sexta-feira, 27 de abril de 2018

LINDA-A-PASTORA - TERRAS DO JAMOR - UMA VISITA DE REFERÊNCIA


   

Nesta apresentação vamos passar em revista alguns aspectos que apenas foram levemente (ou não foram)  abordados durante a visita.

Quanto às heranças culturais tratámos:

1)da CONFHIC: Organização religiosa de direito pontifício / católico, denominada extensivamente por: Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição.

2)da sua fundadora, Madre Maria Clara do Menino Jesus, nascida na Amadora, entre famílias nobres do século XIX; contudo vimos como a menina Libânia do Carmo Galvão Mexia de Moura Telles e Albuquerque teve a infelicidade de ficar órfã de mãe e pai por volta dos 13 anos. Por consequência, vai viver em internato na Ajuda, dedicado a órfãs provenientes da Nobreza. Depois ingressou no Pensionato de São Patrício que veio a ter também a designação de Colégio de São Patrício; Convento dos Irlandeses e convento de S. Patrício. Este pensionato era presidido pelo Padre franciscano, Raimundo dos Anjos Beirão que fora expulso do Convento de Nossa Senhora de Jesus por altura de encerramento dos Conventos pelo Regime Liberal.

Como vimos, o padre Beirão repousa na mesma cripta de Linda-a-Pastora, junto à Madre Maria Clara, onde as suas sepulturas e os seus restos mortais são visitados anualmente por milhares de pessoas de Portugal e de outros países.
Entretanto como «A Casa de S. Patrício não era suficiente e não apresentava condições de espaço e salubridade necessárias ao desenvolvimento da comunidade. Após muitos pedidos e influências, o Governo cedeu o Convento das Trinas do Mocambo que passou a ser a Casa-Mãe das Hospitaleiras, conhecidas como Irmãs da Caridade, por terem continuado a missão das Filhas de Caridade francesas. / Depois do falecimento do P. Beirão, em 13 Julho de 1878, a Irmã Maria Clara assumiu sozinha a orientação do Instituto com as inúmeras dificuldades internas e externas inerentes a este cargo: perigos, perseguições, mal-entendidos, rejeições e críticas.» (cf. o interessante documento in http://www.confhic.com/congregacao/historia/sintese-historica:162 e artigo sobre o padre Beirão in http://www.confhic.com/destaques/padre-raimundo-beirao:133 ))

3)da herança cultural e natural, consubstanciadas:

a)no edifício de Linda-a-Pastora;

b)na via sacra em quadros / cenários das Estações da Paixão distribuídos no espaço exterior envolvente ao edifício da CONFHIC, tendo estes quadros, sido esculpidos em relevo na pedra. Trata-se, ao que tudo parece indicar, de uma inovação, por esta arte se basear, essencialmente, no design apenas das mãos para expressar a Paixão do Senhor;

c)na Capela em design de tenda, com desenhos de vitrais que, segundo parece, tiveram a colaboração da Ir. Adelina Alves e do polivalente Fernando Marques (autoria a reconfirmar). Também nesta interessante capela vimos uma escultura da mestre Maria Vilar com seu estilo basado em ondulados, característicos de movimentos, de misticismo e espiritualismo, quiçá inspirados na velha arte barroca. Ainda nesta capela pudemos apreciar uma lucerna com formato caraterístico onde é destacado não só o tema da luz, como o da portugalidade através dos sinais da cruz e de uma barca.

d)na cripta através da obra de Irene Vilar (escultura) e da Ir. Adelina Alves (pintura)

e)no exterior apreciámos a escultura de Fernando Marques, peça representando a Madre Maria Clara protegendo a infância e a terceira idade.

f)na envolvência do jardim apreciámos a inédita via sacra com as Estações. A escultura assenta fundamentalmente na representação de mãos, em vez da expressão total, dejá vu, das cenas da paixão.

g)ainda no jardim, pudemos apreciar uma escultura de São Francisco, primeiro patrono da CONFHIC, e as esculturas alegóricas das quatro estações do ano, sendo estas obras das poucas que ficaram na ex Quinta da família Verde (Cesário Verde). A maioria das peças foi retirada desta Quinta (agora CONFHIC) para o Parque dos Poetas, em Oeiras, onde também poderão ser apreciadas.

h)na toponímia destacamos a «RUA MADRE MARIA CLARA (15-6-1843   1-12-1889) FUNDADORA DA CONFHIC»
i)em Cesário Verde referimos a Quinta, a toponímia e a obra que pode ser, em parte, caraterizada através de dois quadros:

-uma mulher urbana «[…] tipo feminino calculista, destrutivo e frívolo, associado com a aristocracia e a sociedade citadina» (cf. Retrato equestre de Ana de Áustria", por Jean de Saint-Igny) in https://pt.wikipedia.org/wiki/Cesário_Verde ),

-quanto à mulher do povo referimos «[…] A vendedeira de "Num Bairro Moderno" (1877) […] desgraçada, trabalhadora e inocente. (cf. "Rapariga com cesto ao ombro", por Teresa de Saldanha)(1). In https://pt.wikipedia.org/wiki/Cesário_Verde);  

(1) É de notar que se trata da Ir. Teresa de Saldanha que estudámos acerca da visita ao convento dos Cardaes, filha de Isabel Maria de Sousa Botelho Mourão e Vasconcelos, Condessa de Rio Maior, duas outras referências de primeiríssimo nível na assistência social a desvalidos e invisuais na segunda metade do século XIX.

j)quanto à “Pastorinha” e sua lenda que terá dado o nome à localidade de Linda-a-Pastora, extrapolando chegámos, teoricamente, à denominação da origem de Linda-a-Velha, Cruz Quebrada, Carnaxide e Queijas, todas estas localidades são vizinhas e estão na influência da bacia hidrográfica do Jamor.

k)exteriormente à CONFHIC referimos um monumento na ex serra de Linda-a-Pastora que só posteriormente fotografámos. Estas imagens serão projectadas na próxima aula.

l)referente às localidades de Linda-a-Pastora e Queijas, referimos a antiga construção, também a toponímia e a arte ligada ao pastoreio, à religiosidade e a Madre Maria Clara.

m)quanto à inspiração artística, especialmente na literatura, escultura e pintura, referimos Almeida Garrett (o Homem das “Viagens na Minha Terra”, bem como viagens nesta micro região), Cesário Verde, Hein Semke, Almada Negreiros, Abel Manta, Fernando Pessoa, Vieira da Silva e Árpád Szenes.

n)finalmente, quanto à herança natural (matrizmónio), referimos a inter influência entre esta micro região, o povoamento, vias de comunicação e o turismo que data, pelo menos, do século XIX, tal como Almeida Garrett no lo expressa em prosa e com a recolha de uma lenda:

«Namorei-me do sítio por modo, que ali passei o Verão todo: e dali fiz deliciosas excursões pelas vizinhanças […]. Foi neste próprio e apropriado sítio que a srª Francisca, lavadeira bem conhecida do lugar, me deu a última […]. Em outras partes do reino traz […] o título de Pastorinha; aqui era justo e natural que se lhe desse o de Linda-a-Pastora, que assentei conservar-lhe. […] O fundo é de uma verdadeira pastorela do género provençal […]»: (cf. a este propósito GARRET, Almeida – Romanceiro (III). Lisboa: Imp. Nacional, 1851 “Linda -A-Pastora”, cap. XXXII; também disponível em - https://moodle.ufsc.br/pluginfile.php/1829280/mod_resource/content/1/Romanceiro_Garrett.pdf acedidos em 04.04.2018 ) 

Tags: Almeida Garrett, CONFHIC, escultor Fernando Marques, fratrimónio, herança cultural, Ir. Adelina Alves,  Madre Maria Clara do Menino Jesus,  Maria Vilar, pe. Raimundo Beirão

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