quarta-feira, 29 de junho de 2016

79. COMUN(IC)(AÇÃO) EUROPA S. BENTO REORGANIZAÇÃO



Uma frase de Mia Couto recebida recentemente na plataforma facebook parece-me correta. Porém, e ainda segundo a minha opinião, há algo que não conjuga na realidade actual, nomeadamente, quando Mia Couto refere: "Nunca o nosso mundo teve ao seu dispor tanta comunicação [...] Nunca houve tanta estrada. E nunca nos vistamos tão pouco."

Certo. Nunca houve tanta estrada. A mensagem que Mia Couto pretende passar vai no sentido de que as estradas são apenas aproveitadas para evasão, fuga, ir e vir de fim-de-semana, de férias, transportar produtos, tantas vezes supérfluos para uma vida saudável e regrada.

Estradas e caminhos cada vez servem menos para irmos visitar o Próximo, que pode ser um familiar, um amigo, um prisioneiro. Em relação a outros meios e tecnologias de comunicação: correio, telefone, televisão, nets, estes funcionam apenas como suportes que nos possibilitam comunicar, ou não, sendo que o acto de comunicar significa pôr em acção algo de comum.

Comun(ic)ação, não é o mesmo que transmissão ou informação; é algo que (co)move/envolve as partes: pessoa(s) e tudo o que vive. Pode até tratar-se de comunicação em relação a um animal, doméstico ou selvagem, ou mesmo em relação a uma planta, implicando respostas, a que vulgarmente chamamos "feedbacks".

Se apenas vejo um filme, espectáculo, um programa de televisão; se clico no facebook, envio mensagens sem retorno, faço um passeio ou uma viagem, sem troca de sinais e mensagens com envolvimento; então apenas estou a entreter-me, posso até estar a cultivar-me, passar tempo, informar ou informar-me, mas não estou propriamente a comunicar.

Se os ruídos impedem a comunicação, isso significará que, provavelmente, preciso de adoptar medidas, quiçá radicais, de med(it)ação; o que aconteceu em tempos históricos, com semelhanças à actualidade, pelas comunidades monásticas. É sobre este tema que irei desenvolver em próximo post sobre os finais do Mundo Romano, a entrada de emigrantes, refugiados ou invasores, a que vulgarmente chamamos Bárbaros e que aqui, não são referidos com qualquer sentido pejorativo.

Vou tentar compreender esta Europa, que parece estar a modificar-se, também por causa da chegada de novos povos e em semelhança com a desintegração do ex-Império Romano do Ocidente no tempo de S. Bento, um filho do Império, que viria a ser reconhecido por Padroeiro deste velho Continente. Os ensinamentos e Regras, estabelecidas por S. Bento, talvez devam ser recordados; não para pormos todo o seu pensamento em acção como num decalque a papel químico. A visão do insigne pensador beneditino, poderá ser útil, depois de tantas leis, ideologias e teorias póstumas.

Depois de tanto ruído nos meios que utilizamos, um ponto de ordem, segundo as máximas de S. Bento "Ora et Labora", não será despiciente. Meditação, organização, refexão, comunicação e acolhimento condigno do nosso Próximo constituirão um eixo paralelo ao “Ora et Labora” para uma nova modernidade, uma nova Europa.

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