Um novo filme dos Peanuts
foi realizado e está a percorrer mundo. Os personagens divertiram gerações,
entre 1950 e 2000 e estão aí novamente.
Imagem 01. Representação da turma de Charlie
Brown e do Snoopy nos cinemas de Portugal
Por morte de Charles Schulz, a produção foi
interrompida. Do papel, as produções foram estendidas à animação em televisão e
ao cinema. Para lá destes suportes, foram fabricados milhões de modelos
tridimensionais de produtos baseados nas personagens.
Com o
regresso, através do filme Snoopy e Charlie
Brown: Peanuts é caso para dizer: o que tem
qualidade “impõe-se” à aceitação dos públicos, com mais ou com menos marketing.
Com a ausência física do autor, logo o património é acautelado em arquivos e
bibliotecas. E a consagração da obra e imagem do autor passam para uma outra
escala de memórias - a de museu específico para o efeito.
O sucesso dos Peanuts deve-se à qualidade do desenho, à publicação
regular e às mensagens dos personagens, veiculando animação, entretenimento e
conhecimentos. Até o cão Snnopy apresenta saberes filosóficos e
práticos.
Imagem 02 Snoopy
Os personagens ganham amizades, têm as suas preferências amorosas, convivem e
conversam sobre a vida prática, os deveres escolares e até citam livros
bíblicos.
UMA VISITA MUSEOLÓGICA
Sobre os deveres escolares, um dia a turma resolve fazer uma visita guiada a um
museu. Essa visita conta para a avaliação curricular. Acontece que o Charlie
Brown precisava muito elevar a nota, a fim de não perder o ano. Charlie tem
um certo problema de socialização, envergonhado e tímido, as coisas não lhe
correm bem, nomeadamente com o seu amor preferido. Ele acaba sempre por recuar
em vez de declarar os seus sentimentos. Porém, é na visita ao museu que tem uma
sorte incrível. Charlie e os seus amigos perdem o autocarro onde segue o
grosso da turma. Apanham o seguinte e chegam em momentos diferentes. Com a
precipitação entram, por engano, num supermercado. Fazem a visita de estudo,
meticulosamente, pensando estarem num museu moderno.
O criador Charles Schultz relaciona tudo o que lhe parece ter interesse.
Introduz o episódio da visita ao museu, confirmando o valor da instituição
museológica, enquanto instrumento pedagógico de investigação e de comunicação.
Sabe-se que Schultz resistiu à ideia de criação de um museu com o seu
espólio, mas nunca pôs de lado a possibilidade de ser aproveitado para
exposições. Ele tinha a perceção que os museus e até os espaços comerciais
desenvolviam a ação pedagógica, desde que pré-orientados.
Na visita ao museu, Schultz põe a turma de Charlie, Snoopy e
companhia a analisar preços e legendas dos produtos, catálogos de exposições,
campanha de promoções, técnicas de marketing, esculturas modernas associadas ao
empilhamento de latas. Na secção de carnes associa os produtos e até os ossos à
anatomia e à paleontologia. Depois do relatório pronto, é que Charlie
descobre que não entrara propriamente no museu previsto mas sim num
supermercado. Fica aflito pensando que vai mesmo chumbar o ano.
Schultz
usa esta estratégia para despertar emoções: prazerosas e desprazerosas, mas
todas úteis, para o desenvolvimento humano e escolar. As emoções são
suscetíveis de provocar suspense, apetência e avisos vários. O que interessa é
pôr a turma a participar, provocando a organização, necessidade de fazer
pesquisas e trabalhos para transmitir e comunicar.
O MUSEU SCHULTZ
O Charles M. Schulz Museum and Research Center, nascido da imensa
produção dos trabalhos, editados e não só, engloba ainda um Teatro, espaços
interativos de pintura e desenho livre, área verde, pista de patinação no gelo,
loja de lembranças, café e zona de estacionamento privativo.
A
personagem principal de Charles Schulz é o Charlie Brown que,
segundo tudo indica, é parecido ao próprio criador. Divulga
conhecimentos práticos, filosóficos e religiosos evocando uma matriz
semiótica de comunicação (1).
Schulz
é típico insatisfeito. Preocupado, não usufrui apenas dos momentos prazerosos.
Ele aprende e dá a aprender com o trabalho.
Schulz e Brown
gostam de Lucy mas fixe, contrabalançando a timidez de ambos, é mesmo o
cão Snoopy (2).
A mensagem final será a de persistência, socialização e educação, de
quem não desiste, embora com contrariedades.
“Quem tem [sã] esperança sempre alcança”.
A obra de Schulz não só animou e educou as gerações de 1950 a 2000 como
se dignou regressar e ficar como um marco da cultura, design, cinema
e até marketing e museologia social.
P.S. E aí está novamente em digressão mundial no final do ano 2015 e
inícios de 2016, inclusivamente em Portugal: No City: Alegro
Alfragide, Campo Pequeno e Beloura. No Castelo Lopes Cinemas – C.C.Forum
Sintra. No Cineplace Loures Shopping. No Dolce Vita Miraflores. No Dolce
Vita Tejo. No NOS: Amoreiras, Cascais Shopping, Colombo,
Vasco da Gama, Torres Vedras, Alvaláxia e Odivelas Parque. No UCI Cinemas – El
Corte Inglés, entre outras salas do país. Um filme com mensagens e
divertido que será útil para todos.
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Notas:
1.
Matriz semiótica de comunicação – que encontra e
explora sinais e significados (passe o pleonasmo) em tudo o que existe, na
relação entre as pessoas e destas com toda a existência. Por isso Schultz
põe o mundo racional e o dito irracional em interação, fazendo uso de
conhecimentos da vida quotidiana mas também adotando conceitos filosóficos e
religiosos. Daí a função didática e comunicacional.
2.
Outras descrições das personagens principais: Charlie
Brown, acima descrito, é central, juntamente com o cão Snoopy. Snoopy,
extrovertido, jogador, amigo e companheiro de Charlie. Lucy,
por quem Charlie Brown se apaixona, é algo abusadora, ela gostaria de um
Charlie diferente, extrovertido, confiante, com mais sentido de humor. Paty
Pimentinha, por vezes designada por Patrícia, não tem queda para os
estudos, porém tem sentido de humor. Ela gosta do Charlie a quem
afetivamente chama Minduim. Linus, irmão de Lucy e
amigo próximo de Charlie gosta de filosofia e de citar os Evangelhos. Marcie
é uma menina tímida, com dificuldades visuais, fazendo notar a sua miopia mas é
boa aluna e amiga de Charlie. Frankim é jogador de
beisebol e gosta de citar o Velho Testamento. Woodstock é um
passarinho amigo, sobretudo do Snoopy.
Tags: Animação, comunicação, marketing,
museologia social, pedagogia
Fontes:
-Chagas, Mário de Sousa – No museu com a
turma do Charlie Brown. Lisboa: Universidade Lusófona de Humanidades e
Tecnologias, Cadernos de Sociomuseologia (2), p. 49-65, 1994
-Miguéns, Carla, et al. – Psicologia
Positiva (disciplina) em Universidade Sénior Massamá e Monte Abraão, 2015/2016
-Viana, Mário Gonçalves - Psicologia da
Criança. Porto: Editorial Domingos Barreira, s.d., 195-? (Biblioteca de Cultura
Portuguesa, nº 10)
-Viana, Mário Gonçalves - Psicologia do
Homem. Porto: Editorial Domingos Barreira, s.d., 195-? (Biblioteca de Cultura
Portuguesa, nº 10)
Em linha --»
-Chagas, Mário de Sousa - No Museu com a
Turma de Charlie Brawn http://revistas.ulusofona.pt/index.php/cadernosociomuseologia/article/view/535
-Martino, Steve et al. Peanuts o
filme - http://mag.sapo.pt/cinema/filmes/snoopy-e-charlie-brown-peanuts-o-filme
-Martino, Steve; Jornal Público et al.
- http://cinecartaz.publico.pt/Filme/355491_snoopy-e-charlie-brown-peanuts-o-filme
-Martino, Steve; NOS – Cinemas, et al.
- Snoopy e Charlie Brown http://cinemas.nos.pt/Filme.aspx?id=13405
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