quinta-feira, 8 de setembro de 2016

93. RITOS CONTOS MEMÓRIAS TAMBÉM ENTRAM NA MUSEOLOGIA SOCIAL EM ACÇÃO


       O «VERBO RELATAR» em artigo apresentado por Mendonça (in Revista do Expresso, 13.9.2016) também significa fratrimónio partilhado, do “aqui e agora”. (CHAGAS, 2016).

       Relatar significa divulgar memórias recentes e antigas; construídas e reconstruídas, funcionando como um antídoto contra esquecimentos.
       Mendonça conta que «Havia um célebre mestre que tinha um rito para que Deus o atendesse: ele caminhava até um ponto da floresta, acendia uma fogueira, recitava uma prece e Deus atendia-o. As gerações passaram. Primeiro a prece foi esquecida. Mas tinham ainda o ponto da floresta e a fogueira: e Deus atendia-o na mesma. Depois a fogueira caiu no esquecimento, mas restou o lugar na floresta onde Deus os atendia. Por fim, também esse lugar foi esquecido. Já não havia memória da oração, da fogueira e do ponto da floresta. Mas havia o relato da história. E sempre que ela era contada, Deus atendia.»
       Como vemos neste conto, ou relato, como prefere Mendonça; não se salvaram todas as memórias, todos os patrimónios que este rito e estas estórias nos proporcionam, mas salvaguardou-se o essencial nas memórias repetidas, partilhadas e relatadas, à semelhança das memórias e patrimónios transformados em belas lendas, que nos ajudam a viver, interpretando o mundo material e o não tangível; iluminando o conhecimento e o reconhecimento.

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