O
«VERBO RELATAR» em artigo apresentado por Mendonça (in Revista do Expresso, 13.9.2016)
também significa fratrimónio partilhado,
do “aqui e agora”. (CHAGAS, 2016).
Relatar significa divulgar memórias
recentes e antigas; construídas e reconstruídas, funcionando como um antídoto
contra esquecimentos.
Mendonça conta que «Havia um célebre mestre que
tinha um rito para que Deus o atendesse: ele caminhava até um ponto da floresta,
acendia uma fogueira, recitava uma prece e Deus atendia-o. As gerações passaram.
Primeiro a prece foi esquecida. Mas tinham ainda o ponto da floresta e a
fogueira: e Deus atendia-o na mesma. Depois a fogueira caiu no esquecimento,
mas restou o lugar na floresta onde Deus os atendia. Por fim, também esse lugar
foi esquecido. Já não havia memória da oração, da fogueira e do ponto da
floresta. Mas havia o relato da história. E sempre que ela era contada, Deus atendia.»
Como vemos neste conto, ou relato, como prefere Mendonça; não se salvaram todas
as memórias, todos os patrimónios que este rito e estas estórias nos
proporcionam, mas salvaguardou-se o essencial nas memórias repetidas, partilhadas e relatadas,
à semelhança das memórias e patrimónios transformados em belas lendas, que nos ajudam
a viver, interpretando o mundo material e o não tangível; iluminando o conhecimento
e o reconhecimento.
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