118. PATRIMÓNIOS
E FRATRIMÓNIOS NA COLINA DE SÃO ROQUE
Imagem
do logótipo. O fundo do escudo a vermelho, significará vida, o cão com um pão
na boca representa a imagem ligada a S. Roque trazendo alimento aos que sofrem
de peste e iniquidades. O
bastão e a cabaça significam o amparo e a prossecução da viagem / peregrinação.
A coroa e a pomba são características da devoção ao Espírito Santo com a
presença do ágape eucarístico.
(Gentileza
da imagem: PINTO, Helena Gonçalves et al.
“Símbolos” https://www.irmandadesaoroque.pt/instituicao/simbolos#ler-mais )
Tudo
parece indicar que a Igreja de São Roque, localizada na Trindade / Bairro Alto
foi construída sobre antigos alicerces do cemitério dos pestíferos ou da Ermida
deste orago.
Quer a
Ermida, quer a Igreja foram erguidas em louvor de S. Roque, como premonição
contra as pestes em épocas de misérias mil e inexistência de medicinas
preventivas.
Para lá
da colina de São Roque, na Trindade / Bairro Alto por onde este orago entrou em
Portugal, o santo natural de Montpellier - França é venerado em várias
localidades da lusofonia, ou levado pelos portugueses. Exemplo: em Abrigada -
Alenquer, Açores, Braga, Brasil, Castelo de Vide, Funchal, Goa, Marelim - São Paio
- Penafiel, entre tantas outras localidades.
As
irmandades religiosas, instituídas a partir da Idade Média para apoio aos
deserdados da vida, ou caídos em desgraça por circunstâncias de guerra ou
outras, foram uma ajuda essencial para minorar as misérias.
Atualmente
e, não obstante, a criação das Organizações de assistência social no âmbito do
Estado, dos Seguros e dos Sindicatos, para os quais se descontam quotizações,
continua a haver razões para a renovação destas irmandades religiosas, até
porque, como consta na “Coluna do irmão provedor” – Notícias da Irmandade da Misericórdia e de São Roque de Lisboa,
2106: “Falta
[…], estudar a outra parte do Homem, a mais difícil: o seu Espírito […]. No
alto das experiências desta Irmandade, afirma-se na mesma “Coluna do Provedor”
que:
“A
nossa irmandade acompanhou esta evolução nos últimos cinco séculos” e por
razões históricas, que são do conhecimento comum, o mesmo Provedor diz-nos que:
“A
Irmandade chegou ao IIIº Milénio tão enfraquecida quanto as demais instituições
religiosas.[…]”. Contudo:
“Em
2004, um grupo de Irmãos tomou-a nos braços e soergueu-a da letargia em que se
encontrava”. (V. Irmandade da
Misericórdia e de São Roque de Lisboa, et al - “A Tragédia do Mundo e a Nossa irmandade” in
boletim Notícias da Irmandade, 2016.
A fachada
da igreja de São Roque é simples, mesmo austera, racional, maneirista, portuguesa
e jesuítica. Contrasta com o interior barroco na tradição do concílio de Trento
(1545-1563) a fim de provocar exaltação no auditório, como reforma ou reação às
críticas protestantes, como são exemplo a interposição das 95 teses de Lutero.
O interior é constituído por
nove capelas:
1)-Capela Mor, onde
figura em plano superior a pintura de Cristo Salvador do Mundo e no plano
inferir/central figura a escultura de madeira de São francisco Xavier; executada
na primeira metade do século XVII;
2)-Capela de São João Batista.
Retábulo
Principal da Capela de São João Batista na Igreja de São Roque
Atestando
a importância desta capela afirma-se que o museu local abriu em 1905; estamos
ainda na capicua de 111 anos com a designação de Museu do Thesouro da Capela de
São João Baptista.
Nesta
designação museológica verifico que se tomou a parte pelo todo. Sendo que o
todo é o conjunto da Igreja de São Roque, as capelas com
as suas irmandades e a antiga Casa Professa da Companhia de Jesus
que usou estas instalações.
Esta
Capela de São João Batista, mandada executar em Itália por D. João V, foi pré-inaugurada
/ consagrada pelo Papa Bento XIV em Roma; novamente desmontada e transportada,
pedra por pedra, para Lisboa em três naus. Conjuntamente vinham dezenas de alfaias,
peças de ourivesaria e ornamentos.
O
projeto e a execução foram de Luigi Vanvitelli
e Nicola Salvi (1742-1747). Contudo
os trabalhos foram acompanhados, mesmo à distância; alterados por D. João V e
pelo arquiteto e ourives João Frederico Ludovice,
de naturalidade alemã que adotou Portugal como seu país. Em Portugal, Ludovice deixou
descendência, amizades com a família real (D.
Pedro II, D. João V e D. José), bem como obra vária, inclusivamente no Paço
da Ribeira e no Convento de Mafra;
3)-Capela de Nossa Senhora da Doutrina, ou de Santa
Ana, mãe de Maria, ligada à confraria do mesmo nome, executada na primeira
metade do séc. XVII;
4)-Capela de São Francisco Xavier, o
principal jesuíta enviado por D. João III para o Oriente. Esta capela foi
patrocinada por António Gomes de Elvas, da família de mercadores e detentores
do Ofício de Correio Mor do Reino; executada na primeira metade do século XVII;
5)-Capela de São Roque, orago
da ex-Ermida e da atual Igreja. Tem como figura central a escultura de São
Roque; executada na segunda metade do século XVI;
6)-Capela do Santíssimo Sacramento, ou de
Nossa Senhora da Conceição, patrocinada por Luísa Fróis, benemérita
dos Jesuítas;
7)-Capela de Nossa Senhora da Piedade.
Patrocinada pelo escrivão de D. Sebastião, Martim Gonçalves da Câmara, onde se encontra sepultado.
Esteve ao cuidado da Irmandade de Nossa Senhora da Piedade. Data da segunda
metade do século XVII, terminada em 1711. Tem como figura central a escultura
de uma Pietá;
8)-Capela de Santo António.
Patrocinada por Pedro Machado de Brito, com indicação de que deveria servir
para sua sepultura e descendentes. Tem como figura central a escultura de Santo
António com o menino. Data da segunda metade do século XVII;
9)-Capela da Sagrada Família.
Patrocinada pela Congregação de Amor e Graça dos Nobres. Data da primeira
metade do século XVII.
Tags: Bairro
Alto, Trindade, irmandades, jesuítas, maneirismo, barroco
Fontes:
-BRITO,
Maria Filomena, et al – Igreja de São
Roque. Lisboa: Santa Casa da Misericórdia, 2008
-MANTAS,
Helena Alexandra Soares, et al –
Museu de São Roque. Lisboa: Santa Casa da Misericórdia, 2008
Em
linha, acedidas em 22.12.2016
ANCIÃES,
Alfredo Ramos – “Bairro Alto – Sétima Colina Curiosidades” http://cumpriraterra.blogspot.pt/2016/12/115-bairro-alto-setima-colina.html
-CANELAS, Lucinda - “D. João V quis um Vaticano em Lisboa” https://www.publico.pt/culturaipsilon/jornal/d-joao-v-quis-um-va-ticano-em-lisboa-26550701
-COUTINHO,
Maria João Pereira; FERREIRA, Sílvia - “As irmandades da Igreja de São Roque
[…]” file:///C:/Users/Utilizador/AppData/Local/Microsoft/Windows/INetCache/IE/1ECY7F6B/4587-1-15164-1-10-20140717.pdf
-GUEDES,
José Benard, PINTO; Helena Gonçalves et
al. “Símbolos” https://www.irmandadesaoroque.pt/instituicao/simbolos#ler-mais
-MORNA, Teresa Freitas - Lisboa:
Capela de São João Baptista revela esplendor - http://www.agencia.ecclesia.pt/noticias/dossier/lisboa-capela-de-sao-joao-baptista-revela-esplendor/
-PENTEADO,
Pedro – “Confrarias Portuguesas […]” http://repositorio.ucp.pt/bitstream/10400.14/4930/1/LS_S2_07_PedroPenteado.pdf
-PINTO,
Helena Gonçalves – “Irmandade da Misericórdia e de São Roque” https://www.irmandadesaoroque.pt/patrimonio/historia/as-festas-em-honra-de-sao-roque/49-as-festas-em-honra-de-sao-roque
-SANTA
CASA da Misericórdia, et al. - “Santa Casa Da Misericórdia: A Fundação da
Irmandade” http://www.scms.pt/index.php/a-irmandade.html
-SUA
PESQUISA.com, et al - “Concílio de Trento” http://www.suapesquisa.com/resumos/concilio_trento.htm
118. PATRIMÓNIOS E FRATRIMÓNIOS NA COLINA DE SÃO ROQUE
ResponderEliminar