Situada
a norte e noroeste da Capital, Carnide teve uma longa tradição rural, desde os
primórdios como termo de Lisboa, havendo documentação escrita a partir da
segunda metade do século XIII, referindo-se a esta localidade.
Foi
frequentada por reis. Consta que D. Afonso V, em 1442, fez doações de terras em
Carnide e que o próprio monarca aqui terá residido temporariamente. Este
monarca frequentou Carnide, nomeadamente por altura do culto ao Espírito Santo
e início do culto a Nossa Senhora da Luz. Fez parte da irmandade local. Temos
notícia de que o seu filho D. João II também frequentava Carnide, havendo uma
carta do rei, datada deste termo de Lisboa. Um restaurante na Rua do Norte tem
a denominação de “Restaurante Paço de Carnide”. Esta expressão liga-se,
provavelmente à tradição das memórias, onde neste sítio ou na proximidade se
situaria o antigo paço rural.
As
terras férteis e os bons ares atraíram agricultores, bem como nobres e
burgueses que vinham para aqui, temporariamente, acabando alguns por se fixar
em Quintas agrícolas /ou apalaçadas, algumas das quais com a função de retiro
quando a capital era atingida por pestes ou quando marinheiros, viajantes e
emigrantes vinham para aqui descansar, o espírito, a alma e o corpo.
O
“termo de Lisboa” era uma espécie de arrabalde constituído grosso-modo pelas
atuais freguesias de Benfica, Carnide, Ameixoeira, Charneca e Lumiar, onde
existiam quintas, campos, prados, bosques e pequenos aldeamentos.
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