sexta-feira, 21 de abril de 2017

149 AS MENINAS DOS TELEFONES


004 Telefonistas APT – Anglo Portuguese Telephone. Cerca de 1930

Palavras-chave: central, comutação, manual, telefone, telefonista



A comutação das comunicações telefónicas manuais do utilizador / chamador para o utilizador / chamado, não acontece automaticamente.



001 Telefonistas do Porto. Finais do séc. XIX

É necessária a intervenção das jovens e belas figuras femininas. Em linguagem de telecomunicações, os aparelhos telefónicos são chamados equipamentos terminais, justamente porque ficam nos extremos das linhas e permitem a comunicação de um ponto “A” para outro ponto “B”. Estes equipamentos terminais necessitam de ser interligados por alguém (no caso as telefonistas), já que não seria viável, técnica e economicamente, nos tempos das tecnologias manuais, existir um fio dedicado diretamente de e para qualquer casa ou destinatário.



002 Telefonistas APT cerca de 1920

Em tempos da comutação manual (ligações entre telefones e centrais não automáticas) é indispensável uma ou mais telefonistas para estabelecer uma ligação, dependendo da distância e da relação do número de redes a interagir.



003 Telefonistas CTT cerca 1920

Este trabalho de atendimento e comutação chega a ser muito árduo, exatamente pela atenção exigida nas ligações e pelo peso do equipamento colocado no peito e cabeça, já que as mãos têm de estar livres para manejamento das chaves e cavilhas seletoras; registo dos tempos de utilização e outras anotações.

Tudo se passaria com certa comodidade se as chamadas fossem realizadas de forma espaçada no tempo e na melhor das boas disposições dos públicos utilizadores do serviço. As dificuldades surgem:

-Quando cresce o tráfego e há chamadores em espera;

-Quando os utilizadores descarregam os seus problemas sociais sobre as "Meninas dos Telefones";

-Quando as telefonistas têm as vigilantes observadoras para controlar, disciplinar; para fazer render o tempo e os meios...



005 Telefonistas da APT. Cerca de 1930

Contudo, as telefonistas chegam a ser confidentes dos públicos.

Houve tempos em que, nem sequer lhes era permitido legalmente casar, a fim de se poderem dedicar exclusivamente à função.
Porém, foram-lhes dedicados, pela sociedade de então, respeitos e atenções, até mesmo nos órgãos de comunicação social e na literatura, referindo-se:
-aos seus portes e belezas;
-às confidências,
-aos “arquivos” de segredos;
-ouvidoras delicadas e, por vezes,
-atenuadoras dos sofrimentos alheios e dos maus humores que lhes chegavam do outro lado da linha. -
«[…] Formosas e alegres heroínas do trabalho que à sociedade prestam relevantes serviços e que, amarradas à tortura dos aparelhos, nem sequer lhes é permitido o Amôr»; «Nunca repararam nessas alegres raparigas, que, apressadas, saltitantes, sorridentes, atravessam as ruas de Lisboa, mostrando ao transeunte, como unico distintivo uma pequena maleta de mão? 
Nunca repararam nelas, aí por volta das oito horas da noite, nas imediações das ruas Andrade Corvo ou da Trindade? Pois observem-nas. Andam sempre à pressa, graciosas, alegres […]. E afinal, essas mulheres, alegria juvenil e sorriso em flôr, são quantas vezes! Devedoras da vossa eterna gratidão […] Elas são as telefonistas de Lisboa […]» (TLP, ob. cit., p. 33)



006 Telefonistas dos CTT. Cerca de 1950

    Em suma as Telefonistas:
   -escutam, interpretam, pesquisam, informam;
   -encaminham, facilitam, comunicam,
   -proporcionam comunicações com os chamadores e destinatários,
   -ajudam a criar imagem das Organizações em que exercem a sua exigente
    missão.

Fontes:

-ANCIÃES, Alfredo Ramos – “Para uma caracterização das Telefonistas” in Estudo para Percurso do Património Museológico de Telecomunicações da Exposição Permanente do Museu das Comunicações”. Lisboa: FPC / Museu das Comunicações, 1996

-TLP Telefones de Lisboa e Porto, et al. – “1882.1992 110 Anos a Telecomunicar”. Lisboa: TLP, S. A. 1992

 

Imagens: Gentileza CDI/Património/Museu da Fundação Portuguesa das Comunicações

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