quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

29. UM BISPO MUSEÓLOGO ARQUIVISTA BIBLIOTECÁRIO INVESTIGADOR DIVULGADOR COMUNICADOR


“[…] logicamente, um museu deverá ser uma escola de educação e cultura [...] não se destinando somente aos especialistas, mas a todo o homem mesmo ao menos culto, para que seja mais culto” (1).

D. Domingos de Pinho Brandão teve uma vida muito preenchida não só na Igreja como no ensino, investigação e divulgação. Nasceu em Rossas, Arouca, 1920 e faleceu no Porto em 1988. Formou-se em Teologia na Universidade Gregoriana de Roma e chegou a bispo auxiliar de Leiria e do Porto. Exerceu funções na Reitoria do Seminário do Porto, onde colaborou com o célebre Bispo – D. António Ferreira Gomes.

Criou o Museu Diocesano de Arte Sacra de Leiria com coleções que vão muito para além da hagiologia, envolvendo peças das épocas: Neolítico, bronze final, período romano, tardo-gótico, barroco, maneirista; incluindo imaginária, peças litúrgicas, medalhística e azulejaria, entre outras. Organizou, recolheu, conservou e documentou o Museu de Arte Sacra de Arouca com coleções de pintura, escultura, mobiliário, têxteis, ourivesaria de diversas épocas, desde o século XII ao XVIII com destaque para a arte monástica. Muitas destas peças foram recolhidas pelo próprio D. Domingos de Pinho Brandão. Algumas reportam-se a figuras conhecidas da História da Arte, como: João do Ruão, Josefa D` Óbidos, Diogo Teixeira e André Gonçalves, entre outras figuras.

Fundou o Museu de Arqueologia e Arte Sacra do Seminário Maior do Porto com uma coleção notável de escultura, epigrafia e pintura. Nestas instalações exerceu D. Domingos de Pinho Brandão as funções de arqueologia; recolheu, organizou e documentou peças pré-históricas, romanas e de épocas posteriores.

Fundou e dirigiu diversos artigos na revista Lucerna onde divulgou uma divindade lusitana e temáticas de hagiologia católica. Colaborou na Enciclopédia Verbo e outras edições incluindo a revista de arte MVSEV. Integrou a Reitoria do Seminário do Porto.

No ensino foi professor em várias instituições, incluindo na Faculdade de Letras do Porto e foi Reitor do Seminário Maior da mesma cidade. Pertenceu às Academias - Nacional de Belas Artes e Portuguesa da História. O nome de Pinho Brandão está patente em Arouca, nomeadamente na Biblioteca e no Mosteiro; também numa Alameda onde figura o seu busto esculpido por Irene Vilar e numa Rua em Negovilde, Porto.

No Colóquio APOM 76 (op. cit.) destacou-se expondo, verbal e documentalmente, de uma forma brilhante, a sua visão sobre o “Panorama Museológico Português” nos anos 1970,s (2). A sua análise e palavras clarividentes foram “uma pedrada no charco” que muito ajudou na preparação de uma nova política museológica.

Realizou diversas investigações; não foram apenas académicas, mas sobretudo práticas; fez trabalhos de campo, redigindo fichas e dossiês temáticos que podem ser investigados nos arquivos, museus e bibliotecas que organizou e desenvolveu.

               Notas:

(1)  BRANDÃO, Domingos de Pinho. – “Intervenção dos Museus nas Áreas da sua Localização” in Atas do Colóquio APOM 76: Panorama Museológico Português – Carências e Potencialidades. Porto: 1 a 5 de dezembro de 1976, ed. APOM, 1979, p. 35


 

            Referências bibliográficas:

-Actas do I Congresso sobre Diocese do Porto Tempos e Lugares de Memória: Homenagem a D. Domingos de Pinho Brandão. Porto/Arouca, 2002

-ANCIÃES, Alfredo Ramos - O Museu dos CTT. Lisboa: Arquivo UNL, 1988/1989. Disponível também em Arquivo do Grupo dos Amigos do Museu das Comunicações

-APOM. Colóquio APOM 76: Panorama Museológico Português – Carências e Potencialidades. Porto: 1 a 5 de dezembro de 1976, ed. APOM, 1979

-BRANDÃO, Domingos de Pinho. – “Intervenção dos Museus nas Áreas da sua Localização” in Atas do Colóquio APOM 76: Panorama Museológico Português – Carências e Potencialidades. Porto: 1 a 5 de dezembro de 1976, ed. APOM, 1979

-BRANDÃO, Domingos de Pinho – Estelas funerárias luso-romanas com inscrições latinas no Museu Municipal de Vila Flor in Sp. “Humanitas”, vol. VIII da nova série, Coimbra, Imprensa de Coimbra, 1959

 

            Documentos em linha acedidos em 2.12.2014:



-BRANDÃO, Domingos de Pinho: O Meu Mirante - http://mirante.aroucaonline.com/2013/01/30/d-domingos-de-pinho-brandao/; 



-Museu de Arte Sacra de Arouca - http://museudeartesacradearouca.weebly.com/; 

-Museus e Património Cultural da área Metropolitana do Porto - http://maquina1.portodigital.pt/museus/recurso/68;


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