Caso concreto, partindo do artigo de
22 de setembro de 2018 no jornal Expresso, Henrique Monteiro faz comentário à
visita oficial do primeiro-ministro português a Angola. Como é sabido pelos
Media, as relações entre Portugal / Angola andaram tensas e controversas nos
últimos tempos. Pessoas e negócios foram afetados por causa de melindres de justiça,
intenção de condução do processo de investigação e eventual julgamento em
Portugal. Estava em causa, alegada corrupção praticada por um ex-vice-presidente
do Governo Angolano – Manuel Vicente.
A instituição museu e consequentemente
a imagem que se faz dele, serviu ao primeiro-ministro português para
desbloquear o ambiente crispado e delicado entre os dois Governos.
A frase de descompressão e reatamento
amistoso foi proporcionada exatamente com a citação de uma das tradicionais funções
do museu:
O primeiro-ministro de Portugal,
António Costa sai-se sorridentemente com a frase: «O passado ficou no museu».
Nesta peugada o museu serviu ainda a
Henrique Monteiro para intitular o seu artigo:
«ANGOLA: PARA QUE SERVE UM MUSEU?»
(cf. imagens infra).
O jornalista não se limita ao título
e à frase proferida por António Costa e acrescenta:
«Acontece que os museus existem, não
para esquecermos o passado mas para aprendermos com ele; por exemplo, a não
sermos colonialistas, neocolonialistas, ou lambe-botas (citando a mãe do chefe
do Governo) […]. Há milhares de razões para estarmos atentos.»
&&
Aproveitámos aqui para focar algumas das
vantagens e funções dos museus e organizações afins, as quais servem:
-Como no caso supra, para transferir
as memórias para uma espécie de limbo, sem que signifique esquecimento ou
destruição. Remetendo as memórias para o museu e/ou arquivos, sabemos que não
precisamos andar a memorizar permanentemente acontecimentos, só pelo receio de
os esqueceremos. O facto de sabermos que as memórias se encontram preservadas
dá-nos alguma tranquilidade e garantia, pelo motivo de as mesmas memórias
poderem ser recuperadas e reeditadas. As memórias negativas servirão como
chamada de atenção de comportamentos que não devemos repetir. Quanto às
memórias positivas, estas serão apresentadas como acontecimentos e factores de
amizade e sucessos.
Os museus e organizações com memórias
encarregam-se, pois, de:
-Salvaguardar, preservar, conservar,
restaurar, catalogar, indexar, organizar, seriar, colecionar, arrumar,
informar, animar e comunicar. É o que se poderá chamar de memórias institucionalizadas
e confiadas, fora das nossas casas e cérebros, por incapacidade de memorização,
espaço físico, tempo e conhecimentos para nós próprios podermos guardar
memórias, bens culturais e bens de prova testemunhal.
Referindo algumas das modalidades
de serviço que se encarregam da gestão dos bens culturais, de lazer, de entretenimento
e prova:
1)arquivologia; 2) museologia; 3)biblioteconomia;
4) jornalismo;
2.1)desdobrando aqui apenas o contributo
da museologia, este serviço pode exercer-se de forma:
a)amadora e ancestral como no
tempo do museion;
b)de forma amadora e tradicional
como no tempo dos gabinetes de curiosidades;
c)de forma amadora/colecionista desde a Renascença até à actualidade;
d)de forma funcional e pública,
como no seguimento das revoluções e dos poderes partilhados (não absolutos)
quando as memórias patrimoniais e culturais passam a ser propriedade da Nação;
e)de forma democrática e social
(museologia social) que pode ser do tipo: e1) associativo (associações locais, cooperativas, fundações) e do tipo
público-participativo entre
Autarquias, para-Regiões, Governos e Cidadãos.
Parabéns aos apreciadores de museus / museologias e organizações com memórias.
Parabéns aos apreciadores de museus / museologias e organizações com memórias.
Tags.:
arquivologia, biblioteconomia, cultura, jornalismo, museologia, participação, política
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