quinta-feira, 27 de novembro de 2014

24 ACERVOS DE COMUNICAÇÕES NEO-LIBERALISMO & TECNOCRACIA


 

“[…] Por curiosidade achas que esses acervos de que falas estão mais seguros em depósitos? Bem ao que parece continua-se só com boas intenções face às políticas museológicas […]. Ainda vendem o acervo aos Chineses!” (1)
Não é linear que os acervos estejam mais seguros, fechados a sete chaves, em depósitos. Uma situação que deu que pensar deu-se quando o Museu dos CTT fechou em 1985 por causa de alegados problemas de perigo de incêndio, infiltrações ou inundações no ex-edifício sede, situado na Rua de D. Estefânia, números 173-175. Porém, isso de encerrar portas, repentinamente, à exposição “permanente” e regressar tudo a depósitos foi, em nossa opinião, apenas um pretexto para mudar de política museológica, transferindo responsabilidades das empresas de capitais públicos e de tradição estatal para a figura institucional de Fundação das Comunicações. Esta política tornou-se mais evidente com a substituição da saudosa conservadora-chefe - Drª Maria da Glória Pires Firmino, enviando-a para Macau durante um certo período de tempo, alegando que iria fazer um estudo para a criação dum Museu dos CTT naquele Território. No seu regresso a conservadora deparou com várias mudanças, inclusivamente no seu próprio gabinete de trabalho. Parte do conteúdo da exposição “permanente”da Estefânia só voltou a reabrir meses mais tarde no Largo da Trindade/Lisboa e o próprio Museu dos CTT passou a designar-se - Museu CTT das Comunicações, alterando-se também a forma de gestão e os dirigentes de topo. Criou-se, então, uma comissão organizadora para uma Fundação das Comunicações. Atualmente o sucessor do Museu dos CTT, ao qual se juntaram novos patrimónios, passou a designar-se Museu das Comunicações, gerido pela FPC - Fundação Portuguesa das Comunicações. Por sua vez, os fundadores e financiadores da Fundação são os CTT, a PT e a ANACOM (ex-ICP - Instituto das Comunicações de Portugal). Cada uma destas entidades é proprietária dos patrimónios que fazem parte da sua própria história e que se interliga com a história das populações e do uso das tecnologias comunicacionais. “Tanto património” para quê? Haverá quem pergunte, como já aconteceu, e queira ver reduzido o mesmo património. A resposta é a seguinte: A maioria dos museus apenas expõe, a cada momento, pequena parte do acervo que gere. A parte mais substancial 90%, ou mais, fica em reservas, algumas das quais são visitáveis, devidamente equipadas e organizadas. É nestes espaços para-museológicos que se guardam os acervos para alimentar as exposições, sejam de curta, média ou de longa duração.

A observação de Lucinda é importante.

- Ainda vendem o acervo aos Chineses!.

Com a vontade em fazer dinheiro a qualquer preço e reduzir custos de manutenção, nada espanta! Quanto ao Chineses não temos nada contra este povo. A ideia da edição destes postes com a temática dos patrimónios de comunicações nasceu justamente do receio de que os acervos, alguns deles com dezenas ou centenas de anos, possam ir parar, não se sabe ao certo a onde, nem a quem, por razão da mudança de proprietários e das empresas do setor. A nossa preocupação centra-se na ideia de que não é lícito que sejam alienadas peças de interesse nacional e regional, científico e cultural que ajudaram e ajudam a reconstituir identidades e plasmam a história do povo português. As peças correm o risco de poder ser alienadas e nós, cidadãos e amigos do Museu das Comunicações, estamos empenhados em sensibilizar para que sejam consideradas parte do património cultural português, adquirindo o Estado a sua propriedade e tratando da sua gestão. Convém também que o Poder Político, os Sindicatos, os Colaboradores, ex-Colaboradores e as Populações contribuam em solidariedade, passa-palavra e divulgação na Imprensa e on-line. O País ficará, sem dúvida, mais pobre e menos interessante  se deixar sair do seu controle estes acervos que representam atividades de comunicações pluri-seculares e a relação dos portugueses e de Portugal com o Mundo.


Com votos de um Bom Advento / Bom Natal.

2 comentários:

  1. Amigo Alfredo Anciães
    Trazes aqui sempre a preocupação, pela preservação do Museu das Comunicações, de facto, de valor inestimável. Fazes bem a bater-te a tudo o custo, para que esse património histórico sempre prevaleça em boas mãos.
    Saliento a Dra. Glória Pires Firmino, conservadora do Museu dos C.T.T. aquando ainda na rua D. Estefânia, a quem falei várias vezes e sou testemunha do quanto pugnava pelo recheio que tinha à sua guarda.
    Abraços

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  2. Olá Daniel.
    Somos guardiões de memórias. O presente só é real e totalmente entendido se o esclarecermos e compararmos com o tronco e raízes do passado. Um abraço.

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