terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

35. COMUNICAÇÃO DA II VISITA A CARNIDE TERRA DA TENTAÇÃO LUZ E REMISSÃO


COM O GRUPO DE AMIGOS DO MUSEU DAS COMUNICAÇÕES

Visita iniciada pelo "Pórtico" Ocidental

Bem-vindos à Capital da Luz(itânia) – Terra de Luz, também da carne, tentação, gula e remissão.
Programa:
14h30 Encontro à saída da Estação do Metropolitano de Carnide (junto ao passeio da Avenida Cidade de Praga, isto é, no lado sul do Teatro Armando Cortez).
14h35 Início da visita: Distintivo de Carnide; toponímia; transportes/comunicações; marcas no Metropolitano e murais da envolvência.
14h50 Fontanário do Largo do Malvar e lavadouro público ainda ou novamente funcional.
14h55 Marcas templárias e bandárricas: Relação com o culto a São Lourenço.
15h05 Largo do Coreto: Rua Neves Costa; Largo da Praça: Ex-Central Telefónica e de Correios CTT/TLP.
15h20 Casa / Escola da Mestra e Colégio do Menino Jesus.
15h25 Convento de Santa Teresa das Carmelitas Descalças e de Santo Alberto em Carnide, anterior Quinta do Correio-Mor (benemérito do convento) atual Confraria de São Vicente de Paulo.
16h00 Final da visita.

Obs. Quem desejar poderá comprar um sobrescrito e selo no Posto de Correios do Largo da Praça e pedir para lhe colocarem a marca de dia de Carnide para recordação do dia e Serviços CTT. A distância a percorrer andará à volta dos 1500 a 2000 m.

Procura-se, além da fruição de patrimónios, interrelacionar as vias de comunicação tradicionais, arte e religiosidade, seu desenvolvimento e, chamada de atenção para um certo condicionamento das entidades públicas na preservação da urbe histórica e das azinhagas como travão de segurança contra as vontades de uma urbanização desenraizada.


Outubro de 2014; Fevereiro/Março de 2015

O Brasão de Carnide - Termo/Freguesia de Lisboa e a Simbologia Religiosa

 
O escudo do brasão de armas espelha o essencial da alma e espírito de Carnide.;

A barretina ao centro representa o Colégio Militar;

Os dois pimenteiros, ladeando a barretina, representam a terra de hortas;

O cântaro vermelho lembra a fonte local adjacente à antiga Ermida de Nossa Senhora da Luz; esta arrasada em finais do século XVI para dar lugar à nova Igreja da Luz, mantendo-se no entanto o seu antigo portal e fonte sob a dita nova Igreja da Luz. Há ainda quem seja de opinião de que o cântaro evoca a própria feira da Luz onde é frequente a venda de objetos de cerâmica (vermelha/tijolo);

A flor-de-lis associada à simbologia religiosa, à Trindade e ao Espirito Santo que teve em Carnide o seu local de culto é  também um dos símbolos de Lisboa. Não é minha intenção contestar/negar as teorias precedentes em relação à etimologia de Lisboa, algumas com decénios ou mesmo séculos de existência sobre esta matéria. Contudo, temos a nossa própria opinião sobre a origem do nome e a sua relação com a flor-de-lis.

O nome da Capital é frequentemente referido como proveniente de: -

Alis-ubbo. Atente-se no prefixo “Alis proveniente do pré-celta ou do fenício que segundo os entendidos significa “ensedada amena”. Em seguida encontramos o termo: -

Olissippo que se supõe em memória de Ulisses (em latim: Ulysses ou Ulixes) personagem e/ou figura real da Ilíada e da Odisseia de Homero da antiga Grécia), sendo o próprio termo Olissippo uma evolução gráfica já do tempo romano. Em seguida evoluiu para: -

Al-Ushbuna e Lixbûnâ (quase Lisboa) no tempo da ocupação árabe.

O prefixo lis pré-celta e/ou fenício é uma recorrência na denominação que leva finalmente ao termo Lisboa. E daí o interesse pelo brasão de Carnide com a flor-de-lis nesta freguesia da capital.

Se acompanharmos a historiografia irlandesa (pré-celta/celta) que hoje se sabe teve uma forte ligação ao território peninsular, especialmente ao território que é hoje Portugal e Galiza e às faixas atlânticas das culturas megalíticas, talvez não seja de excluir que Lisboa derive mesmo de Alis-ubbo de origem pré-celta ou fenícia, cuja raiz (prefixo) se manteve durante milénios.

Se relacionarmos ainda as lendas e História de Carnide, Lumiar e Odivelas com as lendas e História Celta e Irlandesa (cf. MORAIS, Gabriela, ob. cit.), teremos ainda mais pontos de referência para podermos questionar/relacionar a origem do nome Lisboa em correspondência com a flor-de-lis; quiçá com ligação ao conceito da Trindade, embora não desde a origem pré-celta, fenícia ou grega mas sim numa fase posterior, por associação de ideias dos três lóbulos perfeitos e unidos em jeito de laço; associação não só à divindade (Trindade), como a monarquias de países da cristandade/catolicidade, tal como o demonstram os vários símbolos ligados a França, a Joana d`Arc, aos vitrais de igrejas, catedrais europeias e demais iconografias religiosas.

São de relacionar os vitrais com a flor-de-lis da Catedral de Santa Maria d`Auch; a flor-de-lis do tape de bouche de Joana d`Arc; a flor-de-lis dos Corpos Nacionais de Escutas e, especialmente, a flor-de-lis esculpida junto à porta da Sé Catedral de Lisboa.

Em teoria podemos associar a cidade de Lisboa, incluindo Carnide (com a flor-de-lis no próprio brasão) ao sinal/significado da flor-de-lis, com as conotações religiosas; nomeadamente ao Espírito Santo que teve a sua Ermida e culto em Carnide. Esta Ermida acabou por ser demolida por razões de Reforma ou Contra Reforma (depende dos pontos de vista) e do Concílio de Trento, contudo a flor-de-lis continuou a fazer parte do imaginário de Carnide, denotando a sua especial pertença a Lisboa e ao antigo culto do Espírito Santo.

As três torres sobrepostas ao escudo do brasão de Carnide recordam a antiguidade desta terra, começando como simples termo de Lisboa, passando a fazer parte do Concelho de Belém durante a existência deste e novamente regressando a Lisboa com passagem a sede de freguesia.

Obs.: este documento sobre a 2ª visita continua em próximo post

Fontes bibliográficas:

-ANCIÃES, Alfredo Ramos - Alma e Luz de Carnide. Lisboa: Apenas Livros, 2013

-MORAIS, Gabriela – Lisboa Guarda Segredos Milenares: Santa Brígida, Uma Deusa Céltica no Lumiar- Lisboa: Apenas Livros, 2011

 Fontes em linha acedidas em 20.10.2014 e 23.2.2015

Sobre a Flor-de-Lis: http://pt.wikipedia.org/wiki/Flor-de-lis#mediaviewer/File:H%C3%A9raldique_meuble_Fleur_de_lys_liss%C3%A9e.svg;  https://www.google.pt/search?q=vitrais+com+a+flor-de-lis+em+portugal&biw=1024&bih=682&tbm=isch&imgil=ik-akUTFC2tecM%253A%253BnVq2m2WHQcYOgM%253Bhttp%25253A%25252F%25252Fblogdasflores.com%25252Fcategory%25252Fflores-famosas%25252F&source=iu&pf=m&fir=ik-akUTFC2tecM%253A%252CnVq2m2WHQcYOgM%252C_&usg=__5WjHv_vEDl-hUYCkg08dQHMlF-0%3D&ved=0CDUQyjc&ei=6-FGVInHLtLKaMrTgNgB#facrc=_&imgdii=_&imgrc=HtXjPckfcWJElM%253A%3BXQmo4FhIAX6t3M%3Bhttp%253A%252F%252Flusophia.files.wordpress.com%252F2009%252F09%252Fdscf11221.jpg%3Bhttp%253A%252F%252Flusophia.wordpress.com%252F2009%252F09%252F09%252Fa-catedral-do-graal-olisiponense-paulo-andrade%252F%3B360%3B493;  http://lusophia.wordpress.com/2009/09/09/a-catedral-do-graal-olisiponense-paulo-andrade/, acedidos em 21.10.2014)

Sobre a origem do topónimo Lisboa: http://www.ciberduvidas.com/pergunta.php?id=%2019409

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