Nota prévia: A historiografia romântica e
liberal, bem como a materialista / estruturalista, baseadas no culto dos heróis
imperiais elevam ao pódio a figura de Napoleão. Esse romantismo velado pelo decurso
do tempo numa imagem etérea consignada também pelos biógrafos e retratistas ao
serviço de uma ideologia ou de uma conceção patriarcal e burguesa que se revê
nos negócios e no ter mais do que no ser. Repare-se que até o nome termina em
leão (Napo)leão. Este patronímico ajuda a criar um falso conceito, ou pelo
menos questionável, sobre a figura de Bonaparte que só em parte é boa - Bona(parte).
É preciso ser ideologicamente irresponsável
e insensível, junto do povo, sobretudo depois das lições de Trafalgar e das
duas primeiras invasões à Península Ibérica, com dezenas de milhares de mortos,
feridos e estropiados, insistindo sempre, mandando a pé e/ou a cavalo para a
morte quase certa os seus concidadãos.
Note-se que a deserção das fileiras é
punida com a pena de morte e que fugindo, os soldados têm pela frente vidas
miseráveis, de sacrifício ou mesmo de morte. Ainda assim, muitos militares
tentam e outros conseguem a fuga. Releve-se que os sacrifícios dos soldados são
imensos e que só numa única batalha, uma das últimas, já de regresso e fuga, morrem
em Toulouse, abril de 1814 milhares de militares; muitos cavalos perecem e
perde-se um sem número de equipamento.
Napoleão não é bom Imperador, nem bom herói,
ele sacrifica os outros, sacrifica Portugal, Espanha, França, entre outros
povos, até às dezenas de milhares de vidas inocentes.
E o que traz de novo? No campo da
cultura, a instituição dos museus públicos; o realce da noção de cidadão e
alguns direitos no campo social que não compensam um crescente liberalismo
económico, anticlerical, anti senhorial de família alargada, passando cada um ao
desenrasque-se, deixando os pobres ainda mais pobres e desprotegidos.
Num patamar de perdas entre países;
Portugal, por exemplo, ainda não recuperou Olivença, perdida por causa das
investidas napoleónicas, nem recuperou vidas e um imenso património móvel que
lhe foi, na altura, saqueado. No entanto a historiografia de tipo imperialista,
de culto do herói romântico, continua na mente das pessoas e até nas escolas.
Figuras paternalistas e patrimoniais
devem dar lugar a uma sociedade fratrimonial e matrizmonial, porque o Homem, em
sua dignidade deve estar primeiro do que o homem na diminuta dimensão de
cidadão encartado de contribuinte.
&&&
As Linhas de Torres estão ligadas à
terceira invasão francesa à Península Ibérica (Linhas de Torres), onde o
general Massena, comandante do exército napoleónico, chega em Outubro de 1810. Ingleses e portugueses esperam por esta
invasão e daí a decisão de construírem as linhas de defesa chamadas Linhas de
Torres, a fim de bloquearem o acesso
do inimigo à capital e permitirem a fuga do exército inglês em caso de extrema
necessidade.
As Linhas
de Torres são construídas em tempo recorde, mesmo a nível mundial, no espaço de
alguns meses. As duas Linhas mais avançadas, considerando as invasões vindas do
Norte ou de Leste são:
Primeira linha que passa por Torres Vedras (daí o nome) e se estende do Tejo
(Alverca), Sobral de Monte Agraço, Torres Vedras e Foz do rio Sisandro
(Atlântico).
Segunda linha começa um pouco mais a jusante, também no Tejo (Póvoa de Santa Iria),
Bucelas, Montachique, Lousa, Mafra, Ericeira e Ribamar.
Outras linhas têm sido pontualmente referidas nas envolventes do Forte de São
Julião da Barra, estendendo-se, possivelmente entre várias localidades, até ao Alto
de Barcarena, Queluz, Pontinha, Lumiar, Ameixoeira, Sacavém e no lado sul do
Tejo, na envolvência de Almada; contudo não há ainda um contorno bem delineado da
dimensão desta última estrutura. Neste âmbito, crê-se que a atribuição do nome
à Alameda das Linhas de Torres no Lumiar tenha por base a proximidade de uma
destas linhas ou deve-se ao caminho de acesso de Lisboa para as Linhas de Torres
(1ª e 2ª) às quais era preciso aceder com regularidade.
Com
tudo isto, convém estabebelecer algumas questões prévias e breves considerações:
-Quem foi efetivamente Napoleão Bonaparte?
Natural da Córsega, nasce apenas um ano após esta Ilha
se ter transferido da República de Génova para a França. Pertence à antiga
nobreza italiana, ou melhor genovesa. Frequenta a Escola Militar em Paris onde
estuda estratégia militar e artilharia. Poucos anos após, um homem de baixa
estatura mas de grandes ambições e sobretudo muito obstinado sobe, imerecidamente, em nosso entender, a
general apenas com 27 anos.
-Que ambiente mental, cultural e político encontra?
Tudo, ou quase tudo, a Revolução de 1789 despoleta. Aos 35 anos Napoleão é Imperador de todos os franceses. Há quem o
considere monarca iluminado por tentar e, em parte, conseguir aplicar as ideias do movimento filosófico do
iluminismo.
Este obstinado constata que os Ingleses são
os dominadores dos mercados e territórios. Várias figuras portuguesas veem com
bons olhos o liberalismo da altura. O
magnífico compositor Marcos Portugal é um desses intelectuais pró-franceses,
melhor dizendo, pró-liberal que atua, de muito bom grado, para os generais e
tropas francesas. Depois com a expulsão dos franceses, é acusado de jacobino e
obrigado a ir-se juntar à corte no Rio de Janeiro, pois em Portugal, sem o seu séquito,
não tem público para a música erudita.
(cont. em poste II subsequente)
Palavras-chave:
Invasão Peninsular, Linhas de Torres, Napoleão Bonaparte, Revolução Francesa
Fontes:
---ANCIÃES, Alfredo Ramos –
“22.GUERRA PENINSULAR E
LINHAS DE TORRES: UMA PERSPETIVA BASEADA NAS IDEOLOGIAS ENTRE O MERCANTILISMO E
O LIBERALISMO “ http://cumpriraterra.blogspot.pt/2014/11/guerra-peninsular-e-linhas-de-torres.html
---ANCIÃES, Alfredo Ramos – “030. A
TELEGRAFIA TRADICIONAL NÃO-ELÉTRICA E O LUSO CONTRIBUTO DE FRANCISCO ANTÓNIO
CIERA.
---ANCIÃES, Alfredo Ramos – “62. AL-ANDALUS /
PORTUGAL: ATALAIA ALMOUROL BARQUINHA ET AL”. https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=3447700590144770881#editor/target=post;postID=5010855828189176033;onPublishedMenu=allposts;onClosedMenu=allposts;postNum=0;src=postname
---ANCIÃES, Alfredo Ramos – “131. CAPICUA 222
& TELEGRAFIA ÓTICA, SEMAFÓRICA OU AÉREA - O QUE É?”. http://cumpriraterra.blogspot.pt/2017/03/131-capicua-222-telegrafia-otica.html
---ALMEIDA, Tereza Caillaux de – Memória das
Invasões Francesas - Edição: Ésquilo, ISBN: 9789898092700, 2010
---ASSOCIAÇÃO Napolenónica Portuguesa et al “Linhas de Torres” - http://linhasdetorres.wordpress.com/2008/03/28/associacao-napoleonica-portuguesa/, acedido em 19-10.2011
---ASSOCIAÇÃO Napoleónica Portuguesa; GRUPO de Recriação Histórica
de Almeida – “Linhas de Torres” . http://linhasdetorres.wordpress.com/2008/04/15/associacao-napoleonica-portuguesa-e-grupo-de-recriacao-historica-de-almeida/, acedido em 19.10.2011
---BRITO, Carla - “Análise
da Obra: "Os fuzilamentos do 3 de Maio", de Francisco Goya” http://estoriasdahistoria12.blogspot.pt/2013/08/analise-da-obraos-fuzilamentos-do-3-de.html
---CIERA, Francisco António ; DIAS, Maria
Helena – “Francisco António Ciera” http://cvc.instituto-camoes.pt/ciencia/p48.html
, acedido em 11.09.2011
---ISABEL, da Costa – “Fuzilamentos de 03
Maio 1808 em Madrid https://pt.slideshare.net/DACOSTAisabel/8-de-maio-goya
---GUIA da Cidade, et al - “Sé Catedral da
Guarda e invasões francesas”. http://www.guiadacidade.pt/pt/poi-catedral-da-guarda-14600, acedido em 19.10.2011
---CLETO, Joel - “Mártires de Arrifana” - http://joelcleto.no.sapo.pt/textos/Comercio/MassacreemArrifana.htm , acedido em 19.10.2011
---CLÍMACO, Cristina. As Linhas de Torres
Vedras. Invasão e Resistência. 1810-1811. Lisboa: Edições Colibri, Câmara
Municipal de Torres Vedras, 2010
---“CLÍMACO, Cristina “A Armada de
Portugal...” / Disponível em http://www.linhasdetorresvedras.com/ficheiros/pdf_artigos/l_armaee_du_portugal_ou_o_desconcerto_de_um_exaercito_cristina_claimaco.pdf, acedido em 14.09.2011
---CLÍMACO, Cristina --“L`armée du Portugal
ou o desconcerto de um exército: Preparação e concretização de uma expedição a
Portugal. 1810-2010 Linhas de Torres Vedras”. Comemoração
bicentenário. Torres Vedras: Nov. 2009 - Nov. 2010 / http://www.linhasdetorresvedras.com/ficheiros/pdf_artigos/l_armaee_du_portugal_ou_o_desconcerto_de_um_exaercito_cristina_claimaco.pdf, acedido em 03.10.2011
---FREIRE, Fernando et al - “Telégrafo
Português de Francisco António CIERA na Atalaia - Vila Nova da Barquinha -
Abrantes no ano de 1810”. http://atalaia-barquinha.blogspot.com/2010/02/o-telegrafo-de-ciera-ano-1810-abrantes.html, acedido em 14.10.2011
--- GERALDO, Coronel José Custódio Madaleno
“A última campanha napoleónica contra Portugal. 1810-1811”. Disponível em http://www.revistamilitar.pt/modules/articles/article.php?id=578, adedido em 18.09.2011
---GOTTERI, Nicole – La mission
de Lagard policier de l´empereur pendant la guerre d`Espagne 1809-18102.
Edition des depeches concernant la Peninsule Iberique. Paris: Publisud, 1991
---GURWOOD,
Colonel John - Recueil choisi des dépêches et ordres du jour de feld
Maréchal duc Wellington. Bruxelles: Meline, Cans et Cie, 1843. Edição impressa disponível na BNP
- Biblioteca nacional de Portugal.
---JONES, John Thomas “Account of the war in
Spain, Portugal and the South of France. From 1808 to 1814 inclusive”. Disponível em http://books.google.com/books?id=5VdeAAAAIAAJ&printsec=frontcover&dq=bibliogroup:%22Account+of+the+War+in+Spain,+Portugal,+and+the+South+of+France:+From+1808+to+1814+Inclusive%22&hl=pt-PT&ei=n1Z3TuqGLsib0QX1oMmXCA&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CCwQ6AEwAA#v=onepage&q&f=false , acedido em 19.09.2011
---JONES, John T. Memoires sur les Lignes de
Torres Vedras élevées pour couvrir Lisbonne en 1810. faisant suit aux Journaux
des sièges entrepis par les allés em Espagne. Paris: Anselin, 1832
---LIMA, major-general António Luís Pedroso
de Lima, et. al - “Bicentenário do Corpo Telegráfico 1810-2010”. s.l.:
Blueprint, Ldª, 2010.
--- LIMA, major-general António Luís Pedroso
de Lima, et. al - “Bicentenário do Corpo telegráfico 1810-2010 “ s.l.:
Blueprint, Ldª, 2010. Disponível também em http://www.exercito.pt/historiatm/Documentos/Livros/Bicenten%C3%A1rio%20do%20Corpo%20Telegr%C3%A1fico%201820-2010.pdf, acedido em 14.10.2011)
---MARCHAND, Jean-Gabriel - “Fundo de Arquivo
Pessoal do general Jean-Gabriel Marchand http://daf.archivesdefrance.culture.gouv.fr/sdx-222-daf-bora-ap/ap/fiche.xsp?id=DAFANCH00AP_275AP, acedido em 09.10.2011
--- KOCH, General Jean Baptiste Fréderic -
Mémoires de Masséna redigées d`après les documents qu`il a laissée et ceux du
dépôt de la guerre et du dépôt des fortifications. Paris: Paulin et
Lechavalier, 1848-1850
---PELET-CLOZEAU, general Jean Jacques Germain.
Mémoires sur ma campagne du Portugal 1810-1811. Paris: Librairie
--- PELET-CLOZEAU, general Jean Jacques Germain; SCHNEIDER, Christian -; Mémoires sur ma
campagne du Portugal (1810-1811).. Paris: Editions Historiques Teissèdre, 2003
---VENTURA, António - Memórias de Massena -
Campanha de 1810-1811 em Portugal“. Lisboa: Livros Horizonte, 2007
---MUSEU Militar et al - “Cronologia das
invasões francesas, 1810 a 1813”. O portal da História. http://www.arqnet.pt/portal/portugal/invasoes/inv1810.html, acedido em 28-08-2011
--- NAPIER, William Francis Patrick - Histoire de la guerre
de la péninsule et dans le midi de la France depuis l`année 1808 jusqu`à l
`année 1814". Paris:
Treutel et Wurtz, 1828-1844; também disponível em http://books.google.co.uk/books?id=VCZKepmKxwEC&printsec=frontcover&dq=bibliogroup:%22Histoire+de+la+guerre+dans+la+p%C3%A9ninsule+et+dans+le+midi+de+la+France,+depuis+l'ann%C3%A9e+1807+jusqu'%C3%A0+l'ann%C3%A9e+1814%22&hl=pt-PT&ei=BFR3TqKUGsOb1AXd2ryXCA&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CCkQ6AEwAA#v=onepage&q&f=false, acedido em 19.09.2011
---PIRES, Daniel; C.M.Setúbal et al.- “Bocage poeta da liberdade”. Extraído da
exposição bibliográfica dos 230 e 190 anos do seu nascimento e morte. Disponível
em http://purl.pt/1276/1/liberdade.html , acedido em 26.09.2011
---SILVA, Carlos Guardado da - “As Linhas de
Torres Vedras” http://www.linhasdetorresvedras.com/ficheiros/pdf_artigos/as_linhas_de_torres_vedras_carlos_guardado_da_silva.pdf, acedido em 18.09.2010
---SORIANO, José Luz Simão - “História da
guerra e do estabelecimento do governo parlamentar em Portugal, compreendendo a
história diplomática, militar e política deste reino desde 1777 até 1834”.
Lisboa: Lisboa: Imprensa Nacional, 1866-1990). Disponível na BNP - Biblioteca
Nacional de Portugal e referências em http://www.archive.org/details/historiadaguerr09sorigoog, http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:Z019e0h6cMUJ:pt.wikipedia.org/wiki/Luz_Soriano+historia+da+guerra+e+do+estabelecimento+do+governo+parlamentar+em+Portugal+compreendendo+a+historia+diplomatica+militar+e+politica+deste+reino+desde+1777+ate+1834+Jos%C3%A9+da+Luz+Simao+soriano&cd=3&hl=pt-PT&ct=clnk&gl=pt, http://purl.pt/12103/1/ acedidos em 20.09.2011
---VARIA - “Gazeta de Lisboa”, edições 1-52
[para contexto anterior às invasões peninsulares e biografia de Massena, Savary
e Napoleão]. Disponível em http://books.google.pt/books?id=1WFVAAAAYAAJ&pg=PT25&lpg=PT25&dq=Savary+exercito&source=bl&ots=11OC5mb0HE&sig=LKyt4x5CiYP2JDWa3Fwxy9gKoh0&hl=pt-PT&ei=4bqMTrLeM6TT0QXM7NHmBQ&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&sqi=2&ved=0CCQQ6AEwAA#v=onepage&q=Savary%20exercito&f=false, acedido em 06.10.2011
---VIEIRA, José Manuel d` Oliveira et al
-“Telégrafo Português de Francisco António Ciera no ano de 1810”. http://coisasdeabrantes.blogspot.com/2011/03/abrantes-militar-telegrafo.html, adecido em 14.10.2011
WIKI.. et al - “Campo dos Mártires da Pátria” https://pt.wikipedia.org/wiki/Campo_dos_M%C3%A1rtires_da_P%C3%A1tria
---WIKI.. et al - “Liberalismo económico”.
Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Liberalismo_econ%C3%B3mico, acedido em 29.08.2011
---WIKI.. et al - “Gomes Freire de Andrade”. http://pt.wikipedia.org/wiki/Gomes_Freire_de_Andrade), acedido em 15.09.2011
173 AA Cumprir a Terra
Sem comentários:
Enviar um comentário