sábado, 20 de maio de 2017

072 156 UMA VISITA ESPECIAL AO MUSEU DAS COMUNICAÇÕES


001 Algumas Colaboradoras do Grupo Nova Museologia da USMMA – Universidade Sénior de Massamá e Monte Abraão

A versão original do Museu das Comunicações surge em 1878 no seio dos Correios Telegraphos e Pharoes, um museu do erário público gerido pelo Diretor Guilhermino Augusto de Barros, criador do museu. (1).

(1)Guilherminno Augusto de Barros (nasce em Peso da Régua, 1828 – +Lisboa, 1900). Foi Deputado, Governador Civil, Conselheiro de Estado, Par do Reino, Diretor Geral dos Correios Telegraphos e Pharoes, entre outras funções

002 Museu das Comunicações

A designação do museu na altura da criação era “Museu Postal Português”(2). Sendo que o adjetivo postal deriva de posta (correio) que por sua vez vem do latim postum ou positum que significa posto, parada, ou paragem.

(2)Contudo, visto aos olhos d`hoje e em relação às exigências do ICOM – Conselho Internacional de Museus e da APOM – Associação Portuguesa de Museologia, o dito Museu Portal Português não poderia ser considerado um verdadeiro museu. Não estava aberto ao público, nem tinha exposições permanentes.

003 Estação de Muda da Malaposta

O nome pode parecer inadequado para um museu que, logo na altura da criação, contava com um pequeno acervo de peças, as quais eram predominantemente de telecomunicações e não de correio. Contudo, se analisarmos com um pouco de detalhe verificamos que o tal posto, parada ou paragem também vale para as telecomunicações.

004 Pernoita na Estação de Muda

O Museu Postal Português criado em 1878 foi o 3º do mundo. O 1º fora o alemão “Museu Postal Alemão” criado por Heinrich Stephan (1832, Polónia +1897, Berlin Alemanha) (2) sete anos antes do museu português. O 2º a ver a luz do dia foi o Museu Postal de São Petersburgo, 4 anos antes do português.

(2)Fundador da UPU – União Postal Universal, atual Agência da ONU

005 Descanso e tratamento dos cavalos

Repare-se que todos estes museus têm a mesma designação, apenas se distinguindo pela cidade da sua instalação.
A atividade postal, bem como a de telecomunicações, necessitam dos tais postos, positus, paragens. Pode até ser um posto breve para retransmissão / reforço ou reencaminhamento das mensagens, apoio aos portadores, envolvendo ou não, paragens curtas e longas.

006 Alguns cabos com amarração em Portugal, à semelhança das rotas marítimas da Expansão Lusa.

Não se pode conceber no século XIX uma atividade de transporte de correio ou de telecomunicações e passageiros a grande distância sem escalas/paragens nos postos ou estações.

007 Repetidor / regenerador nas profundezas dos oceanos por onde passa mais de 90% do tráfego de comunicações e ciência a velocidades próximas da luz.

Em termos concretos, a mala-posta de Lisboa ao Porto necessita de pequenas e grandes paragens, para satisfazer necessidades, refeições e pernoitas; entrega e receção de correio, descanso, assistência e muda de cavalos; entrada e saída de operadores e passageiros que viajam nas carruagens da Malaposta.

008 Uma das várias casas do bairro alemão para técnicos da DAT – Deutsche Atlantische Telegraphengesellschaft. Servem agora para serviços do Governo Regional

Um paralelo de funcionamento com alguma semelhança pode estabelecer-se para as telecomunicações. Um telegrama no tempo das primeiras gerações dos cabos submarinos e tecnologias afins não consegue o seu destino direta e automaticamente, quando envolve grandes distâncias, sobretudo as intercontinentais. Daí o serviço e a centralidade de Portugal europeu e ilhas para a receção de tráfego telegráfico e reenvio dos mesmo para os respetivos destinos.

009 Operador com uma central telefónica manual

Foi para suprir a esta necessidade que surgiu a Trinity House. Na prática era uma central mais que trinitária, pois servia outros países. Assistida por várias comunidades estrangeiras que rececionavam e retransmitiam telegramas de e para as Américas, África e Ásia.
A visita ao Museu das Comunicações de 19 de maio de 2017 com um Grupo de Nova Museologia da USMMA – Universidade Sénior de Massamá e Monte Abraão serviu de ambiente técnico e humano, inspirando interesse nos visitantes.

010 Operador Radioamador
    A imaginação é um importante recurso e pode ser um património. Para dar contextualização às exposições que visitámos, iniciámos o discurso com uma repetição (à semelhança dos relés/repetidores no fundo dos mares). Para isso repetimos/realçámos o termo IMAGINE:



011 O Presidente Óscar Carmona inaugura a primeira telefonia automática em Lisboa, 1930


IMAGINE a Semana do Mar, no mês de Agosto. As grandes festas da Horta e de toda a ilha na zona ribeirinha da Baía da Horta onde a maioria das coletividades do Faial vêm exibir os seus trajes, dotes e patrimónios, despertando curiosidade entre a assistência.
012 Telefone de ligação por satélite semelhante a um outro construído em Portugal, utilizado nas guerras da ex Jugoslávia, fazendo hoje parte do Museu Nacional da Bósnia e Herzegovina


IMAGINE o domingo em que sai à rua a festa de Nossa Senhora da Guia, do Monte da Guia, que desde o sítio altaneiro, desce à cidade.

IMAGINE o desfile folclórico de um mar de gente da Horta/Faial, onde se destaca a procissão de carros alegóricos, carregando réplicas e equipamentos reais, como se a Horta fosse uma estação (positus de relé/reforço, repetidor de sinais e energias); para amaragem dos Clippers, Dorniers, Lufthansas, Pan Americas; equipamentos de telecomunicações, de centrais telefónicas, radioamadores, operadores cabográficos;

IMAGINE Santa Cruz da Horta, de onde saiu parte do arsenal oferecido aos 7.500 heróis liberais;
  IMAGINE o descerramento da placa evocando esta oferenda do povo do  Faial;

IMAGINE o Ilhéu, Homem do Mundo (porque assim se sentia) Pedro Laureano de Mendonça da Silveira;

IMAGINE e sinta como ele descreve a Horta:

«[…]

Como isto foi grande, dinâmico, mercantil, aventureiro!

Homens de todas as raças no porto da Horta,

todas as línguas bandeiras […] e navios à carga, vozes, gritos,

o gemer dos guindastes […]

Era a mais alegre, a maior cidade pequena do Mundo!

Era riqueza de Londres

e de Nova York!

Era o requinte de Paris, o luxo

de Sampetersburgo!

Todos mercavam, vendiam.

Embarcavam.

Tornavam.

[Estimada e desejada Horta]

O passado que esperas

em futuro renasça [! ..]».


(Extrato do conjunto de poemas “Fui ao Mar Buscar Laranjas” com ligeiras adaptações aqui assinaladas em parêntesis retos, sem alterar o significado original).


P. S. Foi interessante a presença da Diretora do Museu Cristina Weber e; como sempre, de grande qualidade, a prestação do monitor animador Américo Mascarenhas. As fotografias são da autoria das colaboradoras em Nova Museologia, especialmente de Elisabeth Sá e Noémia Tomé.

    Palavras chave: cabografia, Malaposta, Museu das Comunicações


    Fontes:

ANCIÃES, Alfredo Ramos – Patrimónios de Comunicações de Portugal: Em Destaque a Horta – Faial – Açores. Angra do Heroísmo: Turiscon Editora, 2016 . A monografia está disponível pelos módicos 10 Açores. Contacto: Sr. Liduíno Borba em linha LIDUINOBORBA.COM artigo 3014, porte grátis.


    Acedidas em 20.05.2017 - 


--------------------------------““07. Do Mar que Separa ao Mar que Une” http://cumpriraterra.blogspot.pt/2014/03/para-um-museu-regional-e-nacional-das.html

----------------------------077 152 Portugal em Crescendo. ´Fui ao Mar Buscar Laranjas`”. http://cumpriraterra.blogspot.pt/2017/04/152-fui-ao-mar-buscar-laranjas.html

----------------------------“134.Telefone Via Satélite Português Contribui para o Nascimento duma Nova Nação e um Novo Estado” http://cumpriraterra.blogspot.pt/2017/03/134telefone-via-satelite-portugues-faz.html

-----------------------------“16. Faial das Comunicações e do Santo espírito”. http://cumpriraterra.blogspot.pt/2014/10/16-faial-das-comunicacoes-e-do-santo.html

----------------------------“72. Inspirações dos e nos Açores”.

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