domingo, 5 de abril de 2020

A MUSEOLOGIA SOCIAL EM TEMPOS DE PANDEMIA

001 Bandeira da UNESCO - United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization - integrada na ONU

O que é e para que serve a Museologia Social.

Este tipo de museologia começa a dar os primeiros passos nas décadas de sessenta e setenta do século XX.

Sobre o conceito de Museologia Social:

«[…] A instituição distante, aristocrática, olimpiana, abcecada em apropriar-se dos objectos para fins taxonómicos, tem cada vez mais […] dado lugar a uma entidade aberta sobre o meio […]. A revolução museológica do nosso tempo - que se manifesta pela aparição de museus comunitários, museus 'sans murs', ecomuseus, museus itinerantes ou museus que exploram as possibilidades aparentemente infinitas da comunicação moderna - tem as suas raízes nesta nova tomada de consciência orgânica e filosófica» (Director Geral da Unesco, Frederic Mayor, na abertura da XV Conferência Geral do ICOM in Cadernos do Centro de Estudos de Sociomuseologia. Sobre o conceito de Museologia Social.- Mário Moutinho (coord.). Lisboa: ULHT, 1-1993. - Cf. https://revistas.ulusofona.pt/index.php/cadernosociomuseologia/article/view/467 )

Poderiam os museus na atual situação pandémica pôr-se à disposição do Estado e da Sociedade, na cedência dos seus recursos, sabendo que muitos museus, sobretudo neste tempo, têm recursos não utilizados, ou pouco aproveitados? A nossa resposta é sim.
 
002 Logótipo da Organização Mundial de Saúde - OMS ; 003 União Internacional de Telecomunicações

Quarteis ou ex Quarteis, Museus e Fundações com salas de workshop, espaços de aluguer, fóruns, auditórios, corredores, halls, pátios, logradouros, espaços de exposições temporárias, garagens e outras áreas que não ponham em alto risco a segurança das pessoas e dos acervos, poderiam ser aproveitados nesta altura.
004 Museus da Politécnica

Seria uma oportunidade para estas Organizações demonstrarem que trabalham com e para as pessoas; que são capazes de solidariedade e empatia com as populações nos momentos difíceis; que conseguem operar com ideias e conceitos, dispensando, em muitos casos, as peças tridimensionais e tradicionais para comunicarem com os públicos.

Para a Museologia Social a vertente funcional de comunicação e relação com as populações é tão ou mais importante do que outras funções museológicas de prospeção, aquisição, incorporação, estudo, organização, preservação, conservação curativa e restauro.
005 União Postal Universal UPU

Oferecer instalações e serviços para situações críticas, nomeadamente os museus do Estado e de Fundações seria um acto de solidariedade, bom senso e até de promoção; pela difusão do nome institucional, pela oportunidade para divulgar documentos, conteúdos informativos e peças.

Um hospital de campanha em espaços museológicos implicaria algumas mudanças e preservação de instalações mas poria em prática uma política museológica virada para a Sociedade.
006 CTT imagem emblema, séc. XX

Haveria um acréscimo de projetos, e/ou uma pausa para repensar programas e ações, demonstrando que a organização museológica é capaz de se adaptar e reorganizar, mediante alterações acidentais de percurso, como é a atual situação de crise provocada pela pandemia.

As exposições e o programa «Do Museu ao Bairro» nas quais participaram a Câmara Municipal de Lisboa, o Museus das Comunicações, entre outros museus e organizações olissiponenses demonstraram que são capazes de fazer museologia social.
007 Fundação Portuguesa e Museu das Comunicações

Cremos que em situação de crise como a actual, estarão à altura, desde que trabalhem com os conceitos museológicos adequados.

Um caso, só para dar um exemplo, do Museu das Comunicações (poderíamos indicar outras fundações e museus, entre os museus de arquitetura modernos, até aos que ocuparam e ocupam antigos conventos e quarteis). O Museu / Fundação Portuguesa das Comunicações, a Fundação Gulbenkian, Museu da Cidade, museus de autarquias, de farmácia, de hospitais, etc. poderiam oferecer instalações menos aproveitadas nestes tempos em que não há visitantes e os trabalhos estão reduzidos.

Nos espaços bem aproveitados, além de poderem instalar hospitais de campanha, ainda seria exposta, na altura ou no após pandemia, uma seleção de peças relacionadas com o tempo de outras pandemias. Demonstrariam como as organizações e as tecnologias fazem parte do combate e assistência, comunicacional e curativa, evidenciando daí fontes de esperança para as populações.

Peças de correio, filatelia, telégrafo, telefone, rádio, televisão, arte; defesa, investigação, educação, farmácia, medicina, bombeiros, organização do território e autárquica, entre outras atividades participantes no combate às pandemias seriam expostas.
008 Câmara Municipal de Alenquer

Se necessário, as organizações e museus que oferecessem instalações ou outros recursos ganhariam projeção de imagem; seriam compensados pelas despesas efetuadas nas remodelações de instalações adaptadas a situações de emergência de saúde pública e sua reversibilidade quando já não fossem necessários. Sem empatia e comunicação ao serviço das pessoas não há museus nem museologia social.
009 Logótipo do Movimento Internacional para Uma Nova Museologia

Palavras-chave: covid-19, museologia social, pandemia

Gentileza das imagens: 001, 002, 003 UNESCO \ OMS \ ONU; 005, 006, e 007 Fundação Portuguesa das Comunicações / Museu; 004 e 008 Arquivo pessoal AA; 009 MINOM ICOM Portugal.

V. outras fontes nas seguintes entradas:
















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