(por Alfredo Ramos Anciães - Sintra, outubro 2013)
Tinham à
frente da sua administração e defesa um elemento da nobreza, apoiado por uma guarnição
de homens e uma fortificação, geralmente um castelo.
No tempo do império
romano já havia a ligação de Roma com as populações do Douro e Beiras que
viviam em torno dos antigos castros, reconstruídos e/ou transformados em: «… nos otros castellos id est
Trancoso [concelho do distrito da Guarda], Moraria [Moreira de Rei do atual concelho de Trancoso], Longobria [ou Longobriga, o mesmo que Longroiva] Senorozelli [atual conselho de Sernancelhe]; Nauman [Numão], Muxagata [assim ainda designada] e Almindula [atual Almendra
- aldeias do atual concelho de Vila Nova
de Foz Côa]; Alcobria [atual aldeia de
Alcarva que fez parte do concelho de Penedono e mudou para o concelho da Meda]; Caria [do atual concelho de Moimenta da
Beira], cum alias penellas [pequenas
penhas/elevações, outeiros e/ou pequenas fortificações] et populaturas [povoações com afinidades de vida]…» (cf. BARROCA,
Mário Jorge, ed. cit.)
Uma nova fase foi inaugurada em 868 com a presúria do Porto pelo conde
Vímara Peres. Antes da nacionalidade portuguesa, a defesa apoiava-se em castelos
roqueiros, entre eles a Civitas de Anegia,
também designada Cividade de Eja, junto a Entre-os-Rios, concelho de Penafiel. Sobranceiro
a Entre-os-Rios encontra-se ainda uma capela dedicada a Nossa Senhora da
Cividade, sendo que a designação de “Cividade” parece basear-se no modelo de organização do poder condal que precedeu a
designação de Terras (b).
Fernando o Magno (1016
— 1065 rei de Leão (1037-1065),
conde de Castela
(1035-1065),
reconquistou muitas terras no Douro e Beiras. Os primitivos castelos sofreram obras de ampliação e
reconstrução, sendo em muitos casos impossível discernir as marcas
arquiteturais em causa.
Estas posses dão-se no
seguimento da Reconquista mas os titulares de terras mudaram conforme os fluxos
de avanço e recuo, ante a mourama, acabando as Terras reconquistadas por ser entregues, pelos “presores” Godos ou
neo-Godos e pelos primeiros reis (c), aos que mais se destacaram em valentia,
serviços, lealdades e amizades.
Os castelos românicos e/ou
fortificações dos atuais concelhos de Lamego, Moimenta da Beira, Sernancelhe,
Penedono, Trancoso, Meda, Vila Nova de Foz Côa ..., cairam em poder de Almansor
nos finais do século X e reingressaram à posse de cristãos conforme os avanços
da Reconquista.
D. Flâmula fica, assim, senhora de muitas Terras do Douro Sul e Beiras
até que os cavaleiros integrados nas cruzadas, ao tempo do conde d. Henrique e
d. Afonso Henriques vêm, reocupar, reconquistar e redistribuir propriedades
fundiárias e construções fortificadas.
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(a) Civitates (do latim) subdivisões de um conventus, sendo o conventus
um distrito jurídico-administrativo no tempo do Império Romano. Exemplo: Conventus Bracarum (Braga) que por sua
vez pertencia à Província Tarraconensis [Município
no sul da Catalunha - Espanha]; Conventus Scalabitanus
(Scallabis/Santarém) da Província Lustitânia e Conventus Pacencis (Paz Julia/Beja), também da antiga Lusitânia.
(b) Hoje em dia a denominação de
Terras alargou-se com base nas caraterísticas
económicas, culturais e históricas, tal como: “Terras do Demo, Terras de Lafões, Terras da Beira, Terras de Sicó,
Terras de Xisto …”.
(c)
“Já quando Afonso
III das Astúrias conquistou Lamego aos Mouros, começou o Povoamento do Douro
com a assenhoramento de Terras pelos «presores Godos». «E os que assim entravam
à posse, ficavam senhores absolutos de tudo o que à força das armas haviam
tomado» escreve Santa Rosa Viterbo no seu elucidário. Estes «presores» criaram
vilas rurais, vilares e casais que deles receberam os nomes, como Leomil,
Baldos, Alvite, Toitam, Mileu, Segões, Sever e Ariz”, atualmente fazendo parte
do concelho de Moimenta da Beira / Terras do Demo. Cf. História do Município de
Moimenta da Beira / Terras do Demo, ed. cit.
Fontes:
- A Romanização
da Península Iberica in
http://www.slideboom.com/presentations/30190/A-A ROMANIZA%C3%87%C3%83O-DA-PEN%C3%8DNSULA-IB%C3%89RICA, acedido em 4.10.2013.
- Caria e
Moimenta da Beira in http://www.freguesias.pt/portal/apresentacao_freguesia.php?cod=180710, acedido em 4.10.2013.
- Castanhas da
Beiraltíssima e Património Envolvente / Alfredo Ramos Anciães in http://cumpriraterra.blogspot.pt/2012/10/castanhas-da-beiraltissima-e-outro.html, acedido em 4.10.2013.
- Id. in http://comunidade.sol.pt/blogs/alfredoramosanciaes/archive/2012/10/28/CASTANHAS-DA-BEIRALT_CD00_SSIMA-E-OUTRO-PATRIM_D300_NIO.aspx, acedido em 4.10.2013.
-
“Do Castelo da Reconquista ao Castelo Românico” / Mário Jorge Barroca in http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/3803.pdf, acedido em 26.12.2012.
- História do Município de Moimenta da Beira / Terras
do Demo in http://cmmoimenta.dev.wiremaze.com/PageGen.aspx?WMCM_PaginaId=27703, acedido em 7.10.2013.
- Fortificação e
Povoamento no Norte de Portugal (Séc. IX e X) / Mário Jorge Barroca in http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/3886.pdf, acedido em 4.10.2013.
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