaguarda, incluindo a deslocação dos objetos encontrados, especialmente os mais sensíveis para outros locais com melhores condições.

À salvaguarda prosseguir-se-ão ações de estudo, organização, conservação preventiva, restauro, divulgação, exposição e comunicação.

 O documento que venho apresentando para a análise sistémica de patrimónios, organizações museológicas e documentais, servirá para enquadramento de casos reais, como o exemplo seguinte:

Trata-se de uma nova descoberta de termas romanas na cidade de Chaves com estruturas encontradas em bom estado de conservação por se ter dado o acaso de soterramento súbito devido à ocorrência de um sismo há cerca de dezassete séculos.
A Câmara Municipal interveio imediatamente após a descoberta, aquando das obras para um parque de estacionamento automóvel. Desde logo foi notado o relevante valor social do achado e prosseguiram-se as escavações arqueológicas.

Após cerca de dez anos de intervenções, parece aproximar-se o momento da abertura ao público de mais um equipamento museológico considerado raro em todo espaço do antigo Império Romano.
Tal como em Pompeia, ainda que por motivos diferentes (num caso a erupção de um vulcão e no outro um abalo sísmico), o acidente natural permitiu encontrar esqueletos humanos e peças em contexto. Contudo após a alteração das condições que permitiram a conservação in situ torna-se necessário acondicionar, conservar e eventualmente restaurar as peças do ex edificado e as móveis, tais como: “anéis, pulseiras” e espólio diverso.

Além de todo o trabalho de salvaguarda prevê-se abrir um museu no local com a ajuda a fundos comunitários. Este equipamento poderá, em minha opinião, juntar-se a outras estruturas termais, junto ao rio Tâmega, também provenientes do Império Romano e que já eram previamente conhecidas, contudo sem a monumentalidade dos recentes achados.
Outra peça ou núcleo museólogo que se lhe poderá juntar é a ponte romana local, integrando os patrimónios com relação, entre si, no contexto temporal e social.

Este conjunto de património da época romana poderá ser complementado com acréscimo de informação, como se de um museu polinucleado se tratasse. Permitirá às populações locais e aos visitantes um redobrado interesse.

O estudo detalhado deste espólio, turismo, ecomuseologia e economuseologia poderá, eventualmente, apontar para a reposição da funcionalidade termal do património e equipamento em referência.

…………………..
(a) O Marquês de Marialva, António Luís de Meneses foi o patrocinador e financiador do Convento e comunidade de São Pedro de Alcântara (Lisboa) como voto de agradecimento por ter ganho a Batalha dos Montes Claros, ligada ao movimento de Restauração da independência de Portugal.

Tags: Chaves, Lisboa, musealização, património, salvaguarda
Fontes:

Outras fontes, acedidas em 11.01.2017:

-DN Artes, et al - «Sismo "congelou no tempo" balneário romano em Chaves», - http://www.dn.pt/artes/interior/sismo-congelou-no-tempo-balneario-romano-em-chaves-5444320.html , 5.10.2016 ;
-------- «Chaves candidata-se a 800 mil euros da Europa para fazer museu» http://www.dn.pt/artes/interior/chaves-candidata-se-a-800-mil-euros-da-europa-para-fazer-museu-5444504.html, 15.10.2016 ;

-IGESPAR, I.P. Extensão de Trás-os-Montes et al – «Balneário Termal Romano (Chaves)» http://www.patrimoniocultural.pt/media/uploads/arqueologiapreventivaedeacompanhamento/chaves.pdf , sd.;

-chavestv1; You Tube et alMuseu das Termas Romanas-Chaves https://www.youtube.com/watch?v=iCiaAuIB5Xk

 -CHAVESTV1; MOURA, Paulo - «TIME-LAPSE - Cobertura Balneário Romano Chaves – Portugal» https://www.youtube.com/watch?v=-jG-n4Kj11g , 21.11.2014

1 comentário:

  1. À salvaguarda prosseguir-se-ão ações de estudo, organização, conservação preventiva, restauro, divulgação, exposição e comunicação.

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