quinta-feira, 25 de outubro de 2018

QUELUZ: BENS CULTURAIS NA ENVOLVÊNCIA DO PALÁCIO


1ª parte: Queluz no “Eixo Azul e Verde»

Visita organizada na USMMA – Universidade Sénior de Massamá e Monte Abraão.  

Incluímos este estudo no âmbito geo-turístico-cultural, nomeadamente no «Eixo Azul e Verde»:

O Quartel RAAA1; O Bairro do Chinelo (designação popular), também conhecido por Bairro Almeida Araújo (designação oficial). Neste Bairro destacamos o Nº 33, propriedade histórica e patrimonial da família Silveira Machado Macedo e a sua relação com o Palácio. No Quartel fomos recebidos pelo Sr. Tenente Coronel --- responsável na Unidade RAAA1 – Regimento de Artilharia Anti Aérea Nº 1 e prosseguimos guiados pelo Sr. Capitão Santiago. Acolhidos com todo o primor, onde nos agraciaram com cafés, águas, sumos e biscoitos. Bem-hajam pela amabilidade. (Poderão relacionar a “descoberta” de documentação que se seguirá em Organizações da Memória com “O Nome da Rosa” de Umberto Eco. Vejam o meu post em http://cumpriraterra.blogspot.com/2016/08/89-d-o-nome-da-rosa-aos-padroes-de.html  )
 
A Artilharia Antiaérea tem, a nível geral, cerca de 200 anos de existência. Começa com a actividade balonista, os duelos no ar entre pilotos de aviões e os ataques a alvos em terra. Antes da arma antiaérea, a artilharia, em Queluz, começa em finais do século XIX com a artilharia a cavalo. Em Portugal a artilharia antiaérea tem aproximadamente 90 anos de existência

Hoje em dia a artilharia antiaérea tem como função a defesa contra os lançamentos de mísseis balísticos e também com a ameaça dos drones e outros veículos aéreos não tripulados. O RAAA1 tem ainda à sua responsabilidade as “salvas de canhões” e as honras às entidades de destaque, nacionais e estrangeiras, em visitas ou missões no nosso país.

COLECÇÃO E ACÇÃO CULTURAL DA UNIDADE: Para lá da colecção de artilharia no RAAA1, a ação cultural desta arma começa com o Arsenal do Exército em 1831, mormente com o Museu de Artilharia em 1876. O Museu Militar em Santa Apolónia conta no seu acervo com armas de várias idades e geografias do mundo; podemos ainda ali apreciar: documentação, estatuária, quadros alegóricos e feitos históricos pintados por Columbano Bordalo Pinheiro, entre outros autores. Na descrição do sítio da Câmara Municipal de Lisboa é referido que:

«É o museu mais antigo da cidade […]  Nas suas salas de grande beleza ornamental em talha, azulejaria e pintura, estão expostas valiosas coleções, com destaque para a de artilharia, considerada a mais completa do mundo». (cf. http://www.cm-lisboa.pt/equipamentos/equipamento/info/museu-militar-de-lisboa )

MEMORIAL: Destaca-se no RAAA1, inclusivamente na Capela, o memorial relativo aos militares que entregaram a vida no incêndio da Serra Sintra, no ano de 1966. Ali se encontram imortalizados em memória esculpida e descritiva.

Também ali pudemos apreciar:

-Diversas outras memórias e marcas da Unidade, tais como: bens culturais de culto religioso e desportivo, incluindo espólio de Eusébio da Silva Ferreira, cidadão português e lusófono, nascido em Lourenço Marques, actual Maputo, cujos restos mortais repousam no Panteão Nacional de Santa Clara:

«E foi assim que o mancebo Eusébio da Silva Ferreira se tornou o recruta 1987/63 da 1.ª bateria de instrução do RAAF (Regimento de Artilharia Antiaérea Fixa), com quartel em Queluz. Eusébio seria portanto duplamente artilheiro, dentro e fora dos estádios, disparando diferentes munições contra distintos alvos, balizas ao [sic] aeronaves, umas e outras preferentemente adversárias…» (cf. https://largodoscorreios.wordpress.com/2013/08/27/eusebio-o-artilheiro/ )

-Paixão do Senhor: Referente à participação desta unidade militar nas reposições culturais e de culto que antecedem o domingo de Páscoa. Com efeito, é habitual as populações de Queluz, Monte Abraão, Massamá, entre outras gentes vizinhas, ali se deslocarem para participarem no ponto alto do Tríduo Pascal. Trata-se de um cerimonial em que entram quadros alegóricos ao vivo, com pessoas da população e da Unidade, recriando a Sexta-feira Santa. A procissão de 2017 inclui o desfilar de pessoas e obras de arte inéditas ou pouco divulgadas, alusivas ao evento.

Santa Bárbara. Uma imagem da Igreja da Penha França foi exposta no Salão Infante D. Afonso no dia do Regimento, em 2002.
(Imagem do Paráclito in capela do RAAA1 associada à padroeira da Arma de Artilharia, Santa Bárbara)
No quadro presente destaca-se: a coroa, o porte da santa com espada, a palma e o cálice com uma hóstia sagrada. Na capela do RAAA1 existe outra pintura desta padroeira da Arma de Artilharia.

Natural do atual território da Turquia, santa Bárbara foi mártir cristã; executada pelo próprio pai que a decapitou para agrado e/ou ordem do imperador romano Marco Aurélio Valério Maximiano Hercúleo Augusto.

Não curou a maledicência deste pai e do imperador, já que Bárbara se imortalizou com a entrega da vida. Há aqui uma semelhança com a dádiva do próprio Cristo à Humanidade. E assim a fé no cristianismo continuou em crescendo, após as perseguições religiosas, ao invés do culto aos deuses pagãos que foi sendo suplantado. 

Tags: Artilharia, Bairro do Chinelo, bens culturais, Eixo Azul e Verde, Queluz, RAAA1  

2 comentários:

  1. Sempre que passo aqui, encontro algo com que aprendo. como gosto de saber sempre mais, por isso deixo a minha gratidão.
    Abraço

    ResponderEliminar
  2. Obrigado "velho" e caro amigo Daniel. Contigo também se aprende sempre. Um abraço.

    ResponderEliminar