segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Dos Símbolos e das Artes em Liberdade


 Ao passar, passear, caminhar e expor o que importa é o propósito

001 Revestido do sentimento e da Bandeira Nacional. Eu próprio em Doa, Distrito de Tete, Moçambique

002. Imagem em dia de folga num aquartelamento provisório do mesmo distrito de Tete, onde exponho o sentimento de liberdade, reforçado com a legenda da camisola «Freedom». Já lá vão alguns anos, altura em que pensava e ainda penso ter cumprido, pelo lado militar, o dever para com a Nação, a Portugalidade e a Amizade entre os Povos da Lusofonia. Sabendo que nos últimos 20 anos do Império, os Territórios de Além Mar, apesar da Guerra, se desenvolveram mais do que em 100 anos precedentes e sem a extração desenfreada de recursos; foi / é para mim muito reconfortante ter participado nesse processo.

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Quando passamos sobre uma imagem, não queremos dizer que a desrespeitamos. Já o pisá-la deliberadamente, aproveitando as câmaras e os holofotes é uma atitude bem diferente.

Ao tomarmos uma hóstia consagrada que representa o Corpo e o Sangue de Cristo, não estamos a desrespeitar Esse Corpo, nem a sugerir a ideia de canibalismo.

Assim, também, o episódio de um Hotel do Porto que queria ilustrar o chão com uma carpete estampada com a Bandeira Nacional, não teria a intenção de instigar / pisar malévola e deliberadamente o símbolo nacional por excelência. Aceitam-se, contudo, opiniões dos que pensam o contrário e de que o símbolo não deve ser plasmado, nem exposto no solo, especialmente se tratando de um espaço gerido por uma organização de tipo comercial.

003 Antiga Bandeira de Portugal, ainda exposta e apreciada no Território de Ceuta, em África

 Não curam as pessoas extrapolarem ou deduzirem intenções limitando a liberdade de divulgar. Quando passeamos sobre o chão fronteiro ao Monumento das Descobertas em Belém – Lisboa, não quer dizer que estamos a desrespeitar os símbolos e a informação existente no solo, sobre Portugal e o Mundo. Ao irmos para Belém passear, significará: admiração e apreço pelo local, pela arte e pela História, e não uma intenção de espezinhar. Os nossos símbolos, ainda que projectados no solo, também são cultura. Não me chocaria, por exemplo, ver a Bandeira Nacional na arte das calçadas portuguesas.

004 Bandeira de Portugal 1826-1910

Ao passearmos por cima das flores-de-lis - símbolos sagrados e até sugestivos dos valores nacionais de alguns países europeus, não quer dizer que desrespeitamos esses símbolos.

 

005 Flor-de-Lis no chão, frente ao Shopping Center de Massamá – Sintra

Nos gestos e nos propósitos, está a diferença. Não posso condenar, à partida, a divulgação e a exposição destes símbolos, a menos que queira dar argumentos a ditaduras, as quais fiscalizam, por tudo e por nada, a nossa conduta; quiçá quase sempre para nos tirarem a liberdade de ser e de viver.

006 Bandeira Nacional no edifício da Câmara Municipal de Lisboa

Há dias encontrei, ao pé dos contentores do lixo, uma imagem de Cristo e um livro com a Bandeira Nacional. Que interpretação deveria fazer da pessoa que depositou ali estes objectos? Nenhuma; simplesmente, porque não sei quais as razões e os sentimentos que estiveram na base da deposição ou exclusão. Nem devo questionar as atitudes que teriam os funcionários da limpeza. A liberdade é coisa muito bela e deve ser exercida com o sentido da responsabilidade e, para isso, é preciso apostar ainda mais na educação.

007 Núcleo central da Bandeira Nacional

Gosto da palavra símbolo, bem como dos seus significados em termos: artísticos, filosóficos e históricos. Vem isto ainda a propósito da questão da troca de bandeiras nos paços do concelho, aquando da efeméride dos 100 Anos da República, bem como do episódio da subtração de uma bandeira municipal, pelos monárquicos. Retirarem a Bandeira do Município que é tão simbólica, desde os corvos que acompanharam os restos mortais de São Vicente nos alvores da nacionalidade, não terá sido curial. Terá havido uma atitude deliberada, quiçá de “política” subterrânea, de fazer desaparecer a dita bandeira. Em democracia as “armas” para fazer adeptos devem respeitar as regras.


 008 Bandeira de Lisboa
      Por outro lado, experimentando a ideia de colocar-me no papel dos que praticaram a ação, tudo parece indicar que seria para questionar a legitimidade moral da retirada de outra Bandeira, a conotada com a Monarquia, na versão anterior a 1910, dos Paços do Concelho, por parte dos Republicanos. Com a subtração, os adeptos do Regime Monárquico pensariam ter exercido um acto de justiça por mãos próprias, dispensando os Tribunais.

A atitude positiva e respeitosa para com a arte e os símbolos é tudo; estejam a arte e os símbolos: no solo, nos veículos, nas casas, nas paredes, nos armários, ou simplesmente inacessíveis e velados em redomas de depósitos, de arquivos e museus tradicionais.

Liberdades com responsabilidades serão os melhores bens imateriais culturais. Ajudarão a criar as frátrias, herdeiras das pátrias esgotadas, onde as obras de arte, a produção, os símbolos e os valores serão integrantes de uma nova comunicação e uma outra redistribuição.

 Imagens 001, 002, 005, 006 Arquivo Pessoal; 003, 004, 007, 008 gentileza pt.wikipédia et al

 Palavras-chave: arte, bem cultural, expressão, fratrimónio, história, liberdade, símbolo


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