Caríssim@s
Junto envio mais esta lição de História;
não feita por mim, mas que me foi enviada por e-mail de FMFR em 13.04.2020 e
que eu subscrevo.
«Corrijam, os conhecedores, se for caso
disso.
… nada
como uma extraordinária «Lição de História»
«A GUERRA IBERO-HOLANDESA
Não vou discutir a questão dos
Eurobonds, que já é velha e em que a posição dos diversos países europeus não
mudou. O que me ocorre comentar é o acinte do ministro holandês para com a Espanha.
Porquê em especial a Espanha?
Porquê em especial a Espanha?
Há coisas da História que ficam na memória colectiva
dos povos, não tanto enquanto memória dos factos, mas como memória emocional,
em ódios e estimas. E o facto é que há na Holanda um ressentimento secular
contra Espanha e também contra Portugal, como se constata em blogs e
ciber-grupos quando se fala dos Descobrimentos ibéricos. Donde vem isso?
É que a Espanha e a Holanda travaram uma guerra
durante 80 anos, entre 1568 e 1648! A qual acabou com a vitória holandesa na Europa,
mas a derrota no Ultramar espanhol. É uma longa história, que não vou
desenvolver, mas referir apenas que, sem justificação, a Holanda alargou essa
guerra a Portugal, no que foi sem dúvida a primeira guerra imperialista moderna
da História europeia.
Por cá é pouco conhecida, como tudo o que respeita à
História do nosso império ultramarino, mas essa guerra foi a guerra mais longa
que Portugal travou na sua História, a seguir à guerra contra os mouros.
Basicamente, a Holanda procurou roubar a Portugal o
seu império ultramarino. Começou por piratear sistematicamente os nossos
galeões e caravelas, e no Oriente tirou-nos tudo o que pôde - Ceilão, as
Molucas (actual Indonésia, de que só nos deixou Timor), o comércio com o Japão,
e só não nos tirou Macau por que o imperador chinês nos protegeu, ao contrário
do imperador japonês.
Na África tirou-nos o Cabo, não conseguiu tirar
Moçambique, mas tentou também tirar-nos o Brasil e as colónias da África
atlântica. Que foi onde a guerra foi mais acesa e longa.
A guerra no Brasil foi pela apropriação das plantações
de açúcar, e durou 65 anos. Foram os próprios brasileiros quem derrotou e
expulsou os holandeses, embora estes tenham depois ido plantar açúcar na
Guiana. Como o açúcar brasileiro (que todos os outros depois copiaram no Haiti,
em Cuba, etc.) era uma agro-indústria inviável sem os escravos africanos, a
Holanda tomou-nos São Tomé e Príncipe, a Mina na costa da Guiné, e em 1640,
quando já não éramos súbditos dos espanhóis e portanto sem desculpa, Luanda.
Mas apenas Luanda, nunca conseguindo desalojar os portugueses das suas posições
no interior, graças aos nossos aliados africanos e também à ajuda brasileira.
Também no Brasil, como em Angola, os holandeses nunca
conseguiram passar de algumas cidades costeiras para o interior. No interior
dominaram sempre os portugueses, os luso-brasileiros, e em Angola os
luso-africanos. No Brasil os luso-brasileiros mantiveram cercadas as cidades
costeiras sob domínio holandês, desbaratando-os quando tentavam penetrar no
interior. E foram os brasileiros quem financiou, construiu e equipou a armada
que foi a Luanda e a São Tomé recuperar aquelas fontes de escravos para as
plantações de açúcar. A historiografia brasileira oficial considera que foi
nessa guerra que se forjou a sua nacionalidade, com a luta combinada de
destacamentos luso-brasileiros brancos, tropas índias, e tropas negras formadas
por ex-escravos. Todos juntos contra os holandeses. A questão religiosa foi
importante, neste desfecho da guerra luso-holandesa. A aversão calvinista dos
holandeses aos ícones religiosos católicos, aos santinhos e aos andores com a
Nossa Senhora, às relíquias sagradas e ao Papa, não colhia apoio entre
africanos e índios cristianizados pelos estimados jesuítas. Pelo contrário,
escandalizava-os. A Holanda perdeu essa guerra no Atlântico, portanto, mas
ficou ressentida.
Nota: a Holanda era a parte norte de uma nação mais vasta, os "países
baixos", cuja parte sul acabou por ficar do lado espanhol. Não só com a
maioria católica do sul que não se revia no calvinismo holandês, como de parte
dos próprios protestantes de outras igrejas, dada a intolerância calvinista.
Essa parte sul acabou por conseguir a sua independência em 1830 e é desde então
a Bélgica. Com quem Portugal sempre se deu bem.
A História tem muita força...»
Palavras-chave: Comunidade Europeia, covid`19, crise 2020, Espanha, Eurobonds, História, Holanda, Portugal
Continuação de boa Páscoa.
Com os meus cumprimentos & académicos.
AA
História reveladora e surpreendente, da qual só conhecia a pirataria, por parte dos holandeses, às caravelas portuguesas que regressavam dos territórios ultramarinos sob domínio português.
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