terça-feira, 14 de abril de 2020

AS REVANCHES DA HISTÓRIA E DA ACTUALIDADE: HOLANDA / ESPANHA & PORTUGAL


Caríssim@s

Junto envio mais esta lição de História; não feita por mim, mas que me foi enviada por e-mail de FMFR em 13.04.2020 e que eu subscrevo.

«Corrijam, os conhecedores, se for caso disso.

nada como uma extraordinária «Lição de História»
«A GUERRA IBERO-HOLANDESA

Não vou discutir a questão dos Eurobonds, que já é velha e em que a posição dos diversos países europeus não mudou. O que me ocorre comentar é o acinte do ministro holandês para com a Espanha.
Porquê em especial a Espanha?

Há coisas da História que ficam na memória colectiva dos povos, não tanto enquanto memória dos factos, mas como memória emocional, em ódios e estimas. E o facto é que há na Holanda um ressentimento secular contra Espanha e também contra Portugal, como se constata em blogs e ciber-grupos quando se fala dos Descobrimentos ibéricos. Donde vem isso?
É que a Espanha e a Holanda travaram uma guerra durante 80 anos, entre 1568 e 1648! A qual acabou com a vitória holandesa na Europa, mas a derrota no Ultramar espanhol. É uma longa história, que não vou desenvolver, mas referir apenas que, sem justificação, a Holanda alargou essa guerra a Portugal, no que foi sem dúvida a primeira guerra imperialista moderna da História europeia.
Por cá é pouco conhecida, como tudo o que respeita à História do nosso império ultramarino, mas essa guerra foi a guerra mais longa que Portugal travou na sua História, a seguir à guerra contra os mouros.
Basicamente, a Holanda procurou roubar a Portugal o seu império ultramarino. Começou por piratear sistematicamente os nossos galeões e caravelas, e no Oriente tirou-nos tudo o que pôde - Ceilão, as Molucas (actual Indonésia, de que só nos deixou Timor), o comércio com o Japão, e só não nos tirou Macau por que o imperador chinês nos protegeu, ao contrário do imperador japonês.
Na África tirou-nos o Cabo, não conseguiu tirar Moçambique, mas tentou também tirar-nos o Brasil e as colónias da África atlântica. Que foi onde a guerra foi mais acesa e longa.
A guerra no Brasil foi pela apropriação das plantações de açúcar, e durou 65 anos. Foram os próprios brasileiros quem derrotou e expulsou os holandeses, embora estes tenham depois ido plantar açúcar na Guiana. Como o açúcar brasileiro (que todos os outros depois copiaram no Haiti, em Cuba, etc.) era uma agro-indústria inviável sem os escravos africanos, a Holanda tomou-nos São Tomé e Príncipe, a Mina na costa da Guiné, e em 1640, quando já não éramos súbditos dos espanhóis e portanto sem desculpa, Luanda. Mas apenas Luanda, nunca conseguindo desalojar os portugueses das suas posições no interior, graças aos nossos aliados africanos e também à ajuda brasileira.
Também no Brasil, como em Angola, os holandeses nunca conseguiram passar de algumas cidades costeiras para o interior. No interior dominaram sempre os portugueses, os luso-brasileiros, e em Angola os luso-africanos. No Brasil os luso-brasileiros mantiveram cercadas as cidades costeiras sob domínio holandês, desbaratando-os quando tentavam penetrar no interior. E foram os brasileiros quem financiou, construiu e equipou a armada que foi a Luanda e a São Tomé recuperar aquelas fontes de escravos para as plantações de açúcar. A historiografia brasileira oficial considera que foi nessa guerra que se forjou a sua nacionalidade, com a luta combinada de destacamentos luso-brasileiros brancos, tropas índias, e tropas negras formadas por ex-escravos. Todos juntos contra os holandeses. A questão religiosa foi importante, neste desfecho da guerra luso-holandesa. A aversão calvinista dos holandeses aos ícones religiosos católicos, aos santinhos e aos andores com a Nossa Senhora, às relíquias sagradas e ao Papa, não colhia apoio entre africanos e índios cristianizados pelos estimados jesuítas. Pelo contrário, escandalizava-os. A Holanda perdeu essa guerra no Atlântico, portanto, mas ficou ressentida.
Nota: a Holanda era a parte norte de uma nação mais vasta, os "países baixos", cuja parte sul acabou por ficar do lado espanhol. Não só com a maioria católica do sul que não se revia no calvinismo holandês, como de parte dos próprios protestantes de outras igrejas, dada a intolerância calvinista. Essa parte sul acabou por conseguir a sua independência em 1830 e é desde então a Bélgica. Com quem Portugal sempre se deu bem.

A História tem muita força...»
 
Palavras-chave: Comunidade Europeia, covid`19, crise 2020, Espanha, Eurobonds, História, Holanda, Portugal  

Continuação de boa Páscoa.
Com os meus cumprimentos & académicos.
AA

1 comentário:

  1. História reveladora e surpreendente, da qual só conhecia a pirataria, por parte dos holandeses, às caravelas portuguesas que regressavam dos territórios ultramarinos sob domínio português.

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