32. O "PÃO NOSSO DE CADA DIA" COMUNICADO
“Que este tempo de transição
nos ajude a viver um presente
com sabor a inconformismo
e rebeldia criativa”.
nos ajude a viver um presente
com sabor a inconformismo
e rebeldia criativa”.
(citado de Ana Luísa Janeira, 2015)
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A mãe ao Oiteiro do Pregão sobe
Para o pão amassar.
O tio Mário da Olímpia, filhos e senhores
O Divino Senhor dos Passos adoraram
O António do Lucas, lavrador e transportador
Marques, Mateus, Nascimento, Pádua, Paixão,
Com o forno ao rubro
Com o pateiro e a carronda na mão
Insiste a senhora Maria do Alberto.
Na matriz ou na capela do Divino Senhor dos Passos
E comunicaram/comunicam sem igual
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A mãe ao Oiteiro do Pregão sobe
E com todo o fôlego grita
-Antóóóóóóóniooooo …
A senhora Ana, Forneira com o redoiro na mão
Manda a Dalinda Mensageira o Povo avisar
Para o pão amassar.
A senhora Antónia do Rafael
E filhos Toninho e Manuel
Como Forneiros e Mensageiros laboraram.
O tio Mário da Olímpia, filhos e senhores
Mico, Nico, Pio e Delfim
Giestas e pilras cortaram/arrancaram
Em carros de bois transportaram
Em prol da aldeia crescer e do bem-fazer.
O Divino Senhor dos Passos adoraram
Com ofertas do Povo e do Pão da Poia
As festas sustentaram.
O António do Lucas, lavrador e transportador
E as famílias beselguenses
As festas e os mordomos apoiaram:
Os Aguiar, Anciães, Augusto, Beco, Bernardo,
Bogo, Carreira, Carvalhal, Castro, Cardador,
Coelho, Cruz, Cruzeiro, Diogo, Fonseca, Gomes,
Leitão, Lopes, Lourenço, Ferreira, Magalhães,
Marques, Mateus, Nascimento, Pádua, Paixão,
Pereira, Pinheiro, Pinto, Pio, Proença,
Rodrigues, Saraiva, Serôdio, Ramalho,
Ramos, Ronda, Sobral, Sousa, Teixeira, Veiga,
Morais e outras famílias mais (?) . . .
Se de alguma me esqueço, peço que me desculpais.
Com o forno ao rubro
As senhoras avisadas são
Para em massa transportarem o pão.
Do Oiteiro do Pregão replica-se:
-Oh Joãoãoãoãoãoãoãooooo …
Com o pateiro e a carronda na mão
António e João ao chamado vão.
-Aviai-vos, a mãe de vós precisa!
Insiste a senhora Maria do Alberto.
-Ai que o pai chega-vos!
Reforça o ti`Germaninho.
-Depressa andai o caminho!
A mãe a tender está
E a senhora Forneira
Pelo "Pão Nosso de Cada Dia" espera já.
Na matriz ou na capela do Divino Senhor dos Passos
Os reverendos P. Cristóvão, Rodrigues, Ferreira,
Carlos, Donaciano, Carlos Carvalo, Francisco
Ou os P. missionários Hermenegildo, Ângelo e Vítor
O Pão e a liturgia celebraram/celebram
E comunicaram/comunicam sem igual
Desde o século XIX ao atual.
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Termos regionais ou pouco usuais:
-Carronda = aro com cerca de 50 cm de diâmetro, destinado a ser dirigido pelos rapazes, utilizando um galho bifurcado numa das extremidades para o arco guiar. Tinha, para lá da função lúdica, o incentivo à corrida para a prática de céleres caminhadas.
-Pateiro = Instrumento de jogo em madeira - um pau com cerca de 12 cm de comprimento, talhado nas pontas em bisel e com inscrições sobre os quatro lados. Destinava-se a ser lançado com uma vara e, conforme o lado em que o pateiro caísse, mostrava o número de pontos inscritos na parte superior.
-Poia = contributo popular em pão cozido para a festa do Divino Senhor dos Passos da Paróquia de Santa Cruz de Beselga. O pão doado por cada família em cada cozedura era arrematado no final da missa dominical e o produto arrecadado pelos mordomos, a fim das despesas da festa custearem.
-Redoiro ou Radoiro = Instrumento de madeira com uma pá vertical e um longo cabo com a função de varrer as brasas e as cinzas do forno, preparando-o para a cozedura.
-Tender o pão = estender a massa e dar-lhe forma comestível, segundo as preferências culturais.
P. S.
Reconstituição das minhas memórias de aldeia, vividas e ouvidas. Freguesia de Beselga, concelho de Penedono na Beiraltíssima / Terras do Demo, século XX;
Obrigado pela visita.
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- Comentário de Alfredo Ramos Anciães em 12 fevereiro 2015 às 23:44
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mitalaia said:
Fred
Embora, tenha andado um pouco sumido, é sempre um prazer ler, cada um dos teus post's, por motivos diferentes. Considero todos eruditos e de interesse para mim. Vejamos o presente: é maravilhoso pela, agradabilidade de enriquecer mais o vocabulário e tomar mais conhecimentos da cultura do interior. Cultura do interior, que me vem fascinando visto que é muito diferente da, da minha Estremadura.
Havendo vários vocábulos iguais, a maior parte desconhecia.
Em suma gostei muito.
Abraços de amizade
# Fevereiro 11, 2015 15:27 [Remover este Comentário]
AlfredoRamosAnciaes said:
Olá Daniel Mitalaia,
É com grande prazer que recebo os teus comentários.
Obrigado.
Abraço
- Comentário de Alfredo Ramos Anciães em 5 fevereiro 2015 às 15:50
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Com um abraço a todos os museólogos, curadores, investigadores e técnicos de documentação.
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