quinta-feira, 7 de julho de 2016

048. COMUNICAÇÕES D`OUTRORA - PERSPETIVA DE FUTURO – O CASO DE J.C.BOSE


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Jagadish Chandra Bose (2) nasceu e faleceu na Índia (1858 -1937)

Na época de Bose, a telegrafia elétrica (transmissão da escrita à distância através de fios condutores) já havia sido inventada e implementada. Idem quanto à telefonia tradicional. Contudo, a radiotelegrafia e a radiotelefonia, só nos finais do século XIX/ início do XXº dão sinais de vida. Neste processo, Bose exerceu meritórias ações, as quais nunca será demais destacar.

As investigações de Bose e do físico Édouard Branly (Amiens, 1844 – 1940, Paris) foram quase simultâneas e, provavelmente, independentes uma da outra. Branly foi o primeiro, do ponto de vista do registo de patente com o detetor (dito coesor de Branly). Bose inventou peça semelhante mas conformou-se com a divulgação no sistema de ensino e no emprego da mesma peça em explosões de pedreiras e também nos sinais em campainhas por via radioelétrica. Bose estava mais interessado na segurança de vidas humanas e na divulgação do conhecimento, através do ensino que ministrava, do que em realizar proventos pela venda de serviços e equipamentos.
A sua genialidade como físico, biofísico, botânico, fisiologista e arqueólogo, foi direcionada para a relação humanista. Altruísta, parece ter descurado o desenvolvimento na vertente das comunicações, deixando o caminho aberto para outros investigadores, tal como veio a acontecer, com a evolução das telecomunicações inclusivamente na Era digital. Bose iniciou a investigação que viria a dar frutos com os semicondutores, base das comunicações modernas/atuais à distância.
Mais interessado pelos fenómenos da vida e desta com o Absoluto (3), Bose privilegia o estudo da relação homem/meio ambiente como forma de interligação, inclusivé com entidade(s) suprema(s). Para Bose, a natureza vegetal não é desprovida de sensações de bem-estar, mal-estar; não é indiferente a estímulos. Uma planta pode sentir a presença de bons e maus fluídos e reage a sensações e comunicações.
Tudo parece indicar, que o reino vegetal comunica com o meio, libertando odores e desenvolvendo-se ou retraindo-se no seu crescimento e morte; na frutificação abundante e generosa, ou no definhamento e esterilidade.

Para comprovar os atributos de sensação/reação, felicidade/bem-estar que a sua intuição e espírito lhe sugeriam, Bose inventa um equipamento a que chama crescógrafo (4) permitindo a ampliação, das manifestações reativas/comunicativas do reino vegetal, até cerca de 10.000 vezes.
Dada a sua personalidade de polígrafo, Bose dedica-se mais ao ensino dos princípios do que às questões formais e autorais. Filho de um magistrado, estuda em Calcutá, a partir dos 9 anos, onde conclui uma licenciatura. Em 1880 já se encontra em Londres onde segue Medicina, que não conclui devido a ter desenvolvido uma doença de malária. Muda de curso e licencia-se em Física. Entre vários professores encontra Francis Darwin, filho do célebre Charles Darwin.
Regressa a Calcutá onde trabalha cerca de 30 anos. Leciona e investiga no Presidency College e é nas duas últimas décadas do século XIX que realiza várias investigações, entre elas: sobre ondas eletromagnéticas, precedendo Marconi.

Nestes anos consegue fazer explodir uma carga à distância, através do espaço radioelétrico, isto é, sem o uso de fios e faz tocar uma campainha, também sem o recurso de traçados contínuos. Estavam dados os passos essenciais para as radiocomunicações. Em 1896 o Daily Chronicle relata a experiência da sua comunicação à distância, sem fios.
Quase pela mesma altura o russo Alexander Popov, também realiza experiências no sentido de comunicar por via radioelétrica. Mas Popov escreve em 1895 que mantinha a esperança de comunicar, sem fios; logo verifica-se que, neste ano de 1895, ainda não tinha conseguido o seu desiderato. Quanto a Marconi, também só em 1897 consegue resultados aceitáveis e encorajadores.
Bose não teve intenção em manter em segredo a sua investigação. Não o movia o desígnio de criação de empresas e negócios, apenas a divulgação científica entre a população interessada. Mas não faltava quem por interesses pessoais, quiçá egoístas, quisesse apresentar inovações. Ele próprio desabafa com um amigo poeta, e igualmente polígrafo de Calcutá - Rabindranath Tagore, em 1901, sobre o espírito de ganância pelo dinheiro que encontra em obcecados concorrentes.
Bose investiga e trabalha sobre as ondas curtas que estão na base da revolução das comunicações a longas distâncias. Inventa um protótipo de díodo (5) semicondutor de cristais, funcionando como peça transmissora de informação e descobre as micro ondas.
A este respeito estava tão avançado em relação ao seu tempo que o Prémio Nobel de Física de 1977 – Nevill Mott confirma que Bose estava “60 anos avançado em relação à sua época”(6).
Notas:
(2)É interessante o termo bose por estar associado ao “pequeno e discreto” (cf. http://mundodasmarcas.blogspot.pt/2006/05/bose-better-sound-through-research.html, https://pt.wikipedia.org/wiki/Condensado_de_Bose-Einstein ). O bosão, por sua vez, ganhou o significado de “a partícula mais pequena de Deus”. O nome Bose parece ter sido inspirado aos seus progenitores. Porém, Bose, originário de um território colonizado tornou-se grande, não só na India, como na Metrópole, G. B., e no Mundo, estando hoje as suas obras, e as que dele falam, traduzidas em cerca de 20 línguas.
(3)A expressão Absoluto é aqui empregu em vez de Deus, Javé e Alá, cujas referências estão ainda ligadas a religiões e culturas diferentes, o mais das vezes em competição ou em guerra declarada.
(4)Crescógrafo - substantivo masculino do latim cresco, crescer + grafo, registo, isto é, aparelho amplificador e registador do crescimento das plantas. (cf. Dicio – Dicionário Online português). Diz-nos o guru indiano Paramahansa Yogananda, na sua obra onde se refere a Bose, que este precursor “recebeu o título de Cavaleiro pela Administração Britânica, em 1917, pela invenção do crescógrafo”, entre outros instrumentos. (cf. YOGANANDA: 2007).

(5)Díodos (do grego di e odos = dois caminhos). Trata-se de pequenas peças trabalhando com cristais. Estas pequenas unidades são, hoje em dia, mais conhecidas como semicondutores. Assentam na capacidade variável de conduzir a corrente elétrica. Os cristais foram primeiramente descobertos em 1873-1874 por Frederick Guthrie e Karl Braun. Depois utilizados por Thomas Edison (1880). Pouco tempo após, são aplicados por Édouard Branly e Jagadish Bose, no então chamado coesor de transmissão radioelétrica. A progressão tecnológica continua e são inventadas as válvulas termoiónicas, constituídas essencialmente por um cátodo, um filamento e um ânodo. O aquecimento do filamento faz trabalhar iões e eletrões, bem assim como o encaminhamento de impulsos informativos. Novas evoluções e as válvulas dão lugar aos transístores e atualmente aos circuitos integrados. Porém, a origem da transmissão radioelétrica, baseia-se nos coesores/díodos (duas funções). Também não será por acaso que os sistemas atuais de comunicações se chamam digitais por se basearem na transmissão de zeros e uns. Hoje, como no século XIX, as comunicações são baseadas na dualidade, tal como uma moeda possui duas faces. Para se comunicar são necessárias no mínimo duas pessoas ou uma pessoa e outro ser, seja animal, vegetal e talvez também se possa vir a comunicar com o reino mineral e o espiritual. Seguindo o precursor Bose, parece que a comunicação entre seres de espécies diferentes já está ao alcance da Humanidade mas é como diz uma citação trazida pela cara amiga Lucinda: a comunicação é como “A felicidade [que] bate na porta mas não gira a maçaneta. Quem decide se quer que ela entre ou não, é você!”. (Cf.http://comunidade.sol.pt/blogs/lucinda/archive/2015/07/06/OS-GREGOS-E-A-SUA-SEDE-DE-UMA-JUSTA-DEMOCRACIA_2E00_.aspx )

Tags: BOSE,Jagadish Chandra; BRANLY,Edouard; Crescógrafo; Díodo-semicondutor; Radiocomunicações; Radiotelefonia; Radiotelegrafia; Telecomunicações; TSF; MARCONI,Guglielmo; POPOV,Alexander, YOGANANDA,Paramahansa
Fontes bibliográficas:
-COPERÍAS, Enrique M. – O Livro das origens: De onde vem tudo o que nos rodeia, do Universo e da vida aos objetos do quotidiano. Paço de Arcos: Abril /Controljornal Edipress, Ldª, 2013
Documentos policopiados
-ANCIÃES, Alfredo Ramos – Ensaio de Organização da Telegrafia Eléctrica no Museu dos CTT. Lisboa: Museu dos CTT; UAL, 1988- 1989.- Policopiado
-ANCIÃES, Alfredo Ramos – Uma (R)evolução nas Telecomunicações. Lisboa: FPC – Fundação Portuguesa das Comunicações, 2005. – Doc. policopiado de apresentação da Exposição “150 Anos da Telegrafia Elétrica em Portugal”. In Património Museológico Postal e Telecomunicações

Documentos em linha, acedidos em 7.7.2015
-BOSE, Jagadish Chandra - Biografia - pioneirismo na pesquisa/deteção de ondas curtas in http://ethw.org/Jagadish_Chandra_Bose
-BOSE - Físico e Fisiologista in http://es.wikipedia.org/wiki/Jagdish_Chandra_Bose
-BOSE; Demerson - Detetor ou coesor radioelétrico inhttps://www.cv.nrao.edu/~demerson/b~ose/bose.html
-CHARDIN – Investigações sobre a energética do pensamento e o respito pela Natureza in http://pt.wikipedia.org/wiki/Teilhard_de_Chardin#Obras_de_Teilhard_de_Chardin
-CHT Comissão das História das Transmissões - BRANLY, Édouard e o coesor detetor de ondas radioelétricas in https://historiadastransmissoes.wordpress.com/tag/coesor-de-branly/ ;https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89douard_Branly;https://en.wikipedia.org/wiki/%C3%89douard_Branly ;
-Diodo semicondutor de cristais in https://pt.wikipedia.org/wiki/Diodo_semicondutor
-EMERSON, D. T. – Investigações pioneiras de J. C. Bose: 100 anos de ondas milimétricas e relação com as investigações de Bose in https://www.cv.nrao.edu/~demerson/bose/bose.html
-FIDALGO, Anabela (profª) - Apontamentos aulas de Literatura. Massamá e Monte Abraão: USMMA, 2014/2015
-FRANCISCO, Papa – Nova Encíclica “Laudato si, sobre o cuidado da Terra in http://ionline.pt/397268?source=social
-JANEIRA, Ana Luisa – Teilhard de Chardin: a energética como visão de mundo; A energia máxima será sempre o amor in https://teilhardianos.wordpress.com/2012/05/25/teilhard-de-chardin-a-energetica-como-visao-de-mundo/
-PEREIRA, Martha Camargo Vasconcelos - Efeito Branly (Branly's coherer). Campinas: Universidade Estadual de Campinas - Instituto de Física Gleb Wataghin, s. d. inhttp://www.ifi.unicamp.br/~lunazzi/F530_F590_F690_F809_F895/F809/F809_sem2_2006/MarthaC_Tamashiro_RF1.pdf
-KAMERLINGH-ONNES, Heike – História do forno de micro-ondas inhttp://microwavecooking.com/pt/Microwave_Oven_History_Part3.htm
-YOGANANDA, Paramahansa ; BOSE, Jagadish in

https://pt.wiki

-YOGANANDA, Paramahnsa – Autobiografia de um Iogue [e a relação com Bose]. [Lisboa?]: Dinalivro, 2007. À venda na FNAC. O original foi traduzido do inglês em 18 línguas, incluindo o português. cf.  http://www.omnisciencia.com.br/autobiografia-de-um-iogue/p?gclid=CjwKEAiA_p_FBRCRi_mW5Myl4S0SJAAkezZrYf8_IfEhzIpqJn_sD0SCVbbNngk34yiqOjNRcuXSXBoCd0zw_wcB


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