domingo, 13 de novembro de 2016

109. JARDIM E MIRADOURO DE SÃO PEDRO DE ALCÂNTARA

Chama-se Jardim António Nobre - poeta de corrente ultra-romântica e simbolista; 1867-1900, natural da Foz do Douro – Porto. A designação de São Pedro de Alcântara deve-se à denominação da Rua e Convento contíguos, acabando por se estender à zona envolvente.

Fred Kradolfer e o patamar superior:
Este patamar é indicado para miradouro pelo motivo de se situar mais alto; por contar com telescópio e mesa com mapa das zonas observáveis sobre a cidade. Este mapa desenhado e pintado sobre azulejo é da autoria de Fred K. em colaboração com a Fábrica Viúva Lamego.
Sobre Freda K. de nacionalidade suíça, diga-se que foi um dos mais importantes artistas plásticos que estava na vanguarda da modernização gráfica em Portugal.
Nos 44 anos que permaneceu em Portugal, onde veio a falecer, Fred K. deixou intervenções na cerâmica, no vitral, nos anúncios publicitários e iluminados, pinturas a óleo; colaborando com a Sociedade Nacional de Belas Artes em diversas exposições.
Foi especial colaborador na grande Expo do Mundo Português de 1940, acabando por receber da Presidência da República as insígnias da Ordem Militar de Santiago de Espada.
O patamar inferior:
É acedido por duas escadarias, uma em cada extremidade. Este patamar encontra-se decorado com bustos de figuras clássicas e do Renascimento Português. Foi sobretudo no âmbito do programa da disciplina de Museologia que escolhemos este local e envolvência para visita inicial.
Primeiro porque ali se encontram os bustos de Ulisses e Homero, o herói e o escritor das Epopeias da Grécia Clássica (Ilíada e Odisseia) e algumas figuras romanas – Marco Aurélio e a sua esposa a Imperatriz Faustina. Acontece que quisemos aliar o contexto do início histórico e mítico dos museus, na versão do então designado museion.
E tinha que ser assim, pois não iriamos começar a disciplina descurando as bases teóricas e inspiradoras, ligadas às musas, aos deuses e à História Clássica que enformaram e continuam a enformar a cultura portuguesa, ocidental e do médio oriente.
Além de que, em uma versão da lenda da fundação de Lisboa, se atribui a denominação de Odisseu/Ulisses à antiga "Allis Ubbo" (=enseada amena) que parece vir do Fenício). E chega-se a "Felicitas Iulia Olisipo" nome que terá evoluído para Lixbûnâ ou Al-ushbona no tempo muçulmano.
Portanto, não é por acaso que aqui se encontra a representação de Ulisses e de Homero (seu “biógrafo”) sobre uma das colinas mais emblemáticas da cidade de Lisboa; por uns considerada a quinta e por outros a sétima colina (a).
Quer seja a 5ª, quer a 7ª, ambos os números têm um significado especial para Portugal. 
Acontece que os clássicos, representados em São Pedro de Alcântara,  não estão sós; pois encontram-se envolvidos/acompanhados por uma série de figuras do Renascimento e dos Descobrimentos. Desde o Infante D. Henrique, Vasco da Gama, Cabral, Camões, D. João de Castro, João de Barros, Albuquerque, e outros.
.....................
(a)Relevam-se as partículas sublinhadas "lis" nos dois parágrafos supra. Não deve ser por pura coincidência que Lisboa se chama Lisboa, embora haja ainda uma outra versão de que a flor-de-lis, representada na Sé de Lisboa e no brasão de Carnide pode também, esta flor, estar ligada ao nome Lisboa. Porém, esta 3ª versão parece-me menos provável. 
Tags: História, Lisboa, museologia, património edificado, Patriarcado, São Pedro de Alcântara
Fontes acedidas em 6.11.2016
ANCIÃES, Alfredo Ramos - 105.Uma Visita à 7ª Colina de Lisboa http://cumpriraterra.blogspot.pt/2016/10/105-uma-visita-setima-colina-de-lisboa.html
C.M.L et al - Archivo pitoresco. Semanario illustrado, 5.º Ano, n.º 25, 1862 divulgado em http://paixaoporlisboa.blogs.sapo.pt/tag/jardim+ant%C3%B3nio+nobre ; ------- Jardim de São Pedro de Alcântara / Jardim António Nobre http://www.cm-lisboa.pt/zonas/centro-historico/espacos-verdes/info/jardim-de-sao-pedro-de-alcantara-jardim-antonio-nobre ;
WIKIMEDIA, et al – Fred Kradolfer https://pt.wikipedia.org/wiki/Fred_Kradolfer

2 comentários:

  1. Caro Alfredo
    Lisboa é sempre a Lisboa moderna, Ulisseia para a mitologia. Porém mitologia é mitologia.
    Abraços

    ResponderEliminar
  2. Obrigado caro Daniel, amigo poeta e filatelista com referências credenciadas.

    ResponderEliminar