segunda-feira, 28 de janeiro de 2013
Marcas Patrimoniais em Carnide e Luz de Lisboa
Começou assim o culto à Senhora da Luz que veio a sobrepor-se
(ou impor-se ?) ao culto do Espírito Santo e contribuir para o esmorecimento
deste, até o esquecimento, não obstante ter sido venerado e estimado em Carnide
durante mais de 3 séculos. Falaremos, pois, na origem do culto ao Espírito
Santo com fontes bíblicas, na sua autonomização/divinização e expansão, a
partir do Pentecostes, e da entrada em Alenquer, Carnide, encosta do Castelo de
Lisboa e tantos outros locais de Portugal, acabando por esvanecer-se, em parte
também, devido à “concorrência” de outras santidades.
Falaremos da origem do culto a Nossa Senhora da Luz,
da Purificação ou da Candelária com raizes em Israel mas sendo igualmente um fenómeno
de divulgação quase exclusivo da portugalidade.
Abordaremos motivações para o apoio ao culto mariano
e outros santos, a que não serão alheios factores como os ligados à Contra-Reforma e ao
Concílio de Trento. E ainda a popularidade do culto, festas e folias à volta do
Espírito Santo que, em muitos casos, deixou de agradar ao clero, bem como ao
poder político. Tal popularidade e manifestações à volta do Espírito Santo tornaram-se
perigosas (ou, pelo menos, pensaram ser perniciosas) para a manutenção da
ordem, como veremos. Daí a extinsão ou apagamento destas manifestações em
Portugal continental, acabando por se salvarem nos Açores e no Brasil onde,
longe da corte e do clero mais “ortodoxo”, sobreviveram, não obstante algumas proibições
conhecidas e a retirada de apoios do clero nos espaços de culto, nas procisões
e nas folias.
Este culto em Carnide leva-nos ainda a falar das
teorias milenaristas do cisterciense Joaquim de Fiori mas também das suas
raizes judaicas, bandarristas (de Bandarra – célebre sapateiro de Trancoso, de
que há marcas em Carnide), do padre António Vieira, de Fernando Pessoa, António
Quadros e Agostinho da Silva, que não se cansava em falar no século XIII, idade
por excelência do culto ao Espírito Santo e na ideia de que o Homem não nasceu com
a finalidade de trabalhar.
Tal como aconteceu com o culto de Nossa Senhora da
Luz, o culto do Divino Espírito Santo (hoje em dia alterado), também é um
fenómeno de divulgação mundial, essencialmente a partir de Portugal.
Aproveita-se para uma breves palavras sobre o modo como o conceito de Espírito
Santo evoluiu até ser considerado Deus, a par do Pai e do Filho, com identidade
e vontade própria e sobre o modo como este culto chegou a Portugal.
Falaremos também da monumentalidade que existiu em Carnide
até 1755 e teceremos ligeiras palavras sobre outros patrimónios construídos
após o Terramoto. Apontaremos os vários conventos
ou casas religiosas e as novas funções que desempenham. Veremos marcas deixadas pelo Correio-Mor e outras dos
correios e telecomunicações ao tempo do Estado Novo.
Falaremos ainda na infanta D. Maria (1521 - 1577) filha do rei D. Manuel I, uma das
infantas mais ricas e mais belas do mundo de então; apresentaremos algumas poesias
de Camões (que se pensa ter frequentado Carnide) motivadas pelo amor impossível
ou interditado à mesma infanta que repousa na capela-mor da Igreja. Abordaremos
as marcas rurais deixadas na toponímia, tais como azinhagas, quintas,
arqueologia e aquitectura, bem como a urbanização com a passagem de Carnide
para o Município de Belém (1852 - 1885).
Enfim, teremos
uma palavra em relação à gestão autárquica nas últimas décadas, bem como sobre a
restauração e a animação num espaço histórico que sendo alfacinha está tão perto e tão longe de Lisboa. Perto fisicamente, e, longe do
ponto de vista psicológico, remetendo-nos para uma certa raiz de ruralidade que
os poderes locais têm acautelado como marcas de valorização e de identidade.
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