terça-feira, 17 de julho de 2018

MEMÓRIAS E MUSEU. UMA DIALÉTICA CULTURAL


Tags: Memória, Museologia Social, Museu, Museu da Descoberta, Museu dos Descobrimentos ; (imagem supra gentileza RTP)

As posições andam extremadas. Que os sistemas de guarda, preservação e difusão da memória não são inócuos verificou-se no programa «Prós e Contras» da RTP1, conduzido pela expertise de informação Fátima Campos Ferreira, em 16.07.2018.

O aceso debate fica inconclusivo pelo melindre histórico e mental, ao que se junta a política de esquerda, direita e moderada.

Os museus, como tantas instituições e pessoas, filiam-se num duo genético: uma organização promovida inicialmente por uma figura masculina que é tradicionalmente detentora do poder, pelo saber acumulado. Os museus foram prosseguidos (pelo menos na tradição), pelas musas. Estas femininas inspiradoras mudam a conduta e a gestão das organizações.

«museus vinculados às musas por herança materna (matrimónio) são "lugares de memória" ; mas por herança paterna (património) são configurações e dispositivos de poder. Assim, os museus são a um só tempo: herdeiros de memória» através das musas e de poder com homens concretos e em divergência.. (cf. Chagas, Mário; versão doc. in Univ. Lusófona, Lisboa, 2000).

Cremos que a instituição Museu será das últimas a perder influência, após a Família e a Religião. Acerca da memória residente nas pessoas, é ainda Chagas a referir (doc. cit) «a memória que foi o dispositivo detonador do novo, agora é utilizada […] para comemorar, para garantir a ordem […] a memória agora é usada pela burguesia e vai penetrar com ou sem sutileza (sic, termo Br.) nas escolas, nos museus, nas bibliotecas, nos arquivos, na produção artística, religiosa, filosófica e científica».

A montante e a jusante dos museus estão as memórias do passado em ebulição com as sensações do presente. Vive-se, em Portugal, mais acentuadamente na capital, uma dialética social, política e museal, porque uma nova síntese é precisa, onde as pessoas, o museu e as memórias são cruciais para um paradigma cultural mais justo, onde os turistas, os investigadores e residentes se respeitem na compreensão mútua do Presente e da História dos Povos.

 

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