terça-feira, 4 de abril de 2017

141.NAS COMUNICAÇÕES QUASE TUDO A ELETRICIDADE MUDOU


 001 Telégrafo português de Maximiliano Augusto Herrmann

Palavras-chave: Cristiano Augusto Bramão, eletroquímica, energia, invenção, Maximiliano Augusto Herrmann, pilha, Samuel Finley Breese Morse, telecomunicação, telégrafo.

A pilha é inventada em 1800 por Alessandro Volta e inovada por Grenet, Leclanché e Daniell. Criam-se, assim, as condições para a prática de transmissão e receção através da energia eletroquímica.

 


002. Fontes de energia em pilhas: de Georges Leclanché; Grenet e John Daniele; acompanhadas com um eletroíman.

        A inovação de Cristiano Augusto Bramão consiste na adaptação dos aparelhos para trabalhar em corrente dupla. As correntes positivas transmitem os pontos e as negativas - os traços. Assim, os pontos e os traços em código morse passam a ser enviados em períodos de tempo praticamente iguais, proporcionando economia no tempo de ocupação das linhas e também uma vantagem de economia da fita telegráfica utilizada. Logo, o telégrafo de Cristiano Bramão traz especiais benefícios para as Estações de Telégrafos com maior tráfego.

Este telégrafo «[…] apresentado na grande Exposição Universal de Paris, em 1878 [...] distinguido com um Diploma de Honra Equivalente a Uma Grande Medalha».

 

003 Telégrafo português inovado por Cristiano Augusto Bramão e Maximiliano Augusto Herrmann

 Da vasta obra de Maximiliano Herrmann, destaca-se o telégrafo de campanha de 1897 que apresenta nove reivindicações de inovação. Entre elas conta-se:

-Um sistema de dar corda com alavanca, dispensando a chave;

-Um tinteiro regulável em altura e com uma fina agulha de saída de tinta;

-Uma chave morse muito funcional;

-Bobinas de fita facilmente destacáveis e com um sistema prático de fixação para efeitos de transporte;

-Uma caixa com tampas articuláveis onde se preserva e acondiciona toda a tecnologia para um fácil transporte;

-Um despertador, uma bússola e outros componentes devidamente alojados / articulados dentro da caixa portátil.



Com a entrada da telegrafia elétrica o que muda em relação à telegrafia visual?

Quase tudo: equipamentos, modus operandi, códigos de representação de letras, números e frases. Os Postos e Estações, bem como as funções dos Telegrafistas são reconvertidos ou substituídos.

A divulgação do telégrafo de fio único ou duplo só é possível com a invenção de um código. Antes deste telégrafo existem outros que não passam de experimentais, pois envolvem um fio para a transmissão de cada carater, como é o caso do telégrafo de Georges-Louis Le Sage. O seu telégrafo design/modelo de piano necessita de um fio para cada tecla.


Samuel Morse inventa o seu telégrafo baseado exclusivamente em pontos e traços. É como se fosse um telégrafo de apenas dois sinais diferentes. Este sistema "digital" (digital = dois) envolve um código. Cada combinação de x pontos com y traços corresponde a uma determinada letra, número ou ponto. Assim, por um único fio pode passar a informação dos caracteres que quisermos. Morse regista a sua patente em 1838 e as comunicações à distância dão um passo fundamental para o futuro. Este princípio de codificação baseado em sinais digitais ainda hoje funciona. O próprio código de Samuel Morse ainda é utilizado, sobretudo em meios militares.

 O SOS de socorro, por exemplo é enviado através de  . . . - - - . . . isto é (3 pontos, 3 traços, 3 pontos), conforme consta na tabela supra.
A telegrafia elétrica permite a transmissão, de noite ou de dia. Em Portugal, o semanário «O Panorama. Jornal Literario e Instructivo» Nº 133, de 1839 apresenta (creio que pela primeira vez) uma nota sobre o telégrafo elétrico. Dezasseis anos após; a telegrafia elétrica é inaugurada e o mesmo Semanário volta a publicar uma notícia sobre o novo processo de comunicar à distância.

Nesta altura, os benefícios do telégrafo elétrico já são melhor conhecidos. O mesmo jornal, mais uma vez, destaca algumas vantagens que o novo meio vem proporcionar:

«É um meio de transmissão, que não só abrange toda a esphera dos interesses económicos, mas que pode estender-se a interesses de outra ordem, e ampliar-se ás transacções mais comuns e mais íntimas da sociedade». (Panorama, Vol XII, 1855, p. 294)

Um outro periódico - O Jornal do Comercio de 28 de Julho de 1855, traz a notícia dos trabalhos em curso para a primeira rede de telegrafia elétrica. O Panorama de 6 de Outubro de 1855, volta a publicar uma nota, destacando os benefícios que nos EUA retiram desta telegrafia: «Na America servem-se do telegrapho [elétrico] para vender, para comprar, para encomendar uma cama nas hospedarias, para mandar vir de casa roupa lavada, e para as necessidades domesticas de urgência.»

Em Portugal as transformações também se operam, porém as comunicações «[…]mais comuns e mais íntimas da sociedade» como acima é referido no “Panorama”, Vol XII, 1855, p. 294, apenas se vêm a operar, a partir dos finais do século XIX, com a introdução da telefonia, ficando a telegrafia muito ligada aos meios militares, à administração, negócios e imprensa.

No aparte das intimidades, o novo mundo (ou seja as Américas) começam primeiro do que na “velha” Europa.

Acabando o século XIX vem a I Guerra Mundial e só a partir daí a telefonia se torna mais divulgada nos meios urbanos. Nas zonas rurais só a partir dos anos sessenta a telefonia entra na intimidade com a automatização das redes quando, grosso-modo, já não há escutas; as limitações de tempo em linha diluem-se, o rendimento das famílias aumenta e a mecanização da agricultura e transportes desenvolve-se, deixando mais livres as pessoas no tempo e na sociedade.
Fontes:

Imagens: gentileza do Museu / CDI / Fundação Portuguesa das Comunicações 
Monografias:
-ANCIÃES, Alfredo. Organização da Telegrafia Eléctrica no Museu dos CTT. Lisboa: Museu dos CTT; UAL, 1989

-ANCIÃES, Alfredo; JANEIRA, Ana Luísa;. “Quando os Objectos Falam das Telecomunicações”. O Mundo das Colecções dos Nossos Encantos. Lisboa: CICTSUL UL, 2004.

-BARROS, Guilhermino Augusto. Relatório do Director Geral dos Correios, Telegraphos, Pharoes e Semaphoros Relativo ao Anno de 1889 Precedido pela Continuação da Historia dos Correios Até ao Fim de 1888 e de Uma Memoria Histórica Acerca da Telegraphia Visual, Electrica, Terrestre, Maritima, Telephonica e Semaphorica, Desde o Seu Estabelecimento em Portugal. Lisboa: Imprensa Nacional, 1891

-BARROS, Guilhermino Augusto; FERREIRA Godofredo. Memória Histórica Àcerca da Telegrafia Eléctrica em Portugal. 2ª ed. Ampliada com Notas Gravuras e Retratos Coligidos por Godofredo Ferreira. Lisboa: Separata do Guia Oficial dos CTT, 1943

-DAMAZIO, José Victorino; Direction Générale des Télégraphes Portugais. Description de L`Appareil Morse Modifié et des Bureaux Télégraphiques Système Herrmann Adoptés par L`Administration Portugaise. Paris: Imprimerie Simon Raçon et Compagnie, 1865

-ETANAUD, Alfred / La Télégraphie Électric. Montpellier: Ricateau Hamelin et Cie, 1872

-FERREIRA, Godofredo. Coisas e Loisas do Correio. Ligeiros Apontamentos Coligidos por Godofredo Ferreira. Lisboa: CTT, 1955

-PORTUGAL. CTT / TLP. Bramão e Outros Inventores Portugueses no Museu dos CTT / TLP: Exposição Comemorativa do 1º Centenário do Telefone Bramão 1879-1979. Lisboa: Edição dos CTT / TLP; Nova Lisboa Gráfica, Ldª, 1979

-SERRÃO, Joel (direcção). `Regeneração e Regenerador` in Dicionário de História de Portugal. Porto: Livraria Figueirinhas, 1981

-THOMAS, H. Traité de Télégraphie Électrique. Paris et Liège : Libraire Polytechnique CH. Béranger, 1922

-UIT - Union Internationale des Telecomunications. Du Sémaphore au Satellite. Geneve: UIT, 1965

 Periódicos -

-Annales Télégraphiques, Tomo VIII. Paris, 1865

-Panorama (O) Jornal Literário e Instructivo, Vol XII, Quarto da Terceira Série. Lisboa: Typographia do Panorama, 1855.

 Em linha acedidas em 04.04.2017

ANCIÃES, Alfredo Ramos – “Telegrafia Eléctrica” http://www.fpc.pt/Portals/0/Flipbook/Codice%202005/files/assets/basic-html/page82.html

-LUZ, Molina Luiz et al“Pilha eletroquímica de Daniel” http://www.infoescola.com/quimica/pilha-de-daniell-pilha-eletroquimica/

-MUSEU Nacional de História Natural e da Ciência, Universidade de Lisboa (MUHNAC) et al“Pilha de Grenet” http://thesaurusonline.museus.ul.pt/ficha.aspx?frm=tg&value=Pilha%20Grenet&t=o&id=655

-WIKI et al -Samuel Finley Breese Morse” https://pt.wikipedia.org/wiki/Samuel_Morse

------------- -“Pilha de Leclanché” - https://pt.wikipedia.org/wiki/Pilha_de_Leclanch%C3%A9

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