Tal como a obra de Cervantes passa entre muitos leitores,
de modo acrítico, lida apenas como obra medieval, de um lunático visionário;
(pormenores da imagem de Slop na Quinta do Mocho; Fts AA
2019)
sem se aperceberem do valor real subjacente; também muitos
visitantes passam pela Quinta do Mocho sem a noção do significado da rotura e
transformação social que a obra encerra.
Em nossa opinião, são aqui (na obra de Slap da Quinta do
Mocho) invocados subliminarmente;
ideais de renascimento, de assunção de novas
responsabilidades, de integração, de educação, de resiliência e de constância
na luta.
(cópia rosto livro, gentileza in -
httpsarchive.orgdetailselingeniosohidal00cerguatpagen4mode2up; & pormenor
imagem Slap, Ft AA, 2019).
Por estas razões é a obra de arte que nós selecionámos,
entre várias outras, também de referência.
É a vida significante de Cervantes que vamos analisar, sob
o ponto de vista social e museal.
Miguel
de Cervantes, filho de um barbeiro, que à época também exercia as funções de
cirurgião e dentista.
Nasce
no ano de 1547 em Alcalá de Henares, Espanha. Morre em Madrid em abril de 1616,
onde é enterrado em lugar comum.
1569.
Encontra-se em Roma, onde trabalha como ajudante de câmara do monsenhor Giulio
Acquaviva (1546-1574), mais tarde cardeal.
1571.
Participa na Batalha de Lepanto (na Grécia), onde os Turcos / Otomanos /
Muçulmanos lutam contra forças da Europa.
A
vitória naval de Lepanto é classificada por Cervantes como “o maior
acontecimento de todos os tempos”.
Nesta Batalha
participam do lado europeu forças da Santa Liga, comandadas por D. João
d’Áustria, irmão de Filipe II de Espanha (1527-1598); e a esquadra muçulmana
comandada pelo Almirante otomano Ali Paxá (1515?-1571).
Durante
a batalha Cervantes fica sem ação na mão esquerda.
No
tempo que permanece na Península Itálica Cervantes, como um bom aluno, reúne
importantes saberes de literatura e ideais do Renascimento. Estes conhecimentos
eram praticamente inexistentes na Espanha de então, fidelíssima que era ao
catolicismo contrarreformista,
1575.
Regressa a Espanha mas o navio em que viajava é acometido por uma embarcação
turca. Nesta sequência é preso em Argel. Suspeitam que Cervantes é possuidor de
riquezas e ligado à Corte, por isso reivindicam um bom resgate.
Acaba
por ser vendido a Dali Mamí, um corsário de origem grega, ligado aos turcos.
Na
prisão é torturado. Um tal Fray Juan Gil consegue coletar uma verba para a sua libertação.
1580.
Data da presença de Filipe II de Espanha. Após onze anos fora
da sua Terra e sem ação na mão esquerda, Cervantes consegue voltar à Ibéria.
1584.
Vem a Portugal, onde está a Corte Filipina. Aqui espera obter um trabalho,
mesmo que fosse em Além-mar. Neste ano consegue uma ocupação na recolha e gestão
de géneros para a “Armada Invencible”
de Felipe II. A função que lhe é dada, é controlar e recolher bens para as
forças navais; mas em -
1592.
É acusado de desviar trigo e preso. Exigem-lhe uma fiança para ser libertado.
Contudo, em -
1602.
Volta para a prisão, por outras acusações; crê-se que motivadas por invejas,
questões de egoísmos e mentalidades alheias.
1604.
“O maneta de Lepanto” dá à estampa “O engenhoso fidalgo Don Quixote de la
Mancha” (primeira parte).
1606.
A corte muda-se de Valhadolid para Madrid. Para lá vai também Cervantes e a
família.
1616.
Ingressa na Ordem dos Escravos do Santíssimo Sacramento. Falece de seguida e é
amortalhado com o hábito desta Ordem.
É
sepultado no convento das Trinitárias Descalças como pessoa humilde. Mas a sua
Obra é reconhecida e começa a tornar-se num “Génio da literatura mundial”.
“Nós
não rimos mais dele. Sua defesa é a pena […]. Representa tudo que é gentil,
altruísta e galante” (Comenta o grande escritor russo Vladimir Nabokov).
&
Cervantes
é do tipo de personalidade que aprende a ter paciência nas diversas
adversidades. “Um mesquinho e invejoso inimigo diz que o escritor não deve
empreender obra alguma, porque está ‘velho`”.
Cervantes
não se deixa abater: Como resposta à maldade:
“afirma
que o facto de estar velho, ao invés de prejudicá-lo, conta a seu favor;‘porque
não se age e pensa com os cabelos brancos e sim com o entendimento`”.
Dá,
assim ao invejoso, “a melhor das respostas, concluindo o seu Dom Quixote;
obra nacional e popular”. O romance mais universal que já apareceu na história
da
literatura.
Palavras-Chave: cidadania, D. Quixote de La Mancha,
grafite, Miguel de Cervantes, Quinta do Mocho, Nova Museologia; Slap
Fontes:
Sem comentários:
Enviar um comentário