“[…] Por curiosidade achas
que esses acervos de que falas estão mais seguros em depósitos? Bem ao que parece continua-se
só com boas intenções face às políticas museológicas […]. Ainda vendem o acervo aos Chineses!”
(1)
Não é linear que os acervos
estejam mais seguros, fechados a sete
chaves, em depósitos. Uma situação que deu que pensar deu-se quando o Museu
dos CTT fechou em 1985 por causa de alegados problemas de perigo de incêndio,
infiltrações ou inundações no ex-edifício sede, situado na Rua de D. Estefânia,
números 173-175. Porém, isso de encerrar portas, repentinamente, à exposição “permanente”
e regressar tudo a depósitos foi, em nossa opinião, apenas um pretexto para
mudar de política museológica, transferindo responsabilidades das empresas de
capitais públicos e de tradição estatal para a figura institucional de Fundação
das Comunicações. Esta política tornou-se mais evidente com a substituição da saudosa
conservadora-chefe - Drª Maria da Glória Pires Firmino, enviando-a para Macau
durante um certo período de tempo, alegando que iria fazer um estudo para a criação
dum Museu dos CTT naquele Território. No seu regresso a conservadora deparou
com várias mudanças, inclusivamente no seu próprio gabinete de trabalho. Parte
do conteúdo da exposição “permanente”da Estefânia só voltou a reabrir meses
mais tarde no Largo da Trindade/Lisboa e o próprio Museu dos CTT passou a designar-se
- Museu CTT das Comunicações, alterando-se também a forma de gestão e os dirigentes
de topo. Criou-se, então, uma comissão organizadora para uma Fundação das
Comunicações. Atualmente o sucessor do Museu dos CTT, ao qual se juntaram novos
patrimónios, passou a designar-se Museu das Comunicações, gerido pela FPC - Fundação
Portuguesa das Comunicações. Por sua vez, os fundadores e financiadores da
Fundação são os CTT, a PT e a ANACOM (ex-ICP - Instituto das Comunicações de Portugal).
Cada uma destas entidades é proprietária dos patrimónios que fazem parte da sua
própria história e que se interliga com a história das populações e do uso das tecnologias
comunicacionais. “Tanto património” para quê? Haverá quem pergunte, como já
aconteceu, e queira ver reduzido o mesmo património. A resposta é a seguinte: A
maioria dos museus apenas expõe, a cada momento, pequena parte do acervo que gere.
A parte mais substancial 90%, ou mais, fica em reservas, algumas das quais são visitáveis,
devidamente equipadas e organizadas. É nestes espaços para-museológicos que se guardam
os acervos para alimentar as exposições, sejam de curta, média ou de longa
duração.
A observação de Lucinda é
importante.
- Ainda vendem o acervo aos Chineses!.
Com a vontade em fazer
dinheiro a qualquer preço e reduzir custos de manutenção, nada espanta! Quanto
ao Chineses não temos nada contra este povo. A ideia da edição destes postes com
a temática dos patrimónios de comunicações nasceu justamente do receio de que
os acervos, alguns deles com dezenas ou centenas de anos, possam ir parar, não
se sabe ao certo a onde, nem a quem, por razão da mudança de proprietários e das
empresas do setor. A nossa preocupação centra-se na ideia de que não é lícito que
sejam alienadas peças de interesse nacional e regional, científico e cultural
que ajudaram e ajudam a reconstituir identidades e plasmam a história do povo
português. As peças correm o risco de poder ser alienadas e nós, cidadãos e amigos
do Museu das Comunicações, estamos empenhados em sensibilizar para que sejam
consideradas parte do património cultural português, adquirindo o Estado a sua
propriedade e tratando da sua gestão. Convém também que o Poder Político, os
Sindicatos, os Colaboradores, ex-Colaboradores e as Populações contribuam em
solidariedade, passa-palavra e divulgação na Imprensa e on-line. O País ficará, sem dúvida, mais pobre e menos interessante
se deixar sair do seu controle estes
acervos que representam atividades de comunicações pluri-seculares e a relação
dos portugueses e de Portugal com o Mundo.
(1)Lucinda in http://comunidade.sol.pt/blogs/alfredoramosanciaes/archive/2014/10/26/21-MUSEOLOGIA-ENTRE-O-ESTADO-NOVO-E-A-DEMOCRACIA.aspx#comments )
Com votos de um Bom Advento
/ Bom Natal.
Amigo Alfredo Anciães
ResponderEliminarTrazes aqui sempre a preocupação, pela preservação do Museu das Comunicações, de facto, de valor inestimável. Fazes bem a bater-te a tudo o custo, para que esse património histórico sempre prevaleça em boas mãos.
Saliento a Dra. Glória Pires Firmino, conservadora do Museu dos C.T.T. aquando ainda na rua D. Estefânia, a quem falei várias vezes e sou testemunha do quanto pugnava pelo recheio que tinha à sua guarda.
Abraços
Olá Daniel.
ResponderEliminarSomos guardiões de memórias. O presente só é real e totalmente entendido se o esclarecermos e compararmos com o tronco e raízes do passado. Um abraço.