Bilhete postal aberto à caríssima Lucinda Reizinho.
Força Lucinda. A luta contra “caranguejos”, como dizes,
faz parte da vida, se é que não é uma das partes mais significantes. Porém,
esta interpretação só se entende em modo de inteligência espiritual.
Um certo dia, José Tolentino Mendonça (escritor,
filósofo e jornalista no Expresso) faz uma peregrinação a Santiago de
Compostela e são dele as seguintes palavras:
«Lembro-me que há uns
anos, fazendo eu próprio os caminhos de Santiago, encontrei, logo no meu
primeiro dia de peregrinação, uns brasileiros sentados na berma a tratar dos
pés já meio-desfeitos. Eles devem ter-se apercebido do meu ar apavorado, porque
um deles disse-me, com uma tranquilidade que me animou:
É bom gastar tempo a
cuidar das próprias feridas.”
Eu ainda não tinha
compreendido que era uma das razões principais porque estava ali a enfrentar
aqueles cento e tal quilómetros de estrada […]» (a).
Em conclusão: se não aceitarmos, de bom grado, o que
nos acontece, aceitamo-lo de mau grado. Ora o bom grado e a inteligência
espiritual caminham paralelamente e em frequências idênticas. Ajudam a suportar
a dor e o valor do sofrimento e este não será remetido para um vazio.
Na vida só teremos duas hipóteses de escolha: ou
aceitamos o presente com elevação ou o aceitamos sem significação. A primeira
versão será a que nos dá mais garantias de que: dor e presente, não passarão em
vão.
Com a inteligência espiritual vencerás.
Um abraço.
(a) Fonte: MENDONÇA, Tolentino José "O VERBO PARAR" in Revista do Expresso, 24.06.2017
169.07.08.2017 Tags: dor, inteligência, espírito, sofrimento
169.07.08.2017 Tags: dor, inteligência, espírito, sofrimento
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminar